toponímia galego-portuguesa e brasileira
bem-vindo!.....por que é que a sua terra se chama...?..(blogue de apontamentos).........................direitos reservados. proibida a cópia ou reprodução sem autorização expressa do autor.
sábado, 13 de abril de 2024
Fontemanha
na freguesia da Moita, concelho de Anadia, exste este topónimo que significa "fonte grande".
quarta-feira, 18 de outubro de 2023
Vila Pouca (Pt. e Gz.)
de acordo com os dicionários disponíveis, "Vila Pouca" refere-se a uma "pequena villa", quinta de pequenas dimensões (comparada com outras maiores).
exemplos:
Vila Pouca (Pt. e Gz.),
Vila Pouca da Beira,
Vila Pouca de Aguiar,
Vila Pouca de Salzedas,
Vila Pouca de Sernache,
Vila Pouca do Campo
sexta-feira, 17 de junho de 2022
as "sepulturas antropomórficas"
a ciência é feita de provas, de números, de comparações. mas terá que haver um lugar para a intuição, que permita elaborar teorias e pô-las à prova.
a ciência não pode ser feita de aparências tidas por realidades, por mais "óbvia" que a aparência se apresente.
vem isto a propósito das impropriamente chamadas "sepulturas antropomórficas", que de sepulturas apenas têm uma aparência, ainda por cima pouco óbvia.
o tema tem sido alvo de extensíssima literatura e investigação, quase sempre, senão sempre, voltadas para a sua vocação necropólica. mas será assim?
de facto, se de sepulturas se tratasse, eram sepulturas de tamanho pequeno, abaixo da média das estaturas adultas, mais próximas do tamanho de crianças crescidas, digamos, de 8 a 12 anos de idade. por outro lado, nenhuma dessas "sepulturas" tem profundidade que chegue para acolher por inteiro um cadáver, deixando de fora o peito e a barriga, quando não parte da cabeça.
ainda por outro lado, em algums locais, são tantas que certamente excedem o número de famílias e pessoas do lugar (indicando talvez uma dimensão "diocesana"), enquanto que noutros lados são claramente poucas para a população existente (mais próprias de uma dimensão "paroquial").
para concluir o puzzle, as "sepulturas antropomórficas" não têm (ou talvez raramente tenham tido, temporariamente), cobertura, de terra, de barro, de madeira ou de pedra, pelo que os cadáveres ficariam expostos à chuva, ao vento, à trovoada, aos bichos predadores e à predação dos homens.
essas "sepulturas antropomórficas" deixam de lado os adultos, sendo certo que a imensa maioria delas não permite lá deitar quem tenha mais que 1,20 m, no máximo 1,50 m.
eu tenho seguido em especial dois lugares de "sepulturas antropomórficas": São Pedro de Lourosa e Penela, sabendo que também existem junto à Sé Velha de Coimbra.
sei que há muitas outras, da Galiza e do Entre-Douro-e-Minho às Beiras, e, curiosamente, quase todas têm ao lado uma velhíssima igreja ou vestígios de cultos ancestrais. e, mais curioso ainda, muitas dessas igrejas têm por orago São Pedro - o que, de imediato, chama mais a atenção para a pedra ou penedo ("tu és Pedro e sobre essa pedra fundarei a minha igreja") do que para um local de inumação.
ainda mais estranho, não há por perto cemitério algum, que ateste a vocação do lugar para intervenções fúnebres.
no caso de São Pedro de Lourosa, há uma grande laje com dezenas dessas ditas "sepulturas", sobre parte das quais se ergue a velhíssima igreja suevo-moçarábico-românica.
no caso de Penela, o orago é São Miguel, a igreja adjacente está referenciada pelo menos desde a época românica (séc. XI). o orago aponta para um culto mais orientado para coisas etéreas ou celestiais do que para temáticas fúnebres.
além disso, e muito mais significativo, as ditas "sepulturas" estão colocadas num penedo bastante abrupto, com algumas dessas cavas desprotegidas, "abertas" de um dos lados, o que torna o enterramento verdadeiramente impossível, permitindo apenas a colocação da criança viva por algum tempo.
tudo isto me leva a concluir que tais lugares, longe de serem locais de sepultura são locais de cerimónias de iniciação ou de passagem, da idade infantil para a idade adulta, durante as quais é necessário "morrer" para "renascer" (ao "terceiro dia"?) sob outra qualidade.
daí a continuidade da santidade do lugar com a respetiva igreja.
ainda, e finalmente, é estranho que um método de "inumação" como este só tenha lugar em certos locais e não noutros da mesma área geográfica, sociológica e cultural.
a propósito, resta-me exprimir o meu completo ceticismo relativamente à atribuição maioritária destes monumentos à Idade Média. não parece coisa desse tempo. o que é seguramente desse tempo, numa exensão que vai do período suevo e visigótico (século V) até ao período borgonhês (século XI), é a sua cristianização total ou parcial, com a construção da respetiva igreja anexa e a constituição da paróquia ou da diocese.
e, claro, as suas primeiras referências escritas.
segunda-feira, 4 de outubro de 2021
Fontoura
são muitas as aldeias com este nome, nas Astúrias, na Galiza e em Portugal. o seu nome pode significar "fonte da colina" ("tor", palavra celta)".
porém, o termo euskera "itur" significa "fonte", pelo que também não é de excluir que se trate de um pleonasmo frequentíssimo em toponímia: no caso, "Fonte-fonte", como acontece com o consabidíssimo Rio Guadiana: "rio-rio-rio", e Abade de Neiva: "ribeiro do ribeiro".
quarta-feira, 29 de setembro de 2021
Mafamude
Mafamude foi freguesia, hoje incluída na União de Freguesias de Mafamude e Vilar do Paraíso, do concelho de Vila Nova de Gaia. deve o seu nome a um dissidente do Reino de Córdova, o berbere Mahmüd ben Abd al-Djabbar, que chefiou em Mérida um movimento fracassado contra o rei omíada cordovês. foi acolhido por D. Afonso II de Astúrias, que lhe concedeu um feudo (as terras de Mahmud - ou seja, "Mahmudi", no genitivo latino) junto à margem sul do troço final do rio Douro. Mahmüd tornou-se, assim, um precioso e ativo auxiliar do monarca asture, até que, arrependido das suas escolhas, voltou a estabelecer relações com Abd al-Rahman II, rei de Córdova.
face à traição do seu vassalo e protegido, Afonso II atacou-o no castelo do Douro, prendeu-o e mandou executá-lo, em maio de 840. Mahmüd não terá permanecido no seu refúgio mais do que dois anos, dado que tinha sido proscrito de Córdova em 838.
créditos: Joseph M. Piel, in Revista Portuguesa de História, tomo V, 1951, Coimbra, pp. 283-286.
terça-feira, 31 de agosto de 2021
topónimos portugueses transpostos no Brasil
muitas adeias, vilas e cidades de Portugal partilham o seu nome com aldeias, vilas e cidades brasileiras, por simples transposição, possivelmente, em muitos casos, por iniciativa dos seus primeiros povoadores, oriundos de terras com o mesmo nome. entre parêntesis a sigla do repetivo Estado:
Abrantes (BA),
Alcobaça (BA),
Alenquer (PA),
Amarante (PI),
Almeirim (PA),
Almofala (CE),
Alvarenga(MG),
Anadia (AL),
Arouca (SP),
Aveiro (PA),
Baião (PA),
Barcarena(PA),
Barcelos (AM),
Batalha (PI),
Belmonte (BA),
Bom Jesus(PI),
Borda do Campo (PR),
Braga (RS)
Bragança (PA),
Campo Maior(PI),
Cantanhede (MA),
Carvalhos(MG),
Caxias (MA),
Chaves (PA),
Cintra (MG) (graf.),
Coimbra (MG),
Colares (PA),
Crato (CE),
Curvelo (MG),
Extremoz (RN)(graf.),
Faro (PA),
Fátima (BA),
Ferreiros(PE),
Fundão (ES),
Gavião (BA),
Gouveia (MG),
Granja (CE),
Guimarães(MA),
Jales (SP),,
Jerumenha(PI)(graf.),
Lajes (RN),
Linhares (ES),
Lisboa (SC),
Melgaço (PA),
Messejana(CE),
Mirandela(BA),
Monção (MA),
Monte Mor(SP)(graf.),
Nazaré (BA),
Óbidos (PA),
Oeiras (PI),
Ourém (PA),
Pedralva (MG),
Pinhão (PR),
Pinhel (PA),
Pombal (PB),
Portalegre (RN),
Portel (PA),
Porto (PI),
Porto de Moz(PA)(graf.),
Queluz. (SP),
Resende (RJ),
Sagres (SP),
Santarém (PA),
Sardoal (RJ),
Sobral (CE),
Soure (PA),
Trancoso (BA)
Valença (RJ),
Viana (MA), (ES),
Vila Boa (GO),
Vila Flor(RN),
Vista Alegre(RS),
Viseu (PA)
domingo, 29 de agosto de 2021
Ceará (Br.)
Ceará é um topónimo de origem tupi-guarani, e, de entre as hipóteses até hoje formuladas, a mais credível é a que indica o significado de "(terra do) canto das araras".
de notar que um dos primeiros nomes do Brasil foi o de "terra dos papagaios".
créditos:
Laura de Mello e Souza (2001), O nome do Brasil, Revista de História, n. 145, USP.
Joana Angélica Santos Lima (2011). Os topônimos dos Estados Nordestinos Brasileiros, Anais do XV Congresso Nacional de Linguística e Filologia, Cadernos do CNLF, Vol. XV, Nº 5, t. 3. Rio de Janeiro: CiFEFiL
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