segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

frase do ano 2007

"paréceme que se está a perder liberdade, porque deixamos que pensen por nós. iso si, eu agora penso que son libre por poder dicir todas estas tonterías".

Lúa

Topónimos Terminados em -ém, -én

é um grupo heterogéneo de topónimos, do qual fazem parte alguns genitivos de nomes de possuidores de terras.


Alentém - em "Vilar de Torno e Alentém", Lousada (Pt.). antiga Arantei e Arantey. origem pré-romana. relacionada com o euskera arantz, "vale", ou com o pré-céltico are, "rio"? ou as duas coisas?

Azurém - de Osoredi, genit. de Osoredu, antropónimo germânico. ou seja, "propriedade de Osoredu"

Belém - do célt. Belenos ("carvalho"), a "morada do sol", equivalente à divindade grega Apolo. é um teónimo, no caso, um genitivo da divindade. como dizer "propriedade ou santuário de Belenos"

Borratém - em "Poço do Borratém", Lisboa. do árab. bîrr at-tîn: "poço da figueira". é mais um caso de redundância, em que a Toponímia se compraz. Poço do Borratém: "poço do poço da figueira"

Gondarém (Pt. e Gz.) - de Gunduredi, genit. de Gunduredu, antropónimo germânico. como dizer "propriedade ou quinta de Gunduredu". graf. altern. (Gz.): Gondarén. variante: Gondarei (Gz.) - graf. altern. Gondarey.

Litém - em Santiago de Litém e São Simão de Litém. de Litém, Pombal (Pt.). hidrónimo: Ribeira de Litém. ver" Alentém"

Orbacém - topónimo nortenho (Pt.), de Vila Praia d' Âncora. genit. de Urbacenu ?

Ourém - para J. P. Machado (2003), trata-se da transposição do topónimo árabe Uhrâm (Orã, Argélia)

Pevidém - topónimo de uma Vila do concelho de Guimarães (Pt.), deriva do apelido ou alcunha de uma figura típica que em tempos viveu num pequeno lugar da freguesia de S. Jorge de Selho. nesse lugar, uma casa ostenta o letreiro "aqui nasceu Pevidém". o apelido ou alcunha é provavelmente arbitrário. caso idêntico sucedeu em Coimbra com o Calhabé

Sacavém - topónimo de origem pouco clara. a hipótese árabe, sâqabi, "[lugar] próximo ou vizinho (de Lisboa)" é tentadora, mas não passa disso

Santarém - topónimo de origem desconhecida, talvez pré-romano. isto apesar da muito conhecida tese de provir de Santa Irene. no Pará (Br.), Santarém é transposição do topónimo português. também no Pará, existe Santarém Novo

Serém - de Sereni, genit. de Serenu: "quinta ou propriedade de Serenu"

Toém (Gz.) - graf. altern.: Toén

Tourém - de Teodoredi, genit. de Teodoredu. forma anterior "Tourei". da mesma etimologia são os "Turei" (Gz.), graf. altern. "Turey"

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Comba, Santa Comba, Pombal e Pombeiro



não se trata de um grupo de topónimos fácil. é um ponto de confluência evolutivo de vários pontos de partida etimológica. assim, pode ser o aspecto actual do céltico cumba (vale estreito e curto, garganta), de comba (pequena chã no declive de um monte), do latim columna (marco ou coluna romana), ou do hagiónimo Colomba - correspondente a várias Santa Colomba ("pomba"), as quais, por sua vez, representam cristianizações medievais de cultos pagãos anteriores. a destrinça nem sempre é possível, dado que tanto a orografia como a História do local podem explicar o topónimo.
Santa Comba de Sens, França (séc. III) e Santa Comba de Córdova, Espanha (Séc. IX) têm em comum o terem sido decapitadas no processo de martírio, o que as faz incluir no culto das "cabeças", ou pontos altos, tal como Santa Eulália ou Santa Quitéria.
alguns topónimos relacionam-se com este grupo, quando representam variações de columbarium, quer no sentido de "pombal", quer no sentido de jazigo ou local com nichos onde se depositavam vasos com as cinzas dos mortos. é o caso de topónimos como "Pombal" e "Pombeiro".

Azinhaga de Santa Comba (Coimbra, Pt.)
Casal Comba
Comba (Pt. e Gz.)
Combada
Combarro (Gz.)
Combas
Combel (Gz.)
Combelas - diminut. de Combas
Combinha - diminut. de Comba
Monte de Santa Colomba - no concelho de Mêda

Pombal (Pt., Gz. e Br.) -o caso brasileiro é uma homenagem a Sebastião José de Carvalho e Melo, Marquês de Pombal e primeiro ministro do Rei Dom José I.

Pombeiras
Pombeirinho - diminut. de Pombeiro
Pombeiro (Pt. e Gz.)
Pombeiro da Beira
Pombeiro de Riba Vizela
Pombeiros
Quinta das Combas
Santa Comba (Pt. e Gz.)
Santa Comba Dão - está por Santa Comba d'Ão
Santa Comba de Bande (Gz.)
Santa Comba de Rossas
Santa Comba de Soutolobre (Gz.)
Santa Comba de Vilariça
Santa Comba do Trevoedo (Gz.)
Serra de Santa Comba


domingo, 9 de dezembro de 2007

Rabelo, Ravelo, Rebelo, Revelhe e Reveles - toponímia e onomástica

trata-se de topónimos e onomásticos de origem muito discutida e provavelmente diversa. Revelhe é claramente um genitivo de Rabelo, Rebelo ou Revelo, formas alternativas que o antropónimo apresentava na Idade Média. por sua vez, Reveles é um patronímico de Revelo, isto é, quer dizer "filho de Revelo", tal como Rodrigues significa "filho de Rodrigo", por exemplo. um topónimo aparentado é Ravel, em França, cuja origem tem sido associada ao latim rivus: "curso de água". as formas "Rebel" (Gz.), Revel e Ribela parecem indiciar uma origem mais em ripa, também latina (margem, margem elevada), de onde deriva o topónimo Ribeira, aplicando-se a lugares ou comarcas contíguos a um rio ou mar. o facto de o barco típico do rio Douro se chamar "rabelo" parece confirmar esta etimologia, tal como a designação de "rabelas" para as populações ribeirinhas do mesmo rio. o sobrenome ou apelido "Rebelo", frequente na zona do Douro Litoral, é isso mesmo que significa: "ribeirinho" (do Douro).
lê-se em J. P. Machado (2003) que os sobrenomes Rabelo/Rebelo derivam do latim raphanellu ("rabanete"), o que me parece bastante inadequado para nome de pessoa, quanto mais para nome de pessoa proprietária de terra e suficientemente importante para dar origem ao topónimo e seus derivados.

Rabelo
Ravel (Fr.)
Ravello (It.) - cidade da Campania, no Sul de Itália
Ravelo (Gz.)

Rebel (Gz.) - variante de Revel. de acordo com uma achega de Isabel Rei Samartim, existe o topónimo Rebel na Galiza, em Vilalonga, São Gens, Ponte Vedra.

Rebelo

Revel (Pt., Gz. e Fr.) - há vários topónimos "Revel" em França, designadamente no Haute-Garonne e Isère, donde não ser proibido que o sobrenome Revel/Rebel tenha origem numa mais ou menos ancestral ou mais ou menos recente origem transpirenaica.

Reveles - nome de lugares e quintas da margem esquerda do Mondego.
Revelhe - genitivo de Revelo: "quinta ou propriedade de Revelo".

Revilhães - tal como Revelhe, é genitivo de Revelo: "quinta ou propriedade de Revelo"

Ribeira (Pt. e Gz.)
Ribel (Gz.)

Ribela - aqui parece mais clara a origem em ripa / "riba", na forma diminutiva. a "riva" ou "riba" (margem, margem alta, arriba) aplica-se a lugares contíguos a um rio ou mar.

sábado, 8 de dezembro de 2007

Topónimos Terminados em -ance e -ante

pertencem ainda ao grupo dos genitivos relacionados com proprietários rurais da Idade Média.

Amarante (Pt., Gz. e Br.) - no caso português, Amarante é feminino. a população local e próxima trata a cidade por "a Amarante". assim, tudo indica tratar-se de um genitivo de um possuidor de uma villa: villa Amarantii. o caso brasileiro é transposição do topónimo português.

Constance - de villa Constantii: quinta ou propriedade de Constantiu (Constâncio)

Topónimos Terminados em -ence, -ense e -ente

ainda os possuidores da terra na Idade Média:



Chorence - forma etimologicamente correcta de "Chorense". em França: Chorence

Chorense - ver "Chorente"

Chorente (Pt. e Gz.) - de villa Florentii: "quinta ou propriedade de Florêncio". existe a variante dialectal Chorense, que está por Chorence.

Coence (Gz.)

Jazente - de villa Hyacinthii: "quinta ou propriedade de Hyacinthus (Jacinto). graf. ant.: Jaçente

Ourense (Gz.) - a origem desta capital provincial galega é rural. a sua excelente localização faria o seu destino. não pertence a este grupo de topónimos, embora pareça derivar do antropónimo Aurius. no entanto, a ser assim, a terminação -ensis é difícil de explicar. tendo em conta que se trata de uma cidade termal, com nascentes de água quente em plena rua ("As Burgas"), a hipótese céltica, or ens ("água quente") não é descabida de todo. o topónimo era grafado Auriense nos documentos medievais.

Podence (Pt. e Gz.) - de villa Potentii: quinta ou propriedade de Potentiu ou Potêncio

Podente (Gz.) - ver "Podence"

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

a palavra Mãe na toponímia galego-portuguesa e brasileira

"Mãe" ou "Madre" aparece na toponímia vinda de uma de três origens: religiosa, referindo-se à Mãe de Deus ou a uma realidade conventual; como referente de uma nascente ou de um reservatório de água; ou como homofonia de uma realidade linguística não latina. a forma Mãe" convive com a sua forma anterior, "Madre".

Alto da Mãe de Deus -
Casal da Mãe Velha -

Madre - o significado deste topónimo é, provavelmente, o de "leito do rio"

Madreboa -

Madre de Água (Pt. e Gz.) - ou será Madre d'Água? graf. altern. (Gz.): Madredeagua. significa "nascente de água".

Madre de Deus - forma um tanto purista. é mais precisa, por mais perto da pronúncia real, a forma Madredeus

Madredeus - refere-se à invocação católica de Maria, a Mãe de Deus. na realidade, traduz a sobrevivência de cultos pré-cristãos

Madre Deus - também me parece um purismo por "Madredeus"
Madrelhe - (?)
Madres -
Madroeira - (?)

Mãe (Br.) - designa uma ilha do Estado do Rio de Janeiro, situada junto da Ilha do Pai e perto da ilhota conhecida por Menina

Mãe Ana -
Mãe Boa -
Mãe d'Água - tanque, reservatório de distribuição de água, cisterna
Mãe de Água - purismo por Mãe d'Água
Mãe de Água Nova -
Mãe de Água Velha -
Mãe de Migança -

Monte da Madre Ana - aqui "Ana" será a mesma palavra que originou Guadi-Ana? nesse caso, significa "leito do rio", com duplicação do significado de rio.

terça-feira, 27 de novembro de 2007

adeus, mãe

quem é que estava à espera disto?
bem sei que a lei da vida é cruel e cega.
não vamos esquecer-te.
adeus, mãe.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Topónimos Terminados em -ude

os topónimos terminados em -ude são também resquícios da propriedade rural da Idade Média. são poucos mas bons.


Aúde (Gz.) - ver Comentº de Calidonia
Barbude - genitivo de um antropónimo ?

Barbudo - está por Barbude. a hipótese de provir do adjectivo parece-me peregrina

Cabanude (Gz.) - ver Comentº de Calidonia
Carbalhude (Gz.) - ver Comentº de Calidonia. graf. altern.: Carballude
Carbude (Gz.) - ver Comentº de Calidonia

Escravitude (Gz.) - com este nome, não pertence à colecção. é um topónimo de origem religiosa

Fazelude (Gz.) - ver Comentº de Calidonia. graf. altern.: Facelude
Fontedaúde (Gz.) - ver Comentº de Calidonia. ver Viladaúde

Mafamude - topónimo que é genitivo latino de um antropónimo árabe: Mahamud ou Mahmud. ver Viladaúde

Segude - genitivo de Secutu

Seragude (Gz.) - ver Comentº de Calidonia
Sergude (Gz.) - ver Comentº de Calidonia

Viladaúde (Gz.) - ver Comentº de Calidonia. redundância: villa- villa de Daútu. genitivo lat. da forma árabe de David: Daútu (Daúd)? nesse caso, tal como Mafamude, seria o sinal da existência de terratenentes árabes ou arabizados em regiões muito nortenhas.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Topónimos Terminados em -ade

ainda a posse da terra na Idade Média:

Amboade (Gz.)
Andrade (Gz.)
Andreade (Gz.)

Beade (Gz.) - genitivo de Venatu. villa, quinta ou propriedade rústica de Venatu

Guilhade (Gz.) - graf. altern. Guillade
Morgade (Pt.)
Repiade (Pt.) - variante dialectal de Revinhade
Revinhade (Pt.) - propriedade de Rabinadu, antropónimo germânico
Sambade (Pt.) - propriedade de Sambadu
Segade (Pt. e Gz.)
Sequeade (Pt.) - em 1220 era "Ciquiad"
Veade (Pt.)- ver Beade
Venade (Pt.) - forma evolutivamente anterior de Veade e Beade
Xermade (Gz.)

Topónimos Terminados em -il

neste grupo não incluo os topónimos terminados em -mil, de que já falei.

Arganil - possível genitivo de um antropónimo germânico
Bermil (Gz.) - genitivo de Belmiru
Fermil
Fail
Madail
Outil
Parragil - cf. Perejil, Perexil (E.)
Portangil (Gz.) - graf. altern. Portanxil. ver Comentº de Calidonia
Setil
Vermil - ver "Bermil"

Vermoíl - variante dialectal de Vermoim? de Bermudu, antropónimo germânico

sábado, 10 de novembro de 2007

Topónimos Terminados em -mir

estes tamém não são muitos. ocorrem menos vezes que as variantes em -mil, quando existem.


Baldomir (Gz.)
Cristimir (Gz.)
Vilamir (Gz.)

Topónimos Terminados em - anche

os topónimos genitivos em -anche são pouco frequentes.
adianto estes:


Vilasanche - de villa sanci: quinta ou propriedade rústica de Sancho

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

a língua portuguesa no mundo

no Uruguai passa a ser obrigatório o ensino da Língua Portuguesa a partir do 6º ano de escolaridade, já no próximo ano lectivo de 2008. o facto é a consequência lógica da criação do Mercosul e do peso económico e cultural do Brasil nesse Mercado.
já tive eu mesmo ocasião de constatar no Chile e na Argentina a relativa facilidade com que se encontra alguém que fale Português. aprendido no Brasil ou por causa do Brasil. essa realidade económica transnacional originou já um aumento em flecha da procura do ensino e da prática da Língua Portuguesa no Paraguai, na Argentina e no Uruguai, pelo que a medida do Governo Uruguaio consiste, simplesmente, em obrigar a comer quem já tem fome que chegue.
é a altura de percebermos o que se passa no Mundo. não são os nossos semi-dialectos peninsulares e suas variantes, tribalidades e teimas, não é sequer essa algaravia que se fala em Lisboa - uma arrogante mistura de gramática inglesa com palavras pernósticas sacadas ao dicionário da Academia e pronúncia eslovaca - que farão o futuro da Língua no Mundo.
por isso me daria uma incontrolável vontade de rir que alguns professores de Português, dessa espécie de língua que se fala em Lisboa, achassem que a decisão do Uruguai é uma oportunidade de emprego.
e antes do mais porque professores de Língua Portuguesa já o Uruguai tem. e nas zonas fronteiriças com o Brasil tem até falantes de Português como língua materna, que aí passa a ser reconhecida como língua principal, à frente do Castelhano.

domingo, 4 de novembro de 2007

Toponímia e Onomástica

no correr desta viagem, ainda não concluída, pelos genitivos na toponímia galego-portuguesa, verificámos um fenómeno curioso: o nome de pessoas influencia o nome dos lugares e, por sua vez, os nomes de lugares contribuem para a formação do nome de pessoas. um exemplo: Recesindu deu Resende (ou, melhor, Rezende) no genitivo e, por sua vez, há pessoas com o sobrenome de Resende ou Rezende. o mesmo com Guimarães: Vímara deu Vimaranis (Guimarães) no genitivo, que, depois, se tornou sobrenome de muito boa gente. os exemplos são como a cereja em Portugal, a banana no Brasil e o mexilhão na Galiza. são para dar e vender.
já atrás me debrucei sobre a interdependência entre toponímia e onomástica.
o facto é que o tema representa 25 a 30% da curiosidade sobre este blogue.
daí que eu considere a possibilidade de transferir os dados sobre os nomes, apelidos e sobrenomes de origem toponímica para um blogue independente.
a ver vamos, como diz o cego...
mas fica registada a ideia e a intenção. para todos os efeitos.

sábado, 3 de novembro de 2007

Topónimos Terminados em "-mil"

continuando a saga dos proprietários rurais da Idade Média... estes são muitos. e muitos deles são de origem germânica. este post complementa um outro com o mesmo título, de Junho de 2006.

Castromil (Pt. e Gz.)
Crastomil
Creixomil
Estramil (Gz.)
Estremil (Gz.)
Sanamil (Gz.)

Sandamil (Pt. e Gz.) - existe a variante Sandamiro (Gz.). do antropónimo germânico Sandemiru

Sandomil - ver Sandamil

Sangemil - às vezes grafado São Gemil. genitivo de Sangemiru, antropónimo germânico

Sanjomil - ver Sangemil
Santomil (Pt. e Gz.) - ver Sandamil
Sanxumil (Gz.) - variante dialectal de Sangemil
Seixomil (Pt. e Gz.) - genitivo do antropónimo germânico Songemiru
Seixosmil (Gz.)
Seramil
Sesil -
Sesmil (Pt. e Gz.) - de Sesmiru, antropónimo germânico no genitivo

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Topónimos Terminados em "unde" e "-unte"

na senda dos topónimos formados por genitivos de antigos senhores, aqui vão os terminados em -unte:

Bagunte - genitivo de antropónimo germânico
Fragunde (Gz.)
Vilaragunte (Gz.)

Topónimos Terminados em "-ane"

na verdade, o genitivo latino é indicado na toponímia pelo -e (-i) final. o resto das terminações é ditado pela estrutura do antropónimo e respectiva origem linguística. como já vimos, outros genitivos aparecem sob a forma -i, -im (-ini), -iz (-ici). nos antropónimos germânicos com terminação em -ar e -er o -e (-i) final desapareceu (exºs: Gondar, Sever).
e uma vez mais se avoluma a importância da posse da terra na sociedade medieval e o seu reflexo na forma de nomear os lugares neste cantinho do mundo.


Joane (Pt. e Gz.) - com as variantes Joanhe e Juane (Gz.). genitivo de Johan

Sanhoane (Pt.) - ver Seoane
Seivane (Gz.)
Seivane de Vilarente (Gz.)
Seoane (Gz.) - forma medieval do genitivo de "São João", San Johane
Seoane do Courel (Gz.)
Sevane (Gz.)
Vilamane (Gz.)

Topónimos Terminados em "-elhe" e "-ilhe"

aqui vão mais alguns topónimos que reflectem o peso da propriedade rústica medieval na formação dos nomes de lugares no território galego-português. neste grupo de topónimos aparecem algumas vezes as palavras "vila" ou "vilar" reforçando o sentido, já implícito, de propriedade rural. ou a redundância "vila de".


Amarelhe - Amarelhe é um genitivo do nome de um proprietário, indicando que a terra, habitualmente a villa (propriedade rústica, quinta), ao momento em que tomou nome ou pouco depois, era propriedade de um tal Amarellu, isto é de um senhor Amaru tratado pelo diminutivo (como ainda há bem pouco era costume tratar os ricos no norte de Portugal e na Galiza).
as terras ou villae com esse nome eram, pois, propriedade do Amarinho. esse Amarinho ou tinha muitas propriedades entre o rio Douro e a Corunha, ou era senhor de um nome relativamente frequente entre os homens ricos da época, pois que há Amarelhe na Corunha, em Ponte Vedra, em Baião e em Vila Verde (pelo menos).

Anelhe

Argoncilhe - topónimo curioso. é genitivo de Dragoncelu, "dragãozinho", nome do proprietário da villa rústica. "deveria" pois chamar-se Dragoncilhe. evolução: Dragoncelli; Dragoncilhe; Dargoncilhe; d' Argoncilhe; (de) Argoncilhe.

Baroncelhe (Gz.) - graf. altern. Baroncelle
Bivilhe (Gz.) - graf. altern. Biville
Boelhe (Pt. e Gz.) - graf. altern. (Gz.): Boelle. de Boneliu
Caçarilhe
Corvelhe (Gz.) - graf. altern. Corvelle
Esmelhe (Gz.) - graf. altern. Esmelle
Lagostelhe (Gz.) - graf. altern. Lagostelle

Lobelhe (Pt. e Gz.) - graf. altern. Lobelle (Gz.). de Leobeliu ou Lobeliu

Lobelhe do Mato
Lovelhe

Marcelhe (Gz.) - graf. altern. Marcelle. de Marcellu
Marselho (Gz.) - graf. altern. Marselle
Merilhe (Gz.) - graf. altern. Merille

Morcelhe (Gz.) - graf. altern. Morcelle. variante dialectal de Marcelhe

Mourilhe - "propriedade de Mauriliu"

Ourilhe (Pt. e Gz.) - "propriedade de Aureliu(?)". ou de Auriliu (?). graf. altern. (Gz.): Ourille

Ouselhe (Gz.) - graf. altern. Ouselle
Pendilhe -
Recelhe (Gz.) - graf. altern. Recelle
Regoelhe (Gz.) - graf. altern. Regoelle
Revelhe
Ruílhe - "propriedade de Rodilu ou Rodelu"

Sabadelhe (Gz.) - graf. altern. Sabadelle. de Sabaticulu, diminut. de Sabatu

Sebadelhe - variante de Sabadelhe, com a qual alterna
Sendelhe (Gz.) - graf. altern. Sendelle

Sernancelhe - "propriedade de Seniorcelo". Seniorcelu: "senhorinho"

Sezelhe (Pt.)
Toubilhe (Gz.) - graf. altern. Toubille
Viladonelhe (Gz.) - graf. altern. Viladonelle
Vilamelhe (Gz.) - graf. altern. Vilamelle
Vilamerelhe (Gz.) - graf. altern. Vilamerellhe
Vilar de Ortelhe (Gz.) - graf. altern. Vilar de Ortelle

Topónimos Terminados em "-ande"

estes topónimos também reflectem a distribuição da propriedade agrícola medieval. são igualmente genitivos dos nomes dos proprietários


Astande (Gz.)

Bande (Pt. e Gz.) - de villa Bandi: "propriedade rural de Bando". antropónimo germânico

Britiande (Pt.)
Cernande (Gz.)
Espasande (Gz.)
Espasande de Baixo (Gz.)
Fernande (Gz.)
Friande (Pt.)
Gresande (Gz.)

Guisande - de villa Guisandi: "propriedade (rural) de Guisando". antropónimo germânico

Grixoa de Esternande (Gz.)
Nande (Gz.)
Ouçande (Gz.) - graf. altern. Ouzande
Rande (Pt.)
Sande (Pt. e Gz.) - "propriedade de Sando". Sando é antropónimo germânico

Senande (Gz.)
Sernande (Pt.)
Trasande (Gz.)

anomalias:

Vila Fernando (Pt.) - está por Vila Fernande. de villa Ferdinandi
Vila Mendo (Pt.) - está por Vila Mende. de villa Mendi

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Topónimos Terminados em "-monde" e "-munde"

são topónimos de origem germânica, no genitivo latino. sentimos, ao longo de toda esta compilação de genitivos na toponímia galego-portuguesa, quão estranhos nos soam os nomes dos senhores das terras na Idade Média. mas não podemos sentir o mesmo com os nomes das pessoas que todos os dias se levantavam co'as galinhas e se deitavam ao sol-pôr. dessas pessoas, salvo rarissimas excepções, não reza a Toponímia. e quando reza não é por grande coisa.


Ansemonde (Gz.)
Baamonde (Gz.) - (?)
Bamonde (Gz.)
Freamunde - "propriedade de Fredmundus"
Friamonde (Gz.) - variação dialectal de Freamunde
Gemunde - "propriedade de Iemundo ou Gemundo"
Gilmonde
Gimonde - variação dialectal de Gemunde
Gueimonde (Gz.)
Hermunde (Gz.)
Recemonde (Gz.)
Remonde (Gz.)
Salamonde - "propriedade de Salamundo"
Samonde - variação dialectal de Salamonde
Sermonde
Sesmonde (Gz.) - "propriedade de Segismundo"

Topónimos Terminados em "-ide" e "-ite"

também em -ide e -ite há topónimos que são genitivos do nome de antigos proprietários. referem-se, portanto, a quintas, sítios ou herdades agrícolas (villae). a existência de topónimos idênticos em França e na Suíça italiana parece significar que a data destes topónimos remonta a uma época de pouca diferenciação das línguas novilatinas.

Ataíde
Belide
Caíde - também se encontra a variante Caído
Campolide - (?) origem controversa
Caparide
Carnide
Carvide
Colaride
Corvite (Pt. e Gz.)
Covide

Espite - (?) não tem nada que ver com os restantes. deriva de hospite, pousada.

Margaride (Pt. e Gz.)
Maside (Gz.)
Meixide (Pt. e Gz.)

Melide (Gz. e CH) - no cantão suíço de Ticino, de língua italiana, há também Melide. é genitivo de Mellitus: "propriedade de Mellitus"

Povolide
Seide - (?) também aparece grafado Ceide
Semide (Pt. e Fr.) - em França, nas Ardenas, há também Semide
Sunhide (Gz.) - graf. altern. Suñide
Teibilide (Gz.)
Verride

Vide (Pt. e Gz.) - de Vitus ou Vito, nome do proprietário da respectiva villa

Vilanuíde (Gz.)
Vilavide (Gz.) - de villa Viti: "quinta de Vito"
Viloíde (Gz.)

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Topónimos Terminados em "-ede"

já falámos de uma série de topónimos derivados de genitivos latinos e associados a villae, quintas ou herdades agrícolas. há-os terminados em "-ães", "-ende", "-im", "-inde", "-iz", "-ufe", "-ulfe" e agora chegou a vez dos terminados em "-ede" (pronunc.: "êde"). têm estes a característica de se situarem na margem norte do Baixo Mondego, numa faixa de terrenos férteis, propícios à agricultura, e que se estende da Mealhada à Figueira da Foz.
o facto de o genitivo ser latino não significa que o proprietário fosse romano ou que o seu nome fosse latino. em posts anteriores já vimos a quantidade de nomes germânicos, no genitivo latino, que povoam a Toponímia Galego-Portuguesa.
a novidade dos topónimos terminados em "-ede" está, com muito poucas excepções, na sua concentração nesta faixa geográfica.


Ancede - não se localiza na faixa norte ribeirinha do Baixo Mondego. situa-se no concelho de Baião, Douro Litoral. grafia alternat.(mais correcta?): Ansede - ver Comentº de Calidonia

Ansede (Gz.) - ver Ancede.

Antuzede - genitivo de um antropónimo germânico. J. P. Machado (2003) prefere "Antosede", mas não sei porquê

Arazede - genitivo de Araceto ou Aracedo, antropónimo de origem desconhecida

Cantanhede - é genitivo do antropónimo, Cantonieto ou Cantoniedo, de origem desconhecida. há quem admita que é genitivo de "canteira" ou "pedreira": villa da pedreira. mas a analogia com topónimos em -ede próximos, faz-me inclinar para a primeira hipótese.

Lemede - genitivo de Lameto ou Lamedo. ver Comentário de João.
Murtede
Somede (Gz.)

Tavarede - genitivo de Tavareto ou Tavaredo. a pronúncia é tâ-vâ-rêde e não tà-và- rêde, como exigiria a tese de Talavareto ou Talavaredo por analogia com os topónimos Tavares, Taveira e Taveiro

Xafede - (?) este topónimo aparece nos concelhos da Mealhada e de Viana do Castelo (Chafé)

domingo, 28 de outubro de 2007

Mafra

apesar dos esforços de bons eruditos para lhe atribuir uma origem árabe, Mafra (que, ao longo do tempo foi sendo Mafarã, Malfora e Mafora) continua um topónimo solteiro e enigmático.
a atribuição de origem árabe, através de mahfara, "cova", não acerta com as características do local, nem com as formas anteriores do topónimo.
não sendo de origem árabe, a estrutura da palavra remete-nos para uma origem pré-latina.
ora, segundo se diz, o rei Dom João V, terá mandado construir esse convento colossal com a receita do ouro do Brasil e o motivo de tão magnânimo empreendimento estaria relacionado com o cumprimento de uma promessa à Mãe-de-Deus, caso lhe fosse concedida a graça de ter filhos herdeiros, pois que filhos não herdeiros os tinha ele aos centos. em especial de freiras, o que, entre outros cognomes, lhe mereceu o epíteto de "O Freirático".
se assim fosse - e não é certo -, o Convento de Mafra seria a actualização setecentista de um culto pagão ancestral à mater genetrix, "a mãe geradora", Senhora do Ó, Ísis e assim por diante. certo é que o culto à Senhora do Ó está ainda hoje vivo na Região Saloia, no próprio concelho de Mafra.
é aqui que entra a origem pré-latina para o topónimo.
segundo uns, a origem é fenícia; segundo outros, a origem é turânica. e a voz original estaria relacionada com um significado religioso, compatível com o culto da deusa-mãe.
seja como for, nada está definitivamente resolvido e Mafra continua um topónimo obscuro.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Gente de Coimbra

outra gente que deixou marcas na Toponímia foi a gente de Coimbra. mais que uma vez na História, o então excedente populacional desta região foi empregue no povoamento ou repovoamento de outras regiões, quer em Portugal quer na Galiza.
a distribuição geográfica destes topónimos vai do Alentejo às províncias galegas de Lugo e da Corunha, sendo a maior concentração nas regiões nortenhas.

exemplos:

Coimbra (Pt. e Br.) - no caso português, a repetição do nome Coimbra significa o mesmo que "segunda Coimbra", "nova Coimbra". no caso brasileiro, ou é a transposição do topónimo português, ou é um antropónimo.

Coimbrã - aldeia de gente coimbrã
Coimbrão - povoado de gente de Coimbra
Coimbrãos - gentes de Coimbra
Coimbró - diminutivo de Coimbra
Coimbrões - o mesmo significado que Coimbrãos
Cruceiro de Cumbraos (Gz.)
Cumbrao (Gz.) - ver Coimbrão e Cumbraos

Cumbraos (Gz.) - o mesmo significado que Coimbrãos e sua variante dialectal

Cumbraos de Abaixo (Gz.)
Torre de Cumbraos (Gz.)

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

O Grove (Gz.)

talvez seja mais conhecida a vizinha ilha termal de A Toxa - que os portugueses teimam em conhecer por La Toja. pessoalmente, prefiro O Grove marinheiro-marisqueiro. nom polo marisco, que será do melhor que existe sobre a Terra, mas pola paisage ao redor.
tal como é hoje A Toxa, O Grove foi em tempos uma ilha na junção das Rias de Arousa e Pontevedra.
é conhecida a existência dos grovii no tempo dos romanos, constituindo um ramo não-celta da tribo dos Calleci Bracari. a sua origem étnica e proveniência geográfica são desconhecidas. ocupavam o vale do Baixo Minho, de uma e de outra banda, tinham Tui por cidade principal e pelo menos alguns deles ocupavam-se na mineração do estanho e produção de bronze. o seu deus dos deuses era Turiacus, o que traduzido para Galego-Português significa Senhor, Rei. afinal de contas, o mesmo nome que tem hoje.
as voltas e revoltas da História terão feito dispersar este povo, que aparece na Toponímia Galego-Portuguesa desde o Norte da Galiza ao Centro de Portugal, sob a forma Grove e derivados. certo é que poucos povos, tribos ou clãs se poderão gabar de ter deixado tantos vestígios toponímicos.
curiosamente, existe no léxico português o adjectivo "esgroviado", o que sugere que a memória que ficou desse povo é a de gente com ar desalinhado e cabelo desgrenhado... o que não corresponde, nem de perto nem de longe, aos groveiros de hoje em dia.
bom, é claro que se diz por aí hoje que a relação etimológica entre O Grove e os grovii é uma mera coincidência fonética. mas eu prefiro esta estória. e tenho comigo Emilio Nieto Ballester (1997). sempre é alguma cousa.

outras terras de gróvios:

A Groba (Gz.)
A Grova (Gz.)
As Encrobas (Gz.)
Costa da Groba (Gz.)
Groba (Pt. e Gz.)
Grobas (Gz.)
Groias (Pt.)
Groiva (Pt)
Grova (Gz.)
Grovas (Gz.)
Grova Fragosa (Gz.)
Grove (Pt. e Gz.)
Grovela (Pt.) - diminut. de Grova
Grovelas (Pt.) - diminut. de Grovas
Groves (Gz.)
Gróvia (Pt.)
Grovos (Pt.)
Serra da Groba (Gz.)

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Fisterra (Gz.)

Fisterra, do latim finis terrae, "fim do mundo", é um topónimo estranho. fins-do-mundo há muitos: Cabo Carvoeiro, Cabo da Roca, Cabo Espichel, Cabo de São Vicente, etc., etc. por que motivo são especificamente Finisterrae este cabo galego, o Finistère francês da Bretanha e o Land's End inglês da Cornualha?
diz-se que "Fisterra" é o (ou a) fim-do-mundo porque é o cabo mais ocidental do Continente Europeu. falso: o cabo mais ocidental é o Cabo da Roca. e que razão presidiria, então, ao nome do cabo Finistère e do Land's End?
temos de admitir que, no caso galego como no caso francês e inglês, haja razão especial para que um certo mundo ali termine.
creio que a razão é profunda e vem do mais recôndito dos séculos: uma razão religiosa, mágica, iniciática.
na Galiza, o Fisterra culmina a Costa da Morte, nome já de si misterioso, e conclui o Caminho de Santiago; em França, diz-se que o Cabo Finistère (Penn ar Bed, em bretão) deve o seu nome à abadia bretã de Saint Mathieu de Fine-Terre, lugar deserto e lúgubre; na Cornualha, Land's End (Penn an Wlas, em língua céltica) está associado ao ciclo de lendas do Rei Artur.
e acresce que Fisterra, embora de origem latina, não é o nome que os romanos davam ao cabo da Galiza. para eles, o cabo era o Promontorium Nerio, do nome de uma tribo celta, cuja religião celebrava a "paixão e morte" do Sol.
em comum, têm os três cabos o serem pontos de contacto com o "Ocidente", o lado da terra "onde o sol morre", ou melhor, o lugar da terra "onde matam o sol"; os vestígios de uma linguagem sacra expressa nas pedras; e a fonte de onde emanam lendas e lendas cujo sentido se oculta no embalo das palavras.

domingo, 21 de outubro de 2007

Catoira (Gz.)

o povo, tribo ou gens dos catorienses aparece referido numa lápide romana, hoje colocada sob o altar-mor da igreja de Santiago, no Padróm. daqui se retira que os romanos encontraram um povoado, bisbarra ou comarca chamada Catoria. se a palavra é indígena ou exógena, é uma questão em aberto. a localização marítima de Catoira, na desembocadura do Ulha, na parte mais adentrada da Ria de Arousa, admite uma origem exógena; isto é, algum povo do mar lhe poderia ter dado o nome. no entanto, a existência do "Monte da Catoura", em Barrancos, distrito de Beja, abre uma possibilidade de tratar-se de nome indígena.
Catoira está em íntima relação co ciclo das lendas jacobeias que relatam a chegada da barca do corpo santo.
tamém Catoira está relacionada coa invasão de gente do Norte, no séc. IX. daí a Romaria Víquingue que, desde 1962, tem lugar todos os anos no 1º de Agosto. ainda em lembrança do ataque víquingue, Catoira encontra-se geminada com Frederikssund, na Dinamarca. sem ressentimentos.

Chantada (Gz.)

Chantada é o centro da bisbarra (ver aqui) do mesmo nome, situada no sudoeste da província de Lugo, formada pelos concelhos de Carbalhedo, Taboada e Chantada. o seu nome parece indubitavelmente de origem latina tardia, evoluído de Plantata - que significa terra ou povoação defendida por uma espécie de muralha de estacas cravadas no chão, o mesmo que "estacada". região de forte representação da cultura castreja, as raízes históricas de Chantada propriamente dita estão muito ligadas à invasão normanda do séc. IX.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Marco das Três Fronteiras (Br.)

ora aqui está um daqueles (poucos) topónimos que fala por si próprio. situado no Estado do Paraná, junto à foz do Iguaçu, o local assinala o ponto em que confluem os limites territoriais de três países: o Brasil a norte, a Argentina a sul e o Paraguay a oeste. estes limites são ditados pela confluência do Rio Iguaçu, que divide Argentina e Brasil, com o Rio Paraná, que separa, por sua vez, Argentina e Brasil do Paraguay. esta conformação de fronteiras, como ensina o brilhante guia Marlon Schunk, só acontece em mais dois casos: a fronteira Áustria-Alemanha-Suíça e a fronteira Laos- Burma-Tailândia.
a toponímia está marcada em toda a região pela influência dos povoadores aborígenes, de língua guarani: "Iguaçu", "água, ou rio, grande"; "Paraguay", "rio dos papagaios"; "Paraná", "rio veloz" ou "rio caudaloso", enfim, um nunca mais acabar de nomes de uma musicalidade única.
mas ao contrário da Galiza e Portugal, em que os povoadores primitivos que deram nome aos rios desapareceram há milénios, os guaranis ainda se vêem por estas paragens do Parque Natural do Iguaçu.

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Rio Guaíba (Br.)

"Guaíba" é a linha de água que banha a cidade de Porto Alegre, capital do Estado do Rio Grande do Sul.
não está ainda claro se é um rio ou um lago, já que tem muitas características de lago.
em tupi-guarani, "guaíba" significa "estuário de muitos rios" (gua+ybé) ou "enseada de todos os rios" - o que corresponde bastante bem à realidade hidrológica desse imenso labirinto aquático, dado que nele confluem os rios Gravataí, Sinos, Caí e Jacuí.
também há quem retire Guaíba de "gua+y+ba", que significa "lugar de muita água"

sábado, 6 de outubro de 2007

Porto Alegre (Br.)

Porto Alegre teve vários nomes ao longo da sua história. começou por ser chamada Porto de Viamão, por estar localizada nos campos de Viamão, distrito de Laguna, Estado de Santa Catarina. de ponto de passagem de nómadas com suas manadas de gado, a região evoluíu para o localização de uma população sedentária de agricultores. em 1740, o madeirense Jerónimo d'Ornelas recebe a região em sesmaria e o local passa a ser conhecido por Porto do Dornelles.
a região que hoje constitui o Estado do Rio Grande do Sul ficava de fora dos limites acordados no Tratado de Tordesilhas, mas foi reconhecida como portuguesa pelo Tratado de Madrid, de 1750.
em 1752, começam a chegar levas de casais açorianos com a missão de povoar a zona, aliviando, também, o excedente populacional que então se verificava nos Açores. com a chegada desses casais, o Porto de Dorneles passou a ser mais conhecido por Porto dos Casais. sessenta foi o número de casais açorianos que foram fixados especificamente no Porto de Dorneles (na foto, a "ponte dos açorianos" e o monumento aos casais açorianos).
a população começa depois a evoluir para um modo de vida urbano de comércio e serviços.
em 1773, um Governador, José Marcelino de Figueiredo, entende dar ao local o nome que merecia: Porto Alegre.
mas apesar de ter apenas 227 anos de vida e de sabermos quem foi o seu padrinho de batismo, a razão do topónimo continua incerta. como tenho dito várias vezes, é um mistério a facilidade com que se perde a memória da origem dos topónimos. há quem pense que Porto Alegre será uma transposição de Portalegre, cidade portuguesa do chamado Alto Alentejo. porém, sobra por explicar por que motivo, na época, uma cidade com população predominantemente açoriana iria buscar o seu nome ao Alentejo. e por que motivo José Marcelino de Figueiredo, da família dos Sepúlvedas de Trás-os-Montes, foi escolher um nome alentejano. uma outra hipótese, ainda pouco explorada mas muito verosímil, remete para uma povoação açoriana da Ilha Terceira, entretanto desaparecida, cujo nome era Santana de Porto Alegre (*). uma terceira hipótese, que não pode ser descartada, é a de que Porto Alegre seja, simplesmente, uma designação eufónica que predispõe para que se goste do local.
certo é que em 1810, Dom João VI de Portugal eleva a Capitania de Porto Alegre à categoria de Vila, com o nome barroco de Vila de Nossa Senhora Madre de Deus de Porto Alegre (ver Comentº. de Eduardo). finalmente, em 1821, o Imperador D. Pedro I do Brasil, D. Pedro IV de Portugal, eleva Porto Alegre à categoria de cidade.
Porto Alegre é hoje a capital do Estado gaúcho do Rio Grande do Sul.

....................................................

(*) muita da informação recolhida no parágrafo pode ser encontrada em "Porto Alegre - história e cultura", de Hilda Agnes Hübner Flores, Martins Livreiro-Editor, Porto Alegre, 1987.

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Dois Anos de Vida

toponímia galego-portuguesa e brasileira faz hoje dois anos de navegação. 238 postagens, média de 83 visitas diárias.
sem pressas, sem empurrões, sem arremedar ninguém.
porque devagar se vai ao longe, seja esse longe onde for.

caminante no hay camino,
el camino se hace al andar.

um muito obrigado a todos, com um especial carinho à frota honorária.

e os cumprimentos fraternos da frota de recreio.

domingo, 23 de setembro de 2007

Parada e Paradela

Parada (lat. parata, "preparada", "arranjada") era o foro que o povo pagava aos senhores da terra, bispos, autoridades eclesiásticas e senhoriais, quando por ali apareciam ou "paravam". essa obriga consistia em terem prontos mantimentos ou dinheiro para manter e aposentar os senhores e sua comitiva. Paradinha e Paradela pagavam um foro menor.

Parada (Pt. e Gz.)
Parada de Baixo
Parada de Cunhos
Parada de Ester
Parada de Gatim
Parada de Gonta
Parada de Labiote (Gz.)
Parada de Monteiros
Parada de Pinhão
Parada de Sil (Gz.)
Parada de Tibães
Parada de Todeia
Parada do Bispo
Parada do Bouro
Parada do Monte
Paradela (Pt. e Gz.)
Paradela de Ansiães
Paradela de Baixo
Paradela de Cima
Paradela de Guiães
Paradela de Lorvão
Paradela de Monforte
Paradinha
Paradinha de Besteiros
Paradinha do Outeiro
Paradinha Nova
Paradinha Velha
Paravedra (Gz.) - de Parada Vedra
Pardavedra (Gz.) - de Parada Vedra
Prada (Gz.) - de Parada

sábado, 22 de setembro de 2007

Paredes e Pardilhós

retomo um tópico de março de 2006. estes topónimos, muito difundidos, indicam que os povoadores que lhes deram os nomes encontraram "paredes" ou "muros", isto é, ruínas de povoados anteriores, de cujo nome já não havia memória. no caso do Brasil, há "Paredes" que derivam do nome do seu fundador ou de características da geografia.


As Paredes (Gz.)
Casa das Paredes

Parcel das Paredes (Br.) - é um enorme banco de corais, com mais de 30 km de extensão, situado a meio caminho entre a cidade baiana de Caravelas e o arquipélago de Abrolhos.

Paradelhas - diminut. plural de "Parede". influência fonética de topónimos próximos, como Parada, Pardelhas e Paradinha

Pardelhas (Pt. e Gz.) - diminut. de "Paredes", por "Par(e)delhas"
Pardelhinhas

Pardilhó - duplo diminutivo de "Parede": "Par(e)delha": "Pardelhó": "Pardilhó"

Pardinhas (Pt. e Gz.) - do lat. parietinias: "paredes tombadas". graf. altern. (Gz.): "Pardiñas"

Pardinhas de Abaixo (Gz.)
Pardinhas de Arriba (Gz.)
Paredão
Parede
Parede Armada
Parede Nova (Gz.)
Paredes (Pt. e Gz.)
Paredes da Beira
Paredes da Vitória
Paredes de Coura

Paredes de Sapucaí (Br.) - devia esse nome a José Paredes Viana, seu fundador. é actualmente chamada Cordislândia - um neologismo híbrido latino-germânico que significa "Terra do Coração". também grafada "Paredes de Sapucahy"

Paredes de Viadores
Paredes do Bairro
Paredes do Rio
Paredes do Vale
Paredes Secas
Paredinha
Paredinhas
Sam Pedro de Muros de Paredes (Gz.) - pedro-pedras-pedras...

Torres e Torrelhas

estas são torres antigas, de algumas só resta o nome. nem todas tinham funções militares , já que algumas são restos de construções, partes de solares, vestígios de igrejas, monumentos de função desconhecida (como Centum Cellas, que deu o nome à aldeia de Colmeal da Torre), faróis marítimos (Torre de Hércules, na Corunha; Torre da Barra, Ílhavo) e até curiosidades geológicas (ver Comentº de Jolorib). em alguns casos a "torre" é muito mais antiga: provém do basco "iturri" e significa "fonte". mais curioso ainda, algumas fontes, pela sua importância estratégica, estavam defendidas por uma torre militar e engenho de captação da água, como em Alcabideque, Condeixa.
a toponímia moderna está cheia de "Torres", umas vezes por alusão a figuras e figurões com esse nome, outras vezes para designar essas torres de babel, feitas de ferro, cimento e vidro, cuja segurança ficou tristemente demonstrada no desastre de 11 de setembro.
mas não é dessas que quero falar aqui.

Alvorge - do árabe: "a torre"
A Torre (Gz.)
As Torres (Gz.)
Casa da Torre (Gz.)
Colmeal da Torre
Quinta da Torre
S. Pedro da Torre
Torralta
Torrão
Torrão do Lameiro
Torre (Pt. e Gz.)
Torre Altinha
Torre Caldeira
Torre Cimeira
Torre da Barra
Torre da Brejoeira
Torre da Gadanha
Torre da Lagariça
Torre da Marinha
Torre d'Ares
Torre da Silva
Torre de Baixo
Torre de Beba

Torre de Belém - aqui, "Belém" provém de Belenos, divindade celta equivalente a Apollon

Torre de Bera
Torre de Chão do Pereiro
Torre de Cima
Torre de Coelheiros

Torre de Dona Chama - "Chama" é o nome medieval feminino "Flâmula"

Torre de Hércules (Gz.)
Torredeita - de "Torre de Eita". "Eita" é hidrónimo.
Torre de Moldes
Torre de Moncorvo
Torre de Mosqueira
Torre de Nevões - "Nevões" é uma evolução fonética de "Novões"
Torre de Pedra (Br.)
Torre de Pinhão
Torre de S. Fagundo
Torre de S. Julião
Torre de Sobral
Torre de Tavares - ver Comentº de Al Cardoso
Torre de Terranho
Torre de Vale de Todos
Torre de Vilela
Torre do Bispo
Torre do Couto
Torre do Natal
Torre do Parragil
Torre Fundeira
Torreira - significa "a da Torre", no caso "a Costa da Torre"
Torrejão
Torrelha - "pequena torre"
Torre Pequena
Torres (Pt., Gz. e Br.)
Torres d' Apra
Torres do Mondego
Torres e Cercas
Torres Novas -
Torres Vedras - "torres velhas"
Torres Velhas
Torrinha (Pt. e Br.) - "pequena torre"
Torrinhas
Torrinheiras
Torronha (Gz.)
Torrozelas - ?

terça-feira, 28 de agosto de 2007

Acidentes Orográficos e Posições Relativas

estes topónimos estão relacionados com acidentes orográficos ou indicam a posição de um lugar em relação a outros. são muito frequentes na Toponímia.


Alto da Serra -
Alto do Monte -
Cabeça -
Cabeçadas -conjunto de "cabeças" ou "lugares altos"
Cabeceira -
Cabeceiras - conjunto de "lugares altos" ou "cabeças"
Cabeço -
Carapinheira -
Castanheira - de "Costanheira": "aldeia na encosta"
Cêrro -
Chã -do latim: "plana"
Chaira -
Chão -do latim: "plano"
Chãs -
Cheira -
Chelo -do latim: "plano pequeno"
Cimeira -
Cimeiro -
Cimo de Vila -
Cimo do Douro -
Cimo do Lugar -
Crista -
Cruto - de "cocuruto": o ponto mais alto, o alto da cabeça
Cumeada -
Cumeira - aldeia que fica no cume
Cumieira -
Espinheira - lugar alto
Espinheiro -
Espinho -
Fundão -
Fundo de Vila -
Fundo do Lugar -
Fundões -
Ladeira - terreno muito inclinado, rampa, encosta íngreme
Lomba (Pt. e Gz.) -

Meã ou Meá- aplica-se normalmente a uma quinta (villa) ou sítio a uma "altura intermédia", em relação a outras

Meãs -

Mont'Alto -
Montemor - de "Monte Maior", isto é, "Monte Alto", "Mont'Alto" ou "Monte Grande"

Jusã - o mesmo que "A de Baixo"
Jusão -
Outeiro -
Pé de Monte - Cf. Piedmont. Piemonte
Pico -
Picoto -
Pinhão -
Pinheiro - significa "lugar pinheiro", "lugar no alto", "lugar no pino"
Pinho -
Porto Alto -
Rojão de Baixo -
Rojão de Cima -
Rojão do Meio -
Sêrro -
Sobreira - aldeia que está numa posição superior em relação a outras

Sobreiro - lugar que está "sôbre", que está numa posição superior em relação a outros

Susã - o mesmo que "Cimeira" , "Sobreira", "A de Cima"
Susão -
Vila de Suso -


ver Comentº de D'Noronha

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Velhos e Novos Lugares



uma forma comum de dar nome a um lugar é apelidá-lo de "novo" ou de "velho" em relação a um outro. em geral, o topónimo "novo" deve-se ao estabelecimento, nesse lugar, de um grupo de povoadores originário do "velho". é uma forma muito corrente de nomear lugares em terras conquistadas ou colonizadas, ou em fundações de novas cidades. trata-se de um costume tão velho como a humanidade. já assim se fazia entre os fenícios e os gregos, quando fundavam as suas colónias em outros pontos do Mediterrâneo. nestes casos, o adjectivo vem no início.
mas um lugar pode ter sido designado de "velho" apenas pela sua especial antiguidade, como em "Castro Verde", "Ponte Vedra", "Vila Verde", "Torres Vedras". ou seja, quando o nome lhes foi dado já o "castro", a "ponte", a "villa" e as "torres" tinham fama de antiguidade. aí o qualificativo vem no fim.
do mesmo modo, um lugar pode ser chamado de "novo" pela sua especial novidade no momento de ter nome, como é o caso de "Casas Novas", "Feira Nova", "Fonte Nova", "Ponte Nova". o qualificativo vem também no fim.
noutros casos, ainda, o nome "velho" aplica-se a um lugar cuja função foi abandonada, como em , "Escola Velha", "Estrada Velha", "Hospital Velho", "Praça Velha". e do mesmo modo que nas duas anteriores, o adjectivo vem no fim.
também ocorre a designação "antigo" ou "antiga", sobretudo para indicar lugares onde existiu em tempos um estabelecimento público ou privado. é mais frequente na toponímia interna de cidades, vilas ou aldeias, como "Rua da Antiga Barbearia".

exemplos:

fora do Mundo da Língua:

Cartagena (Nova Cartago)
Cartago - que significa "Nova Tiro"
Nápoles - que significa "Cidade Nova"

Newark - há doze "Newark" nos States. a mais conhecida, em New Jersey, foi fundada por gente de Newark-on-Trent, Nottinghamshire, Inglaterra. o nome original é muito antigo e parece não ter nada a ver com "novo". as "Newark" americanas são transposições da ou das "Newark" britânicas.

Newcastle - que significa "Castelo Novo"
Nova Caledónia
Nova Escócia
New Found Land - ver "Terra Nova"
New Scotland - ver "Nova Escócia"
Nova Gorícia
New Hampshire
Nova Inglaterra
Nova Iorque
Nova Jersey
Nova Orleães
Nova Zelândia
Novgorod - que significa "Cidade Nova"
Novosibirsk
Porto-Novo - a capital do Benim, o seu nome é português
Terra Nova

no Mundo da Língua:

Aigra Nova
Aigra Velha
Albergaria-a-Nova
Albergaria-a-Velha
Aldeia Nova
Aldeia Velha
Alhos Vedros
Bouça Velha (Gz.) - graf. altern. "Bouzavella"
Cacela Nova
Cacela Velha
Cadima - que significa "[Aldeia] Velha"
Caldeira Velha
Carvalho Velho
Casa Nova
Casas Novas
Castelo Novo
Castro Verde
Condeixa-a-Nova
Condeixa-a-Velha
Costa Nova
Eira Vedra (Pt. e Gz.)
Eira Velha
Estação Nova
Estação Velha
Estrada Velha
Fazenda Velha (Br.) - ver Comentº de Tiago André
Feira Nova
Idanha-a-Nova
Idanha-a-Velha
Linda-a-Velha
Loja Nova
Montemor-o-Novo
Montemor-o-Velho
Morro Velho (Br.)

Nova Bragança (Br.) - há ou houve pelo menos duas no Brasil. a actual "Bragança Paulista" foi, antes, Nova Bragança. a cidade de Fortaleza, no Ceará, já se chamou "Fortaleza de Nova Bragança". ver Comentº de Gundibaldo

Nova Canaã (Br.)
Nova Fátima (Br.)
Nova Friburgo (Br.)
Nova Iguaçu (Br.) -
Nova Iorque (Br.)
Nova Odessa (Br.) - ver Comentº de Tiago André
Nova Olinda (Br.)
Nova Olinda do Maranhão (Br.)
Nova Petrópolis (Br.)
Nova Soure (Br.) - de "Soure", vila do distrito de Coimbra (Pt.)
Nova Veneza (Br.) - ver Comentº de D'Noronha
Novo Hamburgo (Br.) - ver Comentº de D´Noronha
Novo Horizonte (Br.)
Olinda Nova do Maranhão (Br.)
Ponte Nova
Ponte Vedra (Gz.)

Porta Nova - refere-se, em geral, a uma porta aberta mais recentemente, na muralha da cidade

Porto Antigo
Porto Novo (Pt., Gz. e C.V.) - graf. altern. (Gz.): Portonovo
Porto Vedro (Gz.) - graf. altern: Portovedro
Pousadas Vedras
Praça Velha
Proença-a-Nova
Proença-a-Velha
Relva Velha
Rocha Nova
Rocha Velha
Rua Nova
Rua Velha
S. Tiago dos Velhos - ?
Tanque Novo (Br.)
Torres Novas
Torres Vedras
Unhais-o-Velho
Venda Nova
Vendas Novas
Vila Velha de Ródão

sexta-feira, 27 de julho de 2007

Os Diminutivos na Toponímia


a toponímia está cheia de diminutivos. se é certo que nuns casos esses diminutivos significam um povoado ou lugar pequeno em si mesmo, ou mais pequeno ou de importância menor que o de referência, noutros casos essa relação não é evidente. parece até que se trata de uma designação carinhosa, que equivale a chamar-lhe "novo" ou "nova" em relação ao referente. ou, ainda, quase sempre no plural masculino, indica a proveniência dos habitantes.
de uma maneira geral, a forma diminutiva utilizada indica a idade do topónimo.

no primeiro caso, encontramos:

Agrêlo - de Agro
Alcantarilha - de Alcântara
Alcoutenejo - hidrónimo: de AlcoutimAlijó - de A Lixa ?
Almacinha - de Almaça
Antela - de Anta
Arcela - de ArcaArnozela - de ArnozaArouquela - ver Arouquinha
Arouquinha - de AroucaArrentela - de Arrenta. 
AzervadinhaBarcelinhos - de BarcelosBarrô - de Barriolum, "pequeno lugar", "pequeno bairro"
Bastelo - de Basto
Britelo - de BritoBuçaquinho - ver Bussaquinho
Bussaquinho - de Buçaco ou Bussaco
Bustelo - de Busto
Cabanelas - de Cabanas
Cabedelo - de CaboCaldelas - de CaldasCaldelinhas ou Caldeliñas - de CaldelasCampelos - de Campos
Campo Pequeno - de Campo
Carvalhelhos - de Carvalhos
Carvalhinho - de CarvalhoCasegas - de CasasCaselas - de CasasCasicas - de CasasCaselhas - de CasasCasilhas - de Casas
Castelejo - de Castelo
Chelinho - de Chelo
Chelo - de ChãoCidadelha - de Cidade
Cidadelhe - ver Cidadelha
Coimbró - de CoimbraCortegacinha - de CortegaçaCoselhas - de Casas. o mesmo que "Caselhas"
Cotô
Covelas - de Covas
Cristelo - de Castro. variante de Castrelo por CrasteloEiró - de EiraEspinheirinho - de Espinheiro
Figueiró - de FigueiraFijô - em "Quinta de Fijô"
Fontela - de FonteFontenla - ver "Fontela"
Fornelos - de FornosFornico - de FornoFradelos - de FradesGandarela - de GândaraGestaçô
Gildinho - de GildeGranjinha - de Granja
Guardizela - de Guarda
Grijó - de IgrejaLajedinho (Br.) - de LajedoLouçainha - de Lousã ou Louzã
Maçainhas - de MaçãsMontijo - de MonteMosteirô - de Mosteiro
Nogueiró - de Nogueira
Ourentela - de Ourentã
Paçô - de PaçoPadronelo - de PadrãoPaivó - hidrónimo: de Paiva
Palaçoulo - de Paço (por influência dialectal do bable asture-leonês, ou vieya fala)

Paradela - de ParadaParadinhas - de ParadasPardinhas ou Pardiñas - de ParadasPicoto - de PicoPindelo - de PindoPombalinho -de Pombal
Pontinha - de Ponte
Portinho - de Porto
Portuzêlo - de Porto)
Quintanilla - de Quintã ou Quintana, por influência leonesa
Quintela - de Quinta
Sarilhos Pequenos - de SarilhosSediela
Sernelha - de Serna ou SenraTarouquela - de TaroucaTorrinha - de TorreTrovela- hidrónimo: de Trofa
Tuela - hidrónimo: de Tua
Tuizelo - de Tui ?
Varziela - de Várzea
Vilela - de Vila
Viloira (Gz.) - de Vila (quinta, sítio, propriedade). o mesmo que "Vilória": pequena vila, vila sem importância?
Vizela - hidrónimo: de Ave
Vouzela - hidrónimo: de Vouga

no segundo caso, vemos:

Compostela - de Composta
Redondela - de Redonda
Tondela - de Tonda
Mirandela - de Miranda
Palmela - de PalmaZamorela (Gz.) - de Zamora (Le)

no terceiro caso, encontramos:

Barcelos - de Barco ?
Biscainhos - de Biscaia
Mozelos - de Mós ?

do tupi-guarani (Br.):

Ibimirim - significa "Terra Pequena"
Itapemirim - significa "Lage Pequena". ver Comentº de Jolorib

Mogi Mirim - de "Mboi"+g+"Y"+"Mirim": Pequeno Rio das Cobras, "Ribeiro das Cobras". ver Comentº de Jolorib

Parnamirim - de "paranã"+" mirim": "Rio [quase mar] Pequeno"
Perimirim

quinta-feira, 28 de junho de 2007

Conhais, Conhal, Conheiras



estes termos estão associados à mineração do ouro em terraços fluviais e são relativamente frequentes na zona sul da Beira Baixa e na zona norte do Alto Alentejo, quer no rio Tejo quer em alguns dos seus afluentes na região. referem-se a amontoados de seixos redondos ("conhos"), feitos pelos mineiros desde épocas muito recuadas, de há vários milénios atrás.
também se encontra, mais a norte, na Beira Litoral, região de Góis, o topónimo "Cunhal", que me parece uma variante de "Conhal", tanto mais que existe o topónimo "Cunhal das Bolas" - que, a ser assim, é mais um dos muitos pleonasmos com que a Toponomástica se compraz.

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Telheiras

a nossa língua na Galiza, pelo seu carácter mais conservador, dá-nos pistas preciosas para a decifração de inúmeros topónimos. entre eles, destaco "Telheiras". é claro que já tinha percebido que não deveria ter nada a ver com "telhas". mas, recentemente, dei com a chave da questão: "tilheira", "tilheiro", derivam de "tilha", ou "tília", árvore de flores cheirosas, medicinais. "tilheira" (ou "tilleira", se quisermos, não faço questão nenhuma) é o nome da árvore que tamém se chama, simplesmente, "tília". assim, "Telheiras" significaria "As Tílias". aqui, o sufixo -eiras teria uma conotação abundancial. se assim fosse, deveria haver registos da grafia antiga, mais próxima do verdadeiro étimo. e há. no século XVII, "Telheiras" era "Tilheiras" e as suas saloias (moças do campo) eram famosas: "as saloyas de Tilheiras".

ver Comentº de Calidonia

quinta-feira, 31 de maio de 2007

Topónimos Galego-Portugueses e Brasileiros - Letras X e Z

(base de dados resultante de recolha pessoal. não está autorizada a sua utilização sem autorização expressa do autor)


Xab-
a Zur-

Xabregas – local de terra arenosa, de areia grossa (de “xabre”)?
Xarrama
Xartinho –
Xévora - hidrónimo. em "Rio Xévora"

Xinzo de Limia (Gz.) – Ver “Ginzo”. “Xinzar” significa dar-se bem com alguém. Será lugar “de um acordo” ou “lugar acordado entre partes”?

Xira, Vila Franca de” –
Xironda – ver “Gironda”

Xurés”, Serra de (Gz.) – o mesmo que “Gerês”, provavelmente mais próximo do étimo. cf. com “Jura”

Zambujal –
Zambujal de Cima –
Zambujeira –
Zambujeira de Baixo –
Zambujeira do Mar –
Zambujeiras –
Zambujeiro -
Zambujinho –
Zangarinhal –
Zava –
Zavial –
Zebra –
Zebral –
Zebras –
Zebreira – o mesmo que “Zibreira”
Zebreiros –
Zebrim –
Zebro de Cima –
Zebro do Grou –
Zedes –
Zeive –
Zemaneira –
Zendo –
Zêzere –
Zibreira – o mesmo que “Zebreira”
Zibreira da Fé –
Zibreiros –
Zido –
Zimão –
Zimbral –
Zimbral de Cima –
Zimbrana –
Zimbreira –
Zimbreirinha –
Zimbreiros –
Zimbro –
Zóio –
Zonho –
Zôrro –
Zouparria do Campo –
Zouparria do Monte –
Zubinheiro –
Zurara – em “Azurara”= “A Zurara”

quarta-feira, 30 de maio de 2007

Topónimos Galego-Portugueses e Brasileiros - Letra V (3)

(base de dados resultante de recolha pessoal. não está autorizada a sua utilização sem autorização expressa do autor)


Vil- a Vre-


Vilar –
Vilarandelo
Vilar de Cunhas –
Vilar de Mouros –
Vilar de Nantes –
Vilar de Santos (Gz.) –
Vilar de Soente –
Vilar do Ruivo –
Vilarinho da Furna -
Vilarinho das Furnas – ver Vilarinho da Furna"
Vilar Seco de Lomba –
Vila Real –
Vila Real de Santo António –
Vilarelho da Raia –
Vilarelhos – diminut. de “Vilares”
Vilares – plur. de “Vilar”
Vila Praia d’ Âncora – ver “Âncora”
Vila Seca - pronunc. “Vila Sêca”
Vila Velha de Ródão – ver “Ródão”
Vila Viçosa – o mesmo que quinta muito fértil, abundante, rica
Vilar – parcela de uma propriedade rústica medieval
Vilar de Lomba –
Vilar de Ossos –
Vilar de Perdizes – por “Vilar de Pedrizes”?
Vilar de Peregrinos –
Vilar de Santos (Gz.) –
Vilar do Peso –
Vilar do Pinheiro –

Vilarelho – diminut. de “Vilar” (alternat. dialectal), o mesmo que “Vilarinho”

Vilarelho da Raia –
Vilariça - aqui, c om o hidrónimo: "Ribeira de Vilariça"
Vilarinho – dimin. de “Vilar”
Vilarinho do Bairro –
Vilarinho dos Galegos –
Vilarinho de Samardã – ver “Samardã”
Vilarouco –
Vilar Seco da Lomba –
Vilartão –
Vilas Boas –
Vilas Ruivas –
Vila Seca – pronunc. “Vila Sêca”
Vil de Matos -
Vildemoínhos – cf. “Vil de Matos”
Vil de Souto -
Vilela – quintinha
Vilharigues –
Vimeiro –
Vimieiro –
Vimioso –
Vinha –
Vinha da Rainha –

Vinhais – de “Veniatia”, cidade romana na estrada de Braccara (Braga) a Asturica (Astorga)

Vinhó - diminut. de “Vinha” (?). deve, pois, dizer-se “em Vinhó” e não “no Vinhó”

Vinhós – plur. de “Vinhó”
Virela – o mesmo que “Vilela”?

Viseu – do lat. “visu”? (lugar onde está um posto de vigia ou atalaia?). ver “Viseu Fundeiro”

Viseu Fundeiro –
Viso –
Vista Alegre –
Vitego –
Viterne –
Vitorino das Donas –
Viveiro (Gz.) –

Vizela – lat. “Avicella”: “pequeno Ave”. nota: “Ave” é anterior ao sufixo diminutivo latino. isto quer dizer que antes dos romanos lhe porem o sufixo se chamava Ave, tal como o rio onde desagua. na língua original eram ambos, simplesmente, "rio". o curioso é que no tempo da Rainha D. Teresa - a Portucalensis Regina - se chamavam ambos "Ave"; e a região entre os dois rios chamava-se "Entre-Ambos-Aves" (aproximadamente o actual concelho de Guimarães)

Vodra –
Voimarães –
Volência –
Volta do Rio – cf. “Rebordosa”
Vouga –
Vouzela – parece diminut de “Vouga” (desc. “rio” ?)
Vreia de Bornes – ver “Verea”
Vreia de Jales – ver “Verea”

terça-feira, 29 de maio de 2007

Topónimos Galego-Portugueses e Brasileiros - Letra V (2)

(base de dados resultante de recolha pessoal. não está autorizada a sua utilização sem autorização expressa do autor)

Vea- a Vil-



Veade – o mesmo que “Beade”. de "Venade". ' ver "Venade"
Várzea de Trevões – ver “Várzea” e “Trevões”
Várzea do Homem – várzea do Ão/Om/Home/Homem (D’Ão> Dão)
Varziela – diminut. de “Várzea”
Varzielas –
Vasconha –
Vasconha Queira – terra de gente vinda do País Basco + …..?
Vascoveiro –
Vedra (s) –
Vedro (s), Vedra (s) – lat. “veter…”: “velho (a)(s)”, “antigo (a)(s)”
Veiga (Pt. e Gz.) –
Veiga da Ouvelha (Gz.) – comp. com “Várzea de Ovelha”
Veiga de Penso – ver “Veiga” e “Penso”
Veiga de Timois (Gz.) –
Veiga do Lila –
Veiguinha –
Veiros –
Vela – “vigia”, torre de
Venade –

Venda – lugar onde se fazia vendas ou mercado à beira da estrada. trata-se, pois, de um topónimo viário

Vendada – o mesmo que "Bendada"' ver "Bendada"
Venda da Esperança –
Venda da Serra –
Venda das Raparigas –
Venda de Galizes –
Venda de Maria – ver “Marianaia”
Venda do Porco –
Venda do Sebo –
Venda dos Moinhos –
Venda dos Olivais –
Venda dos Tremoços –
Venda Nova –
Vendas –
Vendas Novas –
Ventosa – terra onde bate o vento
Ventosa do Bairro –
Ventozela – se é diminut. de "Ventosa", a grafia correcta será "Ventosela"
Verba –
Verde – lat. “veter…”. “velho (a), antigo (a)”
Verdelhos –

Verdemilho – chamou-se "Vila de Milho", pelo que a forma intermédia teria que ser "Vil de Milho". significa "quinta ou propriedade de um tal "Emílio"

Verdoejo –
Verea (Gz.) – ver “Vreia”. o mesmo que “Vereda”, “Vieira”, “Carreiro”

Vergonha – pronunc. alternat. de “Borgonha”. graf. correcta: "Bergonha"

Vermil – germ./vikk.(normando?)
Vermiosa –
Vermoil –
Vermoim – germ./vikk.(normando?)
Verride –
Vessada –
Vespeiro –
Vestiaria –
Viade de Baixo – ver “Veade” e “Beade”
Vialeiro –
Vialonga – estrada comprida?
Viana – terra por onde passa uma via ou caminho
Viana do Alentejo –
Viana do Bolo (Gz.) – ver “O Bolo”
Viana do Castelo – designação recente
Viariz –
Viatodos –
Viavai –
Vicedo – ver “O Vicedo” (Gz.)
Vidais –

Vidago – cf. com “Vide”: “termas”? cf. “Vidiago”/”Vidiagu” (Astúrias) “Vidi” + “Aco”

Vide –
Videferre (Gz.) –
Vidigueira –
Vidoeira –
Vieira – "junto à via", "da estrada". o mesmo que “Viana”
Vieira de Leiria –

Vieira do Minho – topónimo incorrecto, a menos que signifique “a estrada para o Minho”. caso contrário, deveria chamar-se “Vieira do Ave”

Vigia – o mesmo que “Vela”

Vigo (Gz.) – lat. “vicus”: “ pequena aldeia”,”povoação”, “pequeno povoado”. cf. “vizinhos”: habitantes do mesmo povoado”

Vila – quinta romana

Vila Boa – do latim "villa bonna": "Boa Quinta". na Europa Romance há Villa Bona, , Villebon, Villebon-sur-Yvette

Vilaboa (Gal.) –

Vila Boa de Ousilhão –
Vila Boa de Quires -
Vila Cã –
Vila Chã – significa "quinta ou propriedade plana"
Vila Chã da Beira –
Vila Chã de Barceosa – ver “Barceosa”
Vila Chã de Sá –
Vila Cova –
Vila Cova-à-Coelheira – por Vila Cova-a-Coelheira

Vila das Aves – significa "Vila dos (rios) Aves": Ave + (Avi) cella [Vizela]. nome correcto quando os rios eram femininos, como na Galiza. Actualmente, mais correcto seria escrever “Vila d’Aves”

Vila de Ala –
Vila de Frade –
Vila de Punhe – ver "Punhete"
Vila de Rei –
Vila Cova do Alva –
Vila do Bispo –
Vila do Conde –

Vila do Touro – cf. “Toro” (Esp.), “Touregas”, “Touriz”, “Zurich” (CH), …

Vila Fernando –
Vila Flor –
Vila Fonche –

Vila Franca – lugar onde, por privilégio real, não se pagava taxas, portagens ou impostos

Vila Franca das Naves – ver “Naves”
Vila Franca da Serra –
Vila Franca de Xira – ver “Xira”
Vila Fresca de Azeitão –
Vila Maior – “quinta grande”
Vilamar –
Vila Marim – “villa marinii”
Vila Meã – “villa mediana” (quinta do meio)
Vila Morta de Santa Cruz de Vilariça –
Vila Nogueira de Azeitão –
Vilanova (Gz.) –
Vila Nova da Barquinha –
Vila Nova da Rainha -
Vila Nova de Famalicão – ver “Famalicão”
Vila Nova de Gaia – ver “Gaia”
Vila Nova de Milfontes –
Vila Nova de Oliveirinha –
Vila Nova de Ourém –
Vila Nova de Poiares –
Vila Nova de S. Pedro –
Vila Nova de Tázem –
Vila Nova do Ceira –
Vila Nune –
Vila Pouca –

segunda-feira, 28 de maio de 2007

Topónimos Galego-Portugueses e Brasileiros - Letra V (1)


(base de dados resultante de recolha pessoal. não está autorizada a sua utilização sem autorização expressa do autor)


Vac- a Vau-


Vacariça – lat. “vaccaritias” – estábulos de vacas
Vade – é hidrónimo.ver também "Portela do Vade"
Vagos – tem uma grafia anterior “Vaagos”

Vagueira – pronunc. "Vàgueira". a Praia ou Costa do concelho de Vagos

Vaiamonte –
Vairão –
Valada –

Valadares (Pt. e Gz-.) – ao que se supõe, é um termo abundancial de "valado". ver Comentº.

Vala de Alcource –
Valado – ver "Costa do Valado"
Valadouro – ver “O Valadouro”
Valagão –
Valbom –
Valcanosa –
Valcerto –
Val Conqueiro –
Valdaiva –
Val do Dubra (Gz.) –
Valdonas –
Valdosende – por “Valdozende”
Valdreu –
Valdrês – ver “Valdrez”
Valdrez –
Vale - pode aparecer por "vau"
Vale Baeta –
Vale Benfeito –
Vale Bonito -
Vale Cabrito –
Vale Carro –
Vale Couço –
Vale Covo –
Vale da Amezendinha –
Vale da Areia –
Vale da Bota –
Vale da Coelha –
Vale da Eira –
Vale da Galega –
Vale da Mó –
Vale da Mua – o mesmo que “Vale da Mula”
Vale da Mula – o mesmo que “Vale de Lamula” ou “Vale de "La Mula"
Vale da Proa –
Vale da Silva –
Vale das Mós –
Valedasna –

Vale das Ovelhinhas – ver “Óvoa”, “Oveiros”, Ovelha”, “Ovelhinha”

Vale da Urca –
Vale da Ursa –
Vale da Vila –
Vale de Água – por “Vau d’Água”?
Vale de Águia –
Vale de Além –
Vale de Cambra –
Vale de Canas -
Vale de Carneiro – ver “Carneiro”
Vale de Cavalos –
Vale de Figueira –
Vale de Figueiró –

Vale d’Égua – ver “Vale d’Água” e “Vale d’Águia” (ou “Vale de Água” e “Vale de Águia”). “Égua” é uma variante dialectal de “Água”

Vale d’Èguas –
Vale de Homem –
Vale de Judeus –

Vale de La Mula - o mesmo que "Vale da Mua”, “Vale da Mula”, “Vale de Lamula”

Vale de Lamula – o mesmo que Vale de La Mula
Vale de Leside –
Vale de Mendiz –
Vale de Mulheres – cf. “Mula”, “Mua”
Vale de Pegas –
Vale de Santarém –
Vale de Veneiras (Mir.) –
Vale de Veneiro (Mir.) –
Vale Diogo -
Vale do Grou –

Vale do Homem – cf. “Homem”, “Várzea do Homem”, “D’Ão”. este “Homem” é da zona do “Ródão”/”Tejo”, pelo que há que admitir a coexistência de três comunidades linguísticas na zona, cada qual com sua palavra para designar "rio": "tejo", "ródão" e "home"/"ão"

Vale do Inferno –
Vale Domingos –
Vale Domingos de Cima –
Vale do Peso –
Vale dos Corgos – ver “Corgo”
Vale do Urso –

Vale Faro –
Vale Feitoso –
Vale Ferradas –
Vale Figueira –
Vale Formoso –
Vale Frechoso –
Válega –
Valgalhardo -
Vale Gemil –
Vale Grande –
Vale Judeu –
Vale Linhares –
Vale Maior – o mesmo que “Vale Grande”
Vale Maria Dona –
Vale Mioto –
Vale Mourão –
Vale Navio –
Valença – praça-forte
Valença do Douro –
Valença do Minho –
Vales de Baixo –
Vale Serves –
Vale Torto –
Vale Travesso –
Vale Parra –
Vale Rabelho –
Vales –
Valezim –
Valigotas –
Valinho –
Valinho da Estrada –
Valinhos –
Valhascos –
Valhelhas –

Valões – terra de gente vinda da Valónia (Bélgica francófona)?

Valongo –
Valongo dos Azeites –
Valongo do Vouga –
Valrico –
Valtorno –
Val Vazão –
Valverde – “vale” + “verde”: vale antigo (?)
Vandoma –
Vaqueiro –
Vaqueiros –
Var/Ver - em O Var (Ovar) e S. João de Ver
Varandas de Avô –
Varatojo –

Varosa - hidrónimo. "Rio Varosa": “rio-rio-rio”? tamém chamado “Barosa”

Várzea da Póvoa –
Várzea da Serra –
Várzea de Quarteira –
Várzea do Amarelo – “amarelo” será hidrónimo
Várzea do Douro –

Várzea do Homem – aqui “Homem” está por “Ome” ou “Ão” (Rio Dão ou D’Ão)

Várzea Grande –
Varziela – várzea pequena
Varzina –

Vasconcelos – o mesmo que “biscainhos” ou “bascos”. diminut. de “vasconços”

Vascoveiro –
Vassal –

Vau – local de travessia de um rio a pé. pode ser tamém uma variante de "vale"

Vau da Casa –
Vau d’Água – ver “Vale de Água”

domingo, 27 de maio de 2007

Topónimos Galego-Portugueses e Brasileiros - Letra U


(base de dados resultante de recolha pessoal. não está autorizada a sua utilização sem autorização expressa do autor)



Ube-
a Uva-


Uberaba (Br.) -

Ucanha – cf. “Ocaña” (Esp.). Ucanha (Ocaña), de Aucania, de Alcanea? também se defende uma origem ibero-ligure: Oca/Occa/Occagno/”Auca”/Oca”/Ouca. no entanto, em toda a Idade Média, escreveu-se “Cucanha”. mas primeiro chamou-se “Vila da Ponte”

Ul – hidrónimpo. do grupo “Ôlo”, "Ulha"
Ulha (Gz.) - graf. altern.. Ulla. ver “Ul”, “Ôlo”
Ulme – cf. topón. alemão “Ulm”
Ulmeiro – ver "Granja do Ulmeiro"
Umia (Gz.) - hidrónimo
Unhais-o-Velho –
Unhais da Serra –
Unhos –
Urbão –
Urca –
Urejais – ver "Orjais"
Urgeira –
Urgeiriça – ver “Jariça”
Urgezes - pronunc. “Urgêzes”
Urgueiras –
Urmar –
Urqueira –
Urra – ver “Ourrieta”
Urreiro – cf. “Urra”, “Urrieta”, “Urreta”, “Orreta”, “Ourrieta”
Urrelsesto (Mir.) – do grupo “Ourrieta”<
Urreltouro (Mir.) – do grupo “Ourrieta”
Urreta (Mir.) – ver “Ourrieta” e “Reta”
Urreta Águia (Mir.) –
Urreta da Caseta (Mir.) –
Urreta da Nalha (Mir.) –
Urreta da Raia –
Urreta das Vozes (Mir.) –
Urreta da Velha –
Urreta de Dentro –
Urreta do Fresno – cf. “Urrieta” e “Urrietas” (Cast. – León, Mir.)
Urreta dos Lagares –
Urreta Faleto (Mir.) – “Faleto” é forma dialectal de “Fèto”
Urreta Ferreira (Mir.) –
Urreta Formosa –
Urreta Longa –
Urreta l Poço (Mir.) –
Urretas Assenhas –
Urreta Vinhó (Mir.) –
Urretona (Mir.) – ver “Ourrieta”
Urrita (Mir.) – ver “Ourrieta”
Urrita do Moinho –
Urrita Égua (Mir.) –
Urro (Mir.) – do grupo “Ourrieta”
Urrô – diminut. de “Urro” ou “Orro”…
Urros (Pt. e Gz.) – plural de … é tido por topónimo euskera
Urrós – diminut. femin. plur. de …
Urtigal – cf. “Ortigueira”/”Ortigosa”/”Ortigal”
Urzela –
Usseira –
Uva – desc. cf. “Óvoa”/”Ovelha”/”Ovelhinha”

quinta-feira, 24 de maio de 2007

Topónimos Galego-Portugueses e Brasileiros - Letra T (2)


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Tib-
a Tur-

Tibães –
Tibaldinho – diminut. de "Tibaldo"
Tibaldo –
Tiete (Br.) –
Tinalha (Mir.) –
Tinalhas –
Tinhela –
Tinhela de Baixo –
Tiobalde – ver “Teobalde”
Tocha – ver “A Toxa” e “Tojeiros”
Tões –
Tojal –
Tojeiro – lugar de gente da Tocha (Toja)
Tojeiras, Stº André das (de) –
Tojeiros – terra de gente da Tocha (Toja)
Tolosa –
Tomar – parece tratar-se de um hidrónimo
Tombla Carreiro (Mir.) –
Tominho (Gz.) - graf. altern. “Tomiño”. junto ao (rio) Minho” (?)
Tonda – aldeia com nome do rio Tonda”
Tondela diminut. de "Tonda": "Tonda Pequena” ou “Nova Tonda”
Toques (Gz.) –
Tordoia (Gz.) –
Torgal –
Tornada –
Torneira -
Torneiros -
Torno –

Toronha (Gz.) – graf. altern. "Toroña”. terra de gente proveniente de “Toro”?

Torrados –
Torralta -
Torralva –
Torrão –
Torre – ou “atalaia”
Torre da Medronheira –
Torre da Silva –
Torre das Vargens –
Torre de Bera –
Torre de Dona Chama –
Torredeita –
Torre de Terrenho –
Torre de Vilela –
Torres do Mondego –
Torres Novas –
Torres Vedras – torres antigas

Torres Velhas – linguisticamente, é uma designação mais recente que “Torres Vedras”

Torreira – "que pertence à Torre"
Torrejão –
Torre Vã –
Torril –
Torrinha – torre pequena, pequena atalaia
Torrinheiras –
Torroal –
Torronha (Gz.) –
Torroselo –
Torrozelas –
Torto - ver "Rio Torto"
Tortomil –
Tortosendo – por “Tortozendo”
Tosende (Gz.) –
Touça –
Touça Galinha (Mir.) –
Tougues –
Touguinha –
Touguinhó – diminut. de “Touguinha”
Toulões –
Toural (Pt. e Gz.) –
Touregas - em "Espírito Santo das Touregas"
Tourel -
Tourém –
Tourigo –
Touriz –

Touro (Gz.) – cf. “Toro”, “Touriz”, “Tourigo”, “Tourém”, “Zurich” (CH)

Touvedo –
Tovim - pronúnc. Tòvim
Trafaria –
Trafeiras – relação com “Trafaria”?
Traganheiras –
Trajouce –
Tramagal –
Trancão - ver "Rio Trancão"
Tranchos
Trancoso (Pt. e Br.) –
Trapa - ver "Santa Cruz da Trapa"
Trás-do-Monte –

Trás-os-Montes – designação de difícil compreensão: “(a)Trás” de que montes?
Travanca –
Travanca de Lagos
Travanca do Mondego –
Travancinha – diminut. de “Travanca”
Travassô – diminut. de Travasso
Travassô de Baixo –
Travessas –
Treixedo –
Tremelgo –
Tremês –
Trémoa –
Três Bacelos –
Três Marras – graf. correcta desc.
Tresminas –
Tresouras –
Tresuma –
Trevim – lat. “trifiniu”: limite de três territórios ou povos (tribos)
Trevões –
Treze Tílias (Br.) –
Trísio –
Trofa –
Trovela - hidrónimo. diminut. de "Trofa"?
Tuela - hidrónimo. diminut. de "Tua"
Tunes – cf. “Tunis” (Tunísia)
Turcifal –
Turquel –
Turiz –

Topónimos Galego-Portugueses e Brasileiros - Letra T (1)


(base de dados resultante de recolha pessoal. não está autorizada a sua utilização sem autorização expressa do autor)


Tab-
a Tev-

Taba (Br.) – tupi-guarani: “aldeia”

Tabaínha (Br.) – topónimo híbrido. tupi-guarani: taba (aldeia) + port. “inha” (pequena) : aldeota

Tabapuã – (Br.) – tupi-guarani: taba + puã (elevada, alta): aldeia ou povoação elevada

Tabarca –
Taberna Seca – ver “Perna Seca”
Taboada (Gz.) –
Taboadela (Gz.) – diminut. de “Taboada”
Taboadelo (Gz. e Pt.)
Taboeira –
Tabosa – ver “Ribeira de Tabosa”. hidrónimo? cf. “Távora”
Tábua –
Tabuaça –
Tabuaço –
Tabuado –
Tadim –

Tagilde - pronunc. “Tàgilde”. genit. de antropónimo germânico: "propriedade de Atanagildo

Taipa -
Taipadas –
Taipas –
Tala –
Talasnal –
Talefe –
Talegas –
Talegre –
Talha – ver “S. João da Talha”
Taliscas –
Talhadas ver "Serra das Talhadas"
Talhas –
Talhinhas –
Talos –
Tamanhos –
Tamargueira –
Tamazim –
Tamboril –

Tambre (Gz.) – hidrónimo. celt. (?): “rio ou divindade ligada a um rio”. ver “Támega”

Támega” (Gz.) / “Tâmega” (Pt.) / “Thames” (Engl.) / “Tambre” (Gz.) – celt.: “rio ou divindade ligada a um rio”

Tameiga (Gz.) –
Tamengos –
Tamicelas (Gz.) – topónimo relacionado com o Rio Tâmega
Tancos –
Tanganheira –
Tangil –
Tapada – propriedade cercada rica em caça
Tapada da Ajuda –
Tapada das Mercês –
Tapada de Mafra –
Tapada do Penedo –
Tapadinha – diminut. de “Tapada”
Tapados –
Tapajós (Br.) – hidrónimo. ver “Rio Tapajós”
Tapéus –
Tápia –
Tarei –
Tarendo –
Tarouca –
Tarouquela – diminut. de “Tarouca”
Tarreiro –
Tavarede –
Tavares –
Taveiro –
Tavila –
Távora - hidrónimo. ver "Rio Távora"
Tavira –
Tázem – propriedade de Atanasindo
Tazém –
Tebra (Gz.) –
Teira –
Teis (Gz.) –
Teixeira –
Teixeira de Baixo -
Teixeira de Cima –
Teixeiró - diminut. de “Teixeira”
Teixo –
Teixoeiras – o mesmo que “Teixeiras”
Teixoso –
Teixugueiras – o mesmo que “Teixoeiras”?
Tejo – hidrónimo
Telhada –
Telhadela – diminut. de “Telhada”
Telhado –
Telheira –
Telheiras –
Telões –
Temporão –
Tendais –
Tenões –
Teobalde – ver “Tiobalde”
Terça-Nabal –
Tercena –
Terena –
Terlamonte –
Termas – greg. ver “Caldas”. ver “Alfama”
Termas da Piedade –
Termas de Monfortinho –
Termo de Évora –
Terra Feita –
Terra Fria –
Terras Cavadas – o mesmo que “Cavadas”?
Terras Velhas –
Terreiro das Bruxas –
Terroso” (Gz.) –
Terrugem –
Teso –
Teso do Cerdeiral –
Tevelagem – ver “Quinta da Tevelagem"

sábado, 19 de maio de 2007

Topónimos Galego-Portugueses e Brasileiros - Letra S (3)


(base de dados resultante de recolha pessoal. não está autorizada a sua utilização sem autorização expressa do autor)


Sic-
a Sum-

Sicó - orónimo. em "Serra de Sicó"
Sil –

Sil (Gz.) /”Selho”/”Sul” – desc. “rio” (?). cf. “Sihl”, rio de Zurique

Silgueiros –
Silhada –
Silheiro”, Cabo (Gz.) – graf. altern. “Cabo Silleiro”
Silva – lat. “silva” (mata, bosque)
Silvadal –
Silva Escura –
Silvalde –
Silvares –
Silveira –
Silveirinho –
Silves – chamada “Medinat Xelb” no período muçulmano
Silvosa –
Sinde –
Sines –
Singeverga –
Sirol - hidrónimo. em "Ribeira de Sirol"
Sir- "rio, ribeiro"

Sisandro - hidrónimo. de língua mediterrânica oriental: “… + rio” ou “Rio…….

Sisos –
Sistelo –
Sítio - em "Sítio da Nazaré" –
Soajo - orónimo. em "Serra de Soajo"
Soalhal –
Soalheira –
Soalheiras –
Soaxo(Gz.) – o mesmo que Soajo
Sobradelo – diminut. de “Sobrado”
Sobrado (Pt. e Gz.) –
Sobral –
Sobral da Lagoa –
Sobral de Casegas –
Sobral de Monte Agraço – graf. correcta desc.
Sobreira – lugar que está em cima? (“sobre”)?
Sobreira Formosa -
Sobreiro de Baixo –
Sobreposta – de "sobre posta"
Sobrosa –
Soeira –
Soente – ver “Vilar de Soente” –
Sogueire –
Soitinho – o mesmo que “Soutelo”
Soito – variante dialectal, o mesmo que “Souto”

Solimões (Br.) - em "Rio Solimões". de Serimã , nome da tribo que habitava as margens do rio

Solveira –
Somagral –
Soneira” (Gz.) – relacionada com “Son” (Gz.)?
Sonim (Mir.) –

Sopo – vem de “Zopo” ou “Çopo”. antropónimo; alcunha que significa “aleijado de mãos e pés”

Sôr – do grupo “Sil”/”Selho”/”Sul”/”Sar”/”Sir”/ “Sôr” / “Ser”: “ribeira”

Sorgaçosa –

Sorocaba (Br.) – tupi-guar. soroc (fenda no solo, rasgão, buraco) e aba (conjunto): “local cheio de fendas no chão”

Sorraia – “Sôr” (rio) + “Raia” (?) : “rio” (?)

S. Cristóvão de… – povoado ligado a uma passagem a vau ou a uma travessia de rio sem ponte

Sortelha –
Sosa –
Souravas –
Soure – é um hidrónimo ver “Ribeira de Soure
Sousa – é hidrónimo. ver "Rio Sousa"

Sousel –
Sousela – dimin.: pequeno Sousa
Souselas – de "Chouselas"
Souselo –
Soutelo – diminut. de “Souto” (pronunc. “Soutêlo”)
Soutelo do Douro –
Soutelo Mourisco –
Soutelo Verde (Gz.) –
Soutilho – o mesmo que “Soutelo” (influenc. castelh.)
Soutinho – diminut. de “Souto”
Soutocico (Mir.) – diminut. de “Souto”
Souto da Velha –
Souto Fiscal –
Soutomaior (Gz.) – o mesmo que “Souto Grande”
Souto Redondo –
Soutulho –
Suído (Gz.) - orónimo. em "Serra do Suído"
Sul – ver “Sil”
Sume –
Sumes –