sexta-feira, 1 de dezembro de 2006

O Glorioso 1º de Dezembro de 1640

I

à tremenda revolta da Catalunha responde Filipe IV com o abandono da guarnição militar em Portugal. e ao chefe do Governo de Lisboa, Miguel de Vasconcelos, deixam-no os de Madrid miseravelmente estantío, só e impotente. meia dúzia de fidalgos de opereta entram à vontade no terreiro e no palácio. descobrem Vasconcelos dentro de um armário. agarram com denodo no coitado e botam-no à rua por uma das janelas. enquanto a revolta catalã era esmagada.
esta gloriosa façanha, difícil de igualar em valentia e desprezo pelo risco, é lembrada ainda hoje, de ano em ano, no primeiro de Dezembro. faz agora 366 anos de bolor e naftalina.
mas é que dá jeito. é um feriado bonito. sobretudo quando calha à sexta ou à segunda. ou mesmo à quinta e à terça.

II

propriamente, esta data deveria ser comemorada pelos de Madrid. é que nom há possibilidade de uma Espanha Unitária sem a existência de um Portugal Independente. vamos por partes: o País Basco está dividido entre Espanha e França. a Catalunha está dividida tamém entre França e Espanha. e a velha naçom galego-portuguesa está por sua vez dividida entre Espanha e Portugal. sem a experimentada divisão das três nações periféricas, nom há unidade da Espanha que resista.


III

...e por que tem a Espanha que ser unitária? por que tem a Espanha que aferrar-se aos tempos tenebrosos dos Reyes Católicos e ao consulado medonho de Francisco Franco? valem a unidade de Espanha as fogueiras, os fuzilamentos, as deportações e o garrote? valem a unidade de Espanha a miserável perseguição dos costumes populares, das culturas e das línguas, dos judeus e dos intelectuais e artistas?
como conceito geográfico, a Espanha é uma só. é outra forma de dizer Península Ibérica. e parte dela somos nós tamém, os portugueses. mas como agregante étnico, cultural e linguístico, a Espanha é, e foi sempre, uma realidade plural. apesar dos terríveis intervalos de unidade à força. mas talvez esteja próximo o retorno àquela Espanha múltipla, livre e igualitária, separada, federada ou confederada pela vontade de todos, por que tanta gente tem lutado, ou simplesmente morrido, ao longo da História.




8 comentários:

Anônimo disse...

Diz «como conceito geográfico, a Espanha é uma só. é outra forma de dizer Península Ibérica. »

pois tambem a América é um so. é outra forma de dizer Estados Unidos da América.

não é?

Na América o Brasil é paisagem... né?

josé cunha-oliveira disse...

seria bem melhor que os Comentários tivessem elevação e denotassem conhecimento do que se diz.
"Espanha" é, originalmente, o mesmo que Península Ibérica. só no século XVI passou a designar a entidade político-administrativa que hoje conhecemos por "Espanha". que é, como é bom de concluir, uma usurpação indevida de um nome.
quanto à América e ao Brasil, sinceramente: qual é a sua questão?

Hugo da Nóbrega Dias disse...

Estranho comentário este...

Bem, ao que vim: pena não se dar a verdadeira importância a esta data com comemorações condignas. Falo por parte da população. Obviamente sabe bem ter um feriadozinho para relaxar e esquecer um pouco os problemas profissionais - entãoi se calhar à sexta-feira..., mas ao menos que as pessoas se preocupem em saber porque é feriado. Era, no mínimo, uma homenagem justa ao dia, saber porquê nesse dia existe o doreito de descansar.
Quanto aos governantes (?), poderiam assinalar a dat com algo que transparecesse a importância do dia junto da população, em vez de irem para a Galiza (não poderia ter escolhido outra região para por brilho na sua ignorância?) dizerem que defendem o Iberismo e que Portugal e Espanha têm raízes comuns, cultura e língua (??!) comum.

Abraço,

Nóbrega

Hugo da Nóbrega Dias disse...

O nome Hespanha sempre foi usado para designar a Península Ibérica. Já os romanos chamavam Hispania a esta região, na sua totalidade.
A apropriação de Castela do nome Espanha reflecte a política imperialista e unionista desta coroa. Desde sempre foi sua intenção unir a península debaixo de uma coroa, prevalecendo Castela como a regência superiora dessa união de nações

Abraço,

Nóbrega.

josé cunha-oliveira disse...

carissimo(a) Nóbrega,
obrigado pelos comentários.
são duas questões e não uma.
a primeira será perguntar aos defensores acérrimos da "independência" de Portugal se o 1º de Dezembro é a data em que se revêem, ou se não preferem a data da batalha de S. Mamede ou da batalha de Aljubarrota. nestes dois factos históricos houve uma manifestação inequívoca da vontade dos portugueses contra a vontade do resto de "Espanha". no 1º de Dezembro, houve, simplesmente, uma falta de vontade de "Espanha" em segurar Portugal.
Curiosamente, nem a data da batalha de S. Mamede nem a data da batalha de Aljubarrota são feriados nacionais em Portugal.
a segunda questão é o Iberismo. Há muito quem fale e pouco quem saiba o que é o Iberismo. por Iberismo entende-se a convivência voluntária, federada ou confederada, e em pé de igualdade, com as restantes nações ibéricas. não se trata de uma submissão a ninguém, nem de qualquer sub-alternidade. mais do que uma perda de independência desta ou daquela nação, é a independência de todas numa soberania partilhada.como na Suiça, na Bélgica e no Canadá.
já muito mais complicada - e se calhar mais aceite - é a partilha de soberanias na União Europeia.
mas, além disso, neste post falei de Espanha, não propriamente de Portugal.

Anônimo disse...

ummmmm... perdín o comentario...

dicía, que eu lembre, que a producción da toponimía anda moi renovada e con moitas enerxías, e case perdo este post que é dos que a min máis me interesan...

dicía tamén, preguntaba que entón pódese considerar o 1 de decembro de 1640 como o principio de portugal? e comentaba que se me ocorrían maliciosidades (menudo palabro) sobre que fose gracias a unha revolta catalana...

por último dicía que andaba eu a esperar unha reflexión sobre a península ibérica e as súas nacionalidades, dábache ánimo para seguir e que eu seguiría a esperar

e puña unha língua tal cual esta :p

josé cunha-oliveira disse...

não há que pôr essa língua feia. a reflexão sobre a península ibérica e as suas nacionalidades vem a caminho. está em fase de gestação. e a gestação de coisas bonitas demora o seu tempo. pelo menos 9 meses :p
este post é a ponta do véu, uma espécie de ecografia.
bllllhh!

Anônimo disse...

língua feia????

ben bonita que é!!!

:p :p

moi bonita a ecografía... ben se ve que é nena.