Ponta Delgada deve o seu nome ao facto de ter sido fundada junto a uma ponta rochosa muito estreita, onde mais tarde seria edificada a ermida de Santa Clara. entre esta Ponta e a Ponta da Galé forma-se uma enseada, comprida de três léguas.
ouve-se frequentemente os seus habitantes chamar-lhe Pondelgada - o que tem a ver com as particulardades dos falares micaelenses.
o povoamento da Ilha de São Miguel, iniciado nos anos quatrocentos, fez deslocar para lá sobretudo gente do Alto Alentejo, da região de Nisa - coisa bem aparente ainda hoje, não só no falar como tamém na quantidade de casas alentejanas que encontramos na ilha.
quem conheça os falares da Beira Baixa e do Alto Alentejo, como os da Sertã, Abrantes, Nisa e Mação, certamente encontrará de imediato notáveis semelhanças: a começar pelo chamado "u francês".
outra característica dos falares de S. Miguel é o relevo da tónica, que faz silenciar ou desaparecer o resto da palavra. assim, pelo menos na boca de alguns falantes, "Ponta Delgada" fica reduzida a "Pondelgada".
mas não penso que seja um exclusivo dos Açores. o nosso património linguístico prevê que isto suceda. na comarca de O Berço (ou El Bierzo), província de León, de influência linguistica galego-portuguesa, encontramos Ponferrada, cidade templária do Caminho de Compostela.
"Ponferrada" evoluiu de "Ponte Ferrada", latim ponte ferrata, isto é, "ponte (feita, segura, reforçada) com ferro(s)" - mas não "ponte de ferro".
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nota desnecessária: "Ponferrada" é grafia oficial, "Pondelgada" não
o povoamento da Ilha de São Miguel, iniciado nos anos quatrocentos, fez deslocar para lá sobretudo gente do Alto Alentejo, da região de Nisa - coisa bem aparente ainda hoje, não só no falar como tamém na quantidade de casas alentejanas que encontramos na ilha.
quem conheça os falares da Beira Baixa e do Alto Alentejo, como os da Sertã, Abrantes, Nisa e Mação, certamente encontrará de imediato notáveis semelhanças: a começar pelo chamado "u francês".
outra característica dos falares de S. Miguel é o relevo da tónica, que faz silenciar ou desaparecer o resto da palavra. assim, pelo menos na boca de alguns falantes, "Ponta Delgada" fica reduzida a "Pondelgada".
mas não penso que seja um exclusivo dos Açores. o nosso património linguístico prevê que isto suceda. na comarca de O Berço (ou El Bierzo), província de León, de influência linguistica galego-portuguesa, encontramos Ponferrada, cidade templária do Caminho de Compostela.
"Ponferrada" evoluiu de "Ponte Ferrada", latim ponte ferrata, isto é, "ponte (feita, segura, reforçada) com ferro(s)" - mas não "ponte de ferro".
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nota desnecessária: "Ponferrada" é grafia oficial, "Pondelgada" não
4 comentários:
É interessante verificar que o sotaque que indicas no concelho de Abrantes, semelhante ao açoriano, é particularmente acentuado numa "microrregião" junto ao Zêzere, que inclui as pequenas localidades de Carril, Bairrada (abérrada, como dizem), Carrapatoso e Sobral Basto.
é verdade. conheço gente do Carril e das Mouriscas.
obrigado pelas achegas.
É o mesmo fenômeno que acontece com uma outra partícula fons- (Fonte)
Fonsagrada, Fonfría, Fonmiñá, Foncuberta, Fongarandón, Foncova, Fonquente, Fonlor, Fontorto (?)
ou con fund- (fondo): Fondevila, Fondemera, Fondaldea
Nom sou especialista em fonêtica, mas se esse u francés é aquele que na fala tende a i, também som inúmeras as palavras de variante portuguesa em -u- e galega em -i- (hoje aprendi que na terra de minha mulher aínda se utiliza quitelo en vez de cutelo, cuitelo ou coitelo).
Nom puidem escrever muito ultimamente. Aguardo saiba me desculpar. Cumprimentos.
muito obrigado pelas achegas importantes que trouxe.
n.b. continuo sem internet em casa.
maravilhas do serviço netcabo.
aquele abraço
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