segunda-feira, 7 de agosto de 2006

Topónimos Terminados em "-ões"



estes topónimos têm diversas origens: uns referem-se a fenómenos migratórios, em geral sob a hégide de monarcas em urgência de repovoar o reino (ver post "Topónimos Relacionados com Migrações); outros são genitivos de antropónimos, indicando a quem pertencia a respectiva propriedade; outros, ainda, são (?) plurais de substantivos em "-ão". como na Galiza não se dá a nasalação em ões, estes topónimos só ocorrem em Portugal.

Adões - parece o genitivo de "Ado", antropónimo germânico
Alfolões -
Arengões - gente oriunda de Arenga

Arões - se é o genitivo de "Aaron" (Aarão), indica que o senhor destes lugares seria judeu. mas será? a pronúncia, tanto quanto sei, é com a fechado e não "Àrões". e, se não é o genitivo de um antropónimo, indica gente proveniente e uma terra ou região cujo nome contém a palavra "Aro" (de origem pré-céltica).

Avões
Azões - (?)
Cabanões - gente oriunda de Cabanas (qual?)
Castelões - gente oriunda de Castela
Cavalões
Ceidões - gente vinda de Ceide
Coimbrões - gente oriunda da região de Coimbra
Donões -
Esporões
Fajões
Famões
Farilhões

Feirões - será gente oriunda da Feira? de qual, se este topónimo existe tanto no Norte de Portugal como na Galiza?

Fermentões
Ferrões - será gente oriunda de Ferro?
Gasparões - (?)

Gatões - pode ser gente oriunda de "Gato", topónimo muito frequente na Galiza e em Portugal. (também existe no Brasil por transposição). pode ser equivalente ao topónimo "Gatios". a relação com o animal doméstico "gato" não me parece admissível, pois gatos há-os em toda a parte e arredores.

Lafões
Leitões - (?)
Limões - gente oriunda do vale do rio Lima
Marcões - gente oriunda de Marco (vários)
Melcões
Midões - genitivo de "Mido"
Mões - (?)
Mourilhões - gente oriunda de "Mourilhe"?
Mourões - gente oriunda de "Moura", ou de "Moure"?

Negrões - etimologia pouco clara. de "Nigrán" (Gz.) ? ver "Negrelos", no post "Topónimos terminados em -elos"

Nevões - topónimo de evolução irregular, já que seu nome anterior era "Nevoanes". se a realidade desse ouvidos aos eruditos, a terra chamar-se-ia "Nevoães". influência de um topónimo próximo em "-ões", ou má transcrição fonética?

Novões - será "gente oriunda de Nóvoa (Gz.)" ?
Pendões

Rebordões - possivelmente será equivalente aos topónimos "Rebordãos", "Rebordainhos" e "Rebordeiros", indicando gente oriunda de ... (...será "Rebordo"?)

Segões
Seidões - gente de Seide?
Tedões - genitivo de um antropónimo, "Tedo", possivelmente germânico
Telões - genitivo de "Telo"
Tenões
Terrões
Toulões
Vascões - gente do País Basco

terça-feira, 1 de agosto de 2006

Minas, Minerais e Mineração



desde muito longe no tempo, o homem procurou as jazidas de metais. navios e caravanas percorreram milhares de quilómetros em demanda do ferro, do cobre, do estanho, do ouro, da prata e do carvão que alimentaram as civilizações da borda mediterrânica: Creta, Egipto, Grécia, Roma e Islão. o ocidente, em especial o eixo atlântico Galiza-Portugal, foi sempre um especial destino dessa busca. mas não fomos apenas meros extratores da matéria-prima, por conta de clientes estrangeiros. o Norte de Portugal e a Galiza albergaram também os lugares da sua transformação: ourives, prateiros, ferreiros, artesãos do cobre e do estanho construiram escola e tradição própria, de que são testemunho ainda vivo alguns lugares do Noroeste. em Portugal, Febres, Gondomar e a tradição da filigrana e das arrecadas minhotas dão boa conta de si.
um lugar à parte fica reservado para Santiago de Compostela, lugar de transformação da matéria e do espírito.
a presença de metais, de minas, de restos de mineração, de escória, enfim, de vestígios dessa extração, transformação e comércio, deixou marcas na Toponímia, assim como na Onomástica (sobrenomes "Ferreiro" - Gz. -, "Mineiro", "Prata", "Pratas", ...).
uma vez aberto ao estabelecimento de colónias europeias, o Brasil logo se revelou como um novo e prodigioso destino na busca de minérios, metais e pedras preciosas. a toponímia brasileira de origem portuguesa tem larga participação de palavras que se referem à mineração, desde pequenos lugares até cidades e ao nome de grandes Estados.


Abrantes (?)- ver Comentº
Alfarela (?) - vocábulo relacionado com "barro" ou terreno com sedimentos

Alfarela de Jales - as minas de Jales forneceram muito ouro às civilizações do Mediterrâneo

Alfarelha - ver "Alfarela"
Algar - do árabe: barroca, caverna, cova, escavação(*)
Algares - plural híbrido de al-gar(*)
Algueirão - de árabe (plural de al-gar): covas, galerias, escavações(*)
Almada - do árabe al-ma'adanâ: mina, minério
Almada de Ouro - ver "Almada"
Almadanim - variante dialectal de "Almada"
Almadeina - variante dialectal de "Almada"
Almádena - variante dialectal de "Almada"
Alumínio (Br.) - ver Comentº
Argirita (Br.) - ver Comentº
Barroca Grande
Berilo (Br.)
Caverna (Pt. e Br.) - algumas minas de estanho tenhem este nome
Cavernas (Pt. e Br.) - ver "Caverna"
Conceição dos Ouros (Br.) - ver Comentº
Cova dos Mouros
Covilhã (?)
Crisólita (Br.) - ver Comentº
Escorais
Escoura - o mesmo que "escória"
Escoural - de "escória". em castelhano: "Escorial"
Escourão
Escouras - o mesmo que "escórias"
Escoureda (Pt. e Gz.)
Escouredo (Pt. e Gz.)

Ferradal (Pt. e Gz.) - local onde há minério de ferro. o mesmo que "Ferral"

Ferral (Pt. e Gz.) - ver "Ferradal"
Ferraria (Pt., Gz. e Br.) - local de extracção e mineração do ferro
Ferrarias
Ferreira (Pt., Gz. e Br.) - mina de ferro
Ferreiras
Ferrel
Ferreria (Gz.) - o mesmo que "Ferraria"

Ferro (Pt., Gz. e Br.) - pelo menos em alguns dos casos, refere-se ao minério
Ferros (Br.) - ver Comentº

Garimpeiro (Br.) - é nome de ribeiro aurífero no Estado de Minas Gerais

Garimpo (Br.) - é nome de ribeiros auríferos nos Estados de Goiás, Mato Grosso e Minas Gerais

Lavras (Br.) - no sentido de lugares onde se extraía o ouro

Mina
Minador do Negrão (Br.)
Minas
Minas Gerais (Br.)
Minas Novas (Br.)

Oeiras (Pt.) - numa região de uma ancestral actividade extractora, o topónimo parece dever-se à presença do ouro no rio Tejo, noutras épocas

Oura
Ourense (Gz.)
Ourentã
Ourentela (Pt.) - diminutivo de Ourentã ("Ourentanela")
Ourinhos (Br.)
Ourique (?)
Ouro Branco (Br.)
Ouro Fino (Br.) - ver Comentº
Ourolândia (Br.)
Ouro Preto (Br.)
Ouro Verde de Minas (Br.) - ver Comentº
Penacova (?)

Praça de Obradoiro (Gz. - Santiago) : as interpretações a que o nome desta praça se tem prestado, desde "estaleiro das obras" (da Catedral Medieval) até "lugar onde se realiza ou completa a Obra Alquímica" ou Obra d'Oiro...

Prata (Br.) - ver Comentº
Pratinha (Br.) - ver Comentº
Pratópolis (Br.) - ver Comentº
Rua da Prata
Rua do Ouro
Rua dos Azevicheiros (Gz. - Santiago)
Rua dos Ourives
Rua dos Prateiros (Gz. - Santiago)
S. Pedro da Cova
Tresminas




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(*) não é topónimo exclusivo de lugar de mineração






segunda-feira, 31 de julho de 2006

Topónimos Terminados em "-elos"


Os topónimos com esta terminação são, regra geral, diminutivos de outros topónimos, indicando tratar-se de uma povoação derivada da primeira ou mais pequena que ela. noutros casos indica tratar-se de gente oriunda de um país ou de uma região. algumas excepções não desvirtuam a regra




exemplos:

Alfarelos - não é diminutivo. "lugar onde há fabricantes de loiça de barro". ver post

Alfornelos - ver Comentº. é um topónimo híbrido, do artigo árabe al e fornelos (forninhos). é o diminutivo de Fornos

Alvelos

Amarelos - não creio que se refira a uma côr, ao contrário dos mestres. ver post

Barcelos - ver post. existe o duplo diminutivo "Barcelinhos". mas "Barcelos" deve ser "gente oriunda de O Barco" (Gz.), e não diminutivo de "barcos"

Cacabelos (Gz.) - ver "Carcavelos"

Campelos (Pt. e Gz.) - diminutivo de "Campos"

Carcavelos - o verdadeiro nome seria "Cacabelos", como na Galiza e em León. a origem deste topónimo é muito antiga, provavelmente pré-céltica (isto é, nativa). significado incerto: "terreno pedregoso"?

Cativelos - topónimo obscuro
Cepelos (Pt. e Gz.) - diminutivo de "Cepos"
Currelos (Pt. e Gz.) - diminutivo de "Curros" ( ? )
Fermentelos - diminutivo de "Fermentões"
Fornelos - diminutivo de "Fornos"
Fradelos (Pt. e Gz.) - refere-se à presença de frades ("fradinhos")
Francelos - diminutivo de "Francos", "gente oriunda de França"

Gondifelos - parece provir de um genitivo de um antropónimo germânico em "Gond-". existe o diminutivo "Gondifelinhos"

Mancelos - parece um genitivo do antropónimo "Mâncio" (Mantius), que também deu o topónimo "Manços". ou será o diminuitivo desse "Manços"

Massarelos - o topónimo galego homónimo é "Mazarelos", pelo que a grafia correcta deveria ser "Maçarelos": como se sabe, o z em Espanha tem o valor de ç (ts) em Portugal. topónimo de etimologia desconhecida

Mazarelos (Gz.) - a grafia reintegracionista será "Maçarelos". ver "Massarelos"

Molelos- existe também o duplo diminutivo "Molelinhos"

Mozelos - pronúncia "Mòzèlos"

Negrelos (Pt. e Gz.) - etimologia desconhecida. terá algo que ver com "Nigrán" (Gz.)?

Sargadelos
Sedielos - diminutivo de ...?

Vasconcelos - diminutivo de Vasconços (bascos). terra povoada por gente vinda do País Basco.


terça-feira, 4 de julho de 2006

Topónimos Terminados em "-ar" (*)



também esses loiros cavaleiros deixaram rasto na Toponímia por terem possuído terras e suas gentes. com a exceção de "Tomar", que é um caso à parte, todos esses topónimos se situam, mais uma vez, a norte do rio Mondego:

Abermar - ver "Avermar"
Aldoar - genitivo de um antropónimo germânico
Ansemar (Gz.) -
Armamar - genitivo de um antropónimo germânico

Avermar - não pertence aos genitivos de antropónimos, germânicos ou outros. por se encontrar ao pé do mar, junto à Póvoa de Varzim, este topónimo tem sido objecto das grafias mais imaginativas, como a célebre "A-ver-o-mar", que antecedeu a actual "Aver-O-Mar". a pronúncia da gente local é "Abremar" ou "Abermar". já foi "Abonemar" e "Avenomar". trata-se de um verdadeiro quebra-cabeças. supõe-se uma origem pré-latina (celta?).
como nada se sabe, a melhor grafia é a que reproduz a pronúncia

A-ver-o-mar - ver "Abermar"
Aver-o-mar - ver "Abermar"
Balasar (Pt. e Gz.) - genitivo de Belisari(u), antropónimo germânico

Baltar (Pt. e Gz.) - genitivo de Baltari(u), antropónimo germânico - que tamém deu "Balteiro"

Belsar (Gz.) - variante dialectal de Balasar?
Bolfiar - genitivo de um antropónimo germânico
Gonçar (Gz.) - graf. altern: Gonzar
Gondar (Pt. e Gz.) - ver post

Gondomar (Pt. e Gz.) - ver post


Gualtar - genitivo de Gualter/Walter, antropónimo germânico
Loimar (Gz.) - ver "Lomar"

Gulfar (Gz.) -

Lomar - pronúncia: "Lòmar". genitivo de Leodemar(u), antropónimo germânico. tem as formas próximas "Loimar" (Gz.) e "Loumar" (Pt.)

Loumar (Pt.) - ver "Lomar"
Portomar - topónimo enigmático, como "Abermar"/"Avermar"
Santar (Pt. e Gz.) - genitivo de Santari(u), antropónimo germânico

Tomar - caso único na toponímia galego-portuguesa. como foi sede dos Templários, há quem veja neste topónimo desígnios insondáveis e significações esotéricas. diz-se que Tomar seria o rio hoje chamado Nabão. mas o problema é que ambos os hidrónimos radicariam em línguas celtas, sendo então Tomar parente de Tambre (Gz.) e Nabão parente de Navia (Gz.) e Neiva (Pt.), o que torna tudo muito confuso e pouco económico. como "mar-" é "cavalo" em muitas línguas germânicas, e "thiuda"/"toda" é "povo", será Tomar a cidade do "Povo Cavaleiro" ou, simplesmente, "dos Cavaleiros"? nesse caso, seria um neologismo inventado na hora da sua fundação, no séc. XII

Vacalar - já teve a grafia "Bacalar".
Xermar (Gz.) -


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(*) - há topónimos terminados em "-ar" que não fazem parte deste grupo. é o caso de:

Açumar - ver "Assumar"
Aguiar
Alfafar - ver post
Assumar - a sul do rio Mondego. do árabe "aç-çumar": "junco"
Avelar
Miramar
Montelavar - a sul do rio Mondego. mesma origem linguística de "Lavre"



sexta-feira, 30 de junho de 2006

Topónimos Terminados em "-im"/ "-ín"





estes topónimos indicam também que o local foi pertença de um senhor, cujo nome aparece no genitivo. a terminação "-im"/ "ín" indica um genitivo em "-ini", como é vulgar nos patronímicos italianos. linguisticamente falando, a maior parte destes topónimos não é de origem germânica.





alguns exemplos:

Abedim (Pt.) -
Aboim (Pt. e Gz.) - genitivo de "Abolin(u)". na Galiza aparece grafado "Abuín". origem linguística?

Abuín (Gz.) - ver "Aboim"
Aguim - de "villa aquilini": a quinta de Aquilino
Albín (Gz.) - ver "Alvim"
Alvim - genitivo de Albin(u). na Galiza é "Albín"
Amorim (Pt. e Gz.) -
Arentim - genitivo de "Arenti(u)", antropónimo de origem romana (?)

Badim (Pt.) - ver Padim
Baguim (Pt.)
Baguim do Monte (Pt.)

Bensafrim - não pertence ao grupo dos restantes. "Ben", em árabe, significa "filho de", aplicável a tribos. neste caso falta saber o que significa "safrim" e de que tribo ou povo se trata

Bermoim (Pt. e Gz.) - ver "Vermoim"

Bermuín ou Bermoim (grafia integracionista - gi) (Gz.) - ver "Bermoim" e "Vermoim"

Castro Marim (Pt.) -

Cedrim - pronúncia: "Cèdrim". genitivo de "Ceterin(u)". não parece de origem germânica

Constantim (Pt. e Gz.) - genitivo de "Constantinu" (Constantino), antropónimo de origem grega, que aqui chegou pelo latim. é um antropónimo cristão. graf. altern. (Gz.): Constantin

Donim
Fregim

Godim - genitivo de "Gut...", antropónimo germânico. pronúncia "Gudim"

Gondelim - genitivo de "Gondelin(u)", antropónimo germânico

Gondim - genitivo de "Gund(u)", antropónimo germânico. a pronúncia dominante é "Gundim"

Gontim - ver "Gondim"
Gudín (Gz.) - ver "Godim"

Gundín (Gz.) - ver "Gondim"

Lalim (Pt. e Gz.) - pronúncia: "Làlim". genitivo de "Llall". origem celta
Lalín ou Lalim (gi) (Gz.) - ver "Lalim"
Landim (Pt. e Gz.) - de "Nandin(u)". provável origem germânica
Landín ou Landim (gi) (Gz.) - ver "Landim"

Merelim
Mondim (Pt. e Gz.) - pode ser de origem celta e tamém germânica. de "Munds" (germ.)?, de "Mund-" (celta)? terá relação etimológica com "Mondego"?

Mondín ou Mondim (gi) (Gz.) - ver "Mondim"

Nandim

Padim (Pt. e Gz.) - genitivo de "Palatin(u)"? se assim for, deveria pronunciar-se "Pàdim" (de Palatini, Paadim), o que não oiço nem escuto

Sendim (Pt. e Gz.) - genitivo de "Sendin(u)", antropónimo germânico

Senhorim (Pt. e Gz.) - genitivo de "Senior", nome próprio. ver "Senhoriz", no post

Señorín ou Senhorim (gi) - ver "Senhorim"
Tadim - genitivo de "Tadin(u)". origem linguística?

Trevim - pronúncia: "Trèvim". não é genitivo de antropónimo. ver post

Valezim (Pt.)

Varzim - genitivo de "Veraci(u)": "Veracini" ou "Euracini", com "u" no valor de "v". não parece antropónimo germânico. a "Póvoa de Varzim" é, pois, um duplo genitivo: "Póvoa de".. "de Veracio". é um disparate dizer ou escrever "Póvoa do Varzim".

Verim (Pt. e Gz.) - pronúncia: "Vèrim". genitivo de "Verin(u)", antropónimo latino

Verín ou Verim (gi) (Gz.) - ver "Verim"

Vermoim - genitivo de "Ver-Mud(u)" ou "Bermud(u)". será um nome Vikking?

Vilar Torpim - "Torpim" é genitivo de um antropónimo (Turpino ?)

domingo, 25 de junho de 2006

Topónimos terminados em "-mil"



não seriam muitos, mas não há dúvida que vieram para possuir a terra. ao contrário dos romanos, que administravam territórios com a cobertura do poderio militar (sendo proporcionalmente poucas as villae, quintas ou fazendas de romanos de raiz), os novos senhores germânicos instalaram-se aqui para fazer da nossa terra a terra deles tamém. como senhores, é bom de ver. a toponímia galego-portuguesa não me deixa mentir: os "...ar", "...ães", "...ufe", "...ulfe", "...inde", "...ende", "...iz", e agora os "-mil", não serão milhares mas são realmente muitos. traduzem uma vivência rural, uma opção pelo campo em desfavor das cidades - onde os romanos vencidos tinham preferido viver até então. colapsam as "Bragas" e "Idanhas", desaparecem cidades, perde-se o fio à meada no Itinerário de Antonino. a vida retorna à terra-mãe, ao seio da natureza. as relações de poder de tipo administrativo passam agora para relações de poder de carácter ético e moral.
da língua deles, incompreensível a nativos e romanos (que lhes chamavam bárbaros, por causa do blá-blá inentendível que soltavam das goelas), restam estes topónimos no genitivo latino: "(propriedade) de f..."
aprenderam o latim, mas como os romanos já não mandavam para os corrigir, o latim deles, mais o dos nativos, deu em galego-português. e não está nada mal, ficou até legal. bem melhor que o inglês, que o diabo o fez (*).

alguns exemplos:

Argomil -
Bermil (Gz.) - de "Belmir", actual "Belmiro"
Candamil (Gz.)
Candemil (Pt.)
Castromil
Contomil (Gz.) - ver Contumil
Contumil - tem muitas variantes dialectais, em Portugal e na Galiza.
Contumilo - ver Contumil
Cregimil (Gz.) - ver Creixomil
Creixomil - possível origem germânica (?). de Cristemir(u)? de Crexemir(u)?
Enchemil
Fermil
Germil (Pt. e Gz.) - genitivi de "Gelmir"
Gondomil (Pt. e Gz.) - ver Contumil
Gontomil (Pt.) - ver Contumil
Guadramil (Pt.) - genitivo de um antropónimo germânico
Guntimil (Gz.) - ver Contumil
Guntumil (Gz.) - ver Contumil
Lantemil
Lentemil (Gz.) - ver Lantemil
Lentomil (Gz.) - ver Lantemil
Leomil - genitivo de "Leomir"
Leomir - ver Leomil
Quindimil (Gz.)
Saamil (Gz.) - ver Samil

Samil (Pt. e Gz.) - ver Comentº. (pronunc. "Sàmil"). genitivo de antropónimo germânico: "Salamiro", de "sala"+"mereis"

Sandomil (Pt. e Gz.)

Sangemil - genitivo de antropónimo germânico. aparece também sob as formas "Sanjomil" (Pt.) e "Sanjumil" (Gz.). não vai há muito muito tempo que vi o nome das termas de Lageosa do Dão grafado "S. Gemil"

Vermil (Pt.) - ver Bermil





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(*) tendo em conta que essa erva-daninha se tornou obrigatória nas culturas em Portugal desde a escolaridade básica, e que já ninguém é capaz de escrever coisa que se veja senão nessa espécie de língua, calcula-se que as próximas Comunicações de Ano Novo dos senhores Presidente da República e Primeiro Ministro sejam proferidas em Inglês, para poupar dinheiro ao Défice e evitar calinadas, pontapés na gramática e os inefáveis "controlos" e "impactes".

segunda-feira, 19 de junho de 2006

Topónimos Terminados em "-iz"



com este artigo termino por agora a minha incursão pelos topónimos que indicam a pertença do local a proprietários germânicos, durante o domínio godo ou suevo. com razão ou sem ela, muitos dos topónimos em "-iz" têm sido atribuidos a proprietários suevos. certo é que o reino suevo correspondia à Galécia, ou seja, presentemente, à Região Autónoma da Galiza e a Portugal a norte do Rio Mondego - precisamente o mesmo território onde estes topónimos abundam.
mas não sei se é grande argumento.
representam também genitivos dos antropónimos correspondentes e fazem lembrar os patronímicos eslavos, sobretudo os do sul (os apelidos de sérvios, croatas, montenegrinos e bósnios).
a segunda parte que compõe o antropónimo de origem é "Rik", que significa "chefe"

alguns exemplos:

Alhariz (Gz.) - genitivo de Alarico. "Al..."+"Rik". graf. altern. Allariz
Anceriz (Pt.)
Ariz (Gz.)
Beariz (Gz.)
Beiriz
Brandariz (Gz.)
Buriz (Gz.)
Destriz (Pt.)
Eiris (Gz.) - ver Eiriz
Eiriz (Pt. e Gz.) - genit. de Eric?
Esmeriz (Gz.)
Esmoris (Gz.) - ver Esmoriz

Esmoriz (Pt. e Gz.) - há os topónimos associados Esmorigo (Pt.), Esmorigos (Pt.) e Esmorique (Gz.)

Espairiz (Pt.) - de "Asperigu", antropónimo germânico, que terá dado também o topónimo Espairo

Esparis (Gz.) - ver Espairiz
Espariz (Pt. e Gz.) - ver Espairiz
Esporiz (Gz.)
Formariz (Pt.)
Freiriz (Pt.)
Goiriz (Gz.)
Golariz (Gz.)
Gondariz - ver Gondoriz
Gondoriz (Pt. e Gz.) - de "Gunde" (combate)+ "Rik" (chefe)?
Gontariz (Pt. e Gz.) - ver Gondoriz
Guitiriz (Gz.) de "Witeric", antropónimo de um rei suevo
Lavariz (Pt.)

Mariz (Pt. e Gz.) - (pronunc. "Màriz"). genitivo de Malaric ("Mala"+"Rik") , antropónimo germânico

Mondariz (Gz.) - genitivo de "Munde"+"Rik"
Mondriz (Gz.) -
Mouriz (Pt. e Gz.) - genitiv de Mauric: "M..."+ "Rik"
Nariz - topónimo ainda não explicado convincentemente
Queiris (Gz.) - ver Queiriz.

Queiriz (Pt.) - não será germânico nem genitivo de um antropónimo. parece referir-se às condições físicas e geológicas do local. de "carr-": pedra. da família de topónimos em "Queir...", como Queiriga, Queiroga (Gz.), Queirós (Pt.), Queiroso (Gz.), Queiruga (Gz.), Quiroga (Gz.)

Reriz (Pt)
Romariz (Gz.)

Roriz (Pt.) - (pronunc. "Ròriz"). genitivo de "Rode"+"Rik": Roderic - o actual antropónimo "Rodrigo"

Selhariz

Senhoriz - genitivo de Senior, que não é antropónimo germânico (linguisticamente falando)

Toiriz (Gz.)
Troporiz (Pt.)
Tudriz (Gz.)
Uriz (Gz.)
Vilafiz (Gz.)
Vilamariz (Gz.)
Vileiriz (Gz.)
Xeriz (Gz.)


quinta-feira, 8 de junho de 2006

Nomes, Sobrenomes e Apelidos de Origem Toponímica


1 - a presente postagem foi copiada na íntegra, sem menção de autoria. o material copiado daqui para o blogue infrator foi posteriormente foi retirado.

2 - nova violação de direitos de autor: a presente postagem foi copiada na íntegra, sem menção de autoria. o material copiado daqui para o blogue infrator foi posteriormente retirado.
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virando a coisa ao contrário...
...já nem reparamos nisso, tal a naturalidade com que usamos o nome e o apelido. mas muitos deles são inspirados em nomes de lugares, de aldeias, de vilas, de cidades, de regiões e de países.
as mudanças históricas e demográficas na importância relativa de muitas localidades determinaram que alguns destes apelidos ou sobrenomes se refiram a povoações secundárias ou de menor importância. no entanto, quando deram origem aos sobrenomes correspondentes teriam forçosamente que ter a importância necessária para servirem de referência fácil de identificar. certo é que na Antiguidade o nome variava ao longo da vida do sujeito, podendo este adotá-lo em função do significado de uma dada terra ou região na sua biografia pessoal.
quando o sobrenome, é de origem toponímica, é habitualmente precedido da preposição "de" e do respetivo artigo definido, quando há história de posse da terra ou de título de nobreza. quando o sobrenome se refere a uma cidade, vila ou aldeia de onde a família é originária, mas sem ter tido a posse da terra, o sobrenome não costuma ser precedido da preposição nem do artigo, se bem que haja exceções.
embora haja uma tendência para deixar cair a preposição, sou de opinião que ela se deve manter em uso, como fazem os espanhóis ("de", "del", "de la"), os franceses ("de", "du", "de la"), os belgas flamengos e holandeses ("van", "van den","van der", "van't"), os italianos ("dà", "de", "di") e os alemães ("van", "von"). os portugueses emigrados na América de língua inglesa usam "De Sousa", "Da Silva", etc., e fazem muito bem.
não se trata, propriamente, de um costume próprio de gente nobre, a que, por conseguinte, seja necessário pôr cobro numa República que se preze. é uma questão linguística simples e clara: a preposição e o artigo indicam que esse sobrenome é de origem toponímica e qual a sua proveniência. a ignorância não pode servir de pretexto para uma tal simplificação.
há casos em que as famílias utilizam a preposição colada ao nome, para a não perderem (Dacosta). noutros casos, sobretudo em nomes espanhóis, deu-se uma enxertia parcial do "de la" ao nome: "Lacerda", de "de la Cerda".
quando dois apelidos seguidos são de origem toponímica, pode usar-se "F. de...e de...". ou, no caso de o apelido ter origem em duas famílias com pergaminhos, pode usar-se o traço de união, como em França. exº: "David Mourão-Ferreira". já, por exemplo, usar "Marques-Pires" ou "Duarte-Santos" será totalmente descabido, porque nenhum dos apelidos é de origem toponímica.
os nomes e apelidos que se seguem podem ser encontrados no Brasil, sendo a sua proveniência a mesma.

alguns exemplos:

Abelaira - apelido ou sobrenome toponímico. origem galega.

Abelheira - apelido ou sobrenome toponímico.

Aboim - apelido toponímico. há vários topónimos "Aboim" no Entre-Douro-e-Minho e na Galiza.

Abranches - apelido toponímico, de "Avranches", cidade da Normandia (Fr.). também aparece grafado Avranches. ver Comentºs. se "Avranches" e "Abrantes" têm uma origem comum ou não, é uma questão em aberto. precedido de "de"

Abrantes - apelido toponímico. de "Abrantes", cidade portuguesa do distrito de Santarém, Ribatejo. ver "Abranches"

Abreu - apelido toponímico. precedido de "de". origem galega

Abrunhosa - apelido ou sobrenome toponímico

Adriana - ver Adriano

Adriano - nome próprio. derivado de "Adria", antiga cidade da Dalmácia - que deu também o nome ao mar "Adriático"

Adrião - sobrenome. é o mesmo que "Adriano", só que mais desgastado foneticamente, ou seja, mais antigo

Agra - sobrenome de origem toponímica. precedido de "da"

Alarcão - apelido toponímico. origem espanhola (Astúrias: "Alarcón"). precedido de "de" ou "d'"

Albergaria - apelido toponímico. pode ser precedido de "de" ou "d'"

Albuquerque - apelido toponímico. precedido de "de". origem na Extremadura, Espanha

Almada - apelido toponímico. precedido de "de". ver post "Minas, Minerais, Mineração"

Almeida - apelido toponímico. precedido de "de"

Alorna - apelido toponímico. de "Alorna", Goa, antiga Índia Portuguesa.

Alvarenga - apelido toponímico. pode ser precedido de "d'"

Alvim - apelido toponímico. precedido de "de" ou "d'"

Alzira - nome feminino. da cidade de "Alzira", Província de Valência, Espanha

Amoedo - apelido toponímico de origem galega. de Amoedo, Pontevedra

Andrade (Pt., Gz. e Br.) -apelido toponímico de origem galega. precedido de "de"

Aquino - é originariamente um sobrenome de origem toponímica, de "Aquinum", cidade do Lácio. no entanto, muitos "d' Aquino" têm origem religiosa de fé católica romana: de S. Tomás de Aquino

Aragão - apelido toponímico. origem espanhola. precedido de "de"

Aranda - apelido toponímico. origem espanhola

Araújo (Pt., Gz. e Br.) - apelido toponímico. precedido de "de". várias povoações, galegas e portuguesas, com o mesmo nome

Arménio - nome próprio, referente à Arménia

Arouca - apelido ou sobrenome de origem toponímica. da vila de "Arouca" (Pt.)

Arzileiro - apelido ou sobrenome que significa "habitante ou oriundo de Arzila, freguesia do concelho e distrito de Coimbra

Ataíde - apelido toponímico. vários topónimos portugueses "Ataíde", pelo que as origens do sobrenome podem ser diversas. graf. altern. Atahyde, Atayde e Athayde

Atahyde - ver Ataíde

Atayde - ver Ataíde

Avelino - nome próprio. origem numa cidade da Campânia, Itália, com o mesmo nome

Ávila - apelido toponímico. de Ávila, Espanha. precedido de "de" ou "d'"

Azenha - apelido toponímico

Azeredo - apelido ou sobrenome toponímico. de "Aceredo" ou "Azeredo", na Galiza, província de Ourense

Azevedo - apelido ou sobrenome toponímico. precedido de "de"

Bahamonde (Gz.) - apelido ou sobrenome de origem toponímica. origem na Galiza, Província de Lugo. precedido de "de"

Baião - apelido ou sobrenome toponímico. de Baião (Pt.)

Balsemão - apelido ou sobrenome toponímico. de Balsemão (Pt.)

Barcelos - apelido ou sobrenome toponímico. de Barcelos (Pt.)

Barranco - apelido ou sobrenome toponímico. raro em Portugal

Barreira - apelido ou sobrenome toponímico

Barroqueiro - sobrenome toponímico. de "Barroca" (Pt.)

Barros (Pt. e Gz.) - sobrenome de origem toponímica. precedido de "de"

Barroso (Pt., Gz. e Br.) - apelido toponímico. origem na região da serra da Barroso (Pt.). admite a grafia arcaizante Barrozo (Br.)

Basto (não confundir com "Bastos") - apelido toponímico. origem na região de Basto (Pt.)

Beja - apelido ou sobrenome toponímico

Bessa - apelido toponímico

Biscaia - apelido toponímico. de "Vizcaya", País Basco

Bivar - apelido toponímico de origem espanhola. de "Vivar del Cid", Burgos. precedido de "de"

Bolhão - enquanto sobrenome, ver "Bulhão"

Bouça - apelido ou sobrenome de origem toponímica

Bouças - apelido ou sobrenome de origem toponímica

Bouçós - apelido ou sobrenome de origem toponímica

Braga - apelido toponímico

Bragança - apelido e título nobiliárquico de origem toponímica

Brandão - apelido toponímico

Breda - apelido toponímico, de Breda, na Holanda

Brito - apelido toponímico. precedido de "de"

Bulhão - apelido de origem toponímica. origem franco-belga. de "Bouillon"

Bulhões (Pt. e Br.) - apelido de origem toponímica. origem franco-belga. de "Bouillon". precedido de "de"

Cabanelas - apelido toponímico

Cabeçadas - apelido ou sobrenome de origem toponímica

Caldas (Pt. , Gz. e Br.) - apelido toponímico. refere-se a termas. origem diversa

Calheiros - apelido ou sobrenome de origem toponímica. de "Calheiros", freguesia do concelho de Ponte de Lima

Caminha - apelido toponímico

Campelos - apelido toponímico nortenho (Pt.)

Campos (Pt., Gz. e Br.) - apelido toponímico. origem leonesa. precedido de "de"

Candal - apelido toponímico

Candoso - apelido ou sobrenome de origem toponímica

Canosa (Gz.) ou Canossa (Pt.) - sobrenome curioso, pois que os topónimos "Canosa" ocorrem na Itália do sul (Canosa di Puglia, Canosa Sannita). ocorre nas regiões nordestinas da Galiza e tamém no litoral da Costa da Morte. existe em Portugal sob a grafia Canossa (origem galega?).

Cantanhede - apelido ou sobrenome de origem toponímica. origem: Cantanhede

Cargaleiro - variante de Carregaleiro? ver "Carregaleiro"

Carmona - apelido toponímico, de Carmona, Andaluzia, Espanha. pronúnc.: "Càr-môna"

Carneiro - apelido toponímico. origem na Serra do Marão

Carregaleiro - sobrenome ou apelido de origem toponímica. de "Carregal"

Carnota - ver "Carnoto"

Carnoto - sobrenome dado a alguém cuja família é oriunda de Carnota (Pt.? Gz.?)

Carreira - apelido toponímico. origem em várias povoações (Pt. e Gz.) com o mesmo nome
Carril - apelido ou sobrenome de origem toponímica (Gz.).

Cartaxeiro - apelido ou sobrenome que significa "natural do Cartaxo"

Cartaxo - apelido ou sobrenome de origem toponímica

Carvalhal - apelido ou sobrenome de origem toponímica

Carvalheda - apelido toponímico

Carvalheira - apelido toponímico

Carvalho - apelido toponímico. precedido de "de". origem em várias povoações com esse nome

Castanheira - apelido de origem toponímica

Castela - apelido toponímico. de Castela, região espanhola

Castelão - ver Castela

Casteleiro - ver Castela

Castelo Branco (Pt. e Br.) - apelido toponímico. pode ser precedido de "de"

Castro (Pt., Gz. e Br.) - apelido toponímico. origem galega. precedido de "de"

Catalão - apelido ou sobrenome toponímico. de Catalunha

Catoira (Gz. e Br.) - sobrenome ou apelido de origem toponímica. de Catoira, Pontevedra, na Galiza

Cavadas - apelido ou sobrenome de origem toponímica

Cedofeita - apelido ou sobrenome de origem toponímica

Chaves - apelido toponímico

China - não é apelido ou sobrenome toponímico, mas sim alcunha. origem em características fisionómicas?

Chousa - sobrenome de origem toponímica. existe em Portugal e na Galiza

Cintra - apelido ou sobrenome de origem toponímica. de "Sintra"

Cipriano - nome próprio, referente a Chipre

Coimbra - apelido ou sobrenome toponímico

Cordinhã - apelido ou sobrenome de origem toponímica. de "Cordinhã", freguesia do concelho de Cantanhede, distrito de Coimbra (Pt.)

Costa (Pt., Gz. e Br.) - apelido ou sobrenome toponímico. origens diversas. precedido de "da"

Couto - apelido ou sobrenome toponímico. vários topónimos "Couto". pode ser precedido de "de"

Cumbrao - apelido ou sobrenome toponímico. origem em Cumbrao (vários), na Galiza

Cumbraos - apelido ou sobrenome toponímico. origem em Cumbraos (Gz.)

Cunha (Pt., Gz. e Br.) - apelido toponímico. várias origens e grafias na Galiza (Acuña, Cuiña, Cuña). as famílias portuguesas com esse nome têm origem no Norte, região de Braga. de uma propriedade ou quinta chamada da Cunha Velha. precedido de "da". junto com "(da) Silva", é uma das linhagens mais antigas de Portugal.

Cunhal - sobrenome de origem toponímica

Damasceno - nome e sobrenome de origem toponímica. "de Damasco".

Dantas - sobrenome de origem toponímica. está por "d'Antas"

Devesa - sobrenome de origem toponímica. existe em Portugal e na Galiza

Douteiro - sobrenome de origem toponímica, contracção de "Do Outeiro"

Dubra (Gz.) - sobrenome de origem toponímica. de Val do Dubra (Gz.)?

Dutra (Pt. e Br.) - apelido toponímico. origem flamenga. de Josse van Huertere ou Joz d' Utra, senhor do Faial e do Pico (Açores) por doação régia (séc. XV)

Echeverria - apelido toponímico. origem basca. significa "Casa Nova"

Eiras - sobrenome de origem toponímica

Elvas - sobrenome de origem toponímica

Emília - nome próprio. origem em região de Itália

Emiliano - ver "Emília"

Ermida - sobrenome de origem toponímica

Espadaneira - sobrenome ou apelido de origem toponímica. de "Espadaneira"

Espanha - apelido toponímico. também aparece, talvez maioritariamente, com a grafia "Hespanha"

Espinhal - sobrenome toponímico. de Espinhal (Pt.), Beira Litoral

Évora - apelido ou sobrenome de origem toponímica. frequente em Cabo Verde

Fafiães - apelido ou sobrenome toponímico

Fangueiro - apelido ou sobrenome que significa "pessoa natural de Fão" (concelho de Esposende)

Fanha - apelido ou sobrenome toponímico

Fanhais - apelido ou sobrenome toponímico

Faria - sobrenome de origem toponímica. de "Faria", concelho de Barcelos (Pt.). precedido de "de"

Fatela - sobrenome de origem toponímica. de "Fatela" (Pt.), Beira Baixa

Feijó - apelido ou sobrenome de origem toponímica. origem galega. na Galiza: "Feijoo". precedido de "de"

Felgueiras - apelido toponímico

Feteira - apelido ou sobrenome de origem toponímica

Filgueiras - apelido ou sobrenome de origem toponímica. origem galega

Ferrão - sobrenome de origem toponímica, referindo alguém originário de Ferro.

Ferreira - apelido toponímico

Figueiredo (Pt., Gz. e Br.) - apelido de origem toponímica, galega e portuguesa. origem em povoações com o mesmo nome. precedido de "de"

Florência - nome próprio feminino. de "Florença", cidade italiana.

Fonseca (Pt., Gz. e Br.) - apelido de origem toponímica. muito comum em Portugal e noutras regiões da Península Ibérica, pelo que há-de provir de várias "Fon(te) Sêca". deve ser precedido de "da"

Fontoura (Pt., Gz. e Br.) - apelido ou sobrenome de origem toponímica

França - apelido toponímico. de França, Trás-os-Montes?

Francisco - nome próprio. derivado de França

Fratel - apelido ou sobrenome de origem toponímica

Freitas - apelido toponímico. precedido de "de"

Freixo - apelido toponímico. muitos topónimos "Freixo" em Portugal e na Galiza

Frias - apelido toponímico

Gândara - apelido ou sobrenome de origem toponímica. de "Gândara", topónimo frequente em Portugal e na Galiza

Gandarão - apelido toponímico. de "Gândara"

Gandra - apelido ou sobrenome de origem toponímica. de "Gandra", topónimo frequente em Portugal e na Galiza. variante de "Gândara"

Genoveva - nome feminino. de "Génova", Itália

Góis - sobrenome de origem toponímica. também existem as grafias mais arcaicas "Goes" e "Góes"

Gondar - apelido de origem toponímica. vários topónimos "Gondar", tanto em Portugal como na Galiza

Gouveia - apelido toponímico. origem na cidade (Pt.) do mesmo nome. também grafado "Gouvêa", segundo a forma antiga. precedido de "de"

Gradeço - apelido toponímico. de "Grada"

Grandela - apelido ou sobrenome toponímico. origem galego-oriental. de "Grandela", diminut. de "Gandra", que são variantes de "Gandarela" e "Gândara"

Guardão - apelido toponímico. de "Guarda"

Guimarães - apelido toponímico

Guiné - não é apelido toponímico. tal como China, é alcunha

Helena - nome próprio referente à Grécia ("Hellas")

Hermínia - ver "Hermínio"

Hermínio - de "Monte Hermínio" ou "Montes Hermínios", supostamente a atual Serra da Estrela

Hernâni - nome de origem toponímia. de uma localidade do mesmo nome na Província de Guipúzcoa, Euzkadi

Hespanha - ver "Espanha"

Holanda (Pt. e Br.) - apelido ou sobrenome de origem toponímica. precedido de "de". mais frequente no Brasil

Jorge - a relação com a Geórgia passa apenas pela agricultura. Jorge vem do grego geo+ergon: "trabalhador da terra", "agricultor". Geórgia em grego era o "país da agricultura". por coincidência, São Jorge tornar-se-ia o santo padroeiro da Geórgia. os georgianos chamam ao seu país Sakartvelo, e não Geórgia.


Lacerda - apelido toponímico. origem espanhola. de "de la Cerda"

Ladeiro - apelido toponímico. vários topónimos "Ladeiro", em Portugal e na Galiza

Lagoa - apelido ou sobrenome de origem toponímica

Lagos - apelido ou sobrenome toponímico

Lamas - apelido ou sobrenome toponímico (Pt. e Gz.)

Lamego - apelido ou sobrenome toponímico

Lameiras - apelido ou sobrenome toponímico

Lameiro - apelido ou sobrenome toponímico. origem galega

Lara - apelido toponímico, ligado a título nobiliárquico. origem espanhola, província de Burgos. precedido de "de"

Leça - apelido toponímico

Leiria - apelido toponímico

Leirião - apelido toponímico. indica que a linhagem é originária do termo de Leiria

Lemos - apelido toponímico. origem galega, do vale médio do rio Lima (de onde provém "Lemos"). precedido de "de"

Lencastre - apelido toponímico. origem inglesa: Lancaster. precedido de "de"

Libânio - nome próprio referido a "Líbano"

Licínia - de Lícia, região da Ásia Menor que se tornou província romana

Lídia - de Lida (atual Lod), cidade de Israel, onde se encontra o túmulo de São Jorge

Lima - apelido toponímico. precedido ou não de "de"

Lindim - apelido de origem toponímica, de "Lindim", Mondonhedo, Galiza

Linhais (Br.) - apelido toponímico. de "Linhais" (Pt.)

Linhar (Br.) - apelido toponímico. de "Linhar" (Pt.)

Linhares (Pt., Gz. e Br.) - apelido toponímico. vários topónimos "Linhares" ou "Liñares"

Lira - apelido toponímico. origem galega (Lira, Ponte Vedra). precedido de "de"

Lisboa - apelido toponímico

Lodeiro - apelido toponímico. de "Lodeiro", topónimo existente em Portugal e na Galiza. o sobrenome é bastante frequente na Galiza e também aparece no Brasil, provavelmente de origem galega. pode ser precedido de "de".

Loja - nuns casos é sobrenome de origem toponímica (de "Loja"), noutros casos é apelido ou alcunha (de "loja")

Lomar - apelido ou sobrenome de origem toponímica. de "Lomar", freguesia do concelho de Braga (Pt.)

Lomba - apelido ou sobrenome de origem toponímica, galega ou portuguesa (norte)

Lorvão - sobrenome de origem toponímica. de "Lorvão" (Penacova, Pt.). é raro.

Loulé - apelido toponímico

Lousã - apelido toponímico. existe a variante "Louzã", grafia antiga

Lousada - apelido toponímico. existe a grafia antiga "Louzada"

Loxa (Gz.) - ver "Loja"

Lucena - apelido ou sobrenome de origem toponímica. de "Lucena" (Andaluzia). precedido de "de"


Lusitana - de Lusitânia, região da Hispania Ulterior, de que supostamente Portugal derivaria

Macedo - apelido ou sobrenome toponímico. precedido de "de"

Madaíl - apelido ou sobrenome toponímico. origem em topónimo da região de Aveiro (Pt.)

Mafra - apelido ou sobrenome toponímico. origem na Vila de Mafra (Pt.)

Magalhães - apelido ou sobrenome toponímico. origem em Trás-os-Montes (Pt.). precedido de "de"

Maia - apelido ou sobrenome toponímico. precedido ou não de "da"

Margato - o mesmo que Maragato. alguém que é originário, ou descendente de originário, da Maragateria, perto de Astorga, na Província de León

Mariz - (pronunc. "Màriz"). apelido toponímico. vários topónimos "Mariz", em Portugal e na Galiza.

Marvão - apelido ou sobrenome toponímico. de "Marvão", vila do Alto Alentejo (Pt.)

Mascarenhas - apelido toponímico. origem em Trás-os-Montes (Pt.). precedido de "de"

Mata - apelido toponímico. precedido de "da"

Matias - apelido ou sobrenome de origem toponímica

Matos - apelido ou sobrenome toponímico. precedido de "de"

Medeiros - apelido toponímico. origem em "Medeiros", Trás-os-Montes. precedido de "de". por sua vez, o topónimo "Medeiros" significa "gente oriunda de "Meda". ver post

Meira (Pt., Gz. e Br.) - apelido toponímico. origem na Galiza. será da serra onde nasce o Minho. ou será de Meira, Pontevedra? precedido de "de"

Melo - apelido toponímico. precedido de "de"

Mendonça - apelido ou sobrenome toponímico. precedido de "de"

Meneses - apelido étnico-toponímico: significa "gente de Mena" (Astúrias, Espanha). sendo assim, não será adequado o uso do "de"

Mesquita - sobrenome de origem toponímica. origem em Trás-os-Montes (Pt.). aparece antecedido de "da", "de" e - reparem na anomalia - "dá". caso único na onomástica da língua galego-portuguesa e brasileira, este "dá" é o rabo de fora de um gato escondido: significa que não há originariamente um topónimo "Mesquita", mas sim "Amesquita". este sobrenome também aparece sem preposição. veja aqui.

Mesquitela - sobrenome de origem toponímica

Milhazes - apelido toponímico. origem em aldeia do concelho de Barcelos (Pt.)

Miranda - apelido toponímico

Mondego (Gz. ?) - apelido ou sobrenome, ou mesmo alcunha, de origem toponímica. ver Comentºs.

Morais - apelido toponímico. origem em aldeia de Trás-os-Montes. precedido de "de"

Moreira - apelido toponímico. é frequente no norte de Portugal. há vários topónimos "Moreira"

Moreno - significa "originário de Mora", Província de Toledo, Espanha

Moura - apelido toponímico. precedido de "de"

Mourão - apelido toponímico. origem no Alentejo

Morreira - apelido ou sobrenome toponímico. de "Morreira", Braga (Pt.)

Murça - apelido toponímico. origem em Trás-os-Montes. aparece em famílas de cristãos-novos

Múrias - apelido ou sobrenome de origem toponímica. origem em Trás-os-Montes

Nandim - apelido toponímico. topónimo existente em Portugal e na Galiza. porém o apelido ou sobrenome parece de origem galega. também existe a grafia "Nandín"

Neves - apelido de origem toponímica. precedido de "das"

Nisa - de Nisa ou Niza, cidade do Alentejo (Pt.)

Niza - ver "Nisa"

Nóbrega - apelido ou sobrenome toponímico. ver Comentº. precedido de "da"

Noronha - apelido toponímico. origem nas Astúrias (Espanha): Noruena

Oliveira - apelido toponímico. origem diversa. precedido de "de"

Ormonde - apelido toponímico. origem irlandesa, condado de Tipperary. sobrenome açoriano

Ornelas - apelido toponímico. alteração de Dornelas, passando por "de Dornelas", "d' Ornelas", "de Ornelas"

Outeirinho - sobrenome toponímico. a origem pode ser portuguesa ou galega, podendo ser grafado "Outeiriño"

Outeiriño - ver "Outeirinho"

Outeiro - sobrenome de origem toponímica. pode ser de origem galega ou portuguesa. devido à grande quantidade de Outeiros na Galiza e em Portugal, é praticamente impossível estabelecer a qual dos "Outeiro" se refere este sobrenome

Paço d'Arcos - sobrenome ou apelido toponímico

Paiva - apelido toponímico

Palmela - sobrenome toponímico

Pedrosa - apelido toponímico. origem galega

Pinhão - apelido toponímico. de "Pinhão", no Douro português

Pocinho - apelido toponímico. de "Pocinho", no Douro português

Poiares - apelido toponímico. de "Poiares", em Trás-os-Montes?

Polónia - apelido com origem na Polónia? ou está por "Apolónia"?

Polónio - ver Polónia

Portas - apelido ou sobrenome de origem toponímica. de "Portas" (Gz.)

Porto - apelido toponímico

Portovedo - apelido ou sobrenome de origem toponímica. de "Portovedo", Ovar (Pt.)

Portovedro - apelido toponímico. de "Porto Vedro" (Gz.)

Portugal (Pt. e Gz.) - apelido toponímico

Póvoa - apelido toponímico

Prado - apelido toponímico. vários topónimos "Prado", em Portugal e na Galiza. pode ser precedido de "do"

Proença - apelido toponímico

Puga - apelido ou sobrenome de origem toponímica. de Puga (Gz.)

Pulha - não sei que mal terão feito a Deus os habitantes de Puglia, Itália, para que o seu nome adquirisse semelhante fama

Quiaios - sobrenome de origem toponímica. de "Quiaios", aldeia de pescadores a norte da Figueira da Foz

Quialheiro - sobrenome de origem toponímica. de "Quiaios".

Quintanilha - apelido toponímico. de "Quintanilha", Trás-os-Montes. precedido da preposição "de".

Refóios - sobrenome toponímico. precedido de "de"

Relvas - apelido toponímico. origem na Serra da Lousã

Represas (Pt. e Gz.)

Ribeiro (Pt., Gz. e Br.) - apelido toponímico. frequente em Portugal e na Galiza. origens diversas.

Rocha - apelido toponímico. precedido de "da"

Rochel - apelido ou sobrenome de origem toponímica. de "Rochel", Arganil (Pt.)

Roda - apelido toponímico. há povoações com o nome "Roda" em Portugal e na Holanda. No entanto, "Roda" poderá ser uma alcunha devida ao facto de a pessoa, ou um seu antepassado, ter sido exposto. nesse caso, seria equivalente ao espanhol "Espósito"

Ródão - apelido toponímico. origem diversa. "Ródão" ou é hidrónimo ou esconde o significado de "rio". mesma origem de "Rhin", "Rhône", "Rode"

Romana - de Roma

Romão - sobrenome de origem toponímica. o mesmo que "romano"

Roriz - apelido ou sobrenome de origem toponímica

Ruela - sobrenome frequente em Portugal e no Brasil, é de origem toponímica. deve-se a alguém que era originário de Ruela, província de Lugo, Galiza. "Ruela" significa "pequena Rua" e ocorre também no norte de Portugal, mas em geral para designar pequenas ruas de algumas localidades. no caso galego, essa "Ruela" deve estar por oposição à vila de A Rua, Valdeorras, província de Ourense, na fronteira com a província de Lugo. como diminutivo que é, Ruela deve ser povoado derivado da deslocação de gente proveniente de A Rua.

Sá - apelido toponímico. origem diversa. na Galiza: "Sá" e "Saa"

Saavedra (Pt., Gz. e Br.) - apelido toponímico. origem galega. precedido de "de"

Sala - apelido toponímico. mesma etimologia de "Sá" e "Saa". é um sobrenome de origem espanhola. vários topónimos "Sala" em Espanha

Saldanha - apelido toponímico

Samora - apelido toponímico

Samoreno - apelido ou sobrenome que indica origem em Çamora/Samora/Zamora

Sarnes - sobrenome de origem toponímica

Saro (Pt. e Gz.) - sobrenome de origem toponímica. de Saro, Cantábria, Espanha

Seabra - apelido toponímico (?). pensa-se que se refere a Sanábria, região de León, Espanha, fronteiriça com o norte do distrito de Bragança (Pt.). há quem ponha em dúvida essa origem

Segorbe (Br.) - apelido ou sobrenome toponímico. origem espanhola.

Seiça - apelido ou sobrenome de origem toponímica. pode ser precedido de "de"
Seivane (Gz.) - apelido ou sobrenome de origem toponímica. povoação galega.

Seixas - apelido ou sobrenome de origem toponímica. de "Seixas", na margem esquerda do rio Minho?

Seixo ou Seijo - apelido ou sobrenome toponímico. origem galega. há vários topónimos "Seixo"

Senra - apelido toponímico - várias povoações com este nome, no Norte de Portugal, na Galiza e no Brasil

Seoane (Pt., Gz. e Br.) - apelido ou sobrenome toponímico. origem em povoação galega

Sepúlveda - apelido toponímico. origem espanhola. existe este topónimo em Segóvia, Salamanca e Soria. precedido de "de"

Sequeira - apelido toponímico. várias povoações com este nome (Pt. e Gz.). precedido de "de"

Sequeiros - apelido toponímico. várias povoações com este nome (Pt. e Gz.). precedido de "de"

Sequerra - apelido judaico evoluido de Sequeira. a alteração de Sequeira para Sequerra terá ocorrido por saída, expulsão ou fuga, estadia em outro país e regresso a Portugal algumas gerações após. ver Sequeira. precedido de "de"

Serém - apelido toponímico. pode ter origem portuguesa ou galega (neste caso pode ser grafado Serén). o curioso é que o topónimo Serém/Serén é, por sua vez, o genitivo de um antropónimo ("Sereni": "[propriedade] de Serenu")

Sidónio - nome próprio referente a "Sídon", cidade da Fenícia

Silva - apelido ou sobrenome toponímico. precedido de "da". uma das linhagens mais antigas de Portugal. ver "(da) Cunha"

Sinde - sobrenome ou apelido de origem toponímica. de "Sinde", Tábua" (Pt.)

Sintra - apelido toponímico. de "Sintra", da Região saloia. também ocorre sob a grafia antiga, "Cintra"

Sintrão - apelido de origem toponímica: "aquele que é oriundo de Sintra"

Soriano - apelido de origem toponímica. "aquele que é oriundo de Soria" (Es.)

Sousa - apelido toponímico. precedido de "de". às vezes escrito na forma antiga "de Souza"

Soutulho - apelido toponímico. origem em povoação galega do mesmo nome

Soutullo - graf. altern. de Soutulho

Susana - de Susa

Tamegão - apelido etno-toponímico.

Tânger - apelido ou sobrenome de origem toponímica. de "Tânger", cidade do Norte de África que pertenceu ao Reino de Portugal.desta cidade deriva também o nome do fruto "tangerina"

Tanoeiro - apelido toponímico. origem galega. de "S. Tenório" ou "Tanoiro" (Santiago de Compostela). quando galegos do Tanoiro chegaram a Portugal, perguntaram-lhes o nome. disseram: "sou fulano e fulano,...de Tanoiro". a pronúncia soava a "tanuôiro", "tanueiro", pelo que ficaram "Tanoeiro" - que nada tem a ver com os artesãos que fazem as pipas de madeira para o vinho

Tarouca - apelido ou sobrenome toponímico

Taveiro (Gz. e Br.) - apelido ou sobrenome de origem toponímica. de Taveiro (Pt.)?

Teixeira (Pt. e Gz.) - apelido ou sobrenome de origem toponímica. vários topónimos "Teixeira" em Portugal e na Galiza

Tentúgal - sobrenome raro. origem toponímica. região de Coimbra

Terra - apelido toponímico. origem em Trás-os-Montes

Terra Seca - apelido toponímico. origem em Trás-os-Montes

Tibério - nome próprio referente ao Tibre, rio de Itália

Torres - apelido ou sobrenome toponímico

Torrinha - apelido ou sobrenome toponímico

Tovim - apelido toponímico

Tudela - apelido toponímico

Vanderlei - várias grafias coexistem: também Vanderley, Wanderley. nome próprio e apelido de origem holandesa usados no Brasil. de "van der Ley", que quer dizer "da...Ley" (da Lousa)

Vanzeler - várias grafias coexistem: também van Zeller, Van Zeller, Van-Zeller, Wanzeller. apelido toponímico. origem holandesa. quer dizer "...de Zeller", localidade da Holanda

Vara - sobrenome toponímico

Varela - sobrenome toponímico. de Varela, diminutivo toponímico de Vara

Vasco - de vascónia, País Basco

Vasconcelos - os habitantes do País Basco têm o nome de "bascos", "biscaínhos" ou "vasconços". o diminutivo de "Vasconços" é "Vasconcelos". este apelido ou sobrenome vem precedido de "de", indicando uma origem toponímica. ver post "Topónimos Terminados em "-elos"

Veiga - apelido ou sobrenome de origem toponímica. de "Veiga", topónimo muito frequente na Galiza e em Portugal. pode ser precedido de "da"

Verín ou Verim - apelido toponímico. origem galega. não tem fundamento a pronúncia "Vèrã", dado não ser um sobrenome de origem francesa

Viana - apelido toponímico. também grafado "Vianna", segundo a forma antiga

Vidigueira - sobrenome toponímico. de "Vidigueira" (Pt.), Alentejo

Vieira - apelido toponímico. várias povoações com este nome

Vigo - apelido ou sobrenome de origem toponímica. de "Vigo" (Gz.)

Vilaça - apelido ou sobrenome de origem toponímica

Vilar - apelido toponímico

Vilares - apelido toponímico. também grafado à moda antiga: Villares

Vilarinho - apelido toponímico

Vilas Boas - apelido ou sobrenome de origem toponímica. precedido de "de"

Vilela - apelido toponímico

Vilharigues - apelido toponímico

Vinhas - apelido toponímico. encontra-se também na Galiza e nas Astúrias sob a grafia "Viñas"

Viseu - apelido toponímico. também grafado "Vizeu", segundo a forma antiga

Xavier - nome e sobrenome de origem navarra. corresponde ao topónimo Javier, de onde era originário S. Francisco Xavier. tem origem euskera modificada pelo contacto com o castelhano. é, pois, o mesmo que Etcheverria, Etxebarria: "casa nova". no entanto, o nome Xavier pode ocorrer mais pelo hagiónimo do que pelo topónimo que lhe deu origem. quando é sobrenome o mais provável é que seja uma modificação de Etcheverria

quarta-feira, 7 de junho de 2006

Topónimos Terminados em "-ende" e "-inde"

ainda não será desta vez que termino a saga dos topónimos originados em proprietários germânicos. o seu grande número em Portugal e na Galiza indica o impacto que tiveram as chamadas "invasões bárbaras" na distribuição da posse das melhores terras agrícolas da Hispania Ulterior romana. o facto de os topónimos correspondentes se encontrarem no genitivo latino, e os nomes de origem estarem latinizados, indica que à posse da terra e ao poder administrativo não correspondeu o domínio cultural nem linguístico. a minoria dominante teve que integrar-se na língua e na cultura da região.

dizer que um topónimo é de origem germânica não será dizer tudo. germânicos são os godos, os suevos, os vândalos. mas para já não farei distinções, até porque não há consenso sobre o assunto. a distribuição dos topónimos relativos a proprietários germânicos continua a fazer-se a norte do rio Mondego, na senda da milenar continuidade étnica, territorial, linguística e cultural galego-portuguesa

exemplos de topónimos em "-inde" e "-ende"

Aldosende (Gz.)
Bertosende (Gz.)
Bousinde
Bouzende - ver Bousinde
Ermesinde
Erminde (Gz.) -
Esposende
Frende
Gondesende (Pt. e Gz.) - genitivo do antropónimo germânico "Gundesind(u)"
Gondosende (Gz.) - ver "Gondesende"
Guende (Gz.)
Lesende (Gz.)
Lusinde (Pt.)
Minde (Pt.)
Mosende (Gz.)
Rececende (Gz.) - villa Recesindii: propriedade de Recesindo
Requesende (Gz.) - variante dialectal de Recesende?
Resende - genitivo de Rethsinth ou Redisindo
Rosende (Gz.)
Sinde (Pt. e Gz.) - genitivo de Sinth ou Sindo
Tasende (Gz.)
Troitosende (Gz.)
Tusende (Gz.)
Valdosende

sexta-feira, 2 de junho de 2006

Topónimos Terminados em "-ufe" e "-ulfe"



tal como os topónimos em "-ães", os terminados em "-ufe" e "-ulfe" são genitivos de nomes próprios germânicos, indicando desse modo a quem a villa (quinta, fazenda ou sítio) pertencia.
tenhem, porém, três características diferentes dos topónimos em "-ães":

- não divergem de Portugal para a Galiza

- na sua composição entra a palavra "lobo" (wulf). ainda hoje muitos nomes próprios germânicos contêm elementos naturalísticos, fazendo menção a animais, tais como Wolfgang, Adolph, Bjorn

- o antropónimo não está no diminutivo


alguns exemplos:

Adaúfe - genitivo de Athaulf (Athals: "nobre" + wulf : "lobo"), que é o mesmo que Adolfo. origina outros topónimos como Adoufe (Pt. e Gz.), Adufe, Adufes

Brufe (Pt. e Gz.) - genitivo de Berwulf. de bera: "urso" (actual Bjorn) + wulf: "lobo"

Cendufe - de ...?... + wulf: "lobo"
Frejulfe (Gz.) - graf. altern. Frexulfe
Gondulfe (Gz.)
Gorgulfe (Gz.) - ver Comentºs

Guilhufe (Pt. e Gz.) - genitivo de Wiliwulf. de wil: "vontade", "querer" + wulf: "lobo". origina outros topónimos, como Guilhurfe (Gz.)

Manhufe (Pt. e Gz.) - genitivo de Manniwulf. de mann: "homem" + wulf: "lobo". origina outros topónimos, como Manhufes. graf. altern. (Gz.): Mañufe

Marufe - genit. de M...(?) + wulf: "lobo"
Merufe - o mesmo que Marufe?
Nandufe - genitivo de Nanthjan: "ousar" + wulf: "lobo"
Randufe (Pt. e Gz.) - o mesmo que Rendufe
Rendufe - genitivo de rand: "escudo" + wulf: "lobo"

Sandulfe (Gz.) - (ver Comentº de Calidonia) - genitivo de sanths: "verdadeiro" + wulf: "lobo". o genitivo de Sanths deu o topónimo Sande, muito frequente na Galiza e em Portugal

Sesulfe (Pt. e Gz.) - genitivo de S...(?) + Wulf: "lobo". graf. altern. Sezulfe

Tufe - genitivo de Tudulf



segunda-feira, 29 de maio de 2006

Post nº 100: Topónimos Terminados em "-ães"


embora existam em larguissima maioria no território a norte do rio Mondego, este é um conjunto de topónimos carateristicamente portugueses. as formas galegas correspondentes divergem habitualmente para terminações em "-éns", "-ás", "-ans" e "-anes", que também podem existir em Portugal.
estes topónimos têm uma de três caraterísticas:
- são genitivos, em regra de antropónimos germânicos, indicando a pessoa a quem pertenceu a villa ou quinta. equivalem a dizer "propriedade, quinta ou fazenda de...fulano";
- são identificadores do povo em causa (etnónimos). será como dizer "alemães", por exemplo;
- são topónimos ainda mal esclarecidos.

exemplos:

Adães - genitivo do antropónimo germânico "Athals": "quinta ou propriedade de Athals"

Airães - genitivo de um antropónimo germânico, Ário.
Alvarães - genitivo de "Álvaro" (?)
Amiães - etimologia incerta

Ansiães - genitivo de Ansila (antropón. germânico). Ansila é diminutivo (*)

Atães - o mesmo que Adães
Bagães - etimologia incerta
Balugães - etimologia incerta
Barbadães de Baixo - etimologia incerta. na Galiza existe Barbadáns
Barbadáns (Gz.)

Belães - genitivo de Berila, diminutivo de Bera ("urso"), antropónimo germânico

Bisalhães - etimologia desconhecida
Boivães
Brandinhães - etimologia incerta
Bravães - etimologia incerta
Brirães - etimologia incerta
Bugalhães - etimologia incerta
Burgães - genitivo de Burgala (nome feminino?)
Caçurrães - pré-romano. significado desconhecido
Calvães - etimologia incerta
Cavernães - aqui o sufixo poderá ser étnico
Cepães - possível sufixo étnico: "de Cêpos"?

Cervães - genitivos "Servianis", "Servandici", ou sufixo étnico de "Cerva"?

Chavães - sufixo étnico "de Chaves"?
Chaviães - genitivo de Flavius (?)
Cidrães - está por "Cidrais", ou é plural de "Cidrão"?
Cinfães - etimologia desconhecida
Covelães - será sufixo étnico de "Covelo" (Pt e Gz)? de "Covela" (Pt e Gz)?
Covilhães - etimologia incerta. estará por "gente oriunda da Covilhã"?
Crastovães - de "castro" + genitivo desconhecido
Cucujães - etimologia desconhecida

Delães (pronúncia "Dèlães") - estará por "D' Elães", uma espécie de duplo genitivo? nesse caso, virá de "Elo" ou "Ella"

Enxofães - de "em Suffenes". provável origem germânica
Estrufães - genitivo de Astrulf (germânico)

Fafiães - genitivo de Fafila (germãnico). aparece em Portugal e também na Galiza sob a forma "Fafiás". Fafila é diminutivo (*)

Faldijães - etimologia desconhecida
Fandinhães - genitivo de Fandila (germânico). Fandila é diminutivo (*)
Faquiães - genitivo de Faquila (germânico). Faquila é diminutivo (*)
Farelães - etimologia desconhecida

Fermentães - de gente dedicada à montaria ou caça real: foro de montanos ou monteiros

Fiães - na Galiza: Feanes e Feáns. etimologia incerta
Forjães - etimologia incerta
Friães - na Galiza: Freanes e Frianes. é genitivo de Froila (germânico)
Galiães - etimologia incerta
Galifães - etimologia incerta
Goães - genitivo "Gundilanes", de Gundila (germânico)? Gundila é diminutivo (*)
Golães - será o mesmo que Goães?
Gomarães - será o mesmo que Guimarães e Voimarães
Gominhães - genitivo de Gumila (germânico). Gumila é diminutivo (*)
Gueifães -

Guimarães - patronímico ou genitivo de Vímara (antropónimo medieval, de origem germânica). na Galiza: Guimaranes, Guimarens, Guimarás

Lamaçães -
Magalhães - etimologia desconhecida. será um etnónimo (celta)?
Miomães - genitivo do antropónimo Meoma
Nozilhães - etimologia incerta
Palhagães - etimologia incerta
Pedaçães - antiga Padazanes. etimologia desconhecida. genitivo de Pitacia ou Patacia?
Pinhães - etimologia incerta
Qinchães - etimologia incerta. talvez seja a mesma de "Quintiães"
Quintiães - genitivo de Quintila (germânico). Quintila é diminutivo (*)

Ramirães - não tenho conhecimento de que exista este topónimo em Portugal, mas a sua possibilidade está indicada pela existência de "Ramirás" (Gz.). genitivo de Ranimir, Ramir (germânico)

Recardães - genitivo de Recaredo.

Requiães - genitivo de Requila (germânico). Requila é diminutivo (*) e deu origem a outros topónimos, como Requião (Pt.), Requiá e Requián (Gz.)

Revilhães - genit. de Rabellus, Revelle ou Rabeelo, nome que deu origem a outros topónimos, como Reveles

Romarigães - de origem germânica, deriva de Romaric - que originou outros topónimos, como "Romarigo" e "Romariz" (Pt. e Gz.)

Ruães - genitivo de Hroda (germânico), antropónimo que será o responsável pela existência do topónimo "Roda" em Portugal e na Holanda

Ruivães - na Galiza: Rubianes e Rubiás. etimologia incerta
Sandiães - variante de Santiães
Santiães -
Segadães -
Sevilhães - gente oriunda de Sevilha

Soalhães - genitivo de Sunila (germânico). Sunila é diminutivo (*). topónimo afim de "Soilán" (Gz.)

Sucçães -

Teivães - parece relacionado com "Tibães". será genitivo de Tevila (germânico), que é diminutivo (*)

Tibães - anteriormente Tibaens. ver "Teivães". na Galiza: "Tivián"

Voimarães - nome de uma quinta na cidade de Coimbra, hoje urbanizada. "Voimarães" reproduz, com ligeira variação fonética, a forma "Vuimarães" que antecedeu "Guimarães"


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(*) não faz muito tempo que no norte de Portugal as pessoas ricas eram tratadas pelo diminutivo


quinta-feira, 11 de maio de 2006

Uma Invasão de Formigas


encontrei por acaso esta belissima fábula argentina, que suponho ser de origem ibérica, intitulada "invasão de formigas", que me trouxe à memória uma série de lendas sobre antigos povoados pré-históricos em lugares altos, abandonados pelos seus habitantes obrigados a descer para as campinas.

a anomalia destas lendas (de "formigas", mas também de "mosquitos") é que uma invasão real desse tipo de bichos provocaria, na terra dos comuns, o movimento inverso, ou seja, de baixo para cima, nunca do alto dos montes para a planície. é, pois, uma realidade do mundo da memória, do sonho, da lenda, feito de bocadinhos do real vivido pelas gerações que já partiram. uma história que deixa sempre o rabo de fora para podermos deduzir onde está o gato.

como é bom de ver, essa fábula, assim como as lendas que me evoca, referem-se a outro tipo de invasões e a outro tipo de insetos arrumadinhos em fila e de passo ordenado, aliás muito em voga nos tempos que correm. de início, os intrusos parecem simpáticos, até benvindos, quem sabe. mas depressa se dá conta que, afinal, não são assim tão bem intencionados nem tão inofensivos. semeiam a desordem e a devastação por onde passam, impõem o que fazem, fazem o que querem e destroem o jardim.
a invasão de que falam as lendas é, sobretudo, a conquista romana. não sei a que se deve o nome de "formigas" dado ao exército romano. pode ser uma alcunha depreciativa ou um nome de código. mas é tentador pensar que, do alto dos povoados em questão, o exército romano em movimento se assemelhasse a um carreiro de formigas-macho. tenho notícia de que em algumas regiões as estradas romanas têm o nome "carreiro da formiga" ou "das formigas".

(o caso da "invasão de mosquitos" evoca uma movimentação mais desordenada, mais incómoda, mas, talvez, mais superficial)

a invasão romana não terá sido a primeira que ficou registada em lenda. no fundo dessa memória coalhada há quem veja a invasão das tribos celtas.

a política dos romanos foi a de forçar as populações que viviam nos castros a descer para campo aberto, a fim de melhor as controlar.

a mesma estratégia foi depois seguida pelas autoridades eclesiásticas em relação aos cultos pagãos que persistiam nos montes já despovoados. essa política saldou-se, em muitos casos, por um curioso "empate": uma capela no alto, um templo cá em baixo. e, nas festas, uma procissão inaugural de cima para baixo e uma procissão de encerramento, de baixo para cima, com o retorno da Santa à sua capela. ou vice-versa, consoante o costume.

o êxito total dessas políticas só está sendo conseguido nos tempos que correm, com o abandono acelerado das últimas aldeias serranas.
outras "formigas", a mesma política.
mas a verdade é que a melhor defesa contra a praga das formigas é mesmo morar num ponto alto.


a invasão de formigas:

Castelo Novo (Fundão) - existiria uma povoação com o nome de «Alpreada», de onde o povo que lá morava teve de sair, por causa de uma «invasão de formigas» (o exército romano).

Cerdedelo (Gz) - terá existido um castro em Fondo de Vila, de onde a população se mudou para Cerdedelo por causa de uma "invasão de formigas".

Chã das Formigas (Gz.) - graf. altern. "Chan das Formigas". é um recinto megalítico.

Fernão Joanes (Guarda) - a primeira aldeia teria nascido numa quinta, num lugar chamado A Comichão. Em virtude de uma «invasão de formigas», a população mudou-se para o lugar da actual, Fernão Joanes.

Galafura (Peso da Régua) - o «cemitério dos mouros» indica a presença de um velho povoado. diz-se que nesse monte os antigos habitantes tiveram que sair por causa de uma «invasão de formigas» (os romanos que, lá em baixo, na estrada militar, pareciam formigas).

Pêro Viseu (Covilhã) - na cabeço da Arremexa (ou S. Marcos) existiu um povoado, de que restam vestígios arquelógicos e religiosos. diz-se que os habitantes deste povoado se viram obrigados a retirar para o Cabeço da Malha por causa de uma invasão de formigas. a partir deste local desenvolveu-se "Pêro Viseu", cujo nome nos remete para "pedras" (pêro: penedo) e uma função militar (viseu: guarda, vigia, atalaia)

Piódão - a lenda aqui contém uma anomalia, que como todas as anomalias tem um significado reforçado. diz-se que o povoado original era Piódão Velho, localizado bem perto mas a uma menor altitude. aqui, a "invasão de formigas" fez com que os habitantes fossem mais para cima, o que constitui uma exceção. representa a fuga dos habitantes para lugar mais inacessível

Póvoa de Agrações (Chaves) - no monte de S. Pedrinho existiu um povoado ou castro de um povo pré-histórico, que se viu obrigado a «descer» para a Ribeira de Oura, em virtude de uma «invasão de formigas». Neste caso, há o pormenor curioso de serem formigas-macho, "que não fazem nada", isto é, ...soldados!

S. Vicente do Gerês (Montalegre) - consoante as versões, o povoado foi abandonada em virtude de uma peste, uma fome ou uma «invasão de formigas» (romanos).

Telhado (Fundão) - : povoação antiga, foi o seu primitivo assento o vale da Carantonha, com a denominação de Nossa Senhora da Carantonha. os seus habitantes viram-se obrigados a abandonar o local por causa de uma invasão de formigas, que os perseguiam e lhes causavam grave dano às sementeiras.

Torre de Moncorvo - diz a lenda popular que Torre de Moncorvo resulta da fuga das gentes de Santa Cruz de Vilariça face a uma "invasão de formigas" e a uma "praga de mosquitos". esta lenda parece conter dois tempos ou épocas: a invasão romana (as "formigas") e uma invasão posterior, talvez germânica, talvez árabe (os "mosquitos").

Velho Airão (Parque Nacional do Jaú - Amazonas, BR) - esta é uma cidade abandonada na selva, dizem que por causa de uma invasão de formigas. neste caso, "formiga" é mesmo formiga?


segunda-feira, 8 de maio de 2006

A Toponímia da Região de Aveiro


a região de Aveiro é o lugar de convivência com a água, e com o mundo através da água. "Aveiro", é um  topónimo que nos remete para a água. outros, como "Ovar", lembram-nos a presença de um porto desde longa data.
a filiação linguística dos topónimos parece acompanhar a filiação genética das populações: há um ramo que se pode chamar de "litoral", com visível presença de gente ruiva e loira, e um ramo "rural" com muito menos características "nórdicas".
em Aveiro e nas aldeias e vilas em redor, é muito notória a presença do Brasil, em primeiro lugar, e da Venezuela - por força de ligações bilaterais criadas por emigrantes. a toponímia urbana e o nome de lojas, restaurantes e cafés registam abundantemente esse facto. Aveiro, e seus arredores, é, sem exagero, a cidade mais brasileira de Portugal. está geminada com Belém do Pará para celebrar essa ligação contínua de há muitos anos


Arada -

Assilhó - diminut. de "Ossela" (Osselola - Assilhó)

Aveiro - tal como Avanca, parece conter duas vezes a noção de "água": "Av...-"+"Ar-...". ver "Hidrónimos ou Nomes de Rios"

Azurva -
Beduído -

Belasaima - é também hidrónimo. este facto e a semelhança fonética fazem pensar na divindade celta Belisama

Belazaima - o mesmo que "Belasaima"

Cesar - (pronunc. "Cesár")
Eirol -
Esmoriz -
Espairo -

Estarreja - topónimo de ressonências euskera, como "Biarritz" (F)

Gafanha - os habitantes das Gafanhas não se chamam "gafanhotos", são "gafanhões" e "gafanhoas"

Gafanha da Encarnação -
Gafanha da Nazaré -
Gafanha de Aquém -
Gelfa -

Gonde - é hidrónimo. é o nome de um pequeno regato que passa na Quinta que foi do Professor Egas Moniz, Prémio Nobel da Medicina

Ílhavo - é um topónimo seguramente pré-romano, celta ou mesmo basco.na sua composição entra o elemento "ili" (cidade?) e "abo"/"avo" (comum a "Aveiro" e "Avanca", e que significa "água")

Loure -

Macinhata - topónimo viário? pode derivar de "mansionata", referindo-se à existência de uma pousada ou mansão ("mansio").

Madaíl -
Mamodeiro -

Monsarros - ver "Vila Nova de Monsarros"

Oiã -

Óis da Ribeira - "Óis" é um topónimo muito raro e muito antigo, seguramente pré-romano. existe em Portugal e na Galiza. a sua presença em Navarra ("Oiz") e na Catalunha ("Oix") parece indicar uma origem euskera ou proto-euskera

Óis do Bairro - ver "Óis da Ribeira"

Ossela -
Ovar -

Pardilhó - ver "topónimos terminados em -ó"

Requeixo -
Salreu -
Samel -
Sangalhos -

Torreira - topónimo presente noutras zonas de Portugal e na Galiza. no caso da região de Aveiro parece querer referir-se a "costa da... torre(?)"

Ul - ver esse post. o seu significado é "ribeiro", "regato".

Vagos - é possível que se trate de um etnónimo, do nome de uma tribo anterior ao domínio romano. essa tribo teria um nome relacionado com o rio "Vouga" ("vaccua"). a variação do leito final deste rio ao longo dos séculos permite estabelecer a relação entre "Vagos" e "Vouga"

Vagueira - pronúncia: "Vàgueira". refere-se a "costa de vagos"

Verdemilho - a forma anterior de "Verdemilho" foi "Vila de Milho". ver post

Vila Nova de Monsarros - algum parentesco linguístico com "Monsaraz"? assim parece


sexta-feira, 5 de maio de 2006

De Maringá pra Vila de Rei

Portugal sofre de, pelo menos, dois grandes flagelos demográficos: uma drástica diminuição da natalidade, com um substancial aumento da esperança média de vida, e a desertificação humana do interior. isso faz com que zonas inteiras da faixa leste do país estejam reduzidas a dúzias de velhos solitários, artificialmente arrebanhados em Lares da Terceira Idade, a que se dá, por vezes, nomes que seriam cómicos se não fossem cruéis. a uma dessas casas botaram o nome de "Última Morada", a outra "Eterno Paraíso", e outras ainda afinam pela mesma espécie de bom-gosto. juntando a tudo isso, vem o verão todos os anos levar o que sobra de uma antiga floresta nacional, alargando os horizontes num sem-fim de milhares e milhares de figuras esguias e ressequidas de árvores queimadas. não é um problema especificamente português. o que será especificamente português é essa divisão do país em Litoral e Interior, essa desertificação que assola a zona mais próxima dos centros de decisão da União Europeia, a região que poderia, teoricamente, atrair população, quadros, dinheiro, investimento, a faixa do território que mais poderia beneficiar da integração de Portugal na União. mas não é assim. quanto mais longe de Bruxelas, de Estrasburgo ou de Paris, melhor é Portugal - ou pelo menos assim julgamos nós. é um Estado-Membro ao contrário. é como se na América as regiões de um Estado fossem tão mais desenvolvidas quanto mais afastadas de Washington ou de Nova Iorque. Portugal olha para a Europa, a que pertence, às curvas, através do mar e do ar. por terra, o histórico peso da Meseta impede os portugueses de ver e de entender a União em linha reta. tudo o que tenha de passar pela Meseta faz tremer o peito.
vem isto a propósito de um fenómeno singular que está atraindo as atenções para Vila de Rei.
aquela vilinha pequena do distrito de Castelo Branco, na chamada zona d' "O Pinhal", tem a particularidade de ser a povoação que fica no centro geográfico de Portugal, bem perto do Alto de Milriça - o centro geodésico do país. e padece do outro mal que desertifica o interior: a emigração, que leva os poucos jovens que a terra inda produz. vêm à ideia os versos de Rosalia:

"iste parte e aquel parte
e todos todos se ván,
Galiza sen homes quedas
que te poidan traballar"...

pois teve o município de Vila de Rei uma ideia original: chamar gente do Brasil para repovoar o concelho.
chegaram as primeiras quatro famílias inteirinhas, de Maringá, Estado do Paraná, oito adultos e seis crianças.
Portugal tem 500 000 imigrantes, na sua maioria eslavos ou africanos, que, aliás, preferem os grandes centros litorais. mas chamar gente do Brasil, e para o interior, tem um gostinho especial e refresca a língua. inverte os caminhos da História e, quem sabe, um dia refrescará também a toponímia

(...veja o que acontece......quatro meses depois...)

quarta-feira, 3 de maio de 2006

triste sina, a nossa

uma língua é um espaço de comunicabilidade. tem uma estrutura, uma organização interna, um conjunto léxico comum, uma pronúncia individual, sotaques diferentes, variantes, dialetos, mas é um espaço de parentesco e de semelhança não partilhado com mais nenhum código linguístico. de imediato percebemos se alguém usa o código linguístico português ou castelhano, inglês ou neerlandês, polaco ou russo. mesmo que a pronúncia ou variantes do léxico nos digam que, afinal, o inglês é da América ou da Austrália, o neerlandês da Bélgica ou da Holanda, o francês da França, da Bélgica ou do Quebeque, o castelhano de Espanha, de Cuba ou da Argentina, o russo da Rússia ou da Ucrânia. quanto ao sotaque, bem, o sotaque só é detetado por quem ouve, não por quem fala. e a compreensibilidade da pronúncia é, simplesmente, uma questão de tempo, de integração. mesmo o português de Portugal pode criar dificuldades a um português, se a pessoa que fala for de certas zonas da Beira Baixa ou da Ilha de S. Miguel, ou de certos lugares da Madeira. isso não faz com que a pessoa que fala fale beira-baixês, micaelense ou madeirense.
é impossível falar uma língua regular, uniforme, imutável e "sem sotaque". mesmo uma língua morta, na sua uniformidade e regularidade de defunta, é mutável e tem o sotaque e a pronúncia individual de quem a usa.
a língua não é de ninguém, sob pena de só existir na boca de quem a fala.
vem isto a propósito de um incidente ocorrido quando da visita de Saramago ao Brasil. falando num português de Portugal, o nosso escritor causou estranheza aos falantes brasileiros, pouco habituados a quem fala depressa, complicado e ainda por cima fechado. alguém lhe fez notar a dificuldade, apontando-lhe o problema do "sotaque".
ofendido - suponho - , o nobelado respondeu: "a língua é minha, o sotaque é seu"...
mas...que diabo deu a Saramago, para falar uma língua dele - e ainda por cima sem "sotaque"?



segunda-feira, 1 de maio de 2006

A Estranha Toponímia da Região de Coimbra



Coimbra, cidade de encontro entre o Norte e o Sul, o Ocidente e o Oriente, manifesta na Toponímia esse encontro secular de civilizações, línguas e etnias. são muitos os topónimos "estranhos", alguns deles sem paralelo no resto de Portugal e da Península.
Coimbra foi uma cidade "moçárabe", o que significa uma espécie de mestiçagem entre um fundo de língua e religião cristãs e um domínio político, cultural e administrativo árabe. mas o fenómeno da mestiçagem norte-sul e leste-oeste, em Coimbra, remonta a épocas muito mais antigas.
tantas são as raridades num raio de 40 km em volta desta cidade, que a todo o momento nos deparamos com a nossa incerteza e ignorância, mas também curiosidade, a respeito de Toponímia


Adémia - ao que parece, é um topónimo de meio rural e significará "uma terra que fica entre monte e várzea", "terreno cultivado", "terra de qualquer cultura". há vários locais que mereceriam esse nome, mas só conheço esta "Adémia"

Alcabideque - palavra híbrida do árabe al- e do latim caput: "a cabeça de água", "a fonte". é a nascente que abastecia de água a cidade romana de Condeixa-a-Velha, identificada como Conímbriga. mais a sul, na região saloia, existe a variante "Alcabideche" com o mesmo sentido

Alcarraques - seria uma povoação especializada no fabrico de alpergatas ou sapatos de lona, uma vez que al-qarraq, em árabe, é "o que faz alpergatas"

Almalaguês - palavra híbrida, al-malaguês, este topónimo há-de ter relação com "Málaga", ou com pessoa ou pessoas de lá

Almas de Freire - significa "as alminhas (cruzamento com "alminhas") de Freire". o problema é este "Freire"

Almegue - do árabe: "porto", "vau", "lugar de onde se atravessa (o rio)". existe em vários concelhos entre o Mondego e o Tejo

Anaguéis -

Andorinha - será um topónimo muito antigo, provavelmente de origem (proto-) euskera

Antanhol -
Antuzede -
Ardazubre  -
Arregaça
Arzila 

Assafarge - esta grafia não será a mais correta. a sua origem arábica impõe que se escreva "Açafarge". no entanto, mesmo de origem árabe, o topónimo pode ter diferentes significados, embora todos relacionados com o mundo rural

Bencanta  topónimo de possível origem árabe
Bendafé
Bom Velho de Baixo
Bom Velho de Cima
Bordalo
Brasfemes 
Buarcos - origem desconhecida.

Cadima  do árabe, significa "a velha", querendo exprimir a antiguidade da povoação para quem lhe deu esse nome. se aqui se falasse tupi-guarani, o nome seria "Aracajú"

Calhabé  nos fins do séc. XIX houve uma figura típica de Coimbra, das muitas que a cidade produziu, que tinha por alcunha "o Calhabé", célebre pela sua devoção ao divino licor de Baco. O nome é provavelmente arbitrário, criação de estudantes boémios. o pequeno lugar de subúrbio, onde havia uma taberna, é hoje uma zona nobre da cidade

Casconha  gente importante diz que "Casconha" virá de "casca". duvido. a terminação -onha,, como em "Bretonha" e "Bergonha", é uma referência étnica. pode estar por "Gasconha" ou "Vascónia": "terra de bascos"

Cioga do Campo - há quem diga que seria "Sioga", de "Sinagoga". outros dizem que é um vocábulo pré-romano, o que parece mais sensato

Cioga do Monte - se "Cioga" fosse "sinagoga", haveria uma no campo e outra no monte, o que me parece forçado e um tanto fora de sítio. ver esse post

Coiço -
Conraria -

Corujeira - este topónimo repete-se em Portugal e na Galiza (onde também aparece sob a grafia "Coruxeira"). muitos há que defendem que resulta da abundância de corujas. o certo é que há mais corujas noutros lugares que não levam esse nome, e há "Corujeiras" onde a coruja nunca piou. penso que, tal como em "Coruche", a origem estará em "cruze": "cruzamento". ver esse post

Coselhas - em documentos medievais aparecem as grafias: Cosilias, Cozelias, Cuzelias, Cozilias e Cuzelas. será variante dialetal de "Casilhas"?

Cunhedo - lugar onde há (muitos) "cunhos" ou "conhos", isto é, penedos. este lugar fica numa zona onde o Rio Mondego corre num leito escarpado e pedregoso, propício à construção de barragens

Degracias -
Ega - topónimo antigo, ainda indecifrado

Ereira - há quem diga que vem do latim, de agraria. tem um porém: fora do leito do Rio Mondego existem terras bem melhores para merecer esse nome

Fala - topónimo ainda indecifrado

Formoselha - só aparentemente é de origem latina. por isso, não creio que deva alguma coisa a "formosura". mais provável é uma origem germânica, que contenha "fruma" (primeiro) e "sindus" (caminho): "estrada principal"? é um topónimo aparentado de muitos outros em "Formose...", "Fermose...", "Fremose...", tanto em Portugal como na Galiza e em León, independentemente da beleza da paisagem

Ingote -
Liceia - este topónimo pode ter origem euskera ou celta, com óbvia diferença de significado consoante a origem. se a origem é celta, pode ser aparentado a "Leixões" e significar "rochedo". se a origem é basca, terá uma raiz "leku" que significa "lugar" (+ ...)

Lôgo de Deus -

Lordemão - de "nordman" (viking)? os vikings foram conhecidos por nordmanni, lormanes e leodomanni . ver aqui.

Orelhudo -

Porto da Raiva - último ponto até onde o Rio Mondego era navegável, antes das obras de regularização do caudal do rio e de irrigação da Região do Baixo Mondego. daí partiam e aí chegavam as barcas serranas e a apreciada lampreia, que marcou a gastronomia da região. correm várias opiniões sobre a origem do topónimo "Raiva". a origem latina, de "rapida" (fortes declives do leito do rio), peca por ser a partir da "Raiva" que deixa de haver esses declives. ouvi, em tempos, uma explicação curiosa: seria "Porto de Arraiva" e não "Porto da Raiva", e quereria dizer "porto até onde se pode chegar" (arribar), "porto de chegada". mas nem tudo o que faz sentido é necessariamente verdade. creio, aliás, tratar-se de um termo pré-romano, euskera ou proto-euskera, pois que "rabia" existe em zonas ibéricas de toponímia basca onde não houve influência do latim. exº: "Fuenterrabia", uma castelhanização de Hondarribia, que em euskera significa "Vau do Areeiro" ou "Vau do Areal"

Poutena - não sei nem encontrei quem saiba o que significa "Poutena", nem a sua origem linguística. sei que no Grego Moderno "poutenà" significa "lugar nenhum", "nenhures". mas isso é em Grego Moderno, e a pronúncia é diferente

Quiaios - tal como "Quimbres" e "Quinhendros", "Quiaios" é uma povoação junto da água, neste caso do mar, enquanto "Quimbres" e "Quinhendros" ficam junto do rio Mondego. é preciso notar que o Baixo Mondego sofreu grandes mudanças ao longo dos séculos e que há dois ou três mil anos teria um aspecto muito diferente do actual, talvez uma grande ria. a primeira parte da palavra, "Qui-", "Quin-" tem uma forte probabilidade de significar "Porto", tanto mais que outras povoações ribeirinhas do Mondego e com características idênticas se chamam "Porto da Raiva", "Porto de Meãs", "Porto Godinho", "Portunhos". (ver "Almegue"). a segunda parte da palavra qualificaria o porto. este trio, talvez pela dificuldade que apresenta, tem sido pouco estudado. será fenícia a origem? de certo sabe-se que existiu uma feitoria fenícia em Santa Ovaia, Montemor-o-Velho. "Quiaios" é uma aldeia de pescadores. a sua população tem, além disso, uma característica genética oriental: é uma zona endémica da "Doença dos Pèzinhos", "PAF" ou, agora que mandam os americanos, "Doença de Machado Joseph"

Quimbres - ver "Quiaios"
Quinhendros - ver "Quiaios"
Raiva - ver "Porto da Raiva"
Reveles -

Souselas - topónimo de difícil interpretação. ver post

Tentúgal - topónimo pré-latino. a terminação -gal sugere uma origem celta

Trevim -

Trouxemil - será topónimo de origem germânica (sueva). Coimbra, e a sua Região, fez parte da Galiza Sueva

Verride - provável origem pré-romana
Zorro -

Zouparria - topónimo intraduzível, de momento, embora a terminação -ia pareça árabe

Zouparria do Monte -

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