quando em 1500 chegaram os primeiros portugueses, calcula-se que no Brasil houvesse cinco milhões de nativos. o contacto com os homens europeus, o seu trato, os seus hábitos e as suas doenças estranhas, dizimaram essa gente da qual resta hoje menos de dez por cento, ou seja, aproximadamente umas 400 000 almas (ver Comentº). destes sobreviventes, muitos perderam a língua e o essencial da sua religião e cultura. os padres jesuitas destacaram-se no esforço de aculturação dos índios, mas foram eles também os que primeiro estudaram e compreenderam a língua tupi-guarani, falada pelos nativos do imenso litoral brasileiro. no nosso tempo é ainda uma das línguas oficiais do Paraguay ("rio dos papagaios")
alguns topónimos tupi-guaranis (de J a O) e seu significado em português:
Jericoacoara - de yurucuá+cuara: "a toca das tartarugas" ou "o síto onde as tartarugas vão (pôr os ovos)"
Jucunem - de y (água)+ucúnem (malcheiroso): "lagoa malcheirosa"
Jupi - de yu+py: "espinheiro", nome de serra. em português: "Espinheiro"
Juruá - de yurá (boca)+ á (aberta): "boca larga", foz aberta de um rio
Jurumirim - de yurá (boca)+ mirim (pequeno): "embocadura ou foz apertada"
Lopo - de ropo (com r brando): serra que leva o nome da tribo que a habita
Manhuassú - de amana (chuva)+ (gu)assú (grande): "onde chove muito"
Manhumirim -de amana (chuva)+ mirim (pequena): "onde chove pouco"
Marajó - de mbara+yó: o anteparo ou "barreira do mar". nome de uma ilha
Maranhão - embora pareça convergente com topónimos portugueses, tem significado diferente: de mbara (mar)+nhã (agitado)
Miracatá - de mira (gente)+catú (bom): "gente boa"
Mondim - convergente com topónimos iguais galegos e portugueses, mas com significado diferente: de mundé: armadilha pequena. nome de rio. "rio das pequenas armadilhas". tal como o caso de "Maranhão" e outros, estas homofonias lembram as dificuldades com que nos deparamos na interpretação de topónimos antigos
Narandiba - de narã (do português "laranja")+tyba (muito, colecção): "laranjal"
Ocarussu - "terreiro grande"
2 comentários:
Gostaria de expor duas considerações:
1-Não foram colocados em fila e executados ,como fazem parecer,eles se diluiram na população,se contar os descendentes a meio sangue ,a conta é outra.
2-Há que se diferenciar os toponímos por quem os coloca.Muitos eram mesmo nomes usados pelos indios,outros provêm de uma erudição e tentativa de criar uma mitologia tupi-guarani ,em moda principalmente na primeira metade do século passado.Como ``Amazonas``vem do grego mas não de um grego,muitos toponímos são em tupi-guarani mas não foram 'postados',já que estamos num blog,por nenhum indio.
De qualquer forma,parabens pelos tópicos,estão muito bons.
Um abraço desde São Paulo
subscrevo por inteiro.
já quanto à dizimação dos nativos, ela deve-se a muitos fa(c)tores: os que você apontou (os caboclos) mais blenorragia, tuberculose, sífilis, gripe e a tentativa frustrada de os escravizar
um abraço desde coimbra
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