sábado, 10 de abril de 2010

marinha

em países à beira mar é normal que os homens se aglomerassem em torno de lugares ricos em sal, as "marinhas" ou salinas. essas populações dedicavam-se originariamente à extração desse produto, tão essencial à vida humana que foi um dos primeiros determinantes da necessidade de comerciar. o seu valor chegou a ser utilizado como forma de pagamento de serviços, originando o termo e o conceito de "salário", ou seja, a quantidade de sal recebida mensalmente pela prestação de um serviço, habitualmente de natureza militar. a localização atual das "Marinhas", devido à modificação da linha de costa com o decorrer dos séculos, indica que no tempo em que lhe foi dado o nome chegava lá a água do mar, muitas vezes através de esteiros ou rias suficientemente amplos para permitirem a evaporação da água do mar e o depósito do sal.

Marinha (Gz.)
Marinha das Ondas
Marinha Grande
Marinhais
Marinhal
Marinha Pequena
Marinhas (Pt. e Gz.)

mas há Marinhas, Marinhelas, Marinhos e Marinhões que pela sua localização requerem outra origem etimológica.

segunda-feira, 29 de março de 2010

admeus e adpropeixe

desafia-me Rui C. Barbosa para esclarecer a origem dos topónimos Admeus e Adpropeixe, em Vilar da Veiga, Terras de Bouro, região da serra do Gerês. conheço bem a região, mas não encontro caminho andado que me permita chegar seguramente ao significado dos referidos topónimos. posso tentar uma proposta de "decifração". admitamos que Admeus e Adpropeixe estão pela forma "A de Meus" e "A de Propeixe", formas vulgares na toponímia para designar "a [aldeia] de...". nesse caso, resta-nos "decifrar "Meus" e "Propeixe". quanto a "Propeixe", parece admissível a evolução a partir de um antropónimo "Propitius" (Propício) na forma genitiva "propitii". referir-se-ia, assim, a uma aldeia, herdade ou território que teria pertencido a alguém com esse nome, "Propício". teríamos de admitir, no entanto, um duplo genitivo, já que Propitii já quer dizer "[propriedade] de Propitius". mas isso é relativamente comum. significaria, simplesmente que a forma "Propeixe" estava já estabilizada quando lhe foi acrescentado o indicativo "a de".
quanto a "Meus", a interpretação é mais difícil, podendo apenas admitir-se uma relação com a apicultura e a extração de "mel".
que a significação destes lugares se relacione com propriedades rústico-agrícolas em tempos remotos não me parece nada de extraordinário, tanto mais que no século XIII era já essa a vocação atestada daquele território.
mas, seja como for, não passa de uma proposta de decifração. a seu tempo voltarei ao assunto.

sábado, 16 de janeiro de 2010

calheta

tal como "angra", "calheta" é um topónimo que os portugueses espalharam pelas costas oceânicas e que também é praticamente inexistente em Portugal Continental. apenas conheço uma "rua da Calheta", na freguesia da Luz, Praia da Luz, concelho de Lagos, Algarve. o topónimo encontra-se sobretudo nos Açores, na Madeira e em Cabo Verde. tem, pois, que admitir-se que faria parte do léxico próprio dos marinheiros dos séculos xiv a xvi, o que nos remete para contributos exteriores, nomeadamente da náutica catalã.
"calheta" é uma pequena angra, portinho ou praia que permite a arribação de barcos em costas de mar bravo ou de recifes. do catalão "cala". de notar que existe o topónimo "Cala" na ilha do Pico, Açores. e "cala" é uma enseada estreita entre margens alcantiladas e rochosas que tem condições para servir de abrigo às embarcações.
o elemento "cala" é de origem celta ou pré céltica e está muito difundido nas costas europeias atlânticas e mediterrânicas, como em "Calábria", "Calais", "Cale" (Portucale) e nas incontáveis "Cala" das costas de fala catalã.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

âncora, ancoradouro

"âncora" parece, aqui, uma forma arcaica de "angra". entra em topónimos junto ao mar, em lugares que são ou já foram propícios à aportagem de embarcações; o mesmo que "abrigo", "refúgio". Vila Praia de Âncora, na região de Entre Douro e Minho, é uma povoação de pescadores. os derivados são naturais, como "ancoradoiro" / "ancoradouro".

Âncora (*)
Ancoradoiro
Ancoradouro
Porto do Ancoradoiro (Gz.)
Praia do Ancoradoiro (Gz.)
Riba d' Âncora
Vila Praia d' Âncora (*)

por uma daquelas coincidências vulgares na toponímia, em Vila Praia de Âncora desagua o rio Âncora, que nasce 19 km antes na serra d'Arga. a etimologia do hidrónimo contém a raiz "ank-"/"ant-", frequente em hidrónimos como Ançã, Anços, Antuã...

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

angra

o topónimo Angra, que os portugueses espalharam pelas costas oceânicas, é praticamente inexistente em Portugal Continental. apenas conheço duas "Angrinhas", no Algarve. as "Angras" são frequentes nos Açores e no Brasil. há um rio Angra, na costa africana ocidental, o que prova que o seu nome foi dado "de fora para dentro", isto é, de quem chegou a terra ido do mar. aliás, todos os topónimos "Angra" foram criados por quem entra em terra ido do mar.
"angra", que parece provir do lat. ancora, é uma reentrância do mar entre duas pontas de terra, mais adentrada que porto e menos que baía; o mesmo que "calheta", "pequena enseada"; ancoradouro".
em latim, ancora/ae, tanto significa "âncora" como "refúgio", "amparo".
o facto de este topónimo praticamente não existir em Portugal Continental faz pensar que terá entrado para a Língua através de um léxico marinheiro importado. é sabido que muitos dos marinheiros das descobertas portuguesas eram de outras proveniências, como a Galiza, o País Basco, a Catalunha, Veneza, Florença e Génova.

angra dos reis

uma das mais antigas cidades do Brasil, Angra dos Reis, e seu atual município, foi descoberta por Gonçalo Coelho, em 06 de janeiro de 1502, dia de Reis, dois anos após o "achamento" do Brasil. no entanto, a região já era habitada pela tribo Goionás. em 1556 chegaram os primeiros colonizadores europeus, que se fixaram junto a uma enseada, de onde surgiria a povoação que se viria a tornar vila em 1608, com o nome de "Vila dos Reis Magos da Ilha Grande". em 1853, Angra dos Reis foi elevada a cidade.
ao largo de Angra há 365 ilhas, das quais se destacam, pelo interesse que despertam nos turistas, a ilha dos Porcos, as ilhas Botinas, a ilha de Itanhangá e a ilha Grande.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

irivo

Irivo é um dos muitos topónimos da região do vale do Sousa cuja origem se perde na mais remota antiguidade. Machado (2003, v. 2) regista-o com a grafia "Erivo", embora se conheça registada a forma "Eriva". documento do séc.18 refere que "esta freguezia de São Vicente de Eriva fica na província de Entre Douro e Minho pertence ao Bispado do Porto, he da comarca de Penafiel, termo da mesma cidade[...] Passa pelo meyo desta freguezia o rio chamado Sousa cujo nascimento tem para as partes de Basto perto da Lixa, que daqui dista quatro legoas, e meya pouco mais ou menos". o topónimo tem uma sonoridade pré indo-europeia, o que na linguística hispânica pode significar uma afinidade com o euskera.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

baracha

por "baracha" entende-se cada uma das covas ou caldeiras de uma marinha de sal. também designa cada um dos taludes de terra batida ou travessões de lama que separam as divisões numa marinha de sal. por isso, estes topónimos indicam a presença atual ou remota de uma atividade salineira.

em Portugal:
Herdade da Baracha

sábado, 5 de setembro de 2009

suevos

povo originário do norte da Europa, das margens do Báltico, ou Mare Suevorum, os Suevos estabeleceram-se no Noroeste Peninsular, no séc V, fundando um reino sobre o tradicional território da Galécia, ou seja, das Astúrias até (quase) ao rio Tejo. ao todo os suevos nom ultrapassavam 30 000 almas. espalharam-se pelo reino, entre senhores e labregos, deixando memória toponímica, de uns de outros. sobre os nomes de proprietários suevos que deixaram marca toponímica já deixei registo anterior.
outro legado suevo terá sido a posterior divisão da Galécia em duas partes, separadas polo baixo Minho, pois por aí se dividiram as duas tribos: os Quados e os Marcomanos.
cabe agora falar das aldeias cujo povoamento se deve a colonos suevos. há vários povoados na Galiza com esse topónimo: "Suevos". e tamém "Sueve", à letra: "do suevo", sem outra designação.

domingo, 7 de junho de 2009

arrabalde (Pt. e Gz. e Br.)

"arrabalde" era a parte da cidade árabe que ficava extra-muros, ou seja, "de fora" (como "S. Vicente de Fora, Lisboa).
tal como as "medinas" ou "almedinas", que constituíam a parte intra-muros da cidade, a sua localização está hoje meio escondida, neste caso sob o nome de uma rua, de uma fonte, de uma casa, de uma quinta ou de uma ponte. curiosamente, a sua difusão geográfica é superior à das "medinas", estendendo-se a norte até Chaves e Vinhais (em Portugal), à província de Ourense (na Galiza), e até Zamora e Oviedo. porém, nem todos os "arrabaldes" são de origem árabe. há casos em que "arrabalde" pode ser o genitivo de Ravaldu, indicando uma propriedade ou villa Ravaldi. a sua localização ajuda a diferenciá-los, bem como a ausência do artigo definido "o", dizendo-se "arrabalde" em lugar de "o arrabalde".
na toponímia brasileira, "arrabalde" ficou com a sentido moderno de "arredores", "cercanias", "redondezas".

alguns Arrabaldes:

Arrabal (Águeda) - forma apocopada de "arrabalde"
Arrabal (Leiria)
Arrabal (Porto de Mós)
Arrabal (Seia)
Arrabalde (Barcelos)
Arrabalde (Cela Nova)
Arrabalde (Marco de Canaveses)
Arrabalde da Ponte (Leiria)
Arrabalde d'Aquém (Leiria)
Arrabalde de Baixo (Vila Real)

Arrabalde de São João (Br.) - topónimo de Porto Alegre, hoje extinto, deu origem ao atual Bairro de São João

Arrabaldes (Lamego)
Arrabaldo (Ourense)

Beco do Arrabalde de S. João de Fora (Ponte de lima) – curiosa redundância

Casa de Arrabalde (Ponte de Lima)
Largo do Arrabalde (Chaves)

Novo Arrabalde (Br.) - topónimo hoje extinto, substituído por Bairro da Praia do Canto, em Vitória, ES

Quinta de Arrabalde (Marco de Canaveses)
Rua do Arrabalde (Oliveira do Hospital)
Rua do Arrabalde (Palmela)
Rua do Arrabalde (Tabuaço)
Rua da Muralha do Arrabalde (Alfaiates)


almedina (Pt.)

ainda no ciclo dos topónimos da região moçárabe, aparece "Almedina", que significa "a cidade". refere-se à cidade dentro das muralhas, sendo "arrabalde" a parte da cidade que fica de fora da cerca.


após séculos de evolução histórica, já não há muitos lugares com este nome. mas a cidadela árabe ou moçárabe está lá escondida sob o nome de uma rua, de uma fonte, de um arco, etc.

a freguesia urbana de Almedina, em Coimbra, engloba terrenos que faziam parte do arrabalde árabe.



imagem: junta de freguesia de Almedina

sábado, 6 de junho de 2009

almagreira (Pt.)

de Almagro, cidade espanhola da província de Ciudad Real, comunidade autónoma de Castilla-La Mancha. diz-se que "Almagreira", freguesia do concelho de Pombal, foi fundada por agricultores-livres "almagreiros", ou seja, colonos oriundos do termo de Almagro, que vieram sem sujeição a nenhum feudo ou senhorio.

por sua vez, "Almagro", do Árabe al-magr, significa "ocre", um tipo de argila de cor avermelhada, utilizada na indústria, em pinturas rústicas, em pinturas rupestres, nos adornos corporais rituais ditos "primitivos" e na arte sagrada em geral desde a mais remota antiguidade.
nem só do Árabe surgiram topónimos referentes à abundância desta argila. em França e na Itália há, respetivamente, Saint-Martin-sur-Ocre (na Borgonha) e San Martino d'Ocre (nos Abruzos). a ligação a S. Martinho não é casual. refere-se à presença de cultos e crenças seculares, quase sempre megalíticos, cristianizados por Martinho de Tours ou seus seguidores.
"almagreira", "almagreiro" e "almagro" tamém podem estar presentes na Toponímia não para apontar uma colonização por almagrenhos, mas para exprimir a abundância de ocre. e aí surgem sobretudo como orónimos e hidrónimos.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

bendafé (Pt.)

a mais pequena freguesia do concelho de Condeixa, está em risco de extinção.
topónimo de origem árabe, a sua pronúncia tem dado azo às grafias mais delirantes.
costuma ser escrito "Bem da Fé", sem qualquer sustento etimológico.
é, quase seguramente, um antropónimo do proprietário que lhe deu o nome, um tal Ambi ben Dafer, a crer na grafia do século XII.
bem entendido, essa grafia reproduz distorções dialetais do nome em árabe escorreito.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

tunes (Pt.)


freguesia do concelho de Silves, Algarve, o seu nome resulta da transposição do topónimo Tunis do norte de África, na atual Tunísia, de onde vieram os seus povoadores.

arzila (Pt.), arzila (Mar.)

freguesia moçárabe do concelho de Coimbra, deve o nome à cidade marroquina de Arzila ou Asilah, de cujo termo terão vindo os seus povoadores. as primeiras notícias escritas datam do séc. XII, mas isso apenas significa que não houve nenhum facto antes que justificasse a menção de Arzila em testamentos ou contratos de notário.

por não ter senhor donatário, por exemplo.

no séc. XII passou a tê-lo, nas pessoas do conde de Óbidos e seus descendentes.
a sua principal notoriedade passa pela Reserva Natural do Paul, protegida pelo dec. lei nº 219/88, de 27 de junho.

a Arzila marroquina tem tido uma História entrecruzada com a banda de cá do mar. diz-se que no tempo dos romanos a sua população original foi expulsa, tendo sido substituída por povoadores ibéricos. e posteriormente foi alvo da conquista portuguesa no tempo de D. Afonso V.

Malga (Pt., Gz. e E.)

dos microtopónimos não costuma rezar a História. porém, um topónimo não é micro ou macro em função do seu merecimento linguístico, mas por meros circunstancialismos mutáveis com o tempo e a fortuna.


encontrámos esta "malga" sob a forma de uma aldeia ou lugar da freguesia de Sernache, concelho de Coimbra. Malga essa que, tal como Almalaguês, nos testemunha a imigração de naturais do termo de Málaga para esta região moçárabe.
e temos, mais longe daqui, em Évora, o Bairro da Malagueira.
também há várias "Malga" em Espanha e, designadamente, na Galiza.

terça-feira, 2 de junho de 2009

alcarraques (Pt.)

ainda no roteiro moçárabe, aparece-nos Alcarraques, aldeia da freguesia de Trouxemil, concelho de Coimbra. o antropónimo refere-se à família dos "Alcarracs", alcunha que significa "os fabricantes de alpergatas" ou "alpergateiros". destes, conhecemos:
em 1094: João Pires, tamém conhecido por Galib Alcarrac, e seu irmão homónimo João Pires, conhecido por Soleima ou Salomão Alcarrac. em 1127: Salvador Alcarrac. em 1162: Omar Alcarrac.
é possível que a alcunha fosse herdada de um antepassado comum e já se não referisse a qualquer actividade profissional.
ao que parece, os proprietários "Alcarraques" eram de etnia mourisca, mas cristãos de confissão religiosa.

imagem: verbaudet

segunda-feira, 1 de junho de 2009

alcabideche e alcabideque (Pt.)

o contacto de duas línguas tem destas coisas. tal como no Brasil, ao contacto do Tupi-Guarani com o Português, surgiram inúmeros topónimos "híbridos", como Itabela, por exemplo, que significa "pedra bela", tamém aqui temos dois topónimos irmãos que são híbridos: "al-cabideche" e "al-cabideque".

"cabideche" e "cabideque" são apenas duas pronúncias diferentes, dialetais, da expressão latina caput acquae: "mãe d'água", "manancial", "nascente" ou, simplesmente, "fonte". assim, traduzindo completamente Alcabideche e Alcabideque, temos "A Fonte".
conheço muito melhor "Alcabideque", uma aldeia ou lugar da freguesia e concelho de Condeixa-a-Nova.
para abastecer de água a cidade conhecida por Conímbriga, os romanos serviram-se da mãe d'água de Alcabideque, construindo ali uma torre de captação e elevação, tamém chamada castellum, e um tanque coletor, de onde levavam a água, em aqueduto de três quilómetros, até à cidade imperial. e pelo caminho, através de um sistema de canais irrigação, fertilizavam os terrenos adjacentes.
caída a cidade às mãos dos suevos em 464, e dos visigodos mais tarde, "a fonte" continuou a ser a causa da fertilidade dos terrenos agrícolas. chegados os árabes, já se tinha perdido o nome da cidade ou al-medina. mas a caput acquae permanecia lá. em território moçarábico, levou um pequeno verniz de língua árabe e ficou "alcabideque" até aos nossos dias.

domingo, 31 de maio de 2009

botão (Pt.)

freguesia do concelho de Coimbra, teve estatuto de concelho, confirmado por foral de D. Manuel I, de 1514.
a villa rústica de Botão é muito antiga. o seu nome é pré-romano. provém do indo-europeu bhodh, palavra relacionada com a água, servindo para designar água corrente, caneiro.
assim, é de crer que a ribeira de Botão esteja na origem do nome do povoado e não o contrário. a aldeia de Botão aparece registada já em 934, na escritura de partilhas entre os filhos herdeiros de Guterre Mendes Árias e Ilduara Eriz, tendo cabido em sorte a Rosendo, que seria canonizado santo. em 942, S. Rosendo faz doação da villa ao mosteiro de Celanova (Gz.). a ligação de Botão a Celanova perde-se em 987, com a reconquista árabe de Coimbra.
Em 1510, D. Catarina, da linhagem de Eça (Gz.), abadessa de Lorvão, mandaria fazer à sua custa o Paço de Botão, tamém chamado "mosteiro", por se destinar a residência abacial.
hoje, a freguesia de Botão parece talhada para acolher as instalações da nova cadeia de Coimbra.

topónimos relacionados:

Marmeleira do Botão
Pampilhosa do Botão

alcalamouque (Pt.)

topónimo do filão moçárabe das proximidades de Coimbra, "alcalamouque", de al-qal'â e al-moka, significa, em árabe, "castelo ou castro [em terreno planáltico] junto a uma escarpa". é o que acontece com esta aldeia da freguesia de Alvorge, concelho de Ansião, que aparece referenciada em 1142 e 1182, a propósito de doações de propriedades feitas ao Mosteiro de Santa Cruz, em Coimbra.
pela sua localização, constitui um belo miradouro sobre o lugar de Pombalinho, os montes de Vez, Ateanha, Juromelo e Rabaçal. ao fundo da escarpa, nos olhos d'água, nasce a ribeira do mesmo nome.