quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

leiras e leirados

"leira", do lat. glarea, é uma jeira ou courela em tabuleiro ou plataforma, podendo formar socalcos quando se sucedem umas às outras no declive de um monte; porção de terra cultivada, herdade, lavradio. é a terra que nos pertence e que lavramos.
a tradição galego-portuguesa de uma ancestral ruralidade espelha-se na abundância de topónimos em "leira" e derivados:

As Leirinhas (Gz.) - graf. altern: As Leiriñas
Leira (Pt. e Gz.)
Leirada
Leiradas
Leira de Arriba da Balsa (Gz.)
Leiradela
Leiradelo
Leirado (Gz.)
Leirados
Leira Longa (Pt. e Gz.)
Leirão
Leira Pequena
Leiras (Pt. e Gz.)
Leiras de Abaixo (Gz.)
Leiras de Arriba (Gz.)
Leiras de Costeira
Leiras de Trás
Leiras Novas
Leirinha (Pt. e Gz.) - graf. altern: Leiriña
Leirinhas (Pt. e Gz.) - graf. altern: Leiriñas
Leiró - diminut. de Leira
Leiroinha - duplo dimint. de Leira: Leira-Leiró-Leiroinha
Leirós - diminut. de Leiras
Leirosa
Póvoa das Leiras
Praia da Leirosa
Rego da Leirosa

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

légua

estes topónimos referem-se a uma antiga medida itinerária, de diferente valor consoante os usos e costumes, oscilando entre os 4 e os 7 km. são topónimos viários, já que não há légua sem caminho que valha a pena percorrer e medir. colocam estes topónimos uma questão: a "légua" é contada a partir de onde? muitas vezes, o ponto de referência parece ter desaparecido na voragem do tempo e do esquecimento. outras vezes está lá mesmo, no local, como em "Marco de Légua".

As Léguas (Gz.) - ver Comentº de Calidonia
Cachoeira da Meia Légua (Br.)
Casal da Légua
Cruz da Légua
Légua

Légua da Póvoa - entre a Póvoa de Varzim e Laúndos. na realidade, esta é uma "légua velha", aproximadamente légua e meia atual. pela sua extensão, "uma légua da Póvoa" passou para a linguagem popular da região como significando uma distância acima da conta, um caminho bem comprido.

Légua Dreita (Gz.) - ver Comentº de Gabs

Marco de Légua - este tipo de monumento indicava o ponto onde terminava uma légua e começava a seguinte. um deles passou a topónimo por se ter reunido uma população ao seu redor. em Portugal, os marcos de légua mais conhecidos são do séc. XVIII, da Rainha D. Maria I.

Meia Légua
Padrão da Légua
Praia da Légua
Terreiro da Légoa


domingo, 28 de dezembro de 2008

topónimos terminados em -imbra

como os anteriores, estes topónimos referem-se tamém à terminação pré-latina briga, significando "monte fortificado", "monforte". tal como os terminados em -obra, não são muitos.

Coimbra (Pt.)
Oimbra (Gz.)
Sesimbra (Pt.)

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

topónimos terminados em -obra

estes topónimos representam uma variação da terminação celta -briga, como os terminados em -obre. não conheço muitos. aí vão estes:

Anobra (Pt.)
Biobra (Gz.) - ver Comentº de Pablo
Boidobra (Pt.)

domingo, 14 de dezembro de 2008

topónimos terminados em -obre

são topónimos pré-latinos cuja terminação, pelo menos, é celta. indica que o local foi um castro ou povoado fortificado (-briga).
no território da Fala, os topónimos em -obre são praticamente exclusivos da Galiza, sobretudo da área das Rias de Betanços, Ares e Ferrol, onde se falou um mesmo dialeto comum de uma língua celta. assim se explica a concentração da terminação -obre numa área geográfica relativamente pequena, entre uma série de alternativas em -abre, -bra, -bre, -ebre, -ibre, -obra, -ubre e formas metatésicas, que ocorrem em toda a área peninsular da Fala.


Alcolobre - ver "Calhobre". híbrido: árab. "Al"+ célt. "Colobre".

Ançobre (Gz.) - graf. altern: Anzobre. significa "Castro ou Monte da Curva(tura)", "Castro Curvo", "Moncorvo" (?)

Anhobre (Gz.) - graf. altern: Añobre
Baiobre (Gz.) - ver Comentº de Pablo
Banhobre (Gz.) - graf. altern: Bañobre

Baralhobre (Gz.) - graf. altern: Barallobre. significa "Castro ou Monte da Paliçada"

Caiobre (Gz.) -
Calhobre (Gz.) - graf. altern: Callobre

Cançobre (Gz.) - graf. altern: Canzobre. significa "Castro das Cem [casas?]"

Cezobre (Gz.) - significa "Castro do Bosque"
Cilhobre (Gz.) - graf. altern: Cillobre. ver Comentº de Pablo
Ciobre (Gz.) - ver Comentº de Pablo. significa "Castro Bom"
Fiobre (Gz,) - significa "Castro do Mato"
Ijobre (Gz.) - graf. altern: Ixobre.
Ilhobre (Gz.) - graf. altern: Illobre
Inhobre (Gz.) - graf. altern: Iñobre. ver Comentº de Pablo
Jobre (Gz.) - graf. altern: O Xobre.
Lajobre (Gz.) - graf. altern: Laxobre. ver Comentº de Pablo. "castro das lajes"?
Landobre (Gz.) -
Maiobre (Gz.) - significa "Castro Mor" ou "Montemor"
Pantinhobre (Gz.) - graf. altern: Pantiñobre. ver Comentº de Pablo
Peçobre (Gz.) - graf. altern: Pezobre
Ranhobre (Gz.) - graf. altern: Rañobre. significa "Monte Calvo"
Sansobre (Gz.) -
Silhobre (Gz.) - graf. altern: Sillobre. significa "Castro do [rio] Sil"
Talhobre (Gz.) - graf. altern: Tallobre. ver Comentº de Pablo

há quem veja nestes topónimos uma etimologia linguística do ramo etrusco, em que a terminação teria um significado idêntico: "monte". pelo que, seja como for, é de "monte" que se trata.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

topónimos terminados em -inho

são diminutivos de outros topónimos, umas vezes por proximidade, outras vezes por derivação populacional.

Adinho - de Adão (hidrónimo)
Agrinho (Pt, e Gz.) - graf. altern: Agriño. de Agro
Algarinho (Pt.) - de Algar. ver Comentº de SM
Almarginho - de Almargem
Alvarinho - de ... Alvar? Álvaro?
Avinho (Gz.) - graf. altern: Aviño. ver Comentº de Calidonia
Azinhalinho - de Azinhal
Bastavalinhos (Gz.) - graf. altern: Bastavaliños. de Bastavales
Brejinho - de Brejo
Carbalhinho (Gz.) - graf. altern: Carballiño. de Carbalho ou Carballo
Carçãozinho - de Carção
Carvalhinho - de Carvalho
Casalinho (Pt. e Gz.) - graf. altern: Casaliño. de Casal
Castelinho - de Castelo
Charquinho - de Charco
Chelinho - de Chelo
Currinho (Gz.) - graf. altern: Curriño. de Curro
Escarabotinho (Gz.) - graf. altern: Escarabotiño. de Escarabote
Fabarrelinho - duplo diminutivo (de Fabarro?)
Folgosinho - de Folgoso
Gosendinho - de Gosende
Lameirinho - de Lameiro
Laminho (Gz.) - graf. altern: Lamiño. ?
Malaqueijinho - de Malaqueijo
Marouquinho - ?
Matinho - de Mato
Monfortinho - de Monforte
Moninho - ?
Montinho - de Monte
O Agrinho (Gz.) - graf. altern: O Agriño. ver Agrinho
O Assadinho (Gz.) - graf. altern: O Asadiño
O Cantinho (Gz.) - graf. altern: O Cantiño. de Canto
O Carbalhinho (Gz.) - ver Carbalhinho
O Cotinho (Gz.) - graf. altern: O Cotiño. de Coto. ou de Couto?
O Curraínho (Gz.) - graf. altern: O Curraíño. de Curral?
O Furinho (Gz.) - graf. altern: O Furiño. de Furo
O Lourinho (Gz.) - graf. altern: O Louriño. de Louro
O Matinho (Gz.) - graf. altern: O Matiño. ver Matinho
O Montinho (Gz.) - graf. altern: O Montiño. ver Montinho
O Petaínho (Gz.) - graf. altern: O Petaíño
O Porrinho (Gz.) - graf. altern: O Porriño. de Porro?
O Portinho (Gz.) - graf. altern: O Portiño. ver Portinho
Ortonhinho (Gz.) - graf. altern: Ortoñiño. de Ortonho
O Tojinho (Gz.) - graf. altern: O Toxiño. ?
Outeirinho - graf. altern: Outeiriño. de Outeiro
O Valinho (Gz.) - graf. altern: O Valiño. ver Valinho
Pacinho (Gz.) - graf. altern: Paciño. de Paço
Palvarinho - ?
Perosinho - ?
Perrinho - de Perre
Pinheirinho - de Pinheiro
Pombalinho - de Pombal
Pocinho - de Poço
Portelinho - de Portelo, diminut. de Porto
Portinho (Pt. e Gz.) - graf. altern: Portiño. de Porto
Povoínho - de Povo (povoado)
Pumarinho (Gz.) - graf. altern: Pumariño. de Pumar ou Pomar
Rodinho Grande (Gz.) -graf. altern: Rodiño Grande. de Rodo?
Rodinho Pequeno (Gz.) - graf. altern: Rodiño Pequeno. ver Rodinho Grande

Sam Miguelinho (Gz.) - graf. altern: San Migueliño. de São Miguel ou Sam Miguel

Silveirinho - de Silveiro
Sobralinho (Pt.) - de Sobral
Soitinho - de Soito
Soutinho - de Souto
Tibaldinho - de Tibalde
Valinho (Pt. e Gz.) - graf. altern; Valiño. de Vale
Vilarinho (Pt. e Gz.) - graf. altern: Vilariño. de Vilar
Zambujinho -



não são deste grupo, não são diminutivos:

Andorinho
Belinho - ?
Caminho
Carinho (Gz.) - graf. altern: Cariño. ?
Casacaminho (Gz.) - graf. altern: Casacamiño

Chamosinho (Pt. e Gz.) - graf. altern: Chamosiño. de Chamoso ou de Chamosa(Gz.). o mais provável é que se refira a alguém ou a um povo oriundo de Chamoso ou de Chamosa(Gz.).

Espinho
Larinho (Pt. e Gz.) - graf. altern: Lariño
Marinho
Minho (Pt. e Gz.)
Moinho ou Muinho
Montezinho - ?
O Brinho (Gz,) - graf. altern: O Briño. ?
O Passarinho (Gz.) - graf. altern: O Paxariño. ?
Paramuinho - ?
Remoinho (Gz.) - graf. altern: Remuíño
Sobrecaminho (Gz.) - graf. altern: Sobrecamiño.
Tominho (Gz.) - graf. altern: Tomiño. ver Comentº de Calidonia

Valdovinho (Gz.) - graf. altern: Valdoviño. ver Comentº de Calidonia. a possibilidade erudita de Valdovinho ter origem em Baldovinu (Balduino) esbarra em Balduvino não ser um genitivo. se a razão do topónimo fosse "terra ou propriedade de Balduino", a forma seria Valdovin ou Valdovim. vou por Calidonia

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

camarinhas e caraminhas

as camarinhas são pequenos frutos brancos em forma de contas de cristal, de sabor adocicado, produzidos por um arbusto espinhoso, a camarinha ou camarinheira, que nasce em terrenos dunares atlânticos próximos do mar. vêem-se muito na costa do centro e norte de Portugal e da Galiza. a garotada das colónias balneares adora colher camarinhas enquanto caminha para a praia.

de "camarinha" (Pt. e Gz.) surge tamém "caraminha", por metátese.
as camarinhas estão presentes na toponímia galego-portuguesa do litoral, sob diversas formas, que se incluem na classe dos fitotopónimos:
no entanto, em alguns casos, sobretudo se no singular, a origem do topónimo pode ser outra: de "Câmara"?


A Camarinha (Gz.) - graf. altern.: A Camariña
A Pobra do Caraminhal (Gz.) - graf. altern.: "A Pobra do Caramiñal". ver "Camarinhal"

Camarinha (Pt. e Gz.) - graf. altern: Camariña. de Câmara?
Camarinhais (Pt.) -
Camarinhal (Pt.) - lugar onde abundam as camarinhas ou camarinheiras.

Camarinhas (Pt. e Gz.) - graf. altern.: "Camariñas"
Camarinheiras (Pt.) -
Caraminhais (Pt.) -
Caraminhal (Pt. e Gz.) -
Casal das Caraminheiras (Pt.)
Pico das Camarinhas (Aç.) -
Reguengo da Camarinha (Pt.) -
Ribeira das Caraminheiras (Pt.) -

e reencontramo-las no sul da Península, na Andaluzia, perto de Gibraltar: o Cabo Camariñal ou Punta Camariñal.



imagem: www.ideotario.com

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

boidobra

a antiguidade desta vila do concelho da Covilhã fez esquecer a origem e o significado do seu nome, o qual, pela pronúncia que hoje tem, em língua alheia à original, dá azo a explicações mais ou menos arbitrárias. a terminação -bra implica uma origem celta em briga, que significa "castro ou fortificação no alto". a primeira parte, boido, é também celta e refere-se ao divino Boduus. a "tradução" talvez se torne óbvia: Boidobra: "o castro ou fortaleza de Boduus". é, pois, um caso de "monte santo".

terça-feira, 11 de novembro de 2008

agrolongo, longos, longos vales, longroiva, monte longo

trata-se de etnotopónimos, que se reportam aos "Longos", "Lónicos", "Luancos" ou "Lyncos", tribo proto-histórica cujo animal totémico era o lince. a sua divindade principal era Deo Vestio Lonico, "o divino Vestio dos Longos". a notícia epigráfica e toponímica deste povo estende-se da bacia do Douro português até às províncias galegas do sul.


no caso de "Longroiva" (Longobriga), o topónimo significa "o castro ou fortaleza dos Longos" - indicando, pelas suas particularidades linguísticas, a presença dos Longos já no período celta.
todos estes topónimos estão em cima ou junto de castros pré-romanos. no caso de Santa Cristina de Longos, concelho de Guimarães, o castro é o de Sabroso, notável pelo aparelho das muralhas, de uma precisão milimétrica.
a memória dos Longos e de Vestio Lonico parece persistir no culto de "São" Longuinhos, no escadório do Bom Jesus do Monte, em Braga. segundo uma lenda, Longuinhos (Longuinus) teria sido o soldado romano a quem coube a tarefa de dar o golpe de misericórdia na execução de Jesus-o-Cristo. sendo, pois, uma personagem do pré-cristianismo, Longuinus é o pagão que se converte, incorporando-se pacificamente na nova religião. é representado na figura equestre de um centurião romano.
o seu culto tem aspetos muito arcaicos, ligados à fertilidade. no Brasil, São Longuinhos é o patrono dos objetos perdidos ("São Longuinhos, São Longuinhos, me ajude a achar a minha chave e eu darei três pulinhos").

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

adorigo

no concelho de Tabuaço (Pt.), Adorigo é mais um antropotopónimo de origem germânica. porém, diferentemente da grande maioria deles, não é um genitivo. por isso, refere-se mais ao senhor que à sua propriedade. de "Adericus".

valdigem

o nome desta vila do concelho de Lamego (Pt.) deve ser incluído na antropotoponímia germânica. representa o genitivo do nome de um senhor feudal, um tal Baldoigius (forma latinizada de Balthweigs), que teria sido bispo de Cuenca e detentor da posse da terra a que deu o nome.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

brasília



inaugurada em 21 de abril de 1960, Brasília é o resultado do cumprimento de uma promessa eleitoral de Juscelino Kubistchek cinco anos antes.


segundo se diz, a capital foi planeada com requintes tais que se chegou à análise do seu horóscopo e a precisões de orientação simbólica.

seja como for, o mapa da cidade assemelha-se a um urubu de asas abertas, com a cabeça voltada a oriente. uma cidade pensada para tudo menos para quem lá mora e a visita. cidade mais desumana não conheço: é tudo longe de tudo. é tudo imenso e vazio. procura-se uma ágora, uma praça, onde se junte gente fazendo aquele barulho da vida das cidades. não tem. e pode ser que um dia Brasília tenha uma rede de metro, uma ciclovia, uma teia de bondes, sei lá, qualquer coisa que permita a um ser humano ir daqui para ali sem ter de comprar um carro, chamar um táxi ou alugar uma vanete.
mas talvez o segredo de tudo esteja no mausoléu de Kubistchek. afinal de contas, Brasília é uma cidade faraónica.

o nome é de extração óbvia, pensado para a capital do Brasil. e os habitantes de Brasília chamam-se brasilienses.
e é aqui que começa uma estória de pasmar. num grande congresso internacional, um importante senhor, que saberá mais do seu ramo específico de ação do que de filologia e de história, lembrou-se de exarar, com ares de quem sabe, que "Brasília" veio dar aos seus habitantes o nome gentílico ("brasilienses") que caberia a todos os brasileiros. dizia ele que "brasileiro" se inclui no grupo de nomes acabados em "-eiro", como "pedreiro", "carpinteiro", "mineiro", "padeiro", ou seja, indicaria uma profissão. e vai daí, a profissão dos "brasileiros" teria sido a de trabalhar o pau-brasil - por isso o nome que deram aos habitantes do Brasil, aos que trabalhavam no pau e aos outros.
todos, naquele congresso, de boca aberta com a ignorância que levaram e a sabedoria que traziam.
mas a realidade das cousas é bem diferente: o gentílico "brasileiro" é de origem galego-portuguesa. a terminação "-eiro" aplica-se aos habitantes de certas vilas, cidades ou regiões do litoral galego-português, como "fangueiro", "poveiro", "vareiro" e "penicheiro". tamém oiço chamar "camacheiros" aos madeirenses da Camacha.
e daí o "-eiro" dos habitantes do Brasil.

domingo, 26 de outubro de 2008

pirenópolis (Br.)

Pirenópolis deve o seu nome à Serra dos Pirenéus, contraforte do Planalto Central do Brasil, no estado de Goiás. desde a sua fundação em 1727 até 1890, o seu nome era Minas de Nossa Senhora do Rosário de Meia Ponte, passando então a chamar-se Pirenópolis.

a sua população europeia é quase toda oriunda do norte de Portugal e da Galiza.

sábado, 25 de outubro de 2008

sumé (Br.)

Sumé é uma cidade do sul do estado da Paraíba. o seu nome deriva de "çumé" ou "tsumé", uma entidade mítica do folclore de várias tribos tupi do Brasil, um ser de cara branca, misto de semi-deus, curandeiro e sábio, dotado de poderes sobrenaturais, que praticava o bem e os teria iniciado nas artes da agricultura e nas regras morais.

atribui-se a sumé a autoria de escritos gravados em pedra (petroglifos), onde estarão consignados os seus ensinamentos. os missionários jesuítas da Paraíba rapidamente se aperceberam das semelhanças do mito com o do apóstolo Tomé, pelo que o lugarejo de então passou a chamar-se de "São Tomé", bem como o rio que o atravessa.
em 1951, "São Tomé" adquire o estatuto de cidade e, havendo já outras "São Tomé", decidiram os seus habitantes dar -lhe o nome cariri de "Sumé".

chainça

este topónimo aparece na Galiza e em Portugal. faz parte do grande grupo de topónimos simples ou compostos que indicam terreno plano, planície ou chã, tais como "Chã", "Chaira", "Chairo", "Chão", "Chãs", "Cheira", "Cheirinha", "Chelas", "Chelinho", "Chelo", "Chenlo".
"Chainça", graf. altern, "Chainza" (Gz.). conheço uma em Abrantes (Pt.), uma em Leiria (Pt.), uma em Penela (Pt.), uma em Rio Maior (Pt.) e outra em Noia (Gz.). tem a mesma etimologia de "planície", do lat planitia.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

almacave

"Almacave", é uma palavra árabe que significa "túmulo(s)", "cemitério". como tomou o nome durante o domínio árabe, a conclusão é que esse(s) "túmulo(s)" ou "cemitério" data(m), pelo menos, do domínio árabe na região.

mas a presença de uma igreja românica importante nessa freguesia de Lamego aponta para a presença de um espaço sagrado antigo, já que os beneditinos se esforçaram por cristianizar, na Idade Média, locais já sagrados há muitos séculos.
tomava-se por "túmulos" as chamadas "sepulturas antropomórficas", cavadas na rocha, por vezes de dimensões mais próprias para crianças ou adolescentes e cuja função não está ainda perfeitamente esclarecida, apesar de serem conhecidas por "sepulturas". é o caso de S. Pedro de Lourosa, de Penela e de muitos outros lugares. para mim, são lugares iniciáticos, onde se praticariam cerimónias de passagem da infância à idade adulta, coisa que é suficiente para justificar a cristianização quer no período visigótico, quer, depois, no período baixo-medieval.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

praia da falésia (Pt.), praia da ribanceira (Br.)

muitas praias mereceriam estes nomes. no entanto, pelo menos em língua decifrável, são poucas as que fazem alusão às falésias e ribanceiras que as rodeiam e protegem.

Praia da Falésia (Pt. - Alg.)
Praia da Ribanceira (Br. - SC)
Praia de Muro Alto (Br. - PE) - praia rodeada por um paredão de areia de cerca de 3 metros de altura

sábado, 27 de setembro de 2008

conraria

"conraria" era a dependência ou oficina do cónego conreário ou conreeiro, o qual tinha por função guardar e gerir o que pertencia aos cónegos e à sua mesa comum. "conraria" é variante de "conrearia".


o topónimo existe na margem esquerda do Mondego, na freguesia de Castelo Viegas, arredores de Coimbra, onde encontramos:


Estrada da Conraria
Quinta da Conraria
Volta da Conraria

este topónimo coimbrão deve ter vindo ao mundo solteiro, pois não conheço outro exemplo.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

sumes, súmio

estes topónimos referem-se a lugares onde há sumiço de águas.

relativamente ao "Lugar de Sumes", freguesia de Gondar, concelho de Guimarães, região granítica por excelência, cito o Pe. António Ferreira Caldas (1996, 2ª ed., pág. 143): "[ao rio Selho] depois de um percurso aproximado a um quilómetro, no lugar do Reboto, junta-se-lhe o riacho de nome Selhinho, e assim reunidos escondem-se debaixo da terra no lugar de Sumes, freguesia de S. João de Gondar, correndo ocultos por espaço de mais de seiscentos metros até à freguesia de Serzedelo [...], indo em seguida confundir-se no [rio] Ave".


Cañón de Sumideiro (Mx) - no Estado de Chiapas
Casal de Suimo - ?
Castro de Sumes (Pt.)
Monte Suimo
Suimo - ver Comentº
Sumes (Pt.)
Sumideiro (Pt.)
Sumidoiro (Pt.) - é hidrónimo
Santiago de Sumio (Gz.) - no concelho de Carral.
Sumidouro (Br.) - no Estado de MG
Sumidouro de Cima (Br.) - no Estado de SP



"súmio" é uma fenda ou greta da terra por onde as águas se somem.

domingo, 7 de setembro de 2008

a sionlha (Gz.)

a primeira noite que passei em Santiago de Compostela, há uma boas décadas atrás, foi dentro de uma tenda, no parque da Sionlha. um topónimo estranho, como tantos outros sem significado na língua vernácula. se trago aqui à baila o parque de campismo, lugar de pernoita e estadia temporária, é porque "A Sionlha" parece derivar de Asseconia, uma mansio ou pousada romana na via XIX de Braga a Astorga.
deveria, pois, ser "Assionlha" e não "A Sionlha", mas a transformação do "A" inicial no artigo definido "A" é um fenómeno muito comum na toponímia galego-portuguesa escrita.
derive de Asseconia ou não, é um topónimo muito antigo, pré-romano, cujo significado me escapa.
certo é que Sionlha é tamém um hidrónimo ou nome de rio, mas talvez o nome do ribeiro derive do nome povoado e não o inverso.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Senhor Roubado

este é o nome de uma estação de Metro de Lisboa. localiza-se junto ao pequeno largo do mesmo nome, à saída da Calçada de Carriche, na estrada de Odivelas. nesse largo encontra-se um padrão datado de 1744.
foi construído em memória de um roubo sacrílego ocorrido em 1671 na igreja matriz de Odivelas. o autor confesso do roubo de peças sacras, o infeliz António Ferreira, acabaria condenado pela Inquisição, arrastado e levado à praça do Rossio, onde lhe deceparam as mãos e lhas queimaram à vista, após o que o assaram vivo - numa manifestação eloquente do mais sacrílego fundamentalismo político-religioso.
o monumento ao Senhor Roubado compõe-se de um recinto quadrangular trapezoidal, de dez metros de comprido por oito de largura, a modo de templo descoberto. 12 quadros, de 72 azulejos cada, contam as peripécias de um roubo que daria nome ao lugar.
ali os fiéis vinham encomendar-se ao Senhor e pedir perdão pelos seus pecados.




(ver notícia original em http://odivelas.com/2010/01/14/sr-roubado-historia/)

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

bairros dos sonhadores ou os excessos poéticos

é natural que se goste de morar num bairro com um nome bonito, até poético. o pior é que a realidade nem sempre dá pelo nome que lhe chamam.
alguns destes bairros têm nome de inspiração religiosa (r).

Bairro Alto da Maravilha (Br.)
Bairro Boa Esperança (Br.)
Bairro da Alegria
Bairro da Amizade (Br.)
Bairro da Bela Vista
Bairro da Boa Viagem (Br.)
Bairro da Boa Vista
Barro da Boavista
Bairro da Consolação - (r)
Bairro da Fraternidade
Bairro da Graça (Pt. e Gz.) - (r)
Bairro da Juventude (Br.)
Bairro da Liberdade (Pt. e Br.)
Bairro da Luz
Bairro da Nova Imagem (Pt.)
Bairro da Paciência (Br.)
Bairro da Paz
Bairro da Piedade (Br.)
Bairro da Rosa
Bairro da Saúde (Br.)
Bairro da União (Br.)
Bairro da Vista Alegre (Pt., Gz. e Br.) - ver Comentº de Calidonia
Bairro da Vitória (Br.)
Bairro do Bom Pastor - (r)
Bairro do Paraíso (Br.)

não conheço este costume na Galiza. os bairros que eu conheço tenhem um nome mais distanciado desses sentimentos e aspirações. ex: "Bairro da Madalena", "Bairro de Canido", "Bairro de Sam Lázaro", "Bairro do Esteiro",...

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

bairro da solum, bairro do brinca

a curiosidade destes dois topónimos da cidade de Coimbra reside no facto de o seu nome derivar das respetivas sociedades construtoras. o seu caráter eufónico e a falta de mais imaginada alternativa fez com que vingassem na linguagem quotidiana. a gente nascida depois dos anos 70 fala do Bairro do Brinca e do Bairro da Solum sem fazer ideia da origem desses nomes.
isso faz entender melhor como se perdem tão depressa as referências etimológicas dos topónimos e como tão rapidamente surge a necessidade de lhes dar as mais desencontradas explicações, fonte de lendas, palpites e teses de mestrado.
o Bairro da Solum ("da" porque se refere à sociedade "Solum"), começou a desenvolver-se no final dos anos 60 e é hoje a parte mais nobre e aprazível da cidade. digo eu...

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nb: solum (lat.): "solo", "chão". embora a palavra latina seja paroxítona, em Coimbra "A Solum" é pronunciada com acentuação na segunda sílaba: "sòlúm".

domingo, 17 de agosto de 2008

alhos e bugalhos

1. "alhos" é a designação de alguns topónimos curiosos, pela confusão que podem criar com o alho das cozinhas. a questão é que essa pretensa etimologia não me convence, dada a ubiquidade da planta em causa.
alius
, em latim significa "outro", "alguém que não é dos nossos", "estrangeiro", "de fora de aqui", "de fora parte", "de outro lado", "de outro lugar".
coisa que nem sequer seria de estranhar numa região que sempre conheceu repovoamentos por "gente de fora".

a palavra latina alius//aliunde entronca numa raiz indo-europeia que deu em grego allòs ("outro") e no celta allo (o numeral "dois" e o adjetivo "diferente", "outro", "segundo"). assim, não é de estranhar a presença de topónimos franceses de origem celta como "Col d'Allos, "La Foux d'Allos", "Val d'Allos".

2. mas outra explicação pode ser encontrada no latim alodis, que deu Alleu, Alleux (Fr.) na Toponímia Francesa, e tem sido associado tamém à etimologia de Allos (Fr.): trata-se de uma propriedade, ou "alodio", livre das obrigações da feudalidade, sem encargos nem direitos senhoriais, o que não deixa de ser, na qualidade de excepção a uma regra, uma excelente razão para ter ficado cristalizada sob a forma de topónimo, tal como "Foros". esta explicação contém, no entanto, algumas dificuldades de natureza fonética, pelo menos no nosso idioma.

sendo assim, qual a etimologia mais adequada para topónimos raros, como "Alhos Vedros" e "Sernache dos Alhos"?

os topónimos "Alli", "Allin", "Allo", Alloz" ocorrem em Navarra. e All na Catalunha.

o topónimo "Alhos Vedros", se se tratar de "estrangeiros velhos", de duas uma: ou indica que se trata de "gente que veio de fora antes de outras", ou indica que, na época em que se dizia "vedros" em lugar de "velhos", haveria outro povoado com o nome de "Alhos", menos antigo. e significa também que os "alhos" já eram "velhos" nessa época.
quanto a "Sernache dos Alhos", o cheiro do condimento popular acabou por reduzir o nome para apenas "Sernache".

porém, se a etimologia for alodium, os "estrangeiros" saem de cena, ficando apenas uma realidade rústica medieva do que terá sido uma ou mais que uma "propriedade livre".


Alhões - aqui pode significar "aldeia de gente originária de "Alho" ou de "Alhos"

Alhos Vedros
Sernache dos Alhos

outras alhadas:

A-do-Alho - não acredito nesta grafia. será "Adualho" - de "adua" (árab: addua)?

Alhadas -
Alhais -
Alheira - ver "Alhões"
Alheiro - ver "Alhões"
Alho -
Alhos -
Torre do Alho (Gz.) - ver Comentº

quanto aos Bogalhos, são muitos e mais nortenhos:

A Bugalha (Gz.) - graf. altern: A Bugalla
Bogalheira
Bogalho
Bugallha (Pt. e Gz.) - graf. altern. Bugalla
Bugalhães - originários de Bugalha?
Bugalhal (Pt. e Gz.) - graf. altern: Bugallal
Bugalhão / Bugalhóm (Pt. e Gz.)
Bugalhas
Bugalheira (Pt. e Gz.) - graf. altern: Bugalleira
Bugalheiras (Gz.) - graf. altern: Bugalleiras
Bugalheirinha

Bugalho - em italiano Bugaglio é hidrónimo: "Cavo Bugaglio", "Rio Bugaglio"

Bugalhos
Bugalhós - diminut. de Bugalhas
Bugalhosa
Mina da Bugalha
Os Bugalhales (Gz.) - graf. altern: Os Bugallales
Quinta da Bugalha

sábado, 2 de agosto de 2008

as pontes que nos unem

a ponte estabelece uma ligação entre dois mundos. no plano material, liga duas margens de um rio, de um vale profundo ou de um braço de mar, permitindo ou facilitando a comunicação entre povos e realidades até então separados. no plano simbólico, que noutras eras acompanhava e revestia o mero plano material, esta ligação adquiria propriedades re-ligiosas: o construtor de pontes ligava terra com terra, terra com céu, matéria com espírito. a sua função era assimilada à de um sacerdote, a que os romanos chamavam pontifex, "pontífice", "fazedor ou construtor, de pontes". ele formava o elo de ligação entre a vida de Aquém e de Além. os pontífices romanos constituíam-se em colégio ou ordem sacerdotal, com funções religiosas e jurídicas (direito divino), segundo a máxima, transposta para o cristianismo, "o que ligares na terra será ligado nos céus". ao colégio dos pontífices, ou "colégio pontifício", presidia o "sumo pontífice" ou pontifex maximus, eleito vitaliciamente pelos seus pares. após uma profunda crise religiosa e vagando o lugar de sumo pontífice, César assume a função e incorpora-a no exercício do poder imperial. com a queda do Império, a designação e a função são assumidas pelo Papado de Roma.
na Idade Média, a "congregação dos irmãos pontífices" do século XII, sob a regra beneditina, encarrega-se da construção de pontes e calçadas. certas lendas, como a de São Gonçalo de Amarante, atribuem ao mestre construtor a função de estabelecer "pontes" também a outros níveis, como a função de "casamenteiro das velhas" (ou seja, das "antigas mulheres"), talvez, dada a configuração do culto, pela adição de funções religiosas pagãs anteriores relativas ao chamado "culto da fertilidade". mas a verdade é que a própria ponte em si se pode relacionar com esse "culto da fertilidade", pois casos há em que nelas se realizam rituais destinados a favorecer a gravidez e o seu bom termo.
certas pontes, pela especial sensação de dificuldade que a sua arquitetura inspira, são conhecidas por "ponte do diabo", pois só o diabo, ou alguém que lhe conheça as artes, seria capaz de as construir. são assim conhecidas, entre outras, a Ponte da Mizarela (Pt), a Ponte de Martorell (Cat.), as ruinas da Ponte de Liédana (Na.) e as Pontes de Olvena (Arag.). as "pontes do diabo", com a respetiva lenda, existem também em França e na Itália.
às vezes, a palavra "ponte" é substituída por "arco", "arcos" ou "arquinho", que reportam à arquitetura da construção.

os topónimos que se seguem relacionam-se com pontes que estiveram na origem do desenvolvimento do respetivo povoado, vila ou cidade:

Alcântara

Alcantarilha - na realidade, "alcantarilha" é uma espécie de "ponte ao contrário", ou seja, uma "construção destinada a permitir que um pequeno canal cruze uma estrada por baixo".

Aldeia da Ponte

Arcos de Valdevez - está por "Arcos de Vale de Vez", sendo "Vez" o rio transposto pela ponte

Brugg (CH)
Cambridge (GB) - "ponte sobre o rio Cam", ou "Ponte de Cam"
Innsbruck (A.) - "ponte sobre o rio Inn", ou "Ponte de Inn"
Most (Cs.)
Mostar (BiH)
Ponferrada (Le.)
Ponteceso (Gz.)
Ponte Barxas (Gz.) - "barxas" por "várzeas"?

Ponte Cesures (Gz.) - há dúvidas sobre "Cesures" ou "Sezures". as duas grafias surgem tamém em Portugal

Ponte da Barca - como "barca" já significava "passagem", "ponte da barca" é uma redundância

Ponte da Mucela
Ponte da Pedra
Ponte das Três Entradas - pela sua forma em "Y"
Ponte de Lima
Ponte de Sor
Ponte d' Eume (Gz.)

Ponte do Arquinho - uma espécie de pleonasmo, já que "arquinho" é a própria ponte

Ponte do Bico
Ponte dos Arcos (Br.) -
Ponte do Sótão - "Sótão" é hidrónimo
Pontela
Pontelha (Pt. e Gz.)
Pontelinha

Ponte Pedrinha (Pt. e Gz.) - topónimo muito frequente, indica construção romana (?). a estas pontes, tal como às "pontes do diabo", associa-se uma lenda segundo a qual teriam sido construídas durante a noite, ficando no final uma "pedrinha" por colocar, para que não pudessem ser dadas por concluídas. umas vezes é o diabo que as constrói pela noite, outras vezes são os mouros. a "pedrinha" em falta é um artifício para ludibriar o diabo, que estabelece um "preço" pela sua colaboração na obra: a morte dentro de um ano para o primeiro que a atravesse depois de pronta. o diabo sai sempre enganado, pois que o primeiro ser vivo que a atravessa é um gato, um cão ou um porco. é possível que estas lendas estejam associadas aos sacrifícios humanos ou de animais que outrora se fazia para propiciar o bom curso de uma construção.

Ponte Vedra (Gz.) - ponte medieval, como indica a forma "vedra", para designar "velha"

Ponte Sezures - ver "Ponte Cesures" (Gz.)
Pontezela - pequena ponte medieval, como indica o diminutivo "cella"
Pontezinha
Pontilhão / Pontilhóm (Pt. e Gz.)
Pontinha (Pt. e Gz.)
Puente la Reina (Na.)
São João da Ponte (Pt. e Br.)


(nota: aqui se retoma e amplia um tópico já publicado)
...............................................................
nota: sobre o simbolismo da ponte, ver Jaime Cobreros (1991), El Puente, Ediciones Obelisco, Biblioteca de los Símbolos, nº 2, Barcelona. ver tamém Jean Chevalier e Alain Gheerbrant (1982), Dictionnaire des Symboles, Robert Laffont/Jupiter, Paris, pp. 777-778.

domingo, 29 de junho de 2008

fanha, fanhais, fanheiro e fanhões

são lugares úmidos, lamacentos, vestígios ativos de lagoas ou pântanos.
o termo "fanha", de onde derivam, assenta num radical fanh- ou fanc-/fang-, relacionado com a ideia de "lama", "pântano", "paúl", "chiqueda".
aparecem topónimos deste grupo em Aragão, na Catalunha, França, Itália, Bélgica e Escandinávia.

A Fangueira (Gz.) - ver "Fangueira" (Br.)
Fañanás (Ar.)

Fangueira (Br.) - em Minas Gerais. a questão é que "fangueira", "fangueiro", significa "habitante ou natural de "Fão", concelho de Esposende (Pt.) - o que fará sentido nos dois casos brasileiros. no caso galego (A Fangueira) pode significar "lugar onde há fanga ou fanha"

Fangueiro (Br.) - em Minas Gerais
Fanha
Fanhais
Fanheira
Fanheiro
Fanhões - será o plural de Fanhão, ou indica gente oriunda de Fanha?

Fão - há quem diga que "Fão" vem do latim fanum, "templo". porém, quando nos referimos aos habitantes de Fão chamamos-lhe "fangueiros" (e não "faneiros", "fanenses" ou "faneses"), o que pressupõe o radical fang- e condiz com as caraterísticas geológicas da foz do Cávado

Hautes Fagnes (Be., Al.) - esta região é rica em turfeiras
Pinhal Fanheiro

São Domingos de Fanga da Fé - atual freguesia da Encarnação, concelho de Mafra

segunda-feira, 16 de junho de 2008

as "pontas" de um novelo marítimo

em tempos publiquei uma postagem sobre a Talassotoponímia ou Toponímia Marítima, onde já constavam algumas (poucas) "Pontas". pela sua importância e pelo seu número e difusão geográfica, penso que as "pontas" deste novelo marítimo merecem uma chamada à parte.
as "Pontas" podem confundir-se com "Cabos", mas o mais frequente é que se distingam dos "Cabos" pela sua reduzida dimensão e pequeno ou nenhum relevo.

Ponta Araújo (Cv.)
Ponta Bicuda (Cv.)
Ponta Cabrita (Aç.)
Ponta da Achada (Aç.)
Ponta da Achada da Baleia (Cv.)
Ponta da Achada Leite (Cv.)
Ponta da Achadinha (Aç.)
Ponta da Água de Pau (Aç.)
Ponta da Aguadinha (Cv.)
Ponta da Agulha (Aç.)
Ponta da Ajuda (Aç.)
Ponta da Atalaia (Pt. e Br.)
Ponta da Baleia (Aç.)
Ponta da Baía do Cavalo (Aç.)
Ponta da Barca (Aç.)
Ponta da Barra (Mu.)
Ponta da Bretanha (Aç.)
Ponta da Cabaceira (Mç.)
Ponta da Cabeça de Fora (Aç.)
Ponta da Cabra (Aç.)
Ponta da Cancela (Br.)
Ponta da Candelária (Aç.)
Ponta da Costa (Aç.)
Ponta da Cozinha (Aç.)
Ponta da Engrade (Aç.)
Ponta da Fajã da Madeira (Aç.)
Ponta da Fajã Pequena (Md.)
Ponta da Falésia (Br.)
Ponta da Ferraria (Aç.)
Ponta da Fonte Grande (Aç.)
Ponta da Forcada (Aç.)
Ponta da Furna (Aç.)
Ponta da Galera (Aç.)
Ponta da Greta (Aç.)
Ponta d'Água (Cv.)
Ponta d'Água Doce (Cv.)
Ponta da Ignez (Aç.)
Ponta da Ilha (Aç. e Br.)
Ponta da Lagoa (Aç.)
Ponta da Lobeira (Aç.)
Ponta da Lomba da Cruz (Aç.)
Ponta da Madrugada (Aç.)
Ponta da Maia (Aç.)
Ponta da Má Merenda (Aç.)
Ponta da Marquesa (Aç.)
Ponta da Mina (Aç.)
Ponta da Palama (Aç.)
Ponta da Pedranceira (Aç.)
Ponta da Pesqueira (Aç.)
Ponta da Piedade (Pt.)
Ponta da Pirâmide (Aç.)
Ponta da Pontinha (Aç.)
Ponta da Praia (Br.)
Ponta da Pranchinha (Aç.)
Ponta da Oliveira (Md.)
Ponta da Queimada (Aç.)
Ponta d'Areia (Aç. e Br.)
Ponta da Relva (Aç.)
Ponta da Restinga (Aç.)
Ponta da Retorta (Aç.)
Ponta da Ribeira (Aç.)
Ponta da Ribeira Quente (Aç.)
Ponta da Ribeirinha (Aç.)
Ponta da Rocha (Aç.)
Ponta da Rocha Alta (Aç.)
Ponta da Rua Longa (Aç.)
Ponta das Almas (Br.)
Ponta da Salina (Cv.)
Ponta da Salvagem (Aç.)
Ponta da Samusca (Aç.)
Ponta das Arindas (Aç.)
Ponta das Calhetas (Aç.)
Ponta da Serreta (Aç.)
Ponta das Garças (Aç.)
Ponta das Manadas (Aç.)
Ponta das Pombas (Aç.)
Ponta das Praias (Aç.)
Ponta das Ribeiras (Aç.)
Ponta das Trombetas (Aç.)
Ponta da Terejoula (Aç.)
Ponta da Terra (Aç.)
Ponta de Abelheira (Gz.) - graf. altern.: "Ponta de Abelleira"

Ponta de Bares (Gz.) - tamém conhecida por "Ponta de Estaca de Bares" ou "Cabo de Estaca de Bares". a grafia oscila entre "Bares" e "Vares"

Ponta de Cabo (Ga.) - um pleonasmo curioso
Ponta de Campina (Br.)
Ponta de Cantarinhas (Aç.)
Ponta de Gil Afonso (Aç.)
Ponta Delgada (Aç. e Md.)
Ponta de Mangue (Br.)
Ponta de Motael (Tm.)
Ponta de Pedras (Br.)
Ponta de Pesqueiro (Aç.)
Ponta de Sagres (Pt.)
Ponta de Santa Bárbara (Aç.)
Ponta de Santo António (Aç. e Br.)
Ponta de São Brás (Aç.)
Ponta de São Fernando (Aç.)
Ponta de São João (Aç.)
Ponta de São Lourenço (Md.)
Ponta de São Mateus (Aç.)
Ponta de São Sebastião (St)
Ponta de Seixo Branco (Gz.)
Ponta do Arieiro (Aç.)
Ponta do Arnel (Aç.)
Ponta do Arrife (Aç.)
Ponta do Boqueirão (Aç.)
Ponta do Cabra (Aç.)
Ponta do Calhau (Aç.)
Ponta do Carapacho (Aç.)
Ponta do Carvoeiro (Cv.)
Ponta do Castelete (Aç.)
Ponta do Castelinho (Aç.)
Ponta do Cintrão (Aç.)
Ponta do Enxudreiro (Aç.)
Ponta do Escalvado (Aç.)
Ponta do Espartel (Aç.)
Ponta do Espigão (Aç.)
Ponta do Facho (Aç.)
Ponta do Faial (Aç.)
Ponta do Farol (Aç.)
Ponta do Feliciano (Aç.)
Ponta do Forte (Aç.)
Ponta do Forte de Santa Catarina (Aç.)
Ponta do Incenso (Aç.)
Ponta do Lavadouro (Aç.)
Ponta do Lobaio (Aç.)
Ponta do Lombo Gordo
Ponta do Madeiro (Br.)
Ponta do Malmerendo (Aç.)
Ponta do Marvão (Aç.)
Ponta do Mato (Br.)
Ponta do Mistério (Aç.)
Ponta do Mormo (Aç.)
Ponta do Mouro (Aç.)
Ponta do Norte (Aç.)
Ponta do Norte Grande (Aç.)
Ponta do Pedregal (Aç.)
Ponta do Pesqueiro Alto (Aç.)
Ponta do Pesqueiro Velho (Aç.)
Ponta do Poção (Aç.)
Ponta do Poio (Aç.)
Ponta do Rifão (Aç.)
Ponta do Roaz (Aç.)
Ponta do Rosio Branco (Aç.)
Ponta do Rosto Cinzento (Aç.)
Ponta do Rosto de Cão (Aç.)
Ponta dos Arcos (Aç.)
Ponta dos Caetanos (Aç.)
Ponta dos Capelinhos (Aç.)
Ponta dos Carreiros (Aç.)
Ponta dos Cedros (Aç.)
Ponta dos Corvos (Gz.)
Ponta dos Fanais (Aç.) - var. de "Fenais"?
Ponta dos Fenais (Aç.)
Ponta dos Frades (Aç.)
Ponta dos Ladouros (Pt.)
Ponta dos Monteiros (Aç.)
Ponta dos Mosteiros (Aç.)
Ponta do Sol (Md. e Cv.)
Ponta dos Ouriços (Aç.)
Ponta dos Rosais (Aç.)
Ponta dos Turçais (Aç.)
Ponta do Sul (Aç.)
Ponta dos Zimbros (Br.)
Ponta do Topo (Aç.)
Ponta do Vale (Aç.)
Ponta Espartal (Aç.)
Ponta Formosa (Aç.)
Ponta Furada (Aç.)
Ponta Garça (Aç.)
Ponta Grossa (Aç. e Br.)
Ponta Ilhéus (Aç.)
Ponta João d'Évora (Cv.)
Ponta João Dias (Aç.)
Pontal (Pt. e Br.)
Ponta Lajens (Aç.)
Ponta Leste (Tm.)
Ponta Malbusca (Aç.)
Ponta Negra (Aç.)
Ponta Nova (Aç., Br. e Gb)
Ponta Pico Negro (Aç.)

Ponta Porã (Br.) - pois. mas esta não é uma "ponta" marítima. "porã", tupi-guarani: "bonito(a)", "belo(a)"

Ponta Preta (Cv.)
Ponta Queimada (Aç.)
Ponta Ruiva (Aç.)
Ponta Santa Cruz (Aç.)
Pontas Negras (Aç.)
Ponta Verde (Cv.)
Ponta Viana (Cv.)

Pontinha (Aç.) - nem todas as "Pontinhas" são diminutivos de "Ponta". tamém as há de "Ponte".

Puntal (Gz.)


.....................................................................................
Legenda: Aç.: Região Autónoma dos Açores; Br.: Brasil; Cv.: Cabo Verde; Ga.: Goa (Índia); Gb.: Guiné Bissau; Gz.: Galiza; Mç.: Moçambique; Md.: Região Autónoma da Madeira; Mu.: Macau; Pt.: Portugal (Continente); St.: São Tomé e Príncipe; Tm.: Timor Leste

segunda-feira, 9 de junho de 2008

cerquedo, cerqueira

estes fitónimos relacionam-se com as árvores quercus (var. lat. cerquus): "carvalho", "azinheira" e "sobreiro".


Casal de Cerquidelo - ver "Cerquidelo"
Cercosa
Cerqueda (Pt. e Gz.)
Cerquedo (Pt. e Cat.)

Cerquedo de Carvalho - aparentemente, seria um pleonasmo, se o topónimo "Carvalho" se referisse a qualquer das árvores "quercus" . porém, aqui, "Carvalho", mais uma vez, é um orónimo. é caso para dizer: se mais uma prova fosse precisa para mostrar que "Carvalho" não se refere à árvore em causa...

Cerqueira (Pt. e Gz.)
Cerqueiral (Pt. e Gz.)
Cerqueiro (Pt. e Gz.)
Cerquida
Cerquidelo - diminut. de Cerquido
Cerquido (Pt. e Gz.)
Cerquilho (Br.)
Cerquinha (Pt. e Br.)
Cerquinheira
Cerquinho (Pt. e Br.)
Cerquito

Monte da Cerqueirinha Nova

Rio Cerquinho (Br.)

quarta-feira, 28 de maio de 2008

segunda-feira, 5 de maio de 2008

abrunhos e abrunheiras


"abrunho" (lat. prunu + a protésico) é a drupa ou fruto do abrunheiro. há o abrunheiro propriamente dito e o abrunheiro bravo. são arbustos da família das rosáceas. o primeiro não tem espinhos e dá frutos pendentes e doces, o segundo é espinhoso e dá uns frutos eretos e muito azedos. de "abrunho" deriva "Abrunhal" , "Abrunheda", "Abrunhosa" e as formas aferéticas "Brunhal", "Brunheda", "Brunheira", "Brunheiras" e "Brunhosa".
este grupo de topónimos encontra-se por igual em Portugal e na Galiza.

Abrunhal - lugar onde crescem abrunheiros
Abrunheda - lugar onde abundam os abrunheiros
Abrunheira (Pt. e Gz.) - graf. altern. (Gz.): Abruñeira
Abrunheiras (Pt. e Gz.) - graf. altern.(Gz.): Abruñeiras
Abrunheiro (Pt. e Gz.) - graf. altern. (Gz.): Abruñeiro
Abrunheiro Grande
Abrunheiro Pequeno
Abrunhosa - ver "Abrunheda"
Abrunhosa-a-Velha
Abrunhosa do Mato
Brunedo
Bruneiro
Brunhais
Brunhal
Brunheda
Brunhedo
Brunheira (Pt. e Gz.) - graf. altern.: Bruñeira
Brunheiras (Gz.) - graf. altern.: Bruñeiras
Brunheirinha
Brunheirinho
Brunheiros (Gz.) - graf. altern.: Bruñeiros
Brunheta
Brunhosa
Brunhosinho
Brunhoso
Burinhosa - ver Comentº de Ismael
Largo Abrunho
Quinta da Brunheda
Quinta do Abrunhal
Ribeira da Brunheta (ver Comentº de Manuel Anastácio)
Rua do Abrunhal

quinta-feira, 3 de abril de 2008

colmos e colmeias

aqui está outro tema em que discordo dos livros. nem sempre a evidência é boa pista, sobretudo nesta coisa do nome das terras e dos povoados.
o mais fácil, hoje, é ir pelo caminho das "colmeias". o problema é que onde há colmeias não há terras com esse nome e onde há terras com esse nome as colmeias não fazem a diferença ou, simplesmente, se esquecem de lá estar.
aliás, o que mais me incomodaria, se lá vivesse, é que "colmeias" tivesse relação com apicultura, dado que as abelhas se querem longe dos povoados e as pessoas longe das ferroadas.
na Toponímia as homofonias vão medrando com o tempo, à medida que os significados se vão perdendo com a mudança dos costumes, das técnicas e das sociedades e se torna necessário convergir para significados mais de acordo com os novos tempos. assim se passou de "colmos" a "colmeias".
"colmos" eram habitações, choças ou cabanas cobertas de colmo. um teto de palha era um "colmo". muitas aldeias eram formadas por casas que ainda há pouco eram cobertas de colmo.
e assim como há povoações chamadas "cabanas" e "cabanelas", por serem formadas de cabanas, assim é natural que "colmeal", "colmões" e afins designem aldeias que outrora eram formadas de "colmos". e há que ter em conta que também a palavra "colmeia" deriva do lat. culmu-, "teto de colmo".
os "Colmenares" da Toponímia de fala castelhana têm a mesma origem, por muito que custe aos livros que tenho lido.
talvez por metáfora, chama-se tamém "colmeias" a casas habitadas por muita gente e a povoados com muitas casas juntas.
na Galiza e nas Astúrias, embora exista a palavra "colmea"/"colmeia" e se pratique excelente apicultura, o topónimo é praticamente desconhecido. em contrapartida abundam os nomes de povoados que se referem à presença de casas com tetos, ou teitos, de palha



Aldeia do Colmeal
Casal do Colmeeiro
Colmaça
Colmeada
Colmeal
Colmeal da Torre
Colmeeeira
Colmeeiro
Colmeeiros
Colmeia
Colmeias
Colmeiro
Colmenaria
Colmeneiro
Colmeosa
Colmões
Herdade do Colmeeiro
Malhada do Colmeal

domingo, 30 de março de 2008

abelhas, abóboras e avelãs

em postagem anterior tive ocasião de me questionar sobre o significado real de alguns topónimos que, à primeira vista e na opinião de estudiosos de maior ou menor renome, seriam claramente fitónimos, como "Aboboreira" e "Aveleira", ou, já agora, zoónimos, como "Abelha" e Abelheira".
quer-me parecer que não se trata de fitónimos nem zoónimos e que a relação aparente com abóboras, avelãs e abelhas é o fruto de uma convergência fonética da palavra antiga, de significado já desconhecido, para uma palavra mais atual e com significado conhecido.
o estudo das variantes pode indicar o caminho evolutivo:
no caso "Abobeleira"-"Aboboreira", parece claro que a primeira é forma mais antiga, já sem significado aparente, enquanto a segunda convergiu para uma palavra atual cujo significado é conhecido, ainda que desenquadrado da realidade local. na verdade, o número de abóboras existentes na Serra da Aboboreira é seguramente inferior ao de qualquer outro lugar.
coisa parecida se passa no caso "Aveleira"-"Abeleira"-"Abelheira", onde há menos avelãs e abelhas do que em qualquer outro sítio e em que os topónimos afins "Serra da Abelha" e "Penas d'Abelha" parecem brincar conosco.
sugiro que o elemento comum a todos estes topónimos é "vela" ou "veleira", no sentido de "ponto de vigia", criando parentescos insuspeitados em topónimos aparentemente tão diferentes.
claro que resta o enigma dos hidrónimos "Abelaira", "Abelheira", "Aveleira", embora seja possível que um rio ou ribeiro tome o nome do orónimo correspondente.
mas, atenção: estão todos contra mim. são fitónimos e zoónimos e pronto.


A Abelaira (Gz.)
Abelaira - é um hidronimo
Abeleira (Gz.)
Abeleiras (Gz.)
Abeleiroas (Gz.)
Abelheira (Gz.) - graf. altern.: "Abelleira"
Abobeleira - é uma aldeia de montanha
Abobereira
Aboboreira
Avelaira (Gz.)

Aveleira - orónimo. duas Serras "da Aveleira" no distrito de Coimbra. está por "A Veleira"?

Barragem da Veleira
Beleira (Gz.)
Beleirinha
Branda da Aveleira

Moinhos do Abelheira (Gz.) - em que "Abelheira" é hidrónimo, como "Abelaira". graf. altern.: "Muiños do Abelleira"

Penas d'Abelha - por "penas da Vela"?

Praia Abelheira (Gz.) - graf. altern.: "Praia Abelleira". é curioso que não seja ""Praia da Abelheira".

Quinta da Aveleira ou da Veleira
Ribeira da Abelheira
Ribeiro da Abelheira
Serra da Abelha
Serra da Aboboreira
Serra da Aveleira - ver "Aveleira"
Sobral da Abelheira
Vela
Vila Baleira - também aparece grafada "Vila Beleira"

sexta-feira, 21 de março de 2008

lama, lamas, lameiras

presentissimo na toponímia galego-portuguesa, lama é um vocábulo pré-romano, provavelmente pré-céltico, cujo significado é "pradaria em terreno úmido", "lameiro". o topónimo "Lama" e derivados surge em terrenos onde a pluviosidade abundante favorece a manutenção da umidade do terreno.
nas Astúrias e em León surge sob a forma palatalizada Llamas, o que cria um curioso triplo sentido entre "Lamas", "chamas" (do verbo chamar) e "chamas" (labaredas de fogo).
é um topónimo frequente em Itália, onde tem a mesma etimologia e o mesmo significado. e também aparece na Córsega (Co). Na Baviera, Alemanha (De), há uma Lam. esta distribuição geográfica parece querer apontar para uma origem ligure do topónimo. há quem ligue o topónimo às construções megalíticas (ver Comentº de Manuel Anastácio). e, mais curioso ainda, também se costuma associar o povo ligure ao megalitismo.


Alto de Lamas
As Lamas (Gz.)
Beco da Lama
Cabeço da Lama
Campo Lameiro (Gz.)
Casa da Lama
Castel di Lama (It.)
Calçada da Lama
Lam (De)
Lama (Pt., Gz., It., Co)
Lama de Ouriço
Lama dei Peligni (It.)
Lamaçães - de "lamaçaes", depois anasalada. ver "Lamaçares"
Lamaçais

Lamaçares (Pt. e Gz.) - graf. altern. (Gz.): "Lamazares". de "Lamaçales", plur. de "Lamaçal". noutras zonas evoluiu para "Lamaçais" e "Lamaçães"

Lamaceiro
Lamaceiros
Lama Chã

Lamacheira - de "lama" + "cheira" ou "chaira". é uma espécie de pleonasmo

Lamações
Lama de Arcos
Lamadeita (Gz.)
Lama di Gavello (It.)
Lama di Sopra (It.) - o mesmo que "Lama de Cima"
Lama di Sotto (It.) - o mesmo que "Lama de Baixo"
Lama do Brincadoiro
Lama do Moinho
Lama do Prado (Gz.)
Lama Locogno (It.)
Lamalonga (Pt. e Gz.)
Lama Mocogno (It.)
Lamão
Lamaracha
Lamarão (Pt. e Br.)
Lamares
Lamarigo
Lamarim
Lamario
Lamarosa
Lamas (Pt. e Gz.)
Lamascais
Lamascal (Gz.)
Lamas de Abade (Gz.)
Lamas de Abaixo (Gz.)
Lamas de Arriba (Gz.)
Lamas de Campos (Gz.)
Lamas de Cavalo
Lamas de Ferreira de Aves
Lamas de Miro
Lamas de Moledo
Lamas de Moreira (Gz.)
Lamas de Mouro
Lamas de Ôlo
Lamas de Orelhão
Lamas do Vouga
Lamedo
Lamego (Pt. e Gz.)
Lameira (Pt. e Gz.)
Lameira da Lagoa
Lameiradas
Lameirancha - de "Lameira Ancha"
Lameirão (Gz.) - graf. altern.: "Lameirón", "Lameiróm"
Lameiras
Lameirinha (Pt. e Gz.) - graf. altern.: "Lameiriña"
Lameirinho (Pt. e Gz.) - graf. altern.: "Lameiriño"
Lameirinhos
Lameiro (Pt. e Gz.)
Lameiro Cão
Lameiro da Quelha
Lameiro do Pito
Lamela (Pt. e Gz.)
Lamelas
Lami (It.)
Lamicupi (It.)
Laminha (Gz.) - graf. altern.: "Lamiña"
Laminho (Gz.) - graf. altern.: "Lamiño"
Lamo
Lamoça
Lamosa (Pt. e Gz.)
Llamas (As., Le.)
Llamas de Cabrera (Cs.-Le.)
Llamas de la Ribera (Le.)
Largo da Lama do Moinho
Quinta do Lameiro do Homem
Ribeira de Lamas
Ribeira de Lamas de Miro
Rua da Lama
Rua das Lameiras
Santa Maria de Lamas
Torrão do Lameiro
Travessa da Lameira de Cima
Vale da Lama

quinta-feira, 20 de março de 2008

pelames (Pt.), pelamios (Gz.)

"pelames" ou "pelamios" (Gz.) eram tanques ou pias onde se submergiam as peles em água e cal para as macerar e retirar o pêlo; tanques para curtir couros ou peles. estes pelames ou pelamios escoavam frequentemente para as hortas, espalhando pêlos, maus-cheiros e até doenças.
o toponimo "Pelames"/"Pelamios" aparece: na toponímia urbana de pendor medieval, em zonas junto de uma linha de água; em localidades cujas condições hidrográficas favoreciam a atividade dos curtumes; associado a "fonte" ou "ponte", como indicando a presença do fio de água que permitiu a instalação e funcionamento dessa indústria.
são topónimos muito difundidos em Portugal e na Galiza. encontram-se de Tavira à Corunha.
o declínio e desaparecimento desta indústria artesanal fez esquecer este significado da palavra "pelame", que passou a designar mais frequentemente a "pelagem" dos animais .

Alcaria dos Pelames
Bairro do Pelame
Bairro dos Pelamios (Gz.)
Fonte dos Pelames
Fonte dos Pelamios (Gz.)
Forno dos Pelames
Moinho dos Pelames
Os Pelamios (Gz.)
Palame
Pelames
Ponte dos Pelames
Ponte dos Pelamios (Gz.)
Porta dos Pelames
Quinta dos Pelames
Regueira dos Pelames
Ribeira de Pelames (Pt.-Aç.)

Rio dos Pelames (Br.) - associado à implantação da industria dos curtumes no Brasil

Rio Pelame (Br.)

Rua dos Pelames
Rua dos Pelamios (Gz.)
Souto dos Pelames
Travessa dos Pelames

segunda-feira, 17 de março de 2008

loja, lojas

a palavra "loja" é, no meu modesto parecer, neta do mesmo avô que as palavras "alocar", "alojamento", "alojar", "aluguer" ou "aluguel", "local", "localidade", "lugar". do lat. locus, pl. locii ou loca, ou do verbo derivado loco, locas, locavi, locatum.
entre os muitos sentidos de locus, podemos encontrar "lugar", "sítio", "localidade", "região"; "habitação"; "propriedade fundiária"; "terras", "bens de raiz"; na forma verbal, significava "colocar", "estabelecer", "assentar".
a própria palavra inglesa lodge tem o mesmo conjunto de significados, logo, provavelmente, a mesma origem.
creio que os toponimos "Loja" e "Lojas", que não são muitos, têm relação com um destes significados, mais provavelmente o de "propriedade fundiária", "quinta", e não, evidentemente, com a existência atual ou passada, de um ou mais estabelecimentos de venda e comércio.
é um toponimo bastante frequente em França, o que parece reforçar a tese que defendo.
o sobrenome "Loja" pode ter origem toponímica, assim como pode tamém constituir uma alcunha, alcume ou apelido.

exemplos:

Beaumetz-les-Loges (Fr.)
Chão da Loja (Pt.)
Courcy aux Loges (Fr.)
Fay aux Loges (Fr.)
Les Loges en Josas (Fr.)
Les Loges sur Brécey (Fr.)
Loge (Pt.)
Loges (Pt.)
Loges-Saulces (Fr.)
Loja (Pt.)
Lojas (Pt.)

Monte da Loja (Pt.) - no Alentejo. é, pois, um curioso pleonasmo, já que "monte", no Alentejo, é o mesmo que "propriedade fundiária" ou "quinta"

Saint Hilaire des Loges (Fr.)
Vitry aux Loges (Fr.)





segunda-feira, 10 de março de 2008

os pontos cardeais na toponímia

os pontos cardeais estão presentes na toponímia de todo o mundo. a sua presença indicia o hábito ancestral de viajar, a necessidade de conhecer os limites e as relações geográficas entre povos e terras. de facto, as populações nunca se limitaram, simplesmente, a estar no seu lugar. elas sabem, desde sempre, da existência de outras povoações e de outros povos e da sua disposição relativa no espaço geográfico habitado. a lista é praticamente infinita. as designações a seguir indicadas traduzem, nuns casos, geónimos em sentido lato, outras são topónimos em sentido estrito. a evolução linguística convergente de alguns hidrónimos fez com que hoje pareçam pontos cardeais nomes que na língua original significavam "rio". é o caso de Este e de São Pedro do Sul.



Algarve - do árab: "o Ocidente"
Cabo do Mundo - ver "Fisterra"
East End (Ing.) -
Estação do Oriente - topónimo urbano (Lisboa)
Finistère (Fr.) - ver "Fisterra"

Fisterra (Gz.) - de lat. finis terrae: "o fim da terra", "o cabo do mundo". embora não signifique "ocidente", pela sua posição geográfica e simbolismo associado, este topónimo (tal como os seus afins) está associado à ideia de "ocidente": "o lado em que matam o sol", "o lado em que o sol morre"

Japão - na escrita, o caracter pictográfico que designa o Japão significa "a origem do sol", "o oriente"

Jaraguá do Sul (Br.)

Levante - em termos de Europa, designa as regiões orientais banhadas pelo Mediterrâneo. na Espanha, designa as regiões próximas dos Pirinéus banhadas pelo Mediterrâneo. de "levante": "lugar onde o sol se ergue, ou se levanta", "oriente"

Mar do Norte
Nordeste (Aç.)
Nordestinho (Aç.)
Norfolk (Ing.) - "povo do Norte". talvez melhor: "o Povo a Norte"

Norrköping (Su.) - "mercado do Norte". pronúnc. sueca: "norrxôping". se fosse inglês, era "nor(th)shopping"

Norte (Pt., Pt.-Aç., Gz.)
Norte Grande (Aç.)
Norte Pequeno (Aç.)
Noruega - "caminho do Norte"
Norwich (Ing.) - "cidade do Norte"
Novo Oriente (Br.)

Oeste - nome que também se dá à Região Saloia, sobretudo à sua parte norte

Oriente (Br.)
Ponta Leste (Ang., Br., Gn-B.) - topónimo frequente nos litorais lusófonos
Praia do Norte (Aç., CV.)
Punta del Este (Ur.)
Ribeira do Norte (CV.)
Rio Grande do Norte (Br.)
Rio Grande do Sul (Br.)
Rio Novo do Sul (Br.) - hidrónimo e nome de município
Rua do Norte

Sepharad (hebr.) - o nome da Península Ibérica, para os Judeus: "o Ocidente"

Suffolk (Ing.) - "povo do sul". talvez melhor: "o Povo a Sul"
Tibau do Sul (Br.)
Timor Leste
Vladivostok (Ru.) - "dominadora do Oriente", "rainha do Oriente"


não fazem parte deste grupo:

Este - freguesia do concelho de Braga, deve o seu nome ao rio Este
Rio Este - ver "hidrónimos ou nomes de rios"
Rio Sul - ver "hidrónimos ou nomes de rios"

São Pedro do Sul - antiga Vila do Banho, deve o seu actual nome ao Rio Sul, afluente do Vouga


quarta-feira, 5 de março de 2008

Baltar, Balteiro, Balter

já referi Baltar a propósito dos topónimos de origem germânica terminados em -ar.
Baltar é um topónimo frequente na Galiza e no Norte de Portugal. representa o genitivo do nome germânico latinizado "Baltariu", um nome com fortes ressonâncias guerreiras, como quase todos os nomes germânicos que povoam a toponímia galego-portuguesa. e o genitivo, Baltari , significa "[propriedade, ou património,] de Baltariu". tem a variante Balter (Pt. e Gz.).
de Baltariu (nominativo ? acusativo?), derivam ainda os topónimos Balteiro, também frequentes no Norte de Portugal e na Galiza.

domingo, 17 de fevereiro de 2008

outeirinho, outeiro

do lat. altariu, "outeiro" significa "pequeno monte", "colina", "lomba ou cabeço em terreno, no mais, plano". há um sem-número de outeiros por toda a Galiza e norte de Portugal, que contrastam o bastante na paisagem que os envolve para merecerem ter dado o nome a tantas aldeias e lugares. o topónimo, simples ou em composto, também aparece no Brasil, sobretudo no norte.
este topónimo emparelha com outros (quase-) sinónimos no grupo dos orónimos de baixa altitude, como "Cabeça", "Cabeço", "Cerro", "Espinho", "Lomba", "Monte", "Morro", que formam curiosos pleonasmos entre si.




Aldeia do Outeiro
Caminho Oiteiro

Cêrro do Outeiro - um curioso pleonasmo, como "Morro do Outeiro" e "Outeiro da Cabeça"

Chão do Outeiro
Eiteiro - variante dialectal de "Outeiro" e "Oiteiro"
Ilha do Outeiro (Pt. e Br.)
Iteiro - variante dialectal de "Outeiro", "Oiteiro" e "Eiteiro"
Iteiro da Senhora
Largo do Outeirinho
Malhada do Iteiro

Morro do Outeiro (Br.) - um curioso pleonasmo. cf. "Outeiro da Cabeça"

Oiteiro (Pt. e Br.) - variante dialectal de "Outeiro"
Oiteiro Alto (Br.)
O Outeiro de Lea (Gz.)
Outarelo (Pt. e Gz.) - ver "Outeirelo"
Outeira (Pt., Gz. e Br.)
Outeirada - sufix. abundanc.: "lugar onde há vários outeiros"

Outeiral (Pt. e Gz.) - sufix. abundanc. ou colect.: "lugar onde há vários outeiros"

Outeirão
Outeirelo - diminut. de "outeiro"
Outeirinho (Pt. e Gz.) - graf. altern.: "Outeiriño"
Outeiro (Pt. , Gz. e Br.)

Outeiró - parece que este topónimo já não existe. mas a sua simples menção indica que é do género feminino e que pressupõe a existência de "Outeira", de que é um diminut. medieval

Outeiro Alegre (Br.)
Outeiro Alto
Outeiro Cimeiro

Outeiro da Cabeça - tal como "Morro do Outeiro", "Outeiro da Cabeça" é um curioso pleonasmo

Outeiro da Cortiçada
Outeiro da Cruz (Br.)
Outeiro da Fonte
Outeiro da Forca
Outeiro da Glória (Br.)
Outeiro da Lomba - outro curioso pleonasmo
Outeiro das Brisas (Br.)
Outeiro das Pedras (Br.)
Outeiro da Vela
Outeiro da Vila
Outeiro da Vinha

Outeiro de Abaixo (Gz.) - o mesmo que "Outeiro de Baixo" e "Outeiro Jusão"

Outeiro de Arriba (Gz.)
Outeiro de Baixo - ver "Outeiro Jusão" e "Outeiro de Abaixo"
Outeiro de Espinho - um curioso pleonasmo, ou mera coincidência?
Outeiro de Ferro
Outeiro de Gatos
Outeiro de Gregos
Outeiro de Polima
Outeiro de Rei (Gz.)
Outeiro de São João Batista (Br.)
Outeiro de São Miguel (Br.)
Outeiro do Barro
Outeiro do Forno
Outeiro do Padre Nicolino (Br.)
Outeiro dos Poços
Outeiro Grande (Gz.)
Outeiro Jusão - significa "Outeiro de Baixo"
Outeirol
Outeiro Maior - o mesmo que "Outeiro Grande"

Outeiro Meão - um outeiro que está a meia altura em relação a outros

Outeiro Redondo (Pt. e Br.)
Outeiro Seco
Praia do Oiteiro (Br.)
Rua do Alto Iteiro
Rua do Eiteiro
Rua do Outeirinho
Rua do Outeiro
São Bartolomeu do Outeiro
São Miguel do Outeiro
Serra de Outeiro Maior (Gz.)
Travessa do Outeirinho

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

soito, souto, soutelo

voltando a um tema que deixei um tanto no ar:

"souto", do latim saltu, significa "terreno povoado de castanheiros", "bosque de castanheiros". em casos raros, pode significar um bosque de outras árvores, se a palavra "souto" for seguida do determinativo: "Souto de Carvalhos", "Souto das Oliveiras".
em alguns topónimos a palavra "Souto" parece estar seguida do genitivo do nome de um possuidor, como é o caso de “Soutariz”, "Soutipedre" e "Soutomel", entre outros.
a variante dialectal "Soito", e derivados, aparece na Região portuguesa da Beira-Serra.

"souto" é um termo abundantíssimo na toponímia galego-portuguesa, sendo hoje o que resta da enorme importância que tiveram outrora os castanheiros e as castanhas nos usos e costumes das populações peninsulares.
vestígios ainda vivos do papel que as castanhas desempenharam na gastronomia e e nos rituais da religiosidade pré-cristã são a sopa de castanhas, o lombo de porco assado com castanhas, e o magusto de São Martinho acompanhado do vinho novo.





A Soutela (Gz.)
Cabeço do Soito
Caminho de Soutelinho (Gz.) - graf. altern.: "Camiño de Souteliño"
Casa do Soito
Cavorco de Soutelo (Gz.)
Corgo de Soutelo (Gz.)
Moinhos de Soutelinho (Gz.) - graf. altern.: "Muiños de Souteliño"
O Soutinho (Gz.) - graf. altern.: "O Soutiño"
Prados do Soutelo (Gz.)
Regada do Soito
Regato de Soutelo (Gz.)
Rio de Soutelinho (Gz.) - graf. altern.: "Río de Souteliño"
São João do Souto
Seara do Soutelo (Gz.)
Soitelo
Soitinho
Soito
Soutadoiro (Gz.)
Soutariz (Gz.) - de "Souto Alarici": "souto de Alarico"?
Soutelinho (Gz.) - dimin. de "Soutelo". graf. altern.: "Souteliño"
Soutelo (Pt. e Gz.)
Soutelo da Pena (Gz.)
Soutelos
Soutelo Verde (Gz.)
Soutipedre (Gz.) - de "Souto Petri": "souto de Pedro"?
Souto Bom
Soutochao (Gz.)

Soutocico - é um diminut. asture-leonês. o curioso é que além do Soutocico na região de Miranda do Douro existe um outro na região de Leiria

Souto da Carpalhosa
Souto da Casa
Souto da Ponte
Souto das Cales
Souto das Eiras
Souto das Oliveiras
Souto da Velha
Souto de Lafões
Souto de Limia (Gz.)
Souto do Brejo
Souto do Coval
Souto do Meio
Souto do Rego
Souto do Rio
Soutomaior (Gz.) - significa "souto grande"
Souto Maior - ver Soutomaior
Soutomel (Gz.)
Soutopenedo (Gz.)
Souto Redondo
Souto Velho
Soutulho (Gz.) - graf. altern. "Soutullo"
Vila Nova de Souto d'El Rei
Vilarinho do Souto
Vil de Soito

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

fiolhal, funchal, funchalinho, funcheira, funchosa

"funcho" (Pt. e Br.), "fiuncho" (Pt. e Gz.), "fioncho" (Gz.), "fiolho" (Pt. e Gz.), "fionlho" (Gz.), e "fruncho" (Pt. e Gz.) são variantes dialectais da mesma palavra original latina foeniculus, que designa uma planta perene, aromática, de caule ramoso, flores amareladas e folhas em forma de agulha. ["fruncho" é a forma convergente de duas linhagens fonéticas diferentes, podendo referir-se ao "funcho" ou significar "furúnculo"].
a foeniculus vulgare Mill é uma umbelífera fortemente aromática, de aroma semelhante ao do anis, utilizada em culinária, em perfumaria e como aromatizante em bebidas espirituosas. de origem mediterrânica, está muito difundida na Macaronésia - Madeira, Canárias e Açores. tem várias designações que, em alguns casos se sobrepõem com as de outras plantas, pelo que o melhor é evitá-las.
planta muito ligada também à superstição, à magia e à medicina, o funcho usava-se antigamente pendurado à porta de casa para afugentar espíritos e o mau olhado. diz-se que trazer um pequeno rebento de funcho no sapato esquerdo protege das carraças, coisa que os menos cépticos atribuem ao facto de as carraças odiarem o cheiro do funcho. e trazer consigo um saquinho de sementes de funcho faz sentir-se protegido das doenças.


Barragem do Funcho

Fiolhais - de "fiolho", o mesmo que "funcho". lugares onde abunda o funcho ou fiolho

Fiolhal - ver "Fiolhais". é, pois, o mesmo que "Funchal"

Fiolhás (Gz.) - graf. altern.: "Fiollás"

Fiolheda (Gz.) - graf. altern.: "Fiolleda"

Fiolhedo (Gz.) - graf. altern.: "Fiolledo"

Fiolhosa

Funchal (Pt. e Gz.) - ver Comentº de Miguel. vários "Funchal, quer em Portugal quer na Galiza. uma curiosidade interessante é o facto de a cidade de Marathónas, ou Maratona, na Grécia, significar, precisamente, "funchal"

Funchalinho

Funcheira

Funcheiro (Pt. e Gz.)

Funchosa

Horta da Funcheira

Moinhos do Funcheiro

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

bouça e touça

"bouça", palavra e topónimo muito frequente na Galiza e no Norte de Portugal, é quase certamente de origem pré-romana. significa "matagal", "lugar onde cresce vegetação bravia, como o tôjo, a giesta e a urze", "lugar que só cria mato", "porção de terreno que está a monte", "devesa".
não raramente, o topónimo "Bouça" aparece associado a lugares de interesse arqueológico.

"touça", é igualmente pré-romana e o seu significado emparelha com "bouça", diferenciando-se na altura e na concentração do mato, sendo que em "touça", o mato é mais alto e mais basto.

"touça" tem a variante "toiça" em Portugal. mas nenhuma das variantes se pode confundir com toiça ou touça: "a parte do tronco que fica agarrada ao solo depois da árvore ser abatida".


A Bouça Alta (Gz.) - graf. altern.: "A Bouza Alta"
A Bouça da Barra (Gz.) - graf. altern.: "A Bouza da Barra"
A Bouça da Galinha (Gz.) - graf. altern.: "A Bouza da Galiña"
A Bouça Grande (Gz.) - graf. altern.: "A Bouza Grande"
A Bouça Velha (Gz.) - graf. altern.: "A Bouza Vella"
As Bouças (Gz.) - graf. altern.: "As Bouzas"
As Boucinhas (Gz.) - graf. altern.: "As Bouziñas"
As Boucinhas do Rio (Gz.) - graf. altern.: "As Bouziñas do Rio"
A Touça (Gz.) - graf. altern.: "A Touza"
Bairro das Toiças (Pt.)
Bouça Fria (Gz.) - graf. altern.: "Bouza Fría"
Boiça (Pt.)
Boiça de Baixo (Pt.)
Boiça de Cima (Pt.)
Boicinha (Pt.) - diminut. de "boiça"

Bouça (Pt. e Gz.) - graf. altern.: "Bouza". no concelho de Mirandela (Pt.), esta

Bouça da Cabra (Gz.) - graf. altern.: "Bouza da Cabra"
Bouça da Cova da Moura (Pt.)
Bouça da Cruz (Pt.)
Bouça da Fonte (Gz.) - graf. altern.: "Bouza da Fonte"
Bouça da Giesta (Pt.)
Bouça da Mó (Pt.)
Bouça da Pega (Pt.)
Bouça da Pena (Gz.) - graf. altern.: "Bouza da Pena"
Bouça da Pousada (Pt.)
Bouça das Almas (Pt.)
Bouça das Valas (Pt.)
Bouça da Telheira (Pt.)
Bouça de Cá (Pt.)
Bouça de Cima (Pt.)
Bouça de Rodas (Pt.)
Bouça do Couto (Pt.)
Bouça do Frade (Pt.)
Bouça do Gaiteiro (Gz.) - graf. altern.: "Bouza do Gaiteiro"
Bouça do Menino (Pt.)
Bouça do Monte (Pt.)
Bouça do Monte de Castro (Pt.)
Bouça do Ouro (Pt.)
Bouça dos Mortos (Pt.)
Bouça do Senhor (Pt.)
Bouça do Viso (Gz.) - graf. altern.: "Bouza do Viso"
Boucela (Pt.) - diminut. de "bouça"
Boucelha (Pt.) - diminut. de "bouça"
Bouça Fria (Gz.) - graf. altern.: "Bouza Fría"
Bouça Grande (Pt.)
Bouça-Mé (Pt.)
Bouça Nova (Pt.)

Bouça Rara (Gz.) - graf. altern. "Bouzarrara". é uma "bouça pouco espessa", "pouco cerrada"

Bouça Redonda (Pt. e Gz.) - graf altern.: "Bouza Redonda" e "Bouzarredonda"

Bouças de Abaixo (Gz.) - graf. altern.: "Bouzas de Abaixo"
Bouças Vedras (Gz.) - graf. altern.: "Bouzas Vedras"
Bouça Velha (Pt. e Gz.) - graf. altern.: "Bouza Vella" e "Bouzavella"
Bouças Velhas (Gz.) - graf. altern.: "Bouzas Vellas"
Bouçoa (Gz.) - graf. altern.: "Bouzoa". diminut. de "bouça"
Bouçó (Pt. e Gz.) - graf. altern.: Bouzó". diminut. de "bouça"

Bouçós (Pt. e Gz.) - graf. altern.: "Bouzós". diminut. plural de "bouça". o mesmo que "boucinhas"

Cã das Bouças (Pt.)
Campo das Bouças (Gz.) - graf. altern: "Campo das Bouzas"

Casa de Touça Boa (Pt.) - em Ribeira de Pena. Affonso Augusto Moreira dos Santos Penna, sexto presidente do Brasil, era filho de Domingos José Teixeira Penna, oriundo desta Casa

Casal da Toiça (Pt.)
Fonte da Bouça (Pt. e Gz.) - graf. altern.: "Fonte da Bouza"
Fonte da Touça (Pt.)
Lagoa da Toiça (Pt.)
Lama das Bouças (Gz.) - graf. altern.: "Lama das Bouzas"
Paço da Touça (Gz.) - graf. altern.: "Pazo da Touza"
Poça das Bouças (Gz.) - graf. altern: "Poza das Bouzas"
Quinta da Toiça (Pt.)

Rabo de Bouça (Gz.)
Regato da Bouça de Cristo (Gz.) - graf. altern.: "Regato da Bouza de Cristo"

Regato das Bouças (Gz.) - graf. altern.: "Regato das Bouzas"

Regato da Portela da Bouça (Gz.) - graf. altern.: "regato da Portela da Bouza"

Regueiro das Bouças (Gz.) - graf. altern.: "Regueiro das Bouzas"
Rio de Bouças (Gz.) - graf. altern.: "Rio de Bouzas"

Santo Amaro da Bouça (Pt.) - coexiste a alternativa "Santo Amaro da Boiça"

Tapada de Bouças (Gz.) - graf. altern.: "Tapada de Bouzas"
Touça (Pt. e Gz.) - graf. altern.: "Touza". em Portugal ver aqui
Touça da Velha (Gz.) - graf. altern.: "Touza da Vella"
Touça de Valbom (Gz.) - graf. altern.. "Touza de Valbón"
Touça do Carbalho (Gz.) - graf. altern.: "Touza do Carballo"
Touça do Castro (Gz.) - graf. altern.: "Touza do Castro"
Touça do Lobo (Gz.) - graf. altern.: "Touza do Lobo"
Touça Galinha (Mir.)
Touça Longa (Gz.) - graf. altern.: "Touza Longa"
Touça Nova (Gz.) - graf. altern.. "Touza Nova"
Touça Redonda (Gz.) - graf. altern.: "Touza Redonda"
Touças (Gz.) - graf. altern.: "Touzas"
Touça Velha (Gz.) - graf. altern.: "Touza Vella"
Tousa ou Touza (Tun.) - ???

domingo, 3 de fevereiro de 2008

cidade da Horta

embora situada na "ilha azul", assim chamada pela quantidade de hortênsias que bordejam as estradas e caminhos do Faial, a cidade da Horta não deverá o seu nome às hortênsias nem à fertilidade hortícola dos seus terrenos. por uma daquelas coincidências em que a Toponímia é fértil, o seu nome, ao que parece de origem antroponímica, acabou por lhe assentar que nem uma luva, ao ponto de o aportuguesamento do nome estrangeiro ter adquirido feição de substantivo. é a "Cidade da Horta" ou " a Horta".
o povoamento da ilha do Faial, onde a cidade se situa, iniciou-se em 1466 quando o flamengo Joss van Hürter, ou van Hurtere, nomeado donatário da ilha pelo Infante D. Fernando, ali chegou acompanhado de cerca de mil homens, à procura de minas de prata e estanho. tendo-se mostrado infrutífera a pesquisa do minério, os colonos passaram ao cultivo das terras férteis da ilha, produzindo trigo, pastel e um pigmento extraído de líquenes.
e do flamengo Joss van Hurtere adviria o nome "Cidade da Horta".
a vinda desses povoadores flamengos está também expressa na Toponímia faialense através da freguesia de Flamengos, no concelho da Horta.
de van Hürter descendem os "de Utra", mais tarde "Dutra", um sobrenome tipicamente açoriano.
o facto de o nome "Horta" assentar tão bem às características da cidade e da ilha tem feito com que permaneça alguma controvérsia sobre a origem do nome da cidade. há quem defenda que a origem do nome é "horta" e não "hürter" ou "hurtere". seja como for, "horta" e "hurtere" fazem uma coincidência feliz.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

álamos, choupos, faias e amieiros

do género Populus, o choupo, pópulo ou álamo, lamagueiro ou lamigueiro, pertence à família das Salicaceae, como o salgueiro. mas é uma árvore monóica, isto é, a mesma árvore tem flores masculinas e femininas.
na Antiguidade, o choupo era a porta de entrada no Reino dos Mortos. árvore consagrada a Héracles, ou Hércules, que simboliza a vitória do Homem sobre as suas fraquezas. sempre que Héracles descia aos Infernos, levava uma coroa de raminhos de choupo. árvore ligada ao mundo dos Infernos ou dos mortos, está associada ao sacrifício, à dor, às lágrimas, às recordações e ao passado.
Napoleão introduziu o choupo negro em França, no ano de 1745, e mandou plantá-lo ao longo das estradas francesas, a fim de evitar que as suas tropas marchassem sob a torreira do sol, no verão, e pudessem orientar-se melhor nos nevões do inverno.

destacam-se as espécies:

populus alba - choupo branco, alvar, faia branca ou amieiro
populus nigra - choupo negro ou olmo negro
populus canescens - choupo cinzento ou álamo cinzento

populus tremula
- choupo tremedor ou faia preta


os termos "amieiro" e "faia" aqui utilizados prestam-se a confusão com o verdadeiro amieiro (alnus glutinosa) e a verdadeira faia (género fagus). para ajudar à dificuldade, tamém o olmo ou ulmeiro (ulmus glabra) pode ter o nome de "lamagueiro" ou "lamigueiro", tal como o choupo. como já vimos, é frequente a sobreposição de designações das espécies arbóreas, sobretudo na fala popular. mas esta é que decide o destino dos topónimos.


Alameda - frequente na toponímia urbana. indica um corredor de árvores, nem sempre de álamos

Álamo
Álamos
Álamos Bravos
Alvares
Ameal (Pt. e Gz.)
Amiais
Amial (Pt. e Gz.)
Amial de Baixo
Amiar - ?
Amieira
Amieirinho
Amieiro
Amieirões
Amiosa
Amioso
Amioso Cimeiro
Amioso do Senhor
Amioso Fundeiro
Campo dos Amieiros (Gz.) - ver Comentºs
Choupal
Choupalinho
Choupos

Convento do Pópulo - em Braga, o seu nome deriva do hagiónimo Santa Maria del Popolo, na Piazza del Popolo (aparentemente: "Praça do Povo"), em Roma.
à primeira vista, pois, sem qualquer relação com "choupo".
o curioso é que, segundo a lenda, a Igreja romana de Santa Maria del Popolo teria sido construída onde antes havia uma nogueira habitada pelo fantasma do Imperador Nero, que tinha morrido naquele lugar. o Papa Pascoal II mandou derrubar a árvore, queimá-la e jogar as cinzas no Rio Tibre. e no local mandou erigir uma capela, que o Papa Gregório IX fez depois substituir pela actual igreja de Santa Maria del Popolo. demasiado trabalho, sem dúvida, para tão mau sítio.
esta lenda, com passos incompreensíveis à interpretação literal, parece esconder a substituição de um poderoso culto da árvore (choupo?) por uma árvore de mau agoiro (nogueira) e, posteriormente, por um culto cristianizado. o trocadilho "choupo"-"povo" (popolo) ajudaria a esconder o culto primitivo.
de qualquer modo, existe uma versão mais "piedosa" da fundação da igreja de Santa Maria del Popolo, segundo a qual a população de Roma (il popolo) a teria construído às sua próprias custas, em acção de graças pela intervenção da Virgem del Popolo na tomada do Santo Sepulcro, na Terra Santa.
esta versão, porém, tem os seus quês: ao chamar a atenção para o Mediterrâneo Oriental (a Terra Santa), lembra-nos que a nogueira tinha sido trazida do Mediterrâneo Oriental para a Europa pelos exércitos dos imperadores romanos. isto é, uma árvore que, de certo modo, veio usurpar o lugar de outras.
da relação nogueira-choupo fala o refrão galego: "cravos da nogueira dán cagaleira; os de choupo, boa xeira".


Faial
Fonte do Choupo
Foz do Amieirinho
Foz do Amieiro
Lamigueiro Novo (Gz.) - ver "Lodeiro"

Lodeiro (Pt. e Gz.) - creio que os topónimos com este nome, tal como acontece com "Lamagueiro" e "Lamigueiro", se referem à árvore e não ao lodo ou à lama. certo é que os choupos têm os nomes de "lamagueiro" e "lodeiro" por gostarem de terrenos úmidos.

Lodeiro de Baixo
Lodeiro de Cima
Lodões

Nossa Senhora do Pópulo - nas Caldas da Rainha. ver "Convento do Pópulo"

O Lodeiro (Gz.)
Paplemont (CH, Fr.)

Pible, Puble, Publet, Publey, Publiet,. Publo, Publoz, Publy (Fr.) - todos estes topónimos franceses se referem ao populus ou choupo

Poplar (Ing., EUA)
Poplar Bluff (EUA)
Pópulo
Praia do Pópulo (Aç.)
Ribeiro do Ameal (Gz.)
Rua do Lamigueiro (Gz.)
Trémoulède (Fr.) - de populus tremula, ou choupo tremedor
Vale de Choupos
Villers le Peuplier (Be.)
Volta dos Choupos

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

salgueiros, salzes, sazes, seices e vimieiros


"salgueiro" é o nome comum de centenas de espécies do género salix. tal como os teixos, estas árvores são dióicas e já existiam na Era Terciária. por dióicas entende-se que a sua morfologia e características se diferenciam em função do sexo. a palavra salix parece ser de origem céltica, indiciando a ideia de "junto d' água".
há diversas variedades e nomes de "salgueiros" e a hibridação espontânea ou induzida é bastante frequente entre as espécies. por isso, será melhor reunir o conjunto e tentar estabelecer as diferenças de significado caso a caso, se as houver. um dos nomes alternantes é "sazes" ("sazeiros"), outro é "vimeiro" ou "vimieiro" e outro, ainda, é "seiceira" (de "seiça" ou "seice", isto é, salix ou "salgueiro").
o vime, das varas moles e flexíveis do vimieiro, é um material tão antigo quanto nos é possível recuar no tempo e tem servido para fins artesanais, como cestaria variada e mobiliário.
há milhares de anos que o ser humano se deu conta das propriedades tóxicas e terapêuticas do salgueiro, ou salix. no Egipto, na Mesopotâmia e na Grécia Antiga eram conhecidas e anotadas a escrito as propriedades analgésicas, antipiréticas e anti-inflamatórias do extracto ácido da folha da salix alba. outro tanto acontecia já na América pré-colombiana.
sabemos isso por relatos escritos ou, no caso dos ameríndios, por convivência directa. mas escrita não é o mesmo que datação, pelo que se pode presumir tratar-se, muitas vezes, de uma recolha e sistematização de um saber muito mais antigo, transmitido de geração em geração.
em 1899, a fábrica química alemã Bayer isolou e industrializou o princípio activo do extracto ácido da folha de salix, com a designação química de ácido acetilsalicílico e o nome comercial Aspirina, medicamento que tem resistido ao desgaste do tempo e da concorrência farmacêutica, dada a versatilidade das suas indicações terapêuticas e ao tipo de patologias hoje dominantes.
é uma das árvores-símbolo, não só pelos seus efeitos maléfico-terapêuticos mas também pela facilidade com que pega de estaca, quer na posição normal quer invertida.


Arneiro de Sazes
Asseiceira - ver Comentº de Gundibaldo
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Assinceira - ver Comentº de Gundibaldo
Bairro da Salgueira (Gz.) - em Vigo
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Casal do Salgueiral
Casal do Salgueiro
Herdade da Sarrazola
Herdade do Borrazeiro
Illa dels Salzes (Cat.)
Les Salces (Fr.)
Monte da Salgueira (Gz.)
Monte Salgado (Gz.) - ver Comentº de Miguel
O Salgueiral (Gz.)
O Salgueiro (Gz.)
Ponta Salgueira (Gz.)
Praia da Salgueira
Praia do Salgado

Quinta da Aborraceira - está por "Quinta da Borraceira" ou "Q. da Borrazeira"

Quinta da Sarrazola
Quinta do Ribeiro do Salgueiro
Quinta do Salgueiro

Regato da Salgueirinha (Gz.) - graf. altern. (Gz.): "Regato da Salgueiriña"

Ribeira de Sarrazola
Ribeira do Salgueiral
Ribeira do Salgueiro
Rua do Salgueiral
Rua dos Sazes
Saiçal - ver Comentº de Gundibaldo
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Salces - topónimo da Cantábria (Es.)
Salgado (Gz.) - ver Comentº de Miguel
Salgados (Gz.) - ver Comentº de Miguel
Salgosa - ver Comentº de Gundibaldo
Salgueira
Salgueira de Baixo
Salgueira de Cima
Salgueira do Meio
Salgueirais - ver Comentº de Gundibaldo
Salgueiral (Pt. e Gz.)
Salgueiral de Baixo
Salgueiral de Cima
Salgueiras - ver Comentº de Gundibaldo
Salgueiredo (Gz.)
Salgueirinha (Pt. e Gz.) - graf. altern. (Gz.): "Salgueiriña"
Salgueirinhas
Salgueirinho (Pt. e Gz.) - graf. altern. (Gz.): "Salgueiriño"
Salgueiro do Campo
Salgueirinhos (Pt. e Gz.) - graf. altern. (Gz.): "Salgueiriños"
Salgueiro (Pt., Gz. e Br.)
Salgueiro da Lomba
Salgueiro da Ribeira
Salgueiro do Campo
Salgueiros (Pt. e Gz.)
Salzeda
Salzedas
Sarrazola - ? - Gundibaldo e eu conhecemos ambos este site
Sarzeda
Sarzedas
Sarzedela - diminut. de "Sarzeda"
Sarzedelo - diminut. de "Sarzedo"
Sarzedinha - ver Comentº de Gundibaldo
Sarzedinho
Sarzedo
Sazeda

Sazes - "sazes" é o mesmo que "sazeiros" (pronúnc. "sàzeiros"), árvores da espécie salix salifolia, ou borrazeira-branca. ver "Borrazeiro" e "Borrazeiros"

Sazes da Beira
Sazes de Lorvão
Seiça - ver Comentº de Gundibaldo

Seiçal - ver Comentº de Gundibaldo. a propósito: "Seixal" - de "seixo" ou de "seiça"? pelo menos no caso de Porto Moniz (Md.), "Seixal" está por "Seiçal"- ver aqui

Seição - ver Comentº de Gundibaldo
Seiceiro - ver Comentº de Gundibaldo
Seixal - ver "Seiçal"
Serrazola - ver "Sarrazola"
Vale Salgueiro
Vime - ver Comentº de Gundibaldo
Vimeiro
Vimeiró - diminut. de "Vimeira". ver Comentº de Gundibaldo
Vimes - ver Comentº de Gundibaldo
Vimial
Vimianço (Gz.) - graf. altern. "Vimianzo"
Vimieira
Vimieiro (Pt. e Gz.)
Vimiers (Fr.)
Vimioso
Volta do Salgueiral - em Coimbra