com este artigo termino por agora a minha incursão pelos topónimos que indicam a pertença do local a proprietários germânicos, durante o domínio godo ou suevo. com razão ou sem ela, muitos dos topónimos em "-iz" têm sido atribuidos a proprietários suevos. certo é que o reino suevo correspondia à Galécia, ou seja, presentemente, à Região Autónoma da Galiza e a Portugal a norte do Rio Mondego - precisamente o mesmo território onde estes topónimos abundam.
mas não sei se é grande argumento.
representam também genitivos dos antropónimos correspondentes e fazem lembrar os patronímicos eslavos, sobretudo os do sul (os apelidos de sérvios, croatas, montenegrinos e bósnios).
a segunda parte que compõe o antropónimo de origem é "Rik", que significa "chefe"
alguns exemplos:
Alhariz (Gz.) - genitivo de Alarico. "Al..."+"Rik". graf. altern. Allariz
Anceriz (Pt.)
Ariz (Gz.)
Beariz (Gz.)
Beiriz
Brandariz (Gz.)
Buriz (Gz.)
Destriz (Pt.)
Eiris (Gz.) - ver Eiriz
Eiriz (Pt. e Gz.) - genit. de Eric?
Esmeriz (Gz.)
Esmoris (Gz.) - ver Esmoriz
Esmoriz (Pt. e Gz.) - há os topónimos associados Esmorigo (Pt.), Esmorigos (Pt.) e Esmorique (Gz.)
Espairiz (Pt.) - de "Asperigu", antropónimo germânico, que terá dado também o topónimo Espairo
Esparis (Gz.) - ver Espairiz
Espariz (Pt. e Gz.) - ver Espairiz
Esporiz (Gz.)
Formariz (Pt.)
Freiriz (Pt.)
Goiriz (Gz.)
Golariz (Gz.)
Gondariz - ver Gondoriz
Gondoriz (Pt. e Gz.) - de "Gunde" (combate)+ "Rik" (chefe)?
Gontariz (Pt. e Gz.) - ver Gondoriz
Guitiriz (Gz.) de "Witeric", antropónimo de um rei suevo
Lavariz (Pt.)
Mariz (Pt. e Gz.) - (pronunc. "Màriz"). genitivo de Malaric ("Mala"+"Rik") , antropónimo germânico
Mondariz (Gz.) - genitivo de "Munde"+"Rik"
Mondriz (Gz.) -
Mouriz (Pt. e Gz.) - genitiv de Mauric: "M..."+ "Rik"
Nariz - topónimo ainda não explicado convincentemente
Queiris (Gz.) - ver Queiriz.
Queiriz (Pt.) - não será germânico nem genitivo de um antropónimo. parece referir-se às condições físicas e geológicas do local. de "carr-": pedra. da família de topónimos em "Queir...", como Queiriga, Queiroga (Gz.), Queirós (Pt.), Queiroso (Gz.), Queiruga (Gz.), Quiroga (Gz.)
Reriz (Pt)
Romariz (Gz.)
Roriz (Pt.) - (pronunc. "Ròriz"). genitivo de "Rode"+"Rik": Roderic - o actual antropónimo "Rodrigo"
Selhariz
Senhoriz - genitivo de Senior, que não é antropónimo germânico (linguisticamente falando)
Toiriz (Gz.)
Troporiz (Pt.)
Tudriz (Gz.)
Uriz (Gz.)
Vilafiz (Gz.)
Vilamariz (Gz.)
Vileiriz (Gz.)
Xeriz (Gz.)
Tudriz (Gz.)
Uriz (Gz.)
Vilafiz (Gz.)
Vilamariz (Gz.)
Vileiriz (Gz.)
Xeriz (Gz.)
12 comentários:
Olá amigo viajante, andava sumido.
Desses topónimos me chamou atenção Roriz, nome de um politico daqui, e Rode. Tem isso algo a ver com Rodão(Vila Velha)? Sempre tive curiosidade de saber a origem do nome daquelas formações rochosas.
Abraços desde S.Paulo.
o Meu amigo esqueceu Queiriz; freguesia do concelho de Fornos de Algodres.
Interessante "post"
saudacoes beiras.
não esqueci. simplesmente ainda não cheguei lá. inda tenho muito que andar.
são muitos "-iz"...
é uma longa viagem
saudações minhotas
para Jolorib. saravá!
quanto a "Rode", "Ródão" , "Rhin" (Reno), "Rhône" (Ródano), são hidrónimos. no caso português, Ródão, Portas do Ródão, referem-se ao "rio" (Tejo).
no caso brasileiro..., sinceramente não sei. será uma transposição de um topónimo europeu?
O caso de Gond?riz sempre me produz muita confussao. Na Galiza há Gondomar, Abegondo, Mabegondo, Gundín, Gontar, Gonta. Sao todos a mesma coisa ou há formas de origem germánica?
É intuitivo mas quiça erróneo fazer a analogia con Mundo: Mondariz, Mundín, Mondoñedo...
: )
para Calidonia:
olá.
quanto a Gondomar, Gondar, já escrevi um post.
Mondonhedo (olá Manolo Montero!), tendo até em conta a sua história, deve ser de origem celta. nesse caso, será parente de Mondego.
quanto a Abegondo e Mabegondo, tenho um grande "?" que vou tentar corrigir
aquele abraço
Que eu saiba, a Galécia era a região que corresponde actualmente á Galiza, parte ocidental das Asturias, parte ocidental da provincia de Zamora, provincia de Leão e norte de Portugal, ou seja, Minho e Trás-os-Montes.
sem complicar:
é claro que sim. as "tenências" de Astorga e de Zamora/Samora [era aí que queria chegar?] estiveram associadas ao Reino de Portugal até ao Tratado de Alcañices/Alcanizes.
mas seria mais correcto se acrescentasse à sua lista parte da Beira Litoral e parte da Beira Alta (Napoleão sabia isso).
...que eu saiba...
Então a Lusitânia fica onde? Normalmente faz-se o contrário, difunde-se a "gloriosa" Lusitânia e ignora-se a Gallaecia...
sabendo-se que a capital da Lusitânia era Mérida, faz-se uma ideia de que seria uma entidade étnico-cultural que abrangeria "grosso modo" a Beira Baixa, o Alto Alentejo e a Extremadura espanhola, com "fronteiras" (se é que se pode falar assim)muito móveis.
Em questão de "Lusitânia", cada um come do que quer. Vejo estátuas de Viriato em Viseu, em Zamora, enfim, onde calha. no entanto o nosso herói casou com a filha de Astolpas, um garboso latifundiário do actual Alentejo. Os "Montes Hermínios" tamém mudam de sítio consoante quem os vê é português ou espanhol: podem ser na Serra da Estrela, na Serra da Gata, enfim, por aí perto.
aquele abraço anónimo
outra vez a Lusitânia:
a Lusitânia, como origem da identidade portuguesa, é uma invenção erudita que aparece em Luís de Camões e é retomada em força pelos historiadores românticos do Séc. XIX.
não tem outro valor.
como se trata de uma região interior, com costumes agro-pastoris e montanheses, nem sequer se presta a gerar um povo marinheiro. e como a maior parte do seu "território" não coincide (ou por defeito ou por excesso)com o território português, e a sua capital se situava na actual Extremadura espanhola, não se percebe lá muito bem qual a sua vantagem simbólica para Portugal.
talvez só mesmo para desviar as atenções da nossa indesmentivel filiação galega ou, quando muito, galaico-leonesa.
Postar um comentário