domingo, 12 de março de 2006

Paredes Meias com o Passado

alguns lugares que haviam sido abandonados pelas suas antigas populações foram depois re-ocupados pela população que lhe deu o nome actual. deles restavam apenas muros e paredes, ruínas de um tempo e de um viver sumidos na voracidade da História. só a Toponímia lhes assegura a imortalidade, ainda que sem conteúdo nem sentido. estes topónimos são frequentes na Galiza e em Portugal.


vale a pena assinalar aqui o que se passa com as chamadas aldeias serranas da Lousã, de Góis, de Arganil e Pampilhosa da Serra. estas aldeias foram quase cem por cento abandonadas pela sua população, que migrou para Lisboa, para outros Estados da União Europeia, para a Suíça, eventualmente para o Brasil. vieram pessoas do Norte da Europa, cansados da sociedade da abundância, para empreenderem um regresso à natureza, à agricultura manual de subsistência, à luz das velas. mas estas aldeias não mudaram de nome. na realidade, ainda não estavam totalmente abandonadas e o seu nome salvou-se. o mesmo não aconteceu com a sua alma. a cultura, agora, ainda que de "regresso à natureza", é totalmente outra, com o seu ar hippie démodé.


Pardelhas (Pt. e Gz.) (diminut. plur. de "Parede": paredelhas)
Pardieira
Pardieirinho
Pardieirinhos
Pardieiro (de paredeiro)
Pardilhão
Pardilhó (diminut. de pardelha)
Paredão
Parede (Pt. e Gz.)
Paredes (Pt. e Gz.)
Paredes da Beira
Paredes de Coura
Paredes do Bairro
Paredes Secas
Paredinha (diminut. mais recente)
Paredinhas



2 comentários:

Jo Lorib disse...

Sabe ,meu amigo,isto não tem muito com Toponímia,mas parece que os próprios portugueses não tem noção do tamanho da colônia portuguesa no Brasil.De1900 até ai por 1970,quando a economia capotou com o choque do petroleo,não foram poucos nem eventuais os que vieram.Talvez a censura à imprensa da época tenha feito este estrago.

josé cunha-oliveira disse...

é evidente que você tem toda a razão. no entanto, este fazer de conta que o Brasil não existe(e, como pormenor apenas, a colonia portuguesa no Brasil também) é uma atitude recente. há algo de sobranceria nisso, uma sobranceria que traduz um medo. um medo que se manifesta também em relação à Galiza. eu penso que a integração na União Europeia tem algo que ver com isso. tornámo-nos pequeninos por comparação com todo esse mundo por aí fora. e por isso estamos com medo de perder a nossa identidade.
por mim faço o que posso para lembrar quem é a nossa família de língua e de cultura. será bom não esquecê-la. aí, sim, está o perigo, se a esquecermos. a Toponímia é só uma prova de que a família existe, não adianta esquecê-la.você bateu no ponto.