sábado, 2 de agosto de 2008

as pontes que nos unem

a ponte estabelece uma ligação entre dois mundos. no plano material, liga duas margens de um rio, de um vale profundo ou de um braço de mar, permitindo ou facilitando a comunicação entre povos e realidades até então separados. no plano simbólico, que noutras eras acompanhava e revestia o mero plano material, esta ligação adquiria propriedades re-ligiosas: o construtor de pontes ligava terra com terra, terra com céu, matéria com espírito. a sua função era assimilada à de um sacerdote, a que os romanos chamavam pontifex, "pontífice", "fazedor ou construtor, de pontes". ele formava o elo de ligação entre a vida de Aquém e de Além. os pontífices romanos constituíam-se em colégio ou ordem sacerdotal, com funções religiosas e jurídicas (direito divino), segundo a máxima, transposta para o cristianismo, "o que ligares na terra será ligado nos céus". ao colégio dos pontífices, ou "colégio pontifício", presidia o "sumo pontífice" ou pontifex maximus, eleito vitaliciamente pelos seus pares. após uma profunda crise religiosa e vagando o lugar de sumo pontífice, César assume a função e incorpora-a no exercício do poder imperial. com a queda do Império, a designação e a função são assumidas pelo Papado de Roma.
na Idade Média, a "congregação dos irmãos pontífices" do século XII, sob a regra beneditina, encarrega-se da construção de pontes e calçadas. certas lendas, como a de São Gonçalo de Amarante, atribuem ao mestre construtor a função de estabelecer "pontes" também a outros níveis, como a função de "casamenteiro das velhas" (ou seja, das "antigas mulheres"), talvez, dada a configuração do culto, pela adição de funções religiosas pagãs anteriores relativas ao chamado "culto da fertilidade". mas a verdade é que a própria ponte em si se pode relacionar com esse "culto da fertilidade", pois casos há em que nelas se realizam rituais destinados a favorecer a gravidez e o seu bom termo.
certas pontes, pela especial sensação de dificuldade que a sua arquitetura inspira, são conhecidas por "ponte do diabo", pois só o diabo, ou alguém que lhe conheça as artes, seria capaz de as construir. são assim conhecidas, entre outras, a Ponte da Mizarela (Pt), a Ponte de Martorell (Cat.), as ruinas da Ponte de Liédana (Na.) e as Pontes de Olvena (Arag.). as "pontes do diabo", com a respetiva lenda, existem também em França e na Itália.
às vezes, a palavra "ponte" é substituída por "arco", "arcos" ou "arquinho", que reportam à arquitetura da construção.

os topónimos que se seguem relacionam-se com pontes que estiveram na origem do desenvolvimento do respetivo povoado, vila ou cidade:

Alcântara

Alcantarilha - na realidade, "alcantarilha" é uma espécie de "ponte ao contrário", ou seja, uma "construção destinada a permitir que um pequeno canal cruze uma estrada por baixo".

Aldeia da Ponte

Arcos de Valdevez - está por "Arcos de Vale de Vez", sendo "Vez" o rio transposto pela ponte

Brugg (CH)
Cambridge (GB) - "ponte sobre o rio Cam", ou "Ponte de Cam"
Innsbruck (A.) - "ponte sobre o rio Inn", ou "Ponte de Inn"
Most (Cs.)
Mostar (BiH)
Ponferrada (Le.)
Ponteceso (Gz.)
Ponte Barxas (Gz.) - "barxas" por "várzeas"?

Ponte Cesures (Gz.) - há dúvidas sobre "Cesures" ou "Sezures". as duas grafias surgem tamém em Portugal

Ponte da Barca - como "barca" já significava "passagem", "ponte da barca" é uma redundância

Ponte da Mucela
Ponte da Pedra
Ponte das Três Entradas - pela sua forma em "Y"
Ponte de Lima
Ponte de Sor
Ponte d' Eume (Gz.)

Ponte do Arquinho - uma espécie de pleonasmo, já que "arquinho" é a própria ponte

Ponte do Bico
Ponte dos Arcos (Br.) -
Ponte do Sótão - "Sótão" é hidrónimo
Pontela
Pontelha (Pt. e Gz.)
Pontelinha

Ponte Pedrinha (Pt. e Gz.) - topónimo muito frequente, indica construção romana (?). a estas pontes, tal como às "pontes do diabo", associa-se uma lenda segundo a qual teriam sido construídas durante a noite, ficando no final uma "pedrinha" por colocar, para que não pudessem ser dadas por concluídas. umas vezes é o diabo que as constrói pela noite, outras vezes são os mouros. a "pedrinha" em falta é um artifício para ludibriar o diabo, que estabelece um "preço" pela sua colaboração na obra: a morte dentro de um ano para o primeiro que a atravesse depois de pronta. o diabo sai sempre enganado, pois que o primeiro ser vivo que a atravessa é um gato, um cão ou um porco. é possível que estas lendas estejam associadas aos sacrifícios humanos ou de animais que outrora se fazia para propiciar o bom curso de uma construção.

Ponte Vedra (Gz.) - ponte medieval, como indica a forma "vedra", para designar "velha"

Ponte Sezures - ver "Ponte Cesures" (Gz.)
Pontezela - pequena ponte medieval, como indica o diminutivo "cella"
Pontezinha
Pontilhão / Pontilhóm (Pt. e Gz.)
Pontinha (Pt. e Gz.)
Puente la Reina (Na.)
São João da Ponte (Pt. e Br.)


(nota: aqui se retoma e amplia um tópico já publicado)
...............................................................
nota: sobre o simbolismo da ponte, ver Jaime Cobreros (1991), El Puente, Ediciones Obelisco, Biblioteca de los Símbolos, nº 2, Barcelona. ver tamém Jean Chevalier e Alain Gheerbrant (1982), Dictionnaire des Symboles, Robert Laffont/Jupiter, Paris, pp. 777-778.

domingo, 29 de junho de 2008

fanha, fanhais, fanheiro e fanhões

são lugares úmidos, lamacentos, vestígios ativos de lagoas ou pântanos.
o termo "fanha", de onde derivam, assenta num radical fanh- ou fanc-/fang-, relacionado com a ideia de "lama", "pântano", "paúl", "chiqueda".
aparecem topónimos deste grupo em Aragão, na Catalunha, França, Itália, Bélgica e Escandinávia.

A Fangueira (Gz.) - ver "Fangueira" (Br.)
Fañanás (Ar.)

Fangueira (Br.) - em Minas Gerais. a questão é que "fangueira", "fangueiro", significa "habitante ou natural de "Fão", concelho de Esposende (Pt.) - o que fará sentido nos dois casos brasileiros. no caso galego (A Fangueira) pode significar "lugar onde há fanga ou fanha"

Fangueiro (Br.) - em Minas Gerais
Fanha
Fanhais
Fanheira
Fanheiro
Fanhões - será o plural de Fanhão, ou indica gente oriunda de Fanha?

Fão - há quem diga que "Fão" vem do latim fanum, "templo". porém, quando nos referimos aos habitantes de Fão chamamos-lhe "fangueiros" (e não "faneiros", "fanenses" ou "faneses"), o que pressupõe o radical fang- e condiz com as caraterísticas geológicas da foz do Cávado

Hautes Fagnes (Be., Al.) - esta região é rica em turfeiras
Pinhal Fanheiro

São Domingos de Fanga da Fé - atual freguesia da Encarnação, concelho de Mafra

segunda-feira, 16 de junho de 2008

as "pontas" de um novelo marítimo

em tempos publiquei uma postagem sobre a Talassotoponímia ou Toponímia Marítima, onde já constavam algumas (poucas) "Pontas". pela sua importância e pelo seu número e difusão geográfica, penso que as "pontas" deste novelo marítimo merecem uma chamada à parte.
as "Pontas" podem confundir-se com "Cabos", mas o mais frequente é que se distingam dos "Cabos" pela sua reduzida dimensão e pequeno ou nenhum relevo.

Ponta Araújo (Cv.)
Ponta Bicuda (Cv.)
Ponta Cabrita (Aç.)
Ponta da Achada (Aç.)
Ponta da Achada da Baleia (Cv.)
Ponta da Achada Leite (Cv.)
Ponta da Achadinha (Aç.)
Ponta da Água de Pau (Aç.)
Ponta da Aguadinha (Cv.)
Ponta da Agulha (Aç.)
Ponta da Ajuda (Aç.)
Ponta da Atalaia (Pt. e Br.)
Ponta da Baleia (Aç.)
Ponta da Baía do Cavalo (Aç.)
Ponta da Barca (Aç.)
Ponta da Barra (Mu.)
Ponta da Bretanha (Aç.)
Ponta da Cabaceira (Mç.)
Ponta da Cabeça de Fora (Aç.)
Ponta da Cabra (Aç.)
Ponta da Cancela (Br.)
Ponta da Candelária (Aç.)
Ponta da Costa (Aç.)
Ponta da Cozinha (Aç.)
Ponta da Engrade (Aç.)
Ponta da Fajã da Madeira (Aç.)
Ponta da Fajã Pequena (Md.)
Ponta da Falésia (Br.)
Ponta da Ferraria (Aç.)
Ponta da Fonte Grande (Aç.)
Ponta da Forcada (Aç.)
Ponta da Furna (Aç.)
Ponta da Galera (Aç.)
Ponta da Greta (Aç.)
Ponta d'Água (Cv.)
Ponta d'Água Doce (Cv.)
Ponta da Ignez (Aç.)
Ponta da Ilha (Aç. e Br.)
Ponta da Lagoa (Aç.)
Ponta da Lobeira (Aç.)
Ponta da Lomba da Cruz (Aç.)
Ponta da Madrugada (Aç.)
Ponta da Maia (Aç.)
Ponta da Má Merenda (Aç.)
Ponta da Marquesa (Aç.)
Ponta da Mina (Aç.)
Ponta da Palama (Aç.)
Ponta da Pedranceira (Aç.)
Ponta da Pesqueira (Aç.)
Ponta da Piedade (Pt.)
Ponta da Pirâmide (Aç.)
Ponta da Pontinha (Aç.)
Ponta da Praia (Br.)
Ponta da Pranchinha (Aç.)
Ponta da Oliveira (Md.)
Ponta da Queimada (Aç.)
Ponta d'Areia (Aç. e Br.)
Ponta da Relva (Aç.)
Ponta da Restinga (Aç.)
Ponta da Retorta (Aç.)
Ponta da Ribeira (Aç.)
Ponta da Ribeira Quente (Aç.)
Ponta da Ribeirinha (Aç.)
Ponta da Rocha (Aç.)
Ponta da Rocha Alta (Aç.)
Ponta da Rua Longa (Aç.)
Ponta das Almas (Br.)
Ponta da Salina (Cv.)
Ponta da Salvagem (Aç.)
Ponta da Samusca (Aç.)
Ponta das Arindas (Aç.)
Ponta das Calhetas (Aç.)
Ponta da Serreta (Aç.)
Ponta das Garças (Aç.)
Ponta das Manadas (Aç.)
Ponta das Pombas (Aç.)
Ponta das Praias (Aç.)
Ponta das Ribeiras (Aç.)
Ponta das Trombetas (Aç.)
Ponta da Terejoula (Aç.)
Ponta da Terra (Aç.)
Ponta de Abelheira (Gz.) - graf. altern.: "Ponta de Abelleira"

Ponta de Bares (Gz.) - tamém conhecida por "Ponta de Estaca de Bares" ou "Cabo de Estaca de Bares". a grafia oscila entre "Bares" e "Vares"

Ponta de Cabo (Ga.) - um pleonasmo curioso
Ponta de Campina (Br.)
Ponta de Cantarinhas (Aç.)
Ponta de Gil Afonso (Aç.)
Ponta Delgada (Aç. e Md.)
Ponta de Mangue (Br.)
Ponta de Motael (Tm.)
Ponta de Pedras (Br.)
Ponta de Pesqueiro (Aç.)
Ponta de Sagres (Pt.)
Ponta de Santa Bárbara (Aç.)
Ponta de Santo António (Aç. e Br.)
Ponta de São Brás (Aç.)
Ponta de São Fernando (Aç.)
Ponta de São João (Aç.)
Ponta de São Lourenço (Md.)
Ponta de São Mateus (Aç.)
Ponta de São Sebastião (St)
Ponta de Seixo Branco (Gz.)
Ponta do Arieiro (Aç.)
Ponta do Arnel (Aç.)
Ponta do Arrife (Aç.)
Ponta do Boqueirão (Aç.)
Ponta do Cabra (Aç.)
Ponta do Calhau (Aç.)
Ponta do Carapacho (Aç.)
Ponta do Carvoeiro (Cv.)
Ponta do Castelete (Aç.)
Ponta do Castelinho (Aç.)
Ponta do Cintrão (Aç.)
Ponta do Enxudreiro (Aç.)
Ponta do Escalvado (Aç.)
Ponta do Espartel (Aç.)
Ponta do Espigão (Aç.)
Ponta do Facho (Aç.)
Ponta do Faial (Aç.)
Ponta do Farol (Aç.)
Ponta do Feliciano (Aç.)
Ponta do Forte (Aç.)
Ponta do Forte de Santa Catarina (Aç.)
Ponta do Incenso (Aç.)
Ponta do Lavadouro (Aç.)
Ponta do Lobaio (Aç.)
Ponta do Lombo Gordo
Ponta do Madeiro (Br.)
Ponta do Malmerendo (Aç.)
Ponta do Marvão (Aç.)
Ponta do Mato (Br.)
Ponta do Mistério (Aç.)
Ponta do Mormo (Aç.)
Ponta do Mouro (Aç.)
Ponta do Norte (Aç.)
Ponta do Norte Grande (Aç.)
Ponta do Pedregal (Aç.)
Ponta do Pesqueiro Alto (Aç.)
Ponta do Pesqueiro Velho (Aç.)
Ponta do Poção (Aç.)
Ponta do Poio (Aç.)
Ponta do Rifão (Aç.)
Ponta do Roaz (Aç.)
Ponta do Rosio Branco (Aç.)
Ponta do Rosto Cinzento (Aç.)
Ponta do Rosto de Cão (Aç.)
Ponta dos Arcos (Aç.)
Ponta dos Caetanos (Aç.)
Ponta dos Capelinhos (Aç.)
Ponta dos Carreiros (Aç.)
Ponta dos Cedros (Aç.)
Ponta dos Corvos (Gz.)
Ponta dos Fanais (Aç.) - var. de "Fenais"?
Ponta dos Fenais (Aç.)
Ponta dos Frades (Aç.)
Ponta dos Ladouros (Pt.)
Ponta dos Monteiros (Aç.)
Ponta dos Mosteiros (Aç.)
Ponta do Sol (Md. e Cv.)
Ponta dos Ouriços (Aç.)
Ponta dos Rosais (Aç.)
Ponta dos Turçais (Aç.)
Ponta do Sul (Aç.)
Ponta dos Zimbros (Br.)
Ponta do Topo (Aç.)
Ponta do Vale (Aç.)
Ponta Espartal (Aç.)
Ponta Formosa (Aç.)
Ponta Furada (Aç.)
Ponta Garça (Aç.)
Ponta Grossa (Aç. e Br.)
Ponta Ilhéus (Aç.)
Ponta João d'Évora (Cv.)
Ponta João Dias (Aç.)
Pontal (Pt. e Br.)
Ponta Lajens (Aç.)
Ponta Leste (Tm.)
Ponta Malbusca (Aç.)
Ponta Negra (Aç.)
Ponta Nova (Aç., Br. e Gb)
Ponta Pico Negro (Aç.)

Ponta Porã (Br.) - pois. mas esta não é uma "ponta" marítima. "porã", tupi-guarani: "bonito(a)", "belo(a)"

Ponta Preta (Cv.)
Ponta Queimada (Aç.)
Ponta Ruiva (Aç.)
Ponta Santa Cruz (Aç.)
Pontas Negras (Aç.)
Ponta Verde (Cv.)
Ponta Viana (Cv.)

Pontinha (Aç.) - nem todas as "Pontinhas" são diminutivos de "Ponta". tamém as há de "Ponte".

Puntal (Gz.)


.....................................................................................
Legenda: Aç.: Região Autónoma dos Açores; Br.: Brasil; Cv.: Cabo Verde; Ga.: Goa (Índia); Gb.: Guiné Bissau; Gz.: Galiza; Mç.: Moçambique; Md.: Região Autónoma da Madeira; Mu.: Macau; Pt.: Portugal (Continente); St.: São Tomé e Príncipe; Tm.: Timor Leste

segunda-feira, 9 de junho de 2008

cerquedo, cerqueira

estes fitónimos relacionam-se com as árvores quercus (var. lat. cerquus): "carvalho", "azinheira" e "sobreiro".


Casal de Cerquidelo - ver "Cerquidelo"
Cercosa
Cerqueda (Pt. e Gz.)
Cerquedo (Pt. e Cat.)

Cerquedo de Carvalho - aparentemente, seria um pleonasmo, se o topónimo "Carvalho" se referisse a qualquer das árvores "quercus" . porém, aqui, "Carvalho", mais uma vez, é um orónimo. é caso para dizer: se mais uma prova fosse precisa para mostrar que "Carvalho" não se refere à árvore em causa...

Cerqueira (Pt. e Gz.)
Cerqueiral (Pt. e Gz.)
Cerqueiro (Pt. e Gz.)
Cerquida
Cerquidelo - diminut. de Cerquido
Cerquido (Pt. e Gz.)
Cerquilho (Br.)
Cerquinha (Pt. e Br.)
Cerquinheira
Cerquinho (Pt. e Br.)
Cerquito

Monte da Cerqueirinha Nova

Rio Cerquinho (Br.)

quarta-feira, 28 de maio de 2008

segunda-feira, 5 de maio de 2008

abrunhos e abrunheiras


"abrunho" (lat. prunu + a protésico) é a drupa ou fruto do abrunheiro. há o abrunheiro propriamente dito e o abrunheiro bravo. são arbustos da família das rosáceas. o primeiro não tem espinhos e dá frutos pendentes e doces, o segundo é espinhoso e dá uns frutos eretos e muito azedos. de "abrunho" deriva "Abrunhal" , "Abrunheda", "Abrunhosa" e as formas aferéticas "Brunhal", "Brunheda", "Brunheira", "Brunheiras" e "Brunhosa".
este grupo de topónimos encontra-se por igual em Portugal e na Galiza.

Abrunhal - lugar onde crescem abrunheiros
Abrunheda - lugar onde abundam os abrunheiros
Abrunheira (Pt. e Gz.) - graf. altern. (Gz.): Abruñeira
Abrunheiras (Pt. e Gz.) - graf. altern.(Gz.): Abruñeiras
Abrunheiro (Pt. e Gz.) - graf. altern. (Gz.): Abruñeiro
Abrunheiro Grande
Abrunheiro Pequeno
Abrunhosa - ver "Abrunheda"
Abrunhosa-a-Velha
Abrunhosa do Mato
Brunedo
Bruneiro
Brunhais
Brunhal
Brunheda
Brunhedo
Brunheira (Pt. e Gz.) - graf. altern.: Bruñeira
Brunheiras (Gz.) - graf. altern.: Bruñeiras
Brunheirinha
Brunheirinho
Brunheiros (Gz.) - graf. altern.: Bruñeiros
Brunheta
Brunhosa
Brunhosinho
Brunhoso
Burinhosa - ver Comentº de Ismael
Largo Abrunho
Quinta da Brunheda
Quinta do Abrunhal
Ribeira da Brunheta (ver Comentº de Manuel Anastácio)
Rua do Abrunhal

quinta-feira, 3 de abril de 2008

colmos e colmeias

aqui está outro tema em que discordo dos livros. nem sempre a evidência é boa pista, sobretudo nesta coisa do nome das terras e dos povoados.
o mais fácil, hoje, é ir pelo caminho das "colmeias". o problema é que onde há colmeias não há terras com esse nome e onde há terras com esse nome as colmeias não fazem a diferença ou, simplesmente, se esquecem de lá estar.
aliás, o que mais me incomodaria, se lá vivesse, é que "colmeias" tivesse relação com apicultura, dado que as abelhas se querem longe dos povoados e as pessoas longe das ferroadas.
na Toponímia as homofonias vão medrando com o tempo, à medida que os significados se vão perdendo com a mudança dos costumes, das técnicas e das sociedades e se torna necessário convergir para significados mais de acordo com os novos tempos. assim se passou de "colmos" a "colmeias".
"colmos" eram habitações, choças ou cabanas cobertas de colmo. um teto de palha era um "colmo". muitas aldeias eram formadas por casas que ainda há pouco eram cobertas de colmo.
e assim como há povoações chamadas "cabanas" e "cabanelas", por serem formadas de cabanas, assim é natural que "colmeal", "colmões" e afins designem aldeias que outrora eram formadas de "colmos". e há que ter em conta que também a palavra "colmeia" deriva do lat. culmu-, "teto de colmo".
os "Colmenares" da Toponímia de fala castelhana têm a mesma origem, por muito que custe aos livros que tenho lido.
talvez por metáfora, chama-se tamém "colmeias" a casas habitadas por muita gente e a povoados com muitas casas juntas.
na Galiza e nas Astúrias, embora exista a palavra "colmea"/"colmeia" e se pratique excelente apicultura, o topónimo é praticamente desconhecido. em contrapartida abundam os nomes de povoados que se referem à presença de casas com tetos, ou teitos, de palha



Aldeia do Colmeal
Casal do Colmeeiro
Colmaça
Colmeada
Colmeal
Colmeal da Torre
Colmeeeira
Colmeeiro
Colmeeiros
Colmeia
Colmeias
Colmeiro
Colmenaria
Colmeneiro
Colmeosa
Colmões
Herdade do Colmeeiro
Malhada do Colmeal

domingo, 30 de março de 2008

abelhas, abóboras e avelãs

em postagem anterior tive ocasião de me questionar sobre o significado real de alguns topónimos que, à primeira vista e na opinião de estudiosos de maior ou menor renome, seriam claramente fitónimos, como "Aboboreira" e "Aveleira", ou, já agora, zoónimos, como "Abelha" e Abelheira".
quer-me parecer que não se trata de fitónimos nem zoónimos e que a relação aparente com abóboras, avelãs e abelhas é o fruto de uma convergência fonética da palavra antiga, de significado já desconhecido, para uma palavra mais atual e com significado conhecido.
o estudo das variantes pode indicar o caminho evolutivo:
no caso "Abobeleira"-"Aboboreira", parece claro que a primeira é forma mais antiga, já sem significado aparente, enquanto a segunda convergiu para uma palavra atual cujo significado é conhecido, ainda que desenquadrado da realidade local. na verdade, o número de abóboras existentes na Serra da Aboboreira é seguramente inferior ao de qualquer outro lugar.
coisa parecida se passa no caso "Aveleira"-"Abeleira"-"Abelheira", onde há menos avelãs e abelhas do que em qualquer outro sítio e em que os topónimos afins "Serra da Abelha" e "Penas d'Abelha" parecem brincar conosco.
sugiro que o elemento comum a todos estes topónimos é "vela" ou "veleira", no sentido de "ponto de vigia", criando parentescos insuspeitados em topónimos aparentemente tão diferentes.
claro que resta o enigma dos hidrónimos "Abelaira", "Abelheira", "Aveleira", embora seja possível que um rio ou ribeiro tome o nome do orónimo correspondente.
mas, atenção: estão todos contra mim. são fitónimos e zoónimos e pronto.


A Abelaira (Gz.)
Abelaira - é um hidronimo
Abeleira (Gz.)
Abeleiras (Gz.)
Abeleiroas (Gz.)
Abelheira (Gz.) - graf. altern.: "Abelleira"
Abobeleira - é uma aldeia de montanha
Abobereira
Aboboreira
Avelaira (Gz.)

Aveleira - orónimo. duas Serras "da Aveleira" no distrito de Coimbra. está por "A Veleira"?

Barragem da Veleira
Beleira (Gz.)
Beleirinha
Branda da Aveleira

Moinhos do Abelheira (Gz.) - em que "Abelheira" é hidrónimo, como "Abelaira". graf. altern.: "Muiños do Abelleira"

Penas d'Abelha - por "penas da Vela"?

Praia Abelheira (Gz.) - graf. altern.: "Praia Abelleira". é curioso que não seja ""Praia da Abelheira".

Quinta da Aveleira ou da Veleira
Ribeira da Abelheira
Ribeiro da Abelheira
Serra da Abelha
Serra da Aboboreira
Serra da Aveleira - ver "Aveleira"
Sobral da Abelheira
Vela
Vila Baleira - também aparece grafada "Vila Beleira"

sexta-feira, 21 de março de 2008

lama, lamas, lameiras

presentissimo na toponímia galego-portuguesa, lama é um vocábulo pré-romano, provavelmente pré-céltico, cujo significado é "pradaria em terreno úmido", "lameiro". o topónimo "Lama" e derivados surge em terrenos onde a pluviosidade abundante favorece a manutenção da umidade do terreno.
nas Astúrias e em León surge sob a forma palatalizada Llamas, o que cria um curioso triplo sentido entre "Lamas", "chamas" (do verbo chamar) e "chamas" (labaredas de fogo).
é um topónimo frequente em Itália, onde tem a mesma etimologia e o mesmo significado. e também aparece na Córsega (Co). Na Baviera, Alemanha (De), há uma Lam. esta distribuição geográfica parece querer apontar para uma origem ligure do topónimo. há quem ligue o topónimo às construções megalíticas (ver Comentº de Manuel Anastácio). e, mais curioso ainda, também se costuma associar o povo ligure ao megalitismo.


Alto de Lamas
As Lamas (Gz.)
Beco da Lama
Cabeço da Lama
Campo Lameiro (Gz.)
Casa da Lama
Castel di Lama (It.)
Calçada da Lama
Lam (De)
Lama (Pt., Gz., It., Co)
Lama de Ouriço
Lama dei Peligni (It.)
Lamaçães - de "lamaçaes", depois anasalada. ver "Lamaçares"
Lamaçais

Lamaçares (Pt. e Gz.) - graf. altern. (Gz.): "Lamazares". de "Lamaçales", plur. de "Lamaçal". noutras zonas evoluiu para "Lamaçais" e "Lamaçães"

Lamaceiro
Lamaceiros
Lama Chã

Lamacheira - de "lama" + "cheira" ou "chaira". é uma espécie de pleonasmo

Lamações
Lama de Arcos
Lamadeita (Gz.)
Lama di Gavello (It.)
Lama di Sopra (It.) - o mesmo que "Lama de Cima"
Lama di Sotto (It.) - o mesmo que "Lama de Baixo"
Lama do Brincadoiro
Lama do Moinho
Lama do Prado (Gz.)
Lama Locogno (It.)
Lamalonga (Pt. e Gz.)
Lama Mocogno (It.)
Lamão
Lamaracha
Lamarão (Pt. e Br.)
Lamares
Lamarigo
Lamarim
Lamario
Lamarosa
Lamas (Pt. e Gz.)
Lamascais
Lamascal (Gz.)
Lamas de Abade (Gz.)
Lamas de Abaixo (Gz.)
Lamas de Arriba (Gz.)
Lamas de Campos (Gz.)
Lamas de Cavalo
Lamas de Ferreira de Aves
Lamas de Miro
Lamas de Moledo
Lamas de Moreira (Gz.)
Lamas de Mouro
Lamas de Ôlo
Lamas de Orelhão
Lamas do Vouga
Lamedo
Lamego (Pt. e Gz.)
Lameira (Pt. e Gz.)
Lameira da Lagoa
Lameiradas
Lameirancha - de "Lameira Ancha"
Lameirão (Gz.) - graf. altern.: "Lameirón", "Lameiróm"
Lameiras
Lameirinha (Pt. e Gz.) - graf. altern.: "Lameiriña"
Lameirinho (Pt. e Gz.) - graf. altern.: "Lameiriño"
Lameirinhos
Lameiro (Pt. e Gz.)
Lameiro Cão
Lameiro da Quelha
Lameiro do Pito
Lamela (Pt. e Gz.)
Lamelas
Lami (It.)
Lamicupi (It.)
Laminha (Gz.) - graf. altern.: "Lamiña"
Laminho (Gz.) - graf. altern.: "Lamiño"
Lamo
Lamoça
Lamosa (Pt. e Gz.)
Llamas (As., Le.)
Llamas de Cabrera (Cs.-Le.)
Llamas de la Ribera (Le.)
Largo da Lama do Moinho
Quinta do Lameiro do Homem
Ribeira de Lamas
Ribeira de Lamas de Miro
Rua da Lama
Rua das Lameiras
Santa Maria de Lamas
Torrão do Lameiro
Travessa da Lameira de Cima
Vale da Lama

quinta-feira, 20 de março de 2008

pelames (Pt.), pelamios (Gz.)

"pelames" ou "pelamios" (Gz.) eram tanques ou pias onde se submergiam as peles em água e cal para as macerar e retirar o pêlo; tanques para curtir couros ou peles. estes pelames ou pelamios escoavam frequentemente para as hortas, espalhando pêlos, maus-cheiros e até doenças.
o toponimo "Pelames"/"Pelamios" aparece: na toponímia urbana de pendor medieval, em zonas junto de uma linha de água; em localidades cujas condições hidrográficas favoreciam a atividade dos curtumes; associado a "fonte" ou "ponte", como indicando a presença do fio de água que permitiu a instalação e funcionamento dessa indústria.
são topónimos muito difundidos em Portugal e na Galiza. encontram-se de Tavira à Corunha.
o declínio e desaparecimento desta indústria artesanal fez esquecer este significado da palavra "pelame", que passou a designar mais frequentemente a "pelagem" dos animais .

Alcaria dos Pelames
Bairro do Pelame
Bairro dos Pelamios (Gz.)
Fonte dos Pelames
Fonte dos Pelamios (Gz.)
Forno dos Pelames
Moinho dos Pelames
Os Pelamios (Gz.)
Palame
Pelames
Ponte dos Pelames
Ponte dos Pelamios (Gz.)
Porta dos Pelames
Quinta dos Pelames
Regueira dos Pelames
Ribeira de Pelames (Pt.-Aç.)

Rio dos Pelames (Br.) - associado à implantação da industria dos curtumes no Brasil

Rio Pelame (Br.)

Rua dos Pelames
Rua dos Pelamios (Gz.)
Souto dos Pelames
Travessa dos Pelames

segunda-feira, 17 de março de 2008

loja, lojas

a palavra "loja" é, no meu modesto parecer, neta do mesmo avô que as palavras "alocar", "alojamento", "alojar", "aluguer" ou "aluguel", "local", "localidade", "lugar". do lat. locus, pl. locii ou loca, ou do verbo derivado loco, locas, locavi, locatum.
entre os muitos sentidos de locus, podemos encontrar "lugar", "sítio", "localidade", "região"; "habitação"; "propriedade fundiária"; "terras", "bens de raiz"; na forma verbal, significava "colocar", "estabelecer", "assentar".
a própria palavra inglesa lodge tem o mesmo conjunto de significados, logo, provavelmente, a mesma origem.
creio que os toponimos "Loja" e "Lojas", que não são muitos, têm relação com um destes significados, mais provavelmente o de "propriedade fundiária", "quinta", e não, evidentemente, com a existência atual ou passada, de um ou mais estabelecimentos de venda e comércio.
é um toponimo bastante frequente em França, o que parece reforçar a tese que defendo.
o sobrenome "Loja" pode ter origem toponímica, assim como pode tamém constituir uma alcunha, alcume ou apelido.

exemplos:

Beaumetz-les-Loges (Fr.)
Chão da Loja (Pt.)
Courcy aux Loges (Fr.)
Fay aux Loges (Fr.)
Les Loges en Josas (Fr.)
Les Loges sur Brécey (Fr.)
Loge (Pt.)
Loges (Pt.)
Loges-Saulces (Fr.)
Loja (Pt.)
Lojas (Pt.)

Monte da Loja (Pt.) - no Alentejo. é, pois, um curioso pleonasmo, já que "monte", no Alentejo, é o mesmo que "propriedade fundiária" ou "quinta"

Saint Hilaire des Loges (Fr.)
Vitry aux Loges (Fr.)





segunda-feira, 10 de março de 2008

os pontos cardeais na toponímia

os pontos cardeais estão presentes na toponímia de todo o mundo. a sua presença indicia o hábito ancestral de viajar, a necessidade de conhecer os limites e as relações geográficas entre povos e terras. de facto, as populações nunca se limitaram, simplesmente, a estar no seu lugar. elas sabem, desde sempre, da existência de outras povoações e de outros povos e da sua disposição relativa no espaço geográfico habitado. a lista é praticamente infinita. as designações a seguir indicadas traduzem, nuns casos, geónimos em sentido lato, outras são topónimos em sentido estrito. a evolução linguística convergente de alguns hidrónimos fez com que hoje pareçam pontos cardeais nomes que na língua original significavam "rio". é o caso de Este e de São Pedro do Sul.



Algarve - do árab: "o Ocidente"
Cabo do Mundo - ver "Fisterra"
East End (Ing.) -
Estação do Oriente - topónimo urbano (Lisboa)
Finistère (Fr.) - ver "Fisterra"

Fisterra (Gz.) - de lat. finis terrae: "o fim da terra", "o cabo do mundo". embora não signifique "ocidente", pela sua posição geográfica e simbolismo associado, este topónimo (tal como os seus afins) está associado à ideia de "ocidente": "o lado em que matam o sol", "o lado em que o sol morre"

Japão - na escrita, o caracter pictográfico que designa o Japão significa "a origem do sol", "o oriente"

Jaraguá do Sul (Br.)

Levante - em termos de Europa, designa as regiões orientais banhadas pelo Mediterrâneo. na Espanha, designa as regiões próximas dos Pirinéus banhadas pelo Mediterrâneo. de "levante": "lugar onde o sol se ergue, ou se levanta", "oriente"

Mar do Norte
Nordeste (Aç.)
Nordestinho (Aç.)
Norfolk (Ing.) - "povo do Norte". talvez melhor: "o Povo a Norte"

Norrköping (Su.) - "mercado do Norte". pronúnc. sueca: "norrxôping". se fosse inglês, era "nor(th)shopping"

Norte (Pt., Pt.-Aç., Gz.)
Norte Grande (Aç.)
Norte Pequeno (Aç.)
Noruega - "caminho do Norte"
Norwich (Ing.) - "cidade do Norte"
Novo Oriente (Br.)

Oeste - nome que também se dá à Região Saloia, sobretudo à sua parte norte

Oriente (Br.)
Ponta Leste (Ang., Br., Gn-B.) - topónimo frequente nos litorais lusófonos
Praia do Norte (Aç., CV.)
Punta del Este (Ur.)
Ribeira do Norte (CV.)
Rio Grande do Norte (Br.)
Rio Grande do Sul (Br.)
Rio Novo do Sul (Br.) - hidrónimo e nome de município
Rua do Norte

Sepharad (hebr.) - o nome da Península Ibérica, para os Judeus: "o Ocidente"

Suffolk (Ing.) - "povo do sul". talvez melhor: "o Povo a Sul"
Tibau do Sul (Br.)
Timor Leste
Vladivostok (Ru.) - "dominadora do Oriente", "rainha do Oriente"


não fazem parte deste grupo:

Este - freguesia do concelho de Braga, deve o seu nome ao rio Este
Rio Este - ver "hidrónimos ou nomes de rios"
Rio Sul - ver "hidrónimos ou nomes de rios"

São Pedro do Sul - antiga Vila do Banho, deve o seu actual nome ao Rio Sul, afluente do Vouga


quarta-feira, 5 de março de 2008

Baltar, Balteiro, Balter

já referi Baltar a propósito dos topónimos de origem germânica terminados em -ar.
Baltar é um topónimo frequente na Galiza e no Norte de Portugal. representa o genitivo do nome germânico latinizado "Baltariu", um nome com fortes ressonâncias guerreiras, como quase todos os nomes germânicos que povoam a toponímia galego-portuguesa. e o genitivo, Baltari , significa "[propriedade, ou património,] de Baltariu". tem a variante Balter (Pt. e Gz.).
de Baltariu (nominativo ? acusativo?), derivam ainda os topónimos Balteiro, também frequentes no Norte de Portugal e na Galiza.

domingo, 17 de fevereiro de 2008

outeirinho, outeiro

do lat. altariu, "outeiro" significa "pequeno monte", "colina", "lomba ou cabeço em terreno, no mais, plano". há um sem-número de outeiros por toda a Galiza e norte de Portugal, que contrastam o bastante na paisagem que os envolve para merecerem ter dado o nome a tantas aldeias e lugares. o topónimo, simples ou em composto, também aparece no Brasil, sobretudo no norte.
este topónimo emparelha com outros (quase-) sinónimos no grupo dos orónimos de baixa altitude, como "Cabeça", "Cabeço", "Cerro", "Espinho", "Lomba", "Monte", "Morro", que formam curiosos pleonasmos entre si.




Aldeia do Outeiro
Caminho Oiteiro

Cêrro do Outeiro - um curioso pleonasmo, como "Morro do Outeiro" e "Outeiro da Cabeça"

Chão do Outeiro
Eiteiro - variante dialectal de "Outeiro" e "Oiteiro"
Ilha do Outeiro (Pt. e Br.)
Iteiro - variante dialectal de "Outeiro", "Oiteiro" e "Eiteiro"
Iteiro da Senhora
Largo do Outeirinho
Malhada do Iteiro

Morro do Outeiro (Br.) - um curioso pleonasmo. cf. "Outeiro da Cabeça"

Oiteiro (Pt. e Br.) - variante dialectal de "Outeiro"
Oiteiro Alto (Br.)
O Outeiro de Lea (Gz.)
Outarelo (Pt. e Gz.) - ver "Outeirelo"
Outeira (Pt., Gz. e Br.)
Outeirada - sufix. abundanc.: "lugar onde há vários outeiros"

Outeiral (Pt. e Gz.) - sufix. abundanc. ou colect.: "lugar onde há vários outeiros"

Outeirão
Outeirelo - diminut. de "outeiro"
Outeirinho (Pt. e Gz.) - graf. altern.: "Outeiriño"
Outeiro (Pt. , Gz. e Br.)

Outeiró - parece que este topónimo já não existe. mas a sua simples menção indica que é do género feminino e que pressupõe a existência de "Outeira", de que é um diminut. medieval

Outeiro Alegre (Br.)
Outeiro Alto
Outeiro Cimeiro

Outeiro da Cabeça - tal como "Morro do Outeiro", "Outeiro da Cabeça" é um curioso pleonasmo

Outeiro da Cortiçada
Outeiro da Cruz (Br.)
Outeiro da Fonte
Outeiro da Forca
Outeiro da Glória (Br.)
Outeiro da Lomba - outro curioso pleonasmo
Outeiro das Brisas (Br.)
Outeiro das Pedras (Br.)
Outeiro da Vela
Outeiro da Vila
Outeiro da Vinha

Outeiro de Abaixo (Gz.) - o mesmo que "Outeiro de Baixo" e "Outeiro Jusão"

Outeiro de Arriba (Gz.)
Outeiro de Baixo - ver "Outeiro Jusão" e "Outeiro de Abaixo"
Outeiro de Espinho - um curioso pleonasmo, ou mera coincidência?
Outeiro de Ferro
Outeiro de Gatos
Outeiro de Gregos
Outeiro de Polima
Outeiro de Rei (Gz.)
Outeiro de São João Batista (Br.)
Outeiro de São Miguel (Br.)
Outeiro do Barro
Outeiro do Forno
Outeiro do Padre Nicolino (Br.)
Outeiro dos Poços
Outeiro Grande (Gz.)
Outeiro Jusão - significa "Outeiro de Baixo"
Outeirol
Outeiro Maior - o mesmo que "Outeiro Grande"

Outeiro Meão - um outeiro que está a meia altura em relação a outros

Outeiro Redondo (Pt. e Br.)
Outeiro Seco
Praia do Oiteiro (Br.)
Rua do Alto Iteiro
Rua do Eiteiro
Rua do Outeirinho
Rua do Outeiro
São Bartolomeu do Outeiro
São Miguel do Outeiro
Serra de Outeiro Maior (Gz.)
Travessa do Outeirinho

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

soito, souto, soutelo

voltando a um tema que deixei um tanto no ar:

"souto", do latim saltu, significa "terreno povoado de castanheiros", "bosque de castanheiros". em casos raros, pode significar um bosque de outras árvores, se a palavra "souto" for seguida do determinativo: "Souto de Carvalhos", "Souto das Oliveiras".
em alguns topónimos a palavra "Souto" parece estar seguida do genitivo do nome de um possuidor, como é o caso de “Soutariz”, "Soutipedre" e "Soutomel", entre outros.
a variante dialectal "Soito", e derivados, aparece na Região portuguesa da Beira-Serra.

"souto" é um termo abundantíssimo na toponímia galego-portuguesa, sendo hoje o que resta da enorme importância que tiveram outrora os castanheiros e as castanhas nos usos e costumes das populações peninsulares.
vestígios ainda vivos do papel que as castanhas desempenharam na gastronomia e e nos rituais da religiosidade pré-cristã são a sopa de castanhas, o lombo de porco assado com castanhas, e o magusto de São Martinho acompanhado do vinho novo.





A Soutela (Gz.)
Cabeço do Soito
Caminho de Soutelinho (Gz.) - graf. altern.: "Camiño de Souteliño"
Casa do Soito
Cavorco de Soutelo (Gz.)
Corgo de Soutelo (Gz.)
Moinhos de Soutelinho (Gz.) - graf. altern.: "Muiños de Souteliño"
O Soutinho (Gz.) - graf. altern.: "O Soutiño"
Prados do Soutelo (Gz.)
Regada do Soito
Regato de Soutelo (Gz.)
Rio de Soutelinho (Gz.) - graf. altern.: "Río de Souteliño"
São João do Souto
Seara do Soutelo (Gz.)
Soitelo
Soitinho
Soito
Soutadoiro (Gz.)
Soutariz (Gz.) - de "Souto Alarici": "souto de Alarico"?
Soutelinho (Gz.) - dimin. de "Soutelo". graf. altern.: "Souteliño"
Soutelo (Pt. e Gz.)
Soutelo da Pena (Gz.)
Soutelos
Soutelo Verde (Gz.)
Soutipedre (Gz.) - de "Souto Petri": "souto de Pedro"?
Souto Bom
Soutochao (Gz.)

Soutocico - é um diminut. asture-leonês. o curioso é que além do Soutocico na região de Miranda do Douro existe um outro na região de Leiria

Souto da Carpalhosa
Souto da Casa
Souto da Ponte
Souto das Cales
Souto das Eiras
Souto das Oliveiras
Souto da Velha
Souto de Lafões
Souto de Limia (Gz.)
Souto do Brejo
Souto do Coval
Souto do Meio
Souto do Rego
Souto do Rio
Soutomaior (Gz.) - significa "souto grande"
Souto Maior - ver Soutomaior
Soutomel (Gz.)
Soutopenedo (Gz.)
Souto Redondo
Souto Velho
Soutulho (Gz.) - graf. altern. "Soutullo"
Vila Nova de Souto d'El Rei
Vilarinho do Souto
Vil de Soito

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

fiolhal, funchal, funchalinho, funcheira, funchosa

"funcho" (Pt. e Br.), "fiuncho" (Pt. e Gz.), "fioncho" (Gz.), "fiolho" (Pt. e Gz.), "fionlho" (Gz.), e "fruncho" (Pt. e Gz.) são variantes dialectais da mesma palavra original latina foeniculus, que designa uma planta perene, aromática, de caule ramoso, flores amareladas e folhas em forma de agulha. ["fruncho" é a forma convergente de duas linhagens fonéticas diferentes, podendo referir-se ao "funcho" ou significar "furúnculo"].
a foeniculus vulgare Mill é uma umbelífera fortemente aromática, de aroma semelhante ao do anis, utilizada em culinária, em perfumaria e como aromatizante em bebidas espirituosas. de origem mediterrânica, está muito difundida na Macaronésia - Madeira, Canárias e Açores. tem várias designações que, em alguns casos se sobrepõem com as de outras plantas, pelo que o melhor é evitá-las.
planta muito ligada também à superstição, à magia e à medicina, o funcho usava-se antigamente pendurado à porta de casa para afugentar espíritos e o mau olhado. diz-se que trazer um pequeno rebento de funcho no sapato esquerdo protege das carraças, coisa que os menos cépticos atribuem ao facto de as carraças odiarem o cheiro do funcho. e trazer consigo um saquinho de sementes de funcho faz sentir-se protegido das doenças.


Barragem do Funcho

Fiolhais - de "fiolho", o mesmo que "funcho". lugares onde abunda o funcho ou fiolho

Fiolhal - ver "Fiolhais". é, pois, o mesmo que "Funchal"

Fiolhás (Gz.) - graf. altern.: "Fiollás"

Fiolheda (Gz.) - graf. altern.: "Fiolleda"

Fiolhedo (Gz.) - graf. altern.: "Fiolledo"

Fiolhosa

Funchal (Pt. e Gz.) - ver Comentº de Miguel. vários "Funchal, quer em Portugal quer na Galiza. uma curiosidade interessante é o facto de a cidade de Marathónas, ou Maratona, na Grécia, significar, precisamente, "funchal"

Funchalinho

Funcheira

Funcheiro (Pt. e Gz.)

Funchosa

Horta da Funcheira

Moinhos do Funcheiro

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

bouça e touça

"bouça", palavra e topónimo muito frequente na Galiza e no Norte de Portugal, é quase certamente de origem pré-romana. significa "matagal", "lugar onde cresce vegetação bravia, como o tôjo, a giesta e a urze", "lugar que só cria mato", "porção de terreno que está a monte", "devesa".
não raramente, o topónimo "Bouça" aparece associado a lugares de interesse arqueológico.

"touça", é igualmente pré-romana e o seu significado emparelha com "bouça", diferenciando-se na altura e na concentração do mato, sendo que em "touça", o mato é mais alto e mais basto.

"touça" tem a variante "toiça" em Portugal. mas nenhuma das variantes se pode confundir com toiça ou touça: "a parte do tronco que fica agarrada ao solo depois da árvore ser abatida".


A Bouça Alta (Gz.) - graf. altern.: "A Bouza Alta"
A Bouça da Barra (Gz.) - graf. altern.: "A Bouza da Barra"
A Bouça da Galinha (Gz.) - graf. altern.: "A Bouza da Galiña"
A Bouça Grande (Gz.) - graf. altern.: "A Bouza Grande"
A Bouça Velha (Gz.) - graf. altern.: "A Bouza Vella"
As Bouças (Gz.) - graf. altern.: "As Bouzas"
As Boucinhas (Gz.) - graf. altern.: "As Bouziñas"
As Boucinhas do Rio (Gz.) - graf. altern.: "As Bouziñas do Rio"
A Touça (Gz.) - graf. altern.: "A Touza"
Bairro das Toiças (Pt.)
Bouça Fria (Gz.) - graf. altern.: "Bouza Fría"
Boiça (Pt.)
Boiça de Baixo (Pt.)
Boiça de Cima (Pt.)
Boicinha (Pt.) - diminut. de "boiça"

Bouça (Pt. e Gz.) - graf. altern.: "Bouza". no concelho de Mirandela (Pt.), esta

Bouça da Cabra (Gz.) - graf. altern.: "Bouza da Cabra"
Bouça da Cova da Moura (Pt.)
Bouça da Cruz (Pt.)
Bouça da Fonte (Gz.) - graf. altern.: "Bouza da Fonte"
Bouça da Giesta (Pt.)
Bouça da Mó (Pt.)
Bouça da Pega (Pt.)
Bouça da Pena (Gz.) - graf. altern.: "Bouza da Pena"
Bouça da Pousada (Pt.)
Bouça das Almas (Pt.)
Bouça das Valas (Pt.)
Bouça da Telheira (Pt.)
Bouça de Cá (Pt.)
Bouça de Cima (Pt.)
Bouça de Rodas (Pt.)
Bouça do Couto (Pt.)
Bouça do Frade (Pt.)
Bouça do Gaiteiro (Gz.) - graf. altern.: "Bouza do Gaiteiro"
Bouça do Menino (Pt.)
Bouça do Monte (Pt.)
Bouça do Monte de Castro (Pt.)
Bouça do Ouro (Pt.)
Bouça dos Mortos (Pt.)
Bouça do Senhor (Pt.)
Bouça do Viso (Gz.) - graf. altern.: "Bouza do Viso"
Boucela (Pt.) - diminut. de "bouça"
Boucelha (Pt.) - diminut. de "bouça"
Bouça Fria (Gz.) - graf. altern.: "Bouza Fría"
Bouça Grande (Pt.)
Bouça-Mé (Pt.)
Bouça Nova (Pt.)

Bouça Rara (Gz.) - graf. altern. "Bouzarrara". é uma "bouça pouco espessa", "pouco cerrada"

Bouça Redonda (Pt. e Gz.) - graf altern.: "Bouza Redonda" e "Bouzarredonda"

Bouças de Abaixo (Gz.) - graf. altern.: "Bouzas de Abaixo"
Bouças Vedras (Gz.) - graf. altern.: "Bouzas Vedras"
Bouça Velha (Pt. e Gz.) - graf. altern.: "Bouza Vella" e "Bouzavella"
Bouças Velhas (Gz.) - graf. altern.: "Bouzas Vellas"
Bouçoa (Gz.) - graf. altern.: "Bouzoa". diminut. de "bouça"
Bouçó (Pt. e Gz.) - graf. altern.: Bouzó". diminut. de "bouça"

Bouçós (Pt. e Gz.) - graf. altern.: "Bouzós". diminut. plural de "bouça". o mesmo que "boucinhas"

Cã das Bouças (Pt.)
Campo das Bouças (Gz.) - graf. altern: "Campo das Bouzas"

Casa de Touça Boa (Pt.) - em Ribeira de Pena. Affonso Augusto Moreira dos Santos Penna, sexto presidente do Brasil, era filho de Domingos José Teixeira Penna, oriundo desta Casa

Casal da Toiça (Pt.)
Fonte da Bouça (Pt. e Gz.) - graf. altern.: "Fonte da Bouza"
Fonte da Touça (Pt.)
Lagoa da Toiça (Pt.)
Lama das Bouças (Gz.) - graf. altern.: "Lama das Bouzas"
Paço da Touça (Gz.) - graf. altern.: "Pazo da Touza"
Poça das Bouças (Gz.) - graf. altern: "Poza das Bouzas"
Quinta da Toiça (Pt.)

Rabo de Bouça (Gz.)
Regato da Bouça de Cristo (Gz.) - graf. altern.: "Regato da Bouza de Cristo"

Regato das Bouças (Gz.) - graf. altern.: "Regato das Bouzas"

Regato da Portela da Bouça (Gz.) - graf. altern.: "regato da Portela da Bouza"

Regueiro das Bouças (Gz.) - graf. altern.: "Regueiro das Bouzas"
Rio de Bouças (Gz.) - graf. altern.: "Rio de Bouzas"

Santo Amaro da Bouça (Pt.) - coexiste a alternativa "Santo Amaro da Boiça"

Tapada de Bouças (Gz.) - graf. altern.: "Tapada de Bouzas"
Touça (Pt. e Gz.) - graf. altern.: "Touza". em Portugal ver aqui
Touça da Velha (Gz.) - graf. altern.: "Touza da Vella"
Touça de Valbom (Gz.) - graf. altern.. "Touza de Valbón"
Touça do Carbalho (Gz.) - graf. altern.: "Touza do Carballo"
Touça do Castro (Gz.) - graf. altern.: "Touza do Castro"
Touça do Lobo (Gz.) - graf. altern.: "Touza do Lobo"
Touça Galinha (Mir.)
Touça Longa (Gz.) - graf. altern.: "Touza Longa"
Touça Nova (Gz.) - graf. altern.. "Touza Nova"
Touça Redonda (Gz.) - graf. altern.: "Touza Redonda"
Touças (Gz.) - graf. altern.: "Touzas"
Touça Velha (Gz.) - graf. altern.: "Touza Vella"
Tousa ou Touza (Tun.) - ???

domingo, 3 de fevereiro de 2008

cidade da Horta

embora situada na "ilha azul", assim chamada pela quantidade de hortênsias que bordejam as estradas e caminhos do Faial, a cidade da Horta não deverá o seu nome às hortênsias nem à fertilidade hortícola dos seus terrenos. por uma daquelas coincidências em que a Toponímia é fértil, o seu nome, ao que parece de origem antroponímica, acabou por lhe assentar que nem uma luva, ao ponto de o aportuguesamento do nome estrangeiro ter adquirido feição de substantivo. é a "Cidade da Horta" ou " a Horta".
o povoamento da ilha do Faial, onde a cidade se situa, iniciou-se em 1466 quando o flamengo Joss van Hürter, ou van Hurtere, nomeado donatário da ilha pelo Infante D. Fernando, ali chegou acompanhado de cerca de mil homens, à procura de minas de prata e estanho. tendo-se mostrado infrutífera a pesquisa do minério, os colonos passaram ao cultivo das terras férteis da ilha, produzindo trigo, pastel e um pigmento extraído de líquenes.
e do flamengo Joss van Hurtere adviria o nome "Cidade da Horta".
a vinda desses povoadores flamengos está também expressa na Toponímia faialense através da freguesia de Flamengos, no concelho da Horta.
de van Hürter descendem os "de Utra", mais tarde "Dutra", um sobrenome tipicamente açoriano.
o facto de o nome "Horta" assentar tão bem às características da cidade e da ilha tem feito com que permaneça alguma controvérsia sobre a origem do nome da cidade. há quem defenda que a origem do nome é "horta" e não "hürter" ou "hurtere". seja como for, "horta" e "hurtere" fazem uma coincidência feliz.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

álamos, choupos, faias e amieiros

do género Populus, o choupo, pópulo ou álamo, lamagueiro ou lamigueiro, pertence à família das Salicaceae, como o salgueiro. mas é uma árvore monóica, isto é, a mesma árvore tem flores masculinas e femininas.
na Antiguidade, o choupo era a porta de entrada no Reino dos Mortos. árvore consagrada a Héracles, ou Hércules, que simboliza a vitória do Homem sobre as suas fraquezas. sempre que Héracles descia aos Infernos, levava uma coroa de raminhos de choupo. árvore ligada ao mundo dos Infernos ou dos mortos, está associada ao sacrifício, à dor, às lágrimas, às recordações e ao passado.
Napoleão introduziu o choupo negro em França, no ano de 1745, e mandou plantá-lo ao longo das estradas francesas, a fim de evitar que as suas tropas marchassem sob a torreira do sol, no verão, e pudessem orientar-se melhor nos nevões do inverno.

destacam-se as espécies:

populus alba - choupo branco, alvar, faia branca ou amieiro
populus nigra - choupo negro ou olmo negro
populus canescens - choupo cinzento ou álamo cinzento

populus tremula
- choupo tremedor ou faia preta


os termos "amieiro" e "faia" aqui utilizados prestam-se a confusão com o verdadeiro amieiro (alnus glutinosa) e a verdadeira faia (género fagus). para ajudar à dificuldade, tamém o olmo ou ulmeiro (ulmus glabra) pode ter o nome de "lamagueiro" ou "lamigueiro", tal como o choupo. como já vimos, é frequente a sobreposição de designações das espécies arbóreas, sobretudo na fala popular. mas esta é que decide o destino dos topónimos.


Alameda - frequente na toponímia urbana. indica um corredor de árvores, nem sempre de álamos

Álamo
Álamos
Álamos Bravos
Alvares
Ameal (Pt. e Gz.)
Amiais
Amial (Pt. e Gz.)
Amial de Baixo
Amiar - ?
Amieira
Amieirinho
Amieiro
Amieirões
Amiosa
Amioso
Amioso Cimeiro
Amioso do Senhor
Amioso Fundeiro
Campo dos Amieiros (Gz.) - ver Comentºs
Choupal
Choupalinho
Choupos

Convento do Pópulo - em Braga, o seu nome deriva do hagiónimo Santa Maria del Popolo, na Piazza del Popolo (aparentemente: "Praça do Povo"), em Roma.
à primeira vista, pois, sem qualquer relação com "choupo".
o curioso é que, segundo a lenda, a Igreja romana de Santa Maria del Popolo teria sido construída onde antes havia uma nogueira habitada pelo fantasma do Imperador Nero, que tinha morrido naquele lugar. o Papa Pascoal II mandou derrubar a árvore, queimá-la e jogar as cinzas no Rio Tibre. e no local mandou erigir uma capela, que o Papa Gregório IX fez depois substituir pela actual igreja de Santa Maria del Popolo. demasiado trabalho, sem dúvida, para tão mau sítio.
esta lenda, com passos incompreensíveis à interpretação literal, parece esconder a substituição de um poderoso culto da árvore (choupo?) por uma árvore de mau agoiro (nogueira) e, posteriormente, por um culto cristianizado. o trocadilho "choupo"-"povo" (popolo) ajudaria a esconder o culto primitivo.
de qualquer modo, existe uma versão mais "piedosa" da fundação da igreja de Santa Maria del Popolo, segundo a qual a população de Roma (il popolo) a teria construído às sua próprias custas, em acção de graças pela intervenção da Virgem del Popolo na tomada do Santo Sepulcro, na Terra Santa.
esta versão, porém, tem os seus quês: ao chamar a atenção para o Mediterrâneo Oriental (a Terra Santa), lembra-nos que a nogueira tinha sido trazida do Mediterrâneo Oriental para a Europa pelos exércitos dos imperadores romanos. isto é, uma árvore que, de certo modo, veio usurpar o lugar de outras.
da relação nogueira-choupo fala o refrão galego: "cravos da nogueira dán cagaleira; os de choupo, boa xeira".


Faial
Fonte do Choupo
Foz do Amieirinho
Foz do Amieiro
Lamigueiro Novo (Gz.) - ver "Lodeiro"

Lodeiro (Pt. e Gz.) - creio que os topónimos com este nome, tal como acontece com "Lamagueiro" e "Lamigueiro", se referem à árvore e não ao lodo ou à lama. certo é que os choupos têm os nomes de "lamagueiro" e "lodeiro" por gostarem de terrenos úmidos.

Lodeiro de Baixo
Lodeiro de Cima
Lodões

Nossa Senhora do Pópulo - nas Caldas da Rainha. ver "Convento do Pópulo"

O Lodeiro (Gz.)
Paplemont (CH, Fr.)

Pible, Puble, Publet, Publey, Publiet,. Publo, Publoz, Publy (Fr.) - todos estes topónimos franceses se referem ao populus ou choupo

Poplar (Ing., EUA)
Poplar Bluff (EUA)
Pópulo
Praia do Pópulo (Aç.)
Ribeiro do Ameal (Gz.)
Rua do Lamigueiro (Gz.)
Trémoulède (Fr.) - de populus tremula, ou choupo tremedor
Vale de Choupos
Villers le Peuplier (Be.)
Volta dos Choupos

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

salgueiros, salzes, sazes, seices e vimieiros


"salgueiro" é o nome comum de centenas de espécies do género salix. tal como os teixos, estas árvores são dióicas e já existiam na Era Terciária. por dióicas entende-se que a sua morfologia e características se diferenciam em função do sexo. a palavra salix parece ser de origem céltica, indiciando a ideia de "junto d' água".
há diversas variedades e nomes de "salgueiros" e a hibridação espontânea ou induzida é bastante frequente entre as espécies. por isso, será melhor reunir o conjunto e tentar estabelecer as diferenças de significado caso a caso, se as houver. um dos nomes alternantes é "sazes" ("sazeiros"), outro é "vimeiro" ou "vimieiro" e outro, ainda, é "seiceira" (de "seiça" ou "seice", isto é, salix ou "salgueiro").
o vime, das varas moles e flexíveis do vimieiro, é um material tão antigo quanto nos é possível recuar no tempo e tem servido para fins artesanais, como cestaria variada e mobiliário.
há milhares de anos que o ser humano se deu conta das propriedades tóxicas e terapêuticas do salgueiro, ou salix. no Egipto, na Mesopotâmia e na Grécia Antiga eram conhecidas e anotadas a escrito as propriedades analgésicas, antipiréticas e anti-inflamatórias do extracto ácido da folha da salix alba. outro tanto acontecia já na América pré-colombiana.
sabemos isso por relatos escritos ou, no caso dos ameríndios, por convivência directa. mas escrita não é o mesmo que datação, pelo que se pode presumir tratar-se, muitas vezes, de uma recolha e sistematização de um saber muito mais antigo, transmitido de geração em geração.
em 1899, a fábrica química alemã Bayer isolou e industrializou o princípio activo do extracto ácido da folha de salix, com a designação química de ácido acetilsalicílico e o nome comercial Aspirina, medicamento que tem resistido ao desgaste do tempo e da concorrência farmacêutica, dada a versatilidade das suas indicações terapêuticas e ao tipo de patologias hoje dominantes.
é uma das árvores-símbolo, não só pelos seus efeitos maléfico-terapêuticos mas também pela facilidade com que pega de estaca, quer na posição normal quer invertida.


Arneiro de Sazes
Asseiceira - ver Comentº de Gundibaldo
Asseiceirinha - ver Comentº de Gundibaldo
Assinceira - ver Comentº de Gundibaldo
Bairro da Salgueira (Gz.) - em Vigo
Borrazeiro - ver Comentº de Gundibaldo
Borrazeiros - ver Comentº de Gundibaldo
Casal do Salgueiral
Casal do Salgueiro
Herdade da Sarrazola
Herdade do Borrazeiro
Illa dels Salzes (Cat.)
Les Salces (Fr.)
Monte da Salgueira (Gz.)
Monte Salgado (Gz.) - ver Comentº de Miguel
O Salgueiral (Gz.)
O Salgueiro (Gz.)
Ponta Salgueira (Gz.)
Praia da Salgueira
Praia do Salgado

Quinta da Aborraceira - está por "Quinta da Borraceira" ou "Q. da Borrazeira"

Quinta da Sarrazola
Quinta do Ribeiro do Salgueiro
Quinta do Salgueiro

Regato da Salgueirinha (Gz.) - graf. altern. (Gz.): "Regato da Salgueiriña"

Ribeira de Sarrazola
Ribeira do Salgueiral
Ribeira do Salgueiro
Rua do Salgueiral
Rua dos Sazes
Saiçal - ver Comentº de Gundibaldo
Saiçais - ver Comentº de Gundibaldo
Salces - topónimo da Cantábria (Es.)
Salgado (Gz.) - ver Comentº de Miguel
Salgados (Gz.) - ver Comentº de Miguel
Salgosa - ver Comentº de Gundibaldo
Salgueira
Salgueira de Baixo
Salgueira de Cima
Salgueira do Meio
Salgueirais - ver Comentº de Gundibaldo
Salgueiral (Pt. e Gz.)
Salgueiral de Baixo
Salgueiral de Cima
Salgueiras - ver Comentº de Gundibaldo
Salgueiredo (Gz.)
Salgueirinha (Pt. e Gz.) - graf. altern. (Gz.): "Salgueiriña"
Salgueirinhas
Salgueirinho (Pt. e Gz.) - graf. altern. (Gz.): "Salgueiriño"
Salgueiro do Campo
Salgueirinhos (Pt. e Gz.) - graf. altern. (Gz.): "Salgueiriños"
Salgueiro (Pt., Gz. e Br.)
Salgueiro da Lomba
Salgueiro da Ribeira
Salgueiro do Campo
Salgueiros (Pt. e Gz.)
Salzeda
Salzedas
Sarrazola - ? - Gundibaldo e eu conhecemos ambos este site
Sarzeda
Sarzedas
Sarzedela - diminut. de "Sarzeda"
Sarzedelo - diminut. de "Sarzedo"
Sarzedinha - ver Comentº de Gundibaldo
Sarzedinho
Sarzedo
Sazeda

Sazes - "sazes" é o mesmo que "sazeiros" (pronúnc. "sàzeiros"), árvores da espécie salix salifolia, ou borrazeira-branca. ver "Borrazeiro" e "Borrazeiros"

Sazes da Beira
Sazes de Lorvão
Seiça - ver Comentº de Gundibaldo

Seiçal - ver Comentº de Gundibaldo. a propósito: "Seixal" - de "seixo" ou de "seiça"? pelo menos no caso de Porto Moniz (Md.), "Seixal" está por "Seiçal"- ver aqui

Seição - ver Comentº de Gundibaldo
Seiceiro - ver Comentº de Gundibaldo
Seixal - ver "Seiçal"
Serrazola - ver "Sarrazola"
Vale Salgueiro
Vime - ver Comentº de Gundibaldo
Vimeiro
Vimeiró - diminut. de "Vimeira". ver Comentº de Gundibaldo
Vimes - ver Comentº de Gundibaldo
Vimial
Vimianço (Gz.) - graf. altern. "Vimianzo"
Vimieira
Vimieiro (Pt. e Gz.)
Vimiers (Fr.)
Vimioso
Volta do Salgueiral - em Coimbra

sábado, 26 de janeiro de 2008

teixeira, teixoso, teixugueira

já em 1947 Miguel Torga escrevia (Diário IV, novembro): "andei há tempos várias léguas para ver um teixo, que é uma árvore que os botânicos dizem que vai acabar."
uma conífera já detectável no Jurássico, a taxus baccata ou teixo é uma espécie em vias de extinção pela mão do homem, ora retaliando pelas intoxicações mortíferas que o teixo foi causando no gado ao longo da História, ora caçando as aves que disseminavam as suas bagas vermelhas. o que fez com que o teixo fosse ficando confinado a territórios cada vez mais reduzidos. em Portugal, está praticamente limitado, hoje em dia, a certas zonas das serras do Gerês e da Estrela, em locais abrigados até 1500 metros de altitude,
e às Ilhas da Madeira e São Miguel. calcula-se que haja no Gerês português cerca de 8000 exemplares e cerca de 500 na Serra da Estrela. na Serra de Montesinho o teixo sofreu extinção recente.
a taxina, substância alcalóid
e presente em tudo o que é verde no teixo, é a responsável por aquela mortandade. mas, como quase tudo o que é veneno é também remédio, a taxina tem sido referenciada como uma possível substância terapêutica, sobretudo um dos seu componentes, o taxol, que lhe tem valido alguma atenção por parte da Indústria Farmacêutica.
árvore de pequeno-médio porte, mas podendo atingir 10, 15 ou mesmo 20 e até 25 metros de altura, o teixo goza de uma longevidade proverbial, de uma verdura perene e de uma enorme resistência a secas, fogos e pragas. isso tornava-a uma árvore sagrada para os celtas e um símbolo da imortalidade, da ressureição ritual, da sabedoria e da inteligência. segundo uma lenda, a cruz onde foi executada a sentença de Jesus Cristo era feita de teixo, o que a torna num instrumento simbólico da ressurreição e imortalidade do Filho de Deus. ainda hoje é a árvore dos cemitérios, em alguns países nórdicos. os druidas usavam a madeira de teixo para nela gravarem os seus escritos ogâmicos.
diz-se que no Monte Medulio as mães galegas, à vista das legiões romanas, envenenaram os seus filhos com brotos e raízes de freixo para que não ficassem sob o jugo de Roma. daí que o freixo possa ser considerado tamém um símbolo da Galiza. como, porém, o Monte Medulio tem sido localizado próximo do Rio Minho, ora no Monte de S. Julião, perto de Tui, ora na Serra d'Arga, próximo de Viana do Castelo, o seu simbolismo é comum a toda a Grande Galiza.
o teixo pode atingir uma longevidade que ronda os 1500 e mesmo 3000 anos. em Portugal há alguns teixos classificados como de Interesse Público: o de Tranguinha, em Santa Maria, Bragança, com cerca de 700 anos; o da Quinta do Senhor da Serra, Belas, Sintra, com cerca de 200 anos; e o da Quinta de S. João, Teixoso, Covilhã.
quanto aos topónimos "Teixuga" e derivados, eles derivam de "teixugo" ou "texugo" e não de "teixo" (ver Comentº de Miguel).


A Teixeira (Gz.) . ver "Teixeira"
Quinta de Teixedas
Taxeira - ver Comentº de Gundibaldo
Teixe - ? - ver Comentº de Gundibaldo
Teixeda (Gz.)
Teixedelos (Gz.) - diminut. plur. de "Teixedo"
Teixedo

Teixeira (Pt. e Gz.) - ou "bosque de teixos" (selvagens, não plantados)

Teixeira de Abaixo (Gz.)
Teixeira de Arriba (Gz.)
Teixeira de Baixo
Teixeira de Cima
Teixeiras (Pt. e Br.)
Teixeiro (Pt. e Gz.)
Teixeiró - diminut. medieval de "Teixeira"
Teixelo - diminut. de "Teixo"
Teixidelos (Gz.)
Teixido (Gz.)
Teixieirinha - ver Comentº de Gundibaldo
Teixinho - diminut. de "Teixo"
Teixo
Teixoeira (Pt. e Gz.)

Teixogueira - ver Comentº de Miguel. é derivado de "teixugo", "texugo", não de "teixo". no entanto, quer em "Teixogueira" quer em "Teixogueiras", o "o" em lugar de "u" levanta algumas dificuldades. será mera disgrafia?

Teixogueiras - ver "Teixogueira"
Teixoso
Teixuga - ver "Teixogueira"
Teixugueira (Pt. e Gz.) - ver "Teixogueira"

Teixugueiras - ver "Teixogueira". a descrição feita por Miguel, nos Comentários, é brilhante.


sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

carrascal, carrasqueira, carrascoso

"carrasco" é uma variedade de "carvalho". a palavra é pré-latina, indiciando o carácter nativo desta espécie de quercus, que se desenvolve entre formas arbustivas e a árvore. este grupo de fitotopónimos encontra-se por toda a Península Ibérica (ver Comentºs.).

as variedades de quercus que importam para a Fitotoponímia incluem:
- a quercus coccifera, carrasco galego ou verdadeiro carrasco;
- a quercus faginea, carvalho português ou carvalho cerquinho;
- a quercus pyrenaica, ou carvalho pardo;
- a quercus robur, carvalho comum, albarinho ou roble;
- a quercus rotundifolia, azinheira, azinho, carrasca ou sardão;
- a quercus suber, chaparro, sobreiro ou sobro.

cada uma destas variedades ou espécies dá o mote para o respectivo grupo de fitotopónimos. no entanto, topónimos como "Sobreira" ou "Carvalho" merecem a nossa atenção, pois raramente ou nunca se referem a aspectos da flora. ver aqui.
de notar a alternância ç /k em cerquinho, cerqueira, quercus.

exemplos de topónimos derivados de Carrasco:

A Carrasqueira (Gz.)
Azenha da Carrasca
Carrascal (Pt. e Gz.)
Carrascal de Alvide
Carrasqueira (Pt. e Gz.)
Carrasquinho
Carrascos
Carrascoso
Carrasqueira
Fonte da Carrasca
Monte Carrascalão
O Carrascal (Gz.)
Quinta da Carrasca
Rua do Carrasquinho
Vale da Carrasqueira

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

juncal, junceira, junqueira

estes fitotopónimos tiram o nome do junco, uma planta gramínea própria de terrenos alagadiços ou pantanosos. já atrás falei do caso particular do bunho e topónimos correlativos.
o junco serve para fazer um montão de coisas, desde esteiras a barcos.

A Xunqueira (Gz.)
Juncais
Juncal
Junceira
Junco
Junqueira (Pt. e Gz.) - graf. altern. Xunqueira
Vale de Juncos
Vale Junco
Xunqueira de Ambía (Gz.)
Xunqueira de Espadanedo (Gz.)

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

azevo, azivo, azevedo

o "azevo" ou "azevinho", do lat. acifolium ("folha acerada", "folha que pica", "folha espinhosa"), deu o mote a fitotopónimos que se encontram por toda a Península Ibérica.
é possível que os topónimos espanhóis "Quevedo" e "Queveda" tenham esta mesma origem, dada a alternância frequente entre ç e k, como Junceira / Junqueira.
em euskera, gorosti (azevo) deu topónimos como Gorostiaga (lugar onde abundam os azevos, azevedo) e Gorostiza

Acebedo do Rio (Gz.)
Acebeiro (Gz.)
Acivro - ver Comentº de Calidónia
Azeval - ver Comentº de Gundibaldo
Azevedinho - ver Comentº de Gundibaldo. diminut. de "Azevedo"

Azevedo (Pt. e Gz.) - graf. altern. "Acevedo". o mesmo que "azevinhal", "lugar onde há muitos azevinhos"

Azeveiro
Azevinhal
Azevinheiro - ver Comentº de Gundibaldo
Azevinho
Azevinhos
Azevo
Azevoso
Azibo - ver Comentº de Gundibaldo
Azival - "lugar onde abundam os azevinhos"
Aziveiro - "lugar onde abundam os azevinhos"
Azivo
Azivoso
Cebreiros (Gz.)
Cibeira - ver Comentº de Calidonia
Foro de Cebreiros (Gz.)
O Cebreiro (Gz.)
Ribeira de Azibo
Zibreira
Zebreiro - ver Comentº de Gundibaldo
Zebreiros (Pt. e Gz.) - graf. altern. "Cebreiros"
Zebros - ver Comentº de Gundibaldo
Zebro de Baixo
Zebro de Cima
Zibreiros - ver Comentº de Gundibaldo


bunho, bunhosa

outro grupo de fitotopónimos é o que deriva de "bunho", uma planta afim do junco que se dá em lugares úmidos e alagadiços, como paúis, pântanos e lagoas . usa-se para fabricar móveis de junco e esteiras e também para resguardar da chuva as medas de sal nas marinhas.


Bunhal
Bunheira - lugar onde abunda o bunho
Bunheirinha
Bunheiro
Bunho (Pt. e Gz.) - graf. altern. "Buño"
Bunho da Costa (Gz.) - graf. altern. "Buño da Costa"
Bunhosa - lugar onde abunda o bunho
Casais da Bunhosa
Gândara da Bunhosa
Vale de Bunho

mata, matança, mateira, matinha, mato

este é um grupo de fitónimos inespecíficos, referente à abundância de "mato". como parece evidente, o nome de muitos destes topónimos, que implica a ideia de "espessa vegetação silvestre", terá sido posto antes desses lugares se tornarem habitados. noutros casos, a "mata", ou "matagal", continua lá.
as palavras "mata" e "mato" são pré-latinas, de língua ainda não esclarecida, e aparecem por toda a Península Ibérica.

Casal do Mato
Casal do Mato Grande
Córrego da Matinha (Br.)
Herdade da Matinha
Herdade da Matosa

Madeira - por "Mateira", "mata grande", "matagal". a Ilha da Madeira deve o nome à mata cerrada de arvoredo que cobria a ilha quando foi descoberta.

Malhada da Matosa
Mata (Pt. e Gz.)
Mata do Bispo
Mata do Urso
Matadussos - de "Mata de Ursos"
Matagosa
Matagosinha
Mata Mourisca

Matança (Pt. e Gz.) - graf. altern. "Matanza". refere-se ao subst. "mata" e não ao verbo "matar"

Matancinha - diminut. de "Matança"
Mataria
Mataró (Cat.)
Mateira (Br.) - ver "Madeira"
Matela (Pt. e Gz.)
Matelo - diminut. de "Mato"
Matelinho - duplo diminut. de "Mato"
Matilla (Le) - diminut. de "Mata". é o equivalente de "Matela"
Matinha (Pt. e Br.) - diminut. de "Mata"
Matinhas
Mato (Pt. e Gz.)
Matões (Br.)
Mato Grosso (Br.)
Matos
Matosa (Pt. e Gz.)
Matoseira
Matosela - diminut. de "Matosa"

Matosinhos - uma forma antiga do topónimo era Matesinus, o que exclui a sua relação com "mato" ou com um diminutivo de "Matosos".

Matosos
Matoutinho
Matouto
Mato Velho

Matozinhos (Br.) - transposição de topónimo português. ver "Matosinhos"

Matulos - ?
Matum - ?
Matusinhos (Gz.) - graf. altern. "Matusiños". ver "Matosinhos"
Monte da Matosa
Quinta da Matosa
Ribeirão da Mateira (Br.)
Rua da Matinha
Rua de Matadussos
São João da Madeira - antes chamada "de Mateira"
Travessa de Matadussos
Vila do Mato
Vilar de Matos
Vil de Matos


sábado, 19 de janeiro de 2008

falacho, faleital, faleto, fetal, feteira

este é um outro grupo de fitotopónimos que se refere à abundância de fetos.
do lat. filix/filictu resultaram variadas formas evolutivas, tais como, entre outras, as variantes dialectais "feto", "feito", "fento", "fieito", "falga", "felga", "filga", "folga", "faleto", "faleito", "falacho", "felecho", "helecho".
como há muitos terrenos com humidade propícia ao desenvolvimento de fetos, é um topónimo muito frequente quer na Região Galego-Portuguesa quer noutras regiões da Península.
é de notar a grande quantidade de topónimos dedicados à presença de fetos na região portuguesa de fala asture-leonesa ou Bable (Bragança-Miranda do Douro), ali chamada "Mirandês".


Afeiteira - está por "A Feiteira"
Agra Filgueira (Gz.)
Bairro Feital (Br.)
Córrego Feital (Br.)
Falacho - cf. babl. felecho, cast. helecho (feto)
Falagueira
Falgueira (Gz.)
Faleital (Mir.)
Faleito (Mir.)
Faleto
Falgarosa
Falgaroso
Falgueirosa (Gz.)
Feitada
Feital (Br.)
Feitalzinho (Br.)
Feiteira
Feiteira de Cima
Feiteira de Dentro
Feiteiras
Feiteirinha
Feitos
Feitosa
Felecho (Ast.)
Felechosa (Ast.)
Felgar (Gz.)
Felgosa (Gz.)
Felgoso (Gz.)

Felgueira - do lat. filicaria, lugar onde há polypodium filix, ou felga, isto é, feto-macho

Felgueiras - ver "Felgueira"
Felitosa
Fetal
Feteira
Fetil
Fieital (Pt. e Gz.)
Filgueira (Gz.) - ver "Felgueira"
Filgueira de Barranca (Gz.)
Filgueira de Traba (Gz.)
Filgueiras (Gz.)
Filgueiros (Gz.)
Fleitosa (Mir.)
Folgar (Gz.) - variante de "Felgar"
Folgosa (Pt. e Gz.) - evolução fonética de "Felgosa"
Folgosa da Maia
Folgosa do Douro
Folgosa Velha
Folgueira (Gz.) - variante de Filgueira e Felgueira
Folguera (Cat.)
Foros da Afeiteira
Herdade da Afeiteira
Iratzabal (Eusk.) - de "iratz" (fèto) + "-abal" (suf. abundanc.): o mesmo que "Fètal"
O Fieital (Gz.)
Quinta da Folgosa
Reguengo do Fetal
Ribeira de Falgueirosa
Rua do Fieital - em Seixas do Douro, Vila Nova de Foz-Côa
Urreta Faleto (Mir.)
Vale da Feiteira
Vale Fetal


pampilhais, pampinhal, pampilhosa

estes topónimos são também fitotopónimos. derivam de "pampilho", planta do grupo dos malmequeres e margaridas.


Alto da Pampilheira
Bairro da Pampilheira
Pampilhais - o mesmo que "campos de pampilhos"
Pampilhal (Pt. e Gz.) - graf. altern.: "Pampillal"
Pampilheira
Pampilhido
Pampilhosa
Pampilhosa da Serra
Pampilhosa do Botão
Pampinhal
Praia da Pampilhosa (Gz.) - graf. altern. "Praia da Pampillosa"

panascal, panasqueira, panascoso

estes topónimos são fitotopónimos, pois derivam de "panasco", uma planta gramínea que serve de pasto aos rebanhos (de ovelhas, por exemplo).


Minas da Panasqueira
Monte Novo do Panascoso

Panascal (Pt. e Gz.) - o mesmo que "prado de panascos". tem um significado próximo de "pradaria"

Panascos
Panascoso
Panasqueira - significa "campo ou prado de panascos"

Penhascoso - o nome "Penhascoso" resulta de uma alteração e reinterpretação recente do topónimo "Panascoso". como o topónimo se tornou vagamente cacofónico para certas mentes e a terra é muito rica em penhascos, vá de alterar o nome original - o qual, como hoje se diz, tinha adquirido conotações homofóbicas.

Quinta do Panascal

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Alcongosta, Cangosta, Congosta, Congosto, Congostra, Quingosta

estes topónimos estão associados a lugares de passagem difícil mas incontornável. encontram-se por toda a metade Norte da Península Ibérica, desde o território galego-português até aos vales pirenaicos de Aragão. tanto aparecem em lugares altos de passagem difícil, como em ruas, veredas, azinhagas e vielas estreitas, em troços apertados do curso de um rio ou em desfiladeiros e gargantas. a oscilação da primeira vogal é curiosa, variando entre a, i e o.
a sua associação a lugares de passagem estreita tem feito pensar no lat. canale angusta. admito também o parentesco linguístico com a palavra "canga", que contém a ideia de "aperto", "constrangimento".
encontra-se "congosta" como adjectivo, sobretudo em castelhano: "Las gargantas del Dobra son espectaculares, muy congostas y escarpadas" (da web).
nas regiões moçarábicas aparece o híbrido "Alcongosta" (do árab. al + congosta).

alguns desses topónimos:

Alcongosta
Cangosta
Cangosta da Palha
Cangosta das Cruzes
Cangosta de S. Sebastião

Congosta (Pt. e Gz.)
Congosta de Vidriales (Le.)
Congostas
Congosto de Olvena (Arag.)
Congostras (Gz.)
Congostro (Gz.)
Cruzeiro da Quingosta
Dehesa de Congosta (Le.)
Lugar da Congosta
Puente de la Congosta (Ast.)
Quingosta
Quingostas
Rua da Congosta
Rua da Quingosta
Rua das Congostas
San Andrés del Congosto (CsM)


domingo, 13 de janeiro de 2008

canga e cangas

apesar de aqui e ali virem referenciados ao latim cannica(s), os topónimos "Canga" e "Cangas" são, muito provavelmente, de origem linguística pré-romana. o topónimo nasceu nas Astúrias, onde encontramos as muito antigas Cangas de Onís e Cangas de Narceo. no séc. XII aparece nos documentos Cangas do Morraço na Galiza. o diminutivo "Canguelas" aparece na toponímia andaluza sob a forma "Picón de Las Canguelas". e como a Toponomástica está cheia de homofonias entre línguas diferentes, só para exemplo há em Angola o Rio Cutato das Canguelas, sendo que, nesse caso, "Canguelas" ou "N'Canguelas" é um etnónimo e nada tem que ver com Cangas.
sendo o topónimo Cangas originário das Astúrias, a melhor pista para o seu significado é o Bable, a língua asture-leonesa, tamém chamada vieya fala, de que o impropriamente chamado "mirandês" constitui um subdialecto. ora, segundo Rato de Argüelles (1891), "o nome de Cangas provém das choças ou cabanas em que viviam os habitantes dos povoados, as quais, cobertas de palha ou de urze em lugar de telhas, deviam o nome ao conjunto de paus entrelaçados que se colocavam por cima para evitar que o vento levasse a cobertura". a ser assim, os topónimo Canga, Cangas e Canguelas seriam, de certo modo, sinónimos de "Cabana", "Cabanas" e "Cabanelas", respectivamente.
as teorias latinófilas que referem o significado de "canavial" ou de "vale profundo e estreito" carecem de comprovação factual no terreno.

alguns topónimos derivados de "Canga" ou "Cangas":

Cangas de Foz (Gz.) ver Comentº de Malvelinha
Cangas de Narceo (Ast.) - ver aqui
Cangas de Onís (Ast.) - ver aqui
Cangas do Morraço (Gz.)

Cangas (Br.) - são topónimos antroponímicos. homenagem a alguém de sobrenome Cangas. ou transposições dos topónimos galegos ou asturianos? ver Comentº de Jolorib.

Picón da Las Canguelas (And.)
Rua da Canga - em Aguiar da Beira (Pt.)


sábado, 12 de janeiro de 2008

morros, morraços e morreiras

"morreira" é um lugar onde há vários "morros", ou "lugar entre morros".
um "morro" é um monte de pequena altura, um outeiro, um cabeço, uma colina, um cêrro ou sêrro, um bairro ao subir de um monte. o topónimo "Morro" é ubíquo um pouco por todo o Brasil. no Algarve (Pt.) predomina o termo "Cêrro".

topónimos derivados de "morro":

Cangas do Morraço (Gz.) - graf. altern. Cangas do Morrazo. ver tamém "O Morraço"

Farol do Morro (Br.)

Marrazes - ??? (topónimo pré-romano). relação com Morrazos? verdade é que no Séc. XIX, "Marrazes" era tratada como substantivo plural: "Freguesia de Santiago dos Marrazes"

Morraço (Gz.) - graf. altern. "Morrazo". pode significar um morro mais avantajado. promontório. mas Morraço também pode ser sinónimo de "Cachada", topónimo rural que designa um terreno que se tornou cultivável depois de queimada a vegetação silvestre e depois de nivelado ("disfarçado", "escondidas as irregularidades", "alteado")

Morrão (Br.) - o mesmo que "morro grande". nome de serra

Morreira (Pt.) - "lugar onde há vários morros" ou "lugar entre morros". serra de baixa altitude

Morro
Morro Agudo (Br.)
Morro Azul (Br.)
Morro Branco (Br.)
Morro Cará-Cará (Br.)
Morro Cara de Cão (Br.)
Morro Cara Suja (Br.)
Morro da Fumaça (Br.)
Morro da Lapa (Br.)
Morro da Mangueira (Br.)
Morro da Providência (Br.)
Morro das Pedras (Br.)
Morro da Urca (Br.)
Morro de São Paulo (Br.)
Morro do Castelo (Br.)
Morro do Forte (Br.)
Morro do Lajedo (Br.)
Morro do Moreno (Br.)
Morro Dona Maria (Br.)
Morro do Osso (Br.)
Morro dos Ventos (Br.)
Morro Grande (Br.)
Morro Pelado (Br.)
Morro Santana (Br.)
Morro Velho (Br.)
Morro Vermelho (Br.)
O Morraço (Gz.) - graf. altern. O Morrazo
Três Morros (Br.)

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Morraceira e Mouchão

sobre o topónimo "Morraceira" encontrei no jovem blogue do mesmo nome esta belíssima definição:

"unha morraceira... Un illote de terra no medio dun río na que xa se asentou vexetación..."

e a essa vegetação é costume dar-se o nome de "morraça".

tal como no Rio Minho, tamém no estuário do Rio Mondego existe uma ilha Morraceira.

um pouco mais a sul, a palavra correspondente é "Mouchão": Mouchão de Tomar, de Alhandra, de Póvoa de Santa Iria, do Lombo do Tejo, Herdade do Mouchão, etc. porém, nos "mouchões" não é costume a presença de "morraça", uma planta gramínea utilizável como forragem.

topónimos afins:
Morraça
Morraçã
Morraçal
Morração


sábado, 5 de janeiro de 2008

Topónimos Terminados em -el

é um grupo heterogéneo de topónimos, que, na sua maior parte, indica filiação no grupo de falares do romance galego-português moçarábico (Beiras, Estremadura, Ribatejo, Alentejo e Algarve, Pt.).
alguns destes topónimos, como Samel e Tourel, são genitivos de antropónimos.

Albarquel - topónimo híbrido, de árab. "al" + "barquel". "barquel" é diminut. de "barco", tal como "Barcelos" (diminut. plur. de "Barco"). implica a proximidade de um rio. é o mesmo que "portinho", "lugar de passagem ou travessia ou embarque". ver post

Alboritel - ver "Alburitel"

Alburitel - graf. altern. de "Alboritel". o mesmo que "Alportel"? pressupõe as formas intermédias "Alporetel" e "Alboretel"

Alfornel - topónimo híbrido, de árab. "al" + "fornel" (diminut. de "forno"). o topónimo "Fornel" encontra-se em França e na Catalunha. do lat. fornellu.

Aljustrel

Alportel - em "S. Brás de Alportel". topónimo híbrido, de árab. "al" + "portel". ver "Portel"

Arnel - ver "Ponta do Arnel"
Courel (Pt. e Gz.)
Espichel - nome de um cabo
Ferrel
Fratel

Marnel (Pt. e Gz.) - topónimo associado à presença ou proximidade de rios ou ribeiros. como hidrónimo: Rio Marnel. mesma etimologia de Marne (Fr. ). origem celta: matter (mãe, nascente) + onna (fonte)

Pinhel - diminut. de "Pinho" (o mesmo que "pino", "ponto alto")

Ponta do Arnel (Aç.) - parece haver uma relação com Ar-Men, na Bretanha (Fr.), onde, aliás, também existe um famoso farol. "ar-men": "a pedra", "o rochedo". o povoamento da Ilha de S. Miguel pode explicar a relação. e a localização também

Portel - diminut. de "Porto". do lat. portellu: Portelo, Portinho
Rochel
Rogel
Sousel

Samel (Pt. e Gz.) - genit. de Salamiru. também aparece sob a forma Samil (Pt. e Gz.). pronúnc. Sàmel/ Sàmir

Tamel - forma ant. "Tamal"
Tourel (Pt. e Gz.) - é um genitivo de um antropónimo

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Topónimos terminados em -ei, -ey

mais um grupo de topónimos com terminação comum, neste caso em -ei ou -ey, indicando, regra geral, um genitivo de antropónimo. são, pois, em geral, lugares cujo nome se associa à posse da terra, na Idade Média.


Atei - graf. anter. "Atey"

Ganfei - nome derivado de S. Ganfei, ou Ganfred, que mandou reedificar um antigo mosteiro beneditino que existira no local e que fora destruído por Al-Mansur, Rei de Córdova. a forma Ganfei é um genitivo. como dizer: "(Mosteiro) de São Ganfred"

Gondarei (Gz.) - graf. altern. "Gondarey". ver "Gondarém"

Guilhofrei - de Wiliafredi ou Uiliauredi, genit. de Wiliafredu ou Uiliauredu, antropónimo germânico

Guimarei (Pt. e Gz.) - graf. altern. "Guimarey" (Gz.). de Vimaredi, genit. de Vimaredu

Gumiei -

Jesufrei - de Segefredi, genit. de Segefredu.

Lufrei - graf. anter. "Logefrey", "Loifrei" e "Luifrei". de Leodefrei, genitivo de Leodefredu - de onde também o topónimo "Lufreu" (Penacova, Pt.)

Recarei - de Recaredi, genit. de Recaredu
Turei (Gz.) - graf. altern. Turey. ver "Tourém"