quarta-feira, 20 de junho de 2007

Telheiras

a nossa língua na Galiza, pelo seu carácter mais conservador, dá-nos pistas preciosas para a decifração de inúmeros topónimos. entre eles, destaco "Telheiras". é claro que já tinha percebido que não deveria ter nada a ver com "telhas". mas, recentemente, dei com a chave da questão: "tilheira", "tilheiro", derivam de "tilha", ou "tília", árvore de flores cheirosas, medicinais. "tilheira" (ou "tilleira", se quisermos, não faço questão nenhuma) é o nome da árvore que tamém se chama, simplesmente, "tília". assim, "Telheiras" significaria "As Tílias". aqui, o sufixo -eiras teria uma conotação abundancial. se assim fosse, deveria haver registos da grafia antiga, mais próxima do verdadeiro étimo. e há. no século XVII, "Telheiras" era "Tilheiras" e as suas saloias (moças do campo) eram famosas: "as saloyas de Tilheiras".

ver Comentº de Calidonia

5 comentários:

cneirac disse...

Muito interessante. As telheiras da Galiza que eu conheço sempre são em plural. A "tília" e o "tilo" castelão.

Em galego "tilla" é:

- Borrea, borroeira, tilleiro, tola.

mas também:

- Cuña "cunha"
- Cuberta, talmo, tillado "tálamo" "telhado"

josé cunha-oliveira disse...

é verdade. esses são os outros significados de "tilla". a "cuña" ou "cunha" a que se refere creio que é aquele bocado de madeira ou de ferro em forma de cunha com que aperta o eixo à roda do carro (de bois). quanto à segunda parte da sua questão, acho que estará a falar de "tella", não de "tilla". corrija-me se estiver errado.
abraços

Anônimo disse...

ai ai a nossa metade Galiza

Quem me dera a independencia do norte de Portugal e da Galiza e depois uma reunificação, para formarmos a nossa verdadeira nação Galécia...

Sam disse...

Interssantíssima essa sua conclusão!

Abraço


Nóbrega

Anônimo disse...

Em adenda à proposta etimológica para "Telheiras" é curioso notar que, ainda hoje, as tílias são uma espécie arbórea dominante nas zonas mais antigas do bairro de Telheiras da [ainda] capital da Galécia do Sul*, sobretudo nos cantos que sobreviveram à invasão dos gaiolões de betão.

Serão remanescentes de antigas plantações para colheita de matéria-prima para as infusões, ou teriam apenas função ornamental nas imponentes quintas e palacetes senhoriais? Qualquer que seja a explicação, pelo menos ali a proposta é plausível.

Um abraço atlântico

Gundibaldo



*Na freguesia do Lumiar.