terça-feira, 10 de abril de 2007

Topónimos Galego-Portugueses e Brasileiros - Letra O


(base de dados resultante de recolha pessoal. não está autorizada a sua utilização sem autorização expressa do autor)

Oba- a Ovo-


O Barco de Valdeorras (Gz.) –
Óbidos – de “Oppidus”: “o povoado fortificado”
O Bolo (Gz.) –
Obrais –
O Brincadoiro (Gz.) - também escrito “Brimcadoiro”
O Castelo (Gz.) –
O Corgo (Gz.) – ver “Corgo”
O Corno do Boi (Gz.) –

Ocreza – hidrónimo: desc. “rio”(?). cf. “Ozêzar” (actual “Zêzere”)

Ode-,Odi-, Guad-,Guadi-, Wadi, Wodi – árab.: “rio”
Odeceixe – por “Odesseixe”? de “Rio Seixe”
Odeleite - hidrónimo: “Rio Leite”?
Odelouca - hidrónimo:“Rio Louca”?
Odemira – (cidade junto ao) Rio Mira
Odiáxere – árab.“Wodi”+ desc. ”Áxere” (“Ázere”?): “Rio-rio”
Odivelas – árab. “Wodi” + desc. “Velas”: rio velas (“rio-rio”?)
Odrinhas –
Oeiras –

O Ferrol (Gz.) – se a etimologia de "Ferrol" for um genitivo de um antropónimo, "Ferreoli", não se justifica o uso do artigo definido "O"

Ofir –
O Formigo (Gz.) –

O Grove (Gz.)– povoação de gente da tribo dos Gróvios (pronunc. “Hrove” ?). atenção: sequência “HRV” como em Hrvatska (croata)

Oia (Gz.) –
Oiã – de “Oia” (Gz.)? “Oiana”?

Oimbra (Gz.) – celt. “Aobriga”- ver inscriç. ponte de Chaves e “Fonte do Ídolo”(Braga)

Óis –
Óis do Bairro –
Óis da Ribeira –
Olalhas –
Oldrões –
Oledo –
Oleiros (Pt. e Gz.) –
Olelas (Gz.) – diminut de “Olas”
Olhalvo –
Olhão – aumentat. de “Olho”?
Olheirã –
Olheiras –
Olho/Olhos – nascente (s) que brota (m) do chão
Olho Marinho – ver “Olho”/”Olhos”….de água salgada
Olhos d’Água – ver “Olho”/”Olhos”…de água doce
Olhos de Fervença –
Olival –
Oliveira (Pt. e Gz.)
Oliveira de Azeméis –
Oliveira de Baixo –
Oliveira de Cima –
Oliveira de Fazemão –
Oliveira do Arda –
Oliveira do Conde –
Oliveira do Douro –
Oliveira do Hospital – “….da Ordem dos Hospitalários”
Oliveirinha –

Olivença – de “ribeira de Olivença”. ver “Ôlo” + sufix. “ença”. cf. “Fervença”, “Provença”, “Valença”

Ôlo - hidrónimo: "Rio Olo": "rio" + desc. “rio”
Olveira (Gz.) – o mesmo que “Oliveira”
Olveiroa” (Gz.) – diminut. de “Olveira”
O Moradal (Gz.) – ver "Muradal" e “Serra de Muradal”
Ons (Gz.) – em "Ilhas Ons"
O Pereiro de Aguiar (Gz.) – ver “Pereiro” e “Aguiar”
O Picoto Furado (Gz.) –
O Pino (Gz.) –
O Porrinho - graf. altern. “O Porriño”
O Prado (Gz.) – ver “Prado”
Orbacém –
Orçário –
Ordaz –
Ordem –
Ordes (Gz.) –
Orejais – ver "Orjais"
Orelhudo –
Orgal –
Orgens –
O Ribeiro (Gz.) –
Oriola –
Oriz –
Orjais –
O Rosal (Gz.) –
Orreta (Mir.) – do grupo “Ourrieta”
Orro (Mir.) – do grupo “Ourrieta”
Orrôs (Mir.) – do grupo “Ourrieta”. diminut. plur. de "Orro"
Ortezelo –
Ortiga –
Ortigal(Gz.) – em "Cabo Ortigal"
Ortigosa –
Ortigueira (Gz.) –
Orvalho –
Orvão - por “Urvão” ? de "Urbano" (?)
Orvida –
Os Bidulicos (Gz.) –
Os Cabreiros (Gz.) –
Os Caminhos (Gal.) - graf. altern. “Os Camiños”
Os Lamagorzos (Gz.) –
O Torral (Gz.) –
O Trogal (Gal.) – por “O Torgal”?
Ouca –
Ouguela –
Ourém –
Ourense (Gz.) – terra do ouro (?)
Ourentã -aldeia ourensana (?), de gente provinda de Ourense?
Ouriçosa –
Ourol (Gz.) –
Ouronhe –
Ouro Preto (Br.) –
Ourozinho –

Ourrieta (Mir.) – o mesmo que “Urreta”, “Urrieta” e “Urrita”. é um topónimo pré-românico que se aplica a terras de vário tipo, geralmente associadas à abundância agrícola ou à pastorícia. “Ourrieta” designa um pedaço de terra. Pode ser terra húmida, terra de pastagens, concha ou conca de terra arável, ou um vale. alvez a tradução mais imediata seja “Conca”, “Pequeno Vale” ou “Valeiro”

Ousilhão –
Outão –
Outeirada –
Outeirinho – diminut. de “Outeiro”
Outeiro – quase o mesmo que “Penela”: pequena elevação num terreno que de resto é plano; o mesmo que “Cabeça” e “Cabeço”
Outeiro da Vitela –
Outeiro Jusão – o mesmo que “Outeiro de Baixo”
Outeiro de Castelo Ancho –
Outeiro Maior – outeiro grande
Outomuro (Gz.) –

Outra Banda – nome dado em Lisboa aos territórios do “outro lado” do Tejo

Ouvelha (Gz.) – o mesmo que “Ovelha”
O Valadouro (Gz.) –
Ovar – por “O Var” –
Oveiros - pronunc. Òveiros – povoado de gente de Óvoa?

Ovelha - hidrónimo. "Rio Ovelha": "rio" + desc.: "rio". diminut. de “Óvoa” ?

Ovelhinha - hidrónimo. diminut. de “Ovelha”: pequeno “Ovelha”
O Vicedo (Gz.) –
Óvoa – que relação com “Oviedo” (Ovetum)?



4 comentários:

Sam disse...

Algumas considerações (minhas, claro está):

Os povoados galegos antecedidos de um artigo definido (neste caso, masculino), penso terem sofrido o processo de o seu nome ter sido adaptado à chegada da nova força dominante. Com o estabelecimento do domínio espanhol na Galiza, os casos em que a população se referia ao povoado como "o Grove" ou "o Ferrol", os espanhóis interpretaram essa designação como parte integrante do nome. Exemplo disso temos "o Porto", que é como todos nos referimos à cidade invicta, que logo os espanhóis trataram de traduzir para Oporto.
Por outro lado, temos casos em que a palavra começa mesmo por "O" ou por "A" e houve uma separação desses dois elementos, por analogia. É o caso de O Var e da Acrunha, que deram em Ovar e A Corunha. O facto de o galego-português sempre ter sido considerado uma língua cerrada em relação ao castelhano poderá ter originado estas interpretações como a do caso da Corunha. Se reparamos. ao lermos Crunha, o "O" parece estar lá. O mesmo se dá em Olveira ou Ulveira. O "i" parece estar lá.

josé cunha-oliveira disse...

bom, a presença do artigo definido, masculino ou feminino, singular ou plural, antes de um topónimo é prática de várias línguas e serve para indicar que o nome do topónimo é um substantivo. já manifestei a opinião de que a perda desse costume no actual português de Portugal tem dado azo aos maiores dislates, sobretudo da parte de certos utilizadores da Língua sediados fora da "Província". por isso, hoje, esses utilizadores tendem a regular-se não pelo sentido ou função da palavra mas pela sua terminação em "a" ou "o", causando cacofonias como "a lousada", "o lousado", ou, quando não sabem, inventam, como "póvoa do varzim", "o linhó". enfim, um nunca mais acabar de disparates em que são férteis esses utilizadores, se não fora o facto de escreverem ou falarem nos chamados órgãos de comunicação social.
escrever o artigo definido antes do nome teria a vantagem de evitar essas situações.
foi por isso que mantive o artigo no caso dos topónimos galegos que são substantivos.

Sam disse...

E temos tamém a tão em dia Costa da Caparica que agora é Costa de Caparica. Há a barragem do Lindoso e a barragem de Lindoso. Casos exemplificativos de como não saber tratar a Língua hoje em dia.

Voltando aos artigos definidos antecedendo o nome na toponímia, esqueci-me de abordar a relação que faço entre alguns desses topónimmos que foram alvo de castelhanização na Galiza - como são os casos (teóricos) de Acrunha, Ogrove, Oporto, em que os artigos definidos não faziam parte (teoricamente) do nome mas sim eram alvo de referência popular a um determinado sítio como "a..." ou "o..." - e os topónimos portugueses de antecedência árabe em que o artigo definido "al" passou a fazer parte do nome oficial, como são os casos de quase todos os topónimos do sul de Portugal que iniciem por "al" - Algarve, Albufeira, Aljezur, Alcabideche, etc...

josé cunha-oliveira disse...

é isso tudo. o costume de preceder o nome de um topónimo substantivo pelo artigo definido aparece no árabe, no francês, no holandês, no castelhano e creio que tamém no português. apenas que em Portugal não foi costume escrever o que se dizia. ir ó [a o]Porto, "ir à [a a]Póboa", "venho da [d' a] Lixa". mas não se vai "à" Viana" nem "aos" Barcelos.
Pôr o artigo seria muito esclarecedor e pedagógico, não fora ser tão...descostume.
Quanto a "Corunha", "Crunha" e "Oliveira", "Olveira" e "Ulveira", são pequenas variantes dialectais, quando não são, se calhar, preciosismos de escrita...