quarta-feira, 13 de novembro de 2019

Lourinhã

Lourinhã é uma vila e concelho do noroeste do distrito de Lisboa. povoada e repovoada várias vezes ao longo da Pré-história e da História. não deverá ter ido buscar o seu nome aos celtas, túrdulos, fenícios, gregos e cartagineses, nem aos romanos, mas sim aos seus últimos povoadores.
a etimologia que se costuma atribuir à Lourinhã é de uma hipotética ligação a um hipotético romano, hipoteticamente senhor de uma villa, ou propriedade rústica, de seu suposto nome Laurinius.
não acredito. nunca ninguém descobriu esse Laurinius, nem vivo nem morto.
mas contígua à Lourinhã fica a freguesia de São Bartolomeu de Galegos. e isso faz-me voltar à questão dos movimentos populacionais de norte para sul, chamando galegos para repovoar terras abandonadas ou esvaídas de população. 
assim sendo, por que razão haveria Galegos mesmo juntinho à Lourinhã, sem que a Lourinhã tivesse algo que ver com a Galiza?
Lourinhã pressupõe a forma Louriniana, significando uma terra com designação derivada de uma Lourinia. em galego-português, Lourinia é Lourinha ou, se quiserem, Louriña.
ora, onde é Lourinha ou Louriña? em primeiro lugar, Lourinha deriva do nome do rio Louro, no sul da Galiza, Província de Pontevedra, o qual corre pelo Vale da Lourinha.
(a propósito, também cá temos um rio Louro, na região de Vila Nova de Famalicão).
portanto, não custa muito supor que a Lourinhã deva o seu nome a gente que veio do Vale da Lourinha. e então teremos os galegos da Lourinha que deram o nome à Lourinhã e os galegos de qualquer outro lado, se não o mesmo, que deram o nome à contígua freguesia de São Bartolomeu de Galegos.

terça-feira, 12 de novembro de 2019

Cordinhã

Cordinhã é uma freguesia do concelho de Cantanhede, assim como Ourentã, à qual é contígua.
o nome "Cordinhã" supõe uma forma anterior Cordiniana, o que indica uma relação de parentesco com uma Cordinia, da qual derivará populacional e etimologicamente. 
mais uma vez, parece que uma população galega foi chamada a repovoar a região, neste caso gente da povoação de Cordinha de Abaixo, ou Cordiña de Abaixo, como queiram, junto a Banhos de Molgas, ou Baños de Molgas, no sul da Província de Ourense, na bacia do rio Lima, ou Limia, não muito longe de Alhariz ou Allariz.
por conseguinte, Cordinhã significará "gente que veio de Cordinha", ou "gente de Cordinha" ou Cordiña.

não esqueçamos que uma das tarefas dos primeiros reis de Portugal foi a de repovoar terras abandonadas ou esvaídas de população. e que um dos principais recursos populacionais foi a Galiza, para além, em menor número,  de Astúrias, Castela, País Basco e Navarra, como se prova pela respetiva tradução toponímica (Galegos, Galizes, Golegã, Estorãos, Castelões, Biscaia, Biscainho, Nafarros, Navarra, etc). a diferença é que, sendo muito mais numerosos e nossos afins, os galegos não se contentavam com o nome genérico "galegos", utilizando muitas vezes a referência à específica terra de origem,

segunda-feira, 11 de novembro de 2019

o latim na toponímia galego-portuguesa,

é costume explicar-se a origem de muitos topónimos galego-portugueses através do latim, dado ter sido a Galécia uma parte de uma província do Império Romano.
porém, o número de topónimos realmente originados de palavras genuinas da língua imperial é muito pequeno. e não poderia ser de outro modo, pois que quando alguns soldados romanos realmente latinofalantes aqui chegaram já cá havia gente, povo, língua e lugares.
de jeito que, àparte uma ou outra cidade fundada pelos romanos (exº Pax Julia: Beja), o que os romanos aqui deixaram foram os nomes de cidades já existentes e com nome (Braga, Lamego, Viseu, Bragança, Évora, Mértola,...), nomes de possuidores de quintas ou propriedades, que, por sua vez, se foram perdendo e mudando na sucessão dos tempos, dos poderes e dos senhorios.
isto passou-se com o Império Português. Bissau, Luanda, Goa, Malaca, Macau, Timor, embora escritas sob uma aparência portuguesa, são palavras que os portugueses encontraram e mantiveram. O mesmo se passou no Brasil, com uma série infinda de topónimos de origem indígena (tupi-guarani).

Ourentã

Ourentã é uma freguesia do concelho de Cantanhede.
de sucessivos povoamentos desde longa data, tem elementos arqueológicos e documentais escritos da ocupação romana e do domínio árabe, para além do documental medievo.
no seu último povoamento mereceu o nome de Ourençana - "Ourencáá"(Inquirições de D. Afonso II: “de Ourencáá faciunt inde fórum per omnia”), o qual evoca, irresistivelmente, a cidade, concelho ou comarca de Ourense, a capital da Província galega do mesmo nome.

como disse a propósito de Oiã,  parece que temos alguma aversão a recorrer à toponímia galega e às sabidas e muito frequentes migrações galegas para sul, sejam individuais, em grupo ou politicamente planeadas, muitas vezes sob a forma de repovoamentos de zonas abandonadas devido às vicissitudes históricas.
o topónimo Ourentã significará, pois, "terra de gente oriunda de Ourense", "gente de Ourense".
De Ourentã deriva o topónimo diminutivo Ourentela.

sábado, 9 de novembro de 2019

Oiã

Oiã é uma freguesia do concelho de Oliveira do Bairro, distrito de Aveiro. o seu nome antigo, "Oyana", não nos dá muitas pistas etimológicas.
para alguns, muito achegados à ideia de que tudo o que é nome vem do latim, apontam uma etimologia rebuscada e pouco convincente. seria a sua origem "oliana", que em latim quereria dizer "olival", ou, melhor, "terra de azeitonas". não sei em que é que Oiã se distingue de outras terras pela quantidade de azeitonas que produz ou produziu.
lembramo-nos sempre muito pouco de recorrer à toponímia galega. 
na Província de Pontevedra, fronteiriço aos concelhos de Baiona, Rosal e Tominho, existe o município de Oia.
sabidas as muito frequentes migrações galegas para sul, sejam individuais, em grupo ou politicamente planeadas, com inúmeras repercussões na toponímia portuguesa, não custa a crer que Oiã ("Oyana")  seja uma terra  povoada por gente oriunda de Oia, também grafada Oya. assim sendo, Oiã significaria "(terra de) gente (que veio) de Oia", "gente de Oia".