aparentemente, a palavra "mouro"/ "moura", de etimologia grega, significa "negro"/"negra". refere-se ao conjunto de grupos étnicos da África Setentrional que entraram na Península Ibérica no contexto do Império Árabe. conquistaram a simpatia dos povos autótones, ao ponto de terem passado a constituir uma referência fundacional, civilizacional e afetiva. tudo o que é antigo é dos mouros, desde a Pré-História até aos reinos suevo e visigodo, passando pelos séculos da pax romana. nada disso conta em termos de passado. a Criação do Mundo aqui é obra dos Mouros. o que antes eram "As Colunas de Hércules", e o que elas representavam, desapareceu da memória da Civilização. o mundo começa agora com Táriq, e as Colunas que eram de Hércules ganharam o nome de Djébel-al-Táriq. isto é, O Rochedo de Táriq, "Gibraltar" - que se pronunciaria Gibraltàr se não fosse a falta de jeito dos ingleses para pronunciar corretamente seja o que for e a nossa mania bacoca de os imitar.
e no que toca ao afeto, à irracionalidade, ao encantamento, estamos conversados: são as Mouras encantadas, que se perderam de encantos por estas regiões, quase sempre reféns de uma pedra, de uma penha ou de uma gruta.
mas os topónimos "Almourol" (al-Mourol), "Marão", "Mora", "Moro", "Morón" (Esp.), "Morouços", "Môrro", "Morreira", "Moura", "Moura da Serra" (um curioso pleonasmo), "Moura Morta", "Mourão", "Mouro", "Mouroal" (quantid.), "Mouronhe", "Mourosas" (adjet.?), apesar das aparências e de lendas associadas, não têm qualquer ligação com essas etnias. estes topónimos tenhem até a particularidade de surgirem em locais onde a presença continuada de mouros é improvável, como as Astúrias, Galiza e norte de Portugal. estão, antes, associados a pedras e locais montanhosos e ricos em penedia (raiz Mor-, "penedia"), que em casos como "Marão" e outros poderia traduzir-se, noutra matriz linguística, por "Penhas", "Peneda" e noutra ainda por "Canda", "Candeeiros", "Candemil", "Candosa".
e no que toca ao afeto, à irracionalidade, ao encantamento, estamos conversados: são as Mouras encantadas, que se perderam de encantos por estas regiões, quase sempre reféns de uma pedra, de uma penha ou de uma gruta.
mas os topónimos "Almourol" (al-Mourol), "Marão", "Mora", "Moro", "Morón" (Esp.), "Morouços", "Môrro", "Morreira", "Moura", "Moura da Serra" (um curioso pleonasmo), "Moura Morta", "Mourão", "Mouro", "Mouroal" (quantid.), "Mouronhe", "Mourosas" (adjet.?), apesar das aparências e de lendas associadas, não têm qualquer ligação com essas etnias. estes topónimos tenhem até a particularidade de surgirem em locais onde a presença continuada de mouros é improvável, como as Astúrias, Galiza e norte de Portugal. estão, antes, associados a pedras e locais montanhosos e ricos em penedia (raiz Mor-, "penedia"), que em casos como "Marão" e outros poderia traduzir-se, noutra matriz linguística, por "Penhas", "Peneda" e noutra ainda por "Canda", "Candeeiros", "Candemil", "Candosa".
3 comentários:
Oi José, moro em São Paulo-Brasil e passava por aqui quando resolvi meter o bedelho com um comentário:
Achei estranho os esses sobrenomes nada terem a ver com os Mouros; na minha ignorância sempre acreditei que meu pai (Amorim) tivesse suas raízes dum portuga já misturado com mouros, mesmo pelos traços físicos que carrega, pele morena, e um puta dum nariz que passou adiante no meu rosto, hehehe...
Mas como bom brasileiro vira-lata podem ter vindo de qualquer canto, pelo jeito.
Passo por aqui mais vezes.
!Abraço!
1.- Sobre Amorim, vou explicar a minha tese (vá por diante que não sou filólogo e que apenas é uma teoria).
1.1.- AMORIM é um apelido galego e português.
1.2.- Na Galiza também é topónimo e localizamos as aldeias de Amorim (municípios de Castro do Rei e Pantom), além de Amorim de Riba e Amorim de Baixo (município de Chantada). Não deixa de ser curioso o facto de estes municípios pertencerem à província de Lugo.
1.3.- Na Galiza (e Portugal) os apelidos finalizados em -IM são, polo comum, variantes do sufixo latino -INUS (geralmente -INHO, mais raramente -INO). Assim temos, na Galiza os pares Marim/Marinho, Godim/Godinho (bom, 'Godinho' como tal não temos, mas Godinha) ou Pomarim/Pomarinho; ou os topónimos Abadim ('abadinho', de Abade), Passarim ('passarinho', de pássaro) ou Chacim ('chacinho', de chaço).
1.4.- Partindo disto, AMORIM poderia estar ligado com as formas AMORINHO ou AMORINO. Procurando por esta última (http://www.estraviz.org/Amorino) vemos que é voz sinónima de ABROLHO, isto é, «Espinho, arbusto que ordinariamente se chanta nos valados e que sai em abundância nos terrenos deixados a monte» e também o fruto desta planta.
1.5.- O anterior faz-me pensar com que AMORIM, pois, esteja ligado com as amoras (http://estraviz.org/amora), e também também temos os topónimos Amoreira, Amora...
2.- Dos 'mouros', cumpre lembrar o já explicado polo José Cunha sobre os seres mitológicos do mesmo nome (ver acepção 4ª http://estraviz.org/mouro). Há alguns topónimos que, ao menos no caso galego, poderiam estar ligados com eles, por exemplo Pena Moura, Porto de Mouros, Fonte Moura, Cabana Moura, Carvalheira Moura, Fraga Moura e Branha Moura (http://www.estraviz.org/Branha). Há quem aponta que estes 'mouros' poderiam estar ligados com deidades de origem indoeuropeu (como as 'moiras' [ou parcas] gregas).
Los moros estuvieron poco por Galicia
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